28.5.08

Rua ARTUR LOUREIRO

49|05|08

Localizada no Flickr

Artur Loureiro, 1853 - 1939 - breve nota biográfica

Nasceu no Porto onde frequentou a Escola de Belas-Artes e onde participou em vários concursos. Delfim Guedes, director da Escola de Belas-Artes e, mais tarde, Conde de Almedina, considerou Loureiro um artista de singular talento e pensionou a sua estadia em Roma durante dois anos. De regresso a Portugal, concorreu a bolseiro do Estado com Columbano e, ao ser eleito, partiu para Paris em 1879. Na Austrália tornou-se professor de Desenho e Pintura na Presbyterian Ladies Academy. Eleito académico da Academia de Victoria, designado para membro de vários júris, foi ainda nomeado Inspector da Galeria Nacional de Victoria. Em 1901 regressou a Portugal e fixou-se no Porto criando um atelier de pintura no Palácio de Cristal. Preocupado com o pormenor, foi um excelente paisagista, naturalista animalista e um singular retratista.

publicado em Porto Turismo

Esta artéria começa no largo António Ramalho e termina na rua Tenente Valadim.


Rua da BOUÇA

Construções e demolições

"Se quisermos falar em revoluções urbanísticas no Porto outra zona mais significativa não há como a do Carmo. Trata-se de um espaço que engloba várias e importantes artérias do velho burgo como é o caso das praças de Gomes Teixeira, de Parada Leitão e de Carlos Alberto, as ruas das Carmelitas, dos Clérigos e de Cedofeita e ainda os jardins da Cordoaria e do Carregal. De facto, em apenas 176 anos, aproximadamente entre 1700 e 1876, construíram-se vários (e grandiosos) imóveis que depressa foram apeados para dar lugar a outras edificações não menos significativas - e talvez mais funcionais que os seus antecessores.

Temos, assim, que considerar o Convento de S. José e Santa Teresa das Religiosas Carmelitas Descalças, o Hospício dos Padres do Vale da Piedade (1702-1830) ; as igrejas do Carmo e das Carmelitas (1771) - e, por último, a Igreja-Torre dos Clérigos, de arquitecto italiano Nicolau Nasoni, um monumento que é o verdadeiro "ex-libris" da cidade. No tempo dos Almadas iniciou-se, por seu turno, a construção do Palácio da Relação e Cadeia do Porto, bem como do Hospital de Santo António, cuja fachada é a mais extensa da cidade e de cuja grandeza não nos apercebemos totalmente porquanto não é possível, dado o tecido urbano envolvente, termos uma visão de conjunto. Ambos edifícios começaram a ser construídos, respectivamente, em 1766 e 1770, altura em que se iniciou a abertura da Rua de Cedofeita. Também por essa altura, a então chamada Calçada dos Clérigos começou a ganhar os contornos dos nossos dias.

Ainda no princípio do século XVII, iniciou-se a construção da Academia da Marinha e do Comércio, mais tarde conhecida por Academia Politécnica e, mais tarde ainda, por Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Há ainda outros factos curiosos que os mais novos desconhecem. Por exemplo, onde se encontra hoje o (lamentavelmente) abandonado Clérigos Shopping, já lá funcionou, até meados do século passado, o Mercado do Anjo e, por seu turno, onde se encontra hoje o Palácio da Justiça, existiu o Mercado Peixe. O primeiro daqueles espaços, com a concorrência do Mercado do Bolhão, depressa se degradou e acerca dele contavam-se histórias pouco abonatórias, muitas das quais tinham a ver com o facto de lá "dormir" muito boa gente.

Demolido o Mercado do Anjo em meados do século passado foi ali inaugurado anos depois, com pompa e circunstancia, a Praça de Lisboa que outra coisa não era do que um parque de estacionamento muito mal-amanhado...

Já depois do 25 de Abril, todos os portuense devem estar recordados daquele autêntico "casbah" em que o recinto se transformou depois de ter recolhido, por iniciativa camarária, os vendedores ambulantes que, por geração espontânea, infestaram a Baixa Portuense, fazendo, de borla, concorrência aos estabelecimentos comerciais que pagavam (e não bufavam) impostos e taxas municipais para poderem ter a porta aberta! O Clérigos Shopping que se lhe sucedeu, não correspondeu à excelente projecto lançado pela vereação presidida pelo dr. Fernando Cabral a ideia era boa mas o dinamismo comercial do espaço foi escasso e feneceu em pouco tempo. Veremos o que vai dar o concurso de ideias lançado recentemente pelo executivo de Rui Rio.

Certo é que apesar de tantas construções e desconstruções o Carmo ainda é, para todos os efeitos, o espaço mais monumental da cidade, tendo sido alvo de inúmeros projectos de melhoria ao longo do século XX. Veja-se o trabalho desenvolvido por Mestre Marques da Silva quando propôs que a Câmara do Por em vez de construir os Paços do Concelho no topo de então futura Avenida dos Aliados, a erguesse no quarteirão que hoje é definido pelas praças de Carlos Alberto, Guilherme Gomes Fernandes e Gomes Teixeira..."

Jorge Vilas
Publicado no Jornal de Notícias


Rua BRITO CAPELO

45|05|08

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Antes de ter o nome actual, até 1948, teve o nome de Vila Estrela.


Breve biografia de Brito Capelo - Artigo publicado aqui:

http://www.arikah.net/enciclopedia-portuguese/Hermenegildo_Capelo


Hermenegildo Carlos de Brito Capello (Palmela, 4 de Fevereiro de 1841 - Lisboa, 4 de Maio de 1917), oficial da Marinha portuguesa e explorador do continente africano durante o último quartel do século XIX. Participou com Roberto Ivens na célebre travessia entre Angola e a costa do Índico.

Início de Carreira

Hermenegildo Carlos de Brito Capello nasceu no Castelo de Palmela onde o seu pai, major Félix António Gomes Capello, era Governador. Quando faleceu ocupava o posto de vice-almirante. Era o mais novo de seis irmãos, dos quais três outros são também ilustres – Félix António de Brito Capello, Biólogo (1828- 1879), João Carlos de Brito Capello, vice-almirante da Marinha e Engenheiro Hidrográfico (1831-1891), Guilherme Augusto de Brito Capello, vice-almirante da Marinha e cientista (5 de Agosto de 1839 - 21 de Março de 1926).

Assentou praça na marinha em 1855 terminando o curso 4 anos depois. Em 1860 embarcou como guarda-marinha para Angola a bordo da corveta D. Estefânia , comandada pelo Príncipe D. Luís, mais tarde rei, permanecendo durante três anos na estação naval de África Ocidental. Em 1863 regressa a Lisboa e no ano seguinte é promovido a segundo tenente. Nesse ano voltou a África donde regressa em 1866 para voltar logo de seguida a Angola, onde permanece até 1869, altura em que segue para Moçambique, regressando a Lisboa em 1870 para logo partir em Direcção a Cabo Verde. Em 1871 é integrado numa expedição enviada à Guiné e em 1872 vai para a China donde regressa a Lisboa em 1876.

As Viagens de Exploração

Em 1875, Luciano Cordeiro fundou a Sociedade de Geografia de Lisboa, reunindo em seu redor uma elite intelectual, civil e militar. Embora a sua actuação não fosse direccionada exclusivamente para o continente africano, logo nos primeiros anos da sua existência criou a Comissão Nacional Portuguesa de Exploração e Civilização da África, mais conhecida por Comissão de África que assumiu a função de despertar a opinião pública para as questões do Ultramar e que preparou as primeiras grandes expedições de exploração científico-geográfica, recorrendo a financiamento por subscrição nacional, contribuindo assim para a definição de uma política colonial portuguesa em África. Estas expedições destinavam-se a efectuar o reconhecimento do Cuango e as suas relações com o Zaire (rio), e ainda a comparar a bacia hidrográfica deste rio com a do Zambeze, concluindo, assim, a carta da África centro-austral, o famoso Mapa cor-de-rosa. Apesar do seu papel fundamental na defesa da posição portuguesa em África, face ao movimento expansionista europeu, a Sociedade de Geografia de Lisboa surgiu tardiamente, no que se refere à criação de sociedades homólogas nos restantes países da Europa. Estas expedições integram-se num contexto político marcado por um forte surto expansionista europeu, nos domínios do continente africano, que antecipam a histórica Conferência de Berlim, realizada em 1885. Exploradores de todas as grandes potências europeias, lançavam-se numa verdadeira rivalidade pela prospecção de territórios, obrigando Portugal a rever urgentemente a sua política colonial e a efectivar a sua presença nestes locais, mas as pretensões portuguesas de ocupação do espaço entre Angola e Moçambique chocaram com as pretensões inglesas, que se materializaram na consequente reivindicação dessa zona para o império inglês através do Ultimato Britânico a Portugal.

A 1ª Viagem - De Benguela às Terras de Iaca

O Objectivo

Brito Capello, quando da sua permanência em Angola fez o reconhecimento científico daquela zona, facto que o fez ser escolhido, por Decreto de 11 de Maio de 1877, para dirigir uma expedição científica à África Central da qual também faziam parte o oficial da marinha Roberto Ivens e o major do exército Serpa Pinto . Sob os auspícios da Sociedade de Geografia, esta expedição tinha por fim «...o estudo do rio Cuango nas suas relações com o Zaire e com os territóros portugueses da costa ocidental, assim como toda a região que compreende ao Sul e a sueste as origens dos rios Zambeze e Cunene e se prolonga ao Norte, até entrar pelas bacias hidrográficas do Cuanza e do Cuango...».

A Viagem

A 7 de Julho de 1877 Brito Capello, Roberto Ivens e Serpa Pinto iniciam a expedição. Feito o trajecto Benguela-Bié, divergências entre Serpa Pinto e Brito Capello levam a expedição a dividir-se, com Serpa Pinto, por sua iniciativa a tentar a travessia até Moçambique. Não o conseguiu como pretendia, mas chegou a Pretória, e posteriormente a Durban. Brito Capello e Roberto Ivens mantiveram-se fiéis ao projecto inicial concentrando as atenção na missão para que haviam sido nomeados, ou seja nas relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze. Percorreram as regiões de Benguela até às terras de Iaca, tendo delimitado os cursos dos rios Cubango, Luando e Tohicapa. A 1 de Março de 1880 Lisboa recebe triunfalmente Brito Capello e Roberto Ivens, tendo o êxito da expedição ficado perpetuado no livro De Benguela às Terras de Iaca.

A 2ª Viagem - De Angola à Contra-Costa

Depois de concretizado o importante percurso entre o Bié e o Zambeze, e atingidas as cataratas Vitória, Capello e Ivens são estimulados a prosseguir com as suas expedições.

O Objectivo

Dada a necessidade de ser criado um atlas geral das colónias portuguesas, Manuel Joaquim Pinheiro Chagas, ao tempo Ministro da Marinha e do Ultramar, criou por decreto de 19 de Abril de 1883 a Comissão de Cartografia, para a qual nomeou como vogais os dois exploradores. Por outro lado, pretendendo a criação de um caminho comercial que ligasse Angola e Moçambique nomeou-os a 5 de Novembro do mesmo ano para procederem aos necessários reconhecimentos e explorações. A escolha de dois oficiais de Marinha para a concretização desta importante missão, prende-se com o facto de se tratarem de territórios desconhecidos, não cartografados, nos quais era necessário avançar, recorrendo aos princípios da navegação marítima, tão familiares a estes exploradores.

A Viagem

Entre 1884 e 1885, Capello e Ivens realizaram nova exploração em África, primeiro entre a costa e o planalto de Huila e depois através do interior até Quelimane, em Moçambique. Continuaram, então, os seus estudos hidrográficos, efectuando registos geográfico-naturais mas, também, de carácter etnográfico e linguístico. Estabelecem assim a tão desejada ligação por terra entre as costas de Angola e de Moçambique, explorando as vastas regiões do interior situadas entre estes dois territórios e descrevem-na no livro em dois volumes: de Angola à Contra-Costa. Tendo partido para essa missão a 6 de Janeiro de 1884 haveriam de regressar a 20 de Setembro de 1885 sendo recebidos triunfalmente pelo rei D. Luís.

Outras Missões

Posteriormente, Brito Capello, foi nomeado para outras missões, tais como a de vice-presidente do Instituto Ultramarino, do qual foi primeiro Presidente a Rainha Dona Amélia. Faziam igualmente parte da sua primeira Direcção eminentes vultos da História de Portugal, como Roberto Ivens, Andrade Corvo, Luciano Cordeiro, Pinheiro Chagas, António Enes e Oliveira Martins, o que revela bem da importância que as autoridades governamentais da época quiseram atribuir àquela obra social.

Outros Cargos

Hermenegildo Capello foi ajudante-de-campo dos reis D. Luís, D. Carlos e chefe da casa militar do rei D. Manuel II, ministro plenipotenciário de Portugal junto do Sultão de Zanzibar, organizador de uma carta geográfica da província de Angola, delegado do governo num congresso de Bruxelas e presidente da comissão de cartografia. Hermenegildo Capello foi promovido a contra–almirante em 17 de Maio de 1902 e a vice–almirante em 18 de Janeiro de 1906. Muito dedicado ao rei D. Manuel II, acompanhou-o até à partida para o exílio, em 5 de Outubro de 1910. A 24 do referido mês, tendo pedido a demissão deu por terminada a sua carreira militar.

Reconhecimentos

Ao longo da sua carreira, Hermenegildo Capello recebeu, entre outras, as seguintes condecorações:

  • Grande Colar e Gran Cruz da Ordem de Santiago e Espada.
  • Gran Cruz da Ordem de Avis.
  • Grande Colar da Ordem de Torre e Espada.
  • Gran Cruz da Légion d'Honneur de França.
  • Gran Cruz da Royal Victorian Order de Inglaterra.
  • Gran Cruz do Mérito Naval de Espanha.
  • Gran Cruz da Ordem de S. Estanislau.
  • Gran Cruz da Ordem da Estrela Negra da Alemanha.

Bibliografia

  • De Benguela às Terras de Iaca (2 volumes), 1881;
  • De Angola à Contracosta (2 volumes), 1886.

Ligações externas



Rua MARQUES MARINHO

27.5.08

Rua HENRIQUE POUSÃO

43|05|08


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Biografia de Henrique Pousão publicada na Wikipédia

HENRIQUE CÉSAR DE ARAÚJO POUSÃO (Vila Viçosa, 1 de Janeiro de 1859 - Vila Viçosa, 20 de Março de 1884), foi um pintor português pertencente à 1 ª geração naturalista. Faleceu com apenas 25 anos, de tuberculose.

Foi o mais inovador pintor português da sua geração, reflectindo, na sua obra naturalista, influências de pintores impressionistas, como Pissarro e Manet. Realizou também paisagens que ultrapassam as preocupações estéticas da pintura do seu tempo. Natural de Vila Viçosa, Henrique Pousão faz-se pintor na Academia Portuense de Belas Artes, onde é discípulo de Thadeo Furtado e João Correia.

Bolseiro do Estado, parte para Paris, em 1880, com José Júlio de Sousa Pinto onde é discípulo de Alexandre Cabanel e Yvon. Por razões de saúde, troca a França por Itália: em Nápoles, Capri e Anacapri, executa algumas das suas melhores pinturas, em Roma é sócio dos Círculo dos Artistas e frequenta sessões nocturnas de Modelo Vivo.

Considerado um dos maiores da Pintura portuguesa da segunda metade do Século XIX, Henrique Pousão desenvolveu toda a sua produção artística em fase de formação. A sua pintura é marcada pelos lugares por que passa. Em França, revela já a originalidade que, mais tarde, marca a sua obra: um entendimento da luz e da cor, traduzido nas representações das margens do Sena, dos bosques sombrios dos arredores de Paris e em aspectos da aldeia de St. Sauves.

Em Roma, embora adira ao gosto académico, afasta-se do registo mimético e narrativo do naturalismo: num numeroso conjunto de pequenas tábuas, pinta ruas, caminhos, pátios, casas, trechos de paisagens, expressa as formas em grandes massas de cor, em jogos de claro-escuro e de luz-sombra. Em algumas obras, as composições assumem formas sintetizadas - próximas de uma expressão abstracta - caso de excepção na pintura portuguesa da época.

Henrique Pousão é o pintor da primeira geração naturalista mais bem representado na colecção do Museu: quer pelo vasto conjunto de peças, quer pela sua qualidade pictórica. Através da sua obra, é possível traçar o antes e o depois do naturalismo.

Obras


Fonte da Colher

41|05|08

Fotografia publicada no Flickr


"Não calculam os "palpites que ouvimos ao longo dos anos que temos encabeçado visitas guiadas a cidade, cada vez que, chegados a este ponto, pedimos sugestões para esclarecer tão original nome: desde agua que só se bebia as colheres até alguma valiosa colher que se tenha perdido nestas aguas, já ouvimos de tudo, e, afinal, a verdade é muito mais simples e até nem mete colheres das actualmente usadas. Neste local, na rua de Miragaia, situava-se uma das alfândegas da cidade, isto é, era aqui que os que vinham pelo rio, antes de entrar pela Porta Nobre para vender na cidade pão, farinha, nozes, castanhas e legumes, tinham de pagar o seu imposto, que não era mais do que uma colher do artigo por cada alqueire trazido. E digamos a propósito que cada alqueire tinha quarenta colheres. A colher era uma medida no género do "corredor das mercearias da nossa meninice e como era junto da fonte que se pagava a "colher... ficou-lhe o nome."





Pedra de Armas

39|05|08


Pedra de armas do Palácio dos Cunha Portocarrero na rua da Bandeirinha.


26.5.08

Do povo da cidade

Existe no Arquivo Histórico Municipal grande número de requerimentos dirigidos, ao longo do século XIX, aos administradores dos Bairros Oriental e Ocidental do Porto e, posteriormente, à própria Câmara, por moradores e comissões das freguesias, solicitando autorização para ocupação de terreno municipal (entenda-se vias públicas) durante a realização de festas em certos locais.

Referindo maioritariamente os festejos são-joaneiros, muitos têm a ver com iniciativas que marcavam o carácter social e a identidade das comunidades espalhadas pelo burgo, reunidas em torno da sua igreja paroquial ou de outros templos que dão conteúdo às manifestações da religiosidade popular. E, queiram ou não, gostem ou não os arautos e profetas do admirável mundo novo da pós-modernidade, tais manifestações constituíram formas coerentes de participação das populações na vida da urbe, de amor aos bairros, de procura de certa margem de evasão e de sonho e, para alguns, de certa forma de transcendência do ramerrão quotidiano, que não tenho dúvida em aceitar como fé. Ou alegria. Ou felicidade. Simplesmente.

Entre a multidão de requerentes aparecem, por exemplo comissão de festas de S. João no Largo da Maternidade: ocupação de terreno com mastros e coretos (1930-31); comissão de festejos em Salgueiros : ocupação de terrenos com barracas (1931-32); Benigno Peixoto e outros, Travessa do Monte da Estação: pedem isenção de taxas para colocação de mastros na rua (1935); comissão do Largo Actor Dias : colocação de mastros (1952); Mário Amadeu Morais, Rua de Grijó: licença para colocação de mastros (1953); comissão de festas na Bica Velha: licença para barraca (1954); comissão de festas na Rua do Paraíso: licença para colocação de mastros e altofalante (1954). E muitos outros. Centenas.

Vitalidade bairrista

Tais documentos expressam a vitalidade bairrista das comunidades que faziam da cidade uma festa repartida; representam, também, nas décadas de 1930 a 50, o associativismo que congregava os moradores dos bairros em espécie de projecto comum para fazerem a festa (S. João e outras). Tudo isto morreu, ou quase.

Tragadas na voragem de uma suburbanização coerciva e centrifugadas da cidade por políticas incompetentes, injustas e talvez criminosas, as populações, na maioria dos lugares, desligaram--se das referências e afundaram--se no mais soez conformismo e apatia cívicas. Com honrosas excepções, dignas de apreço.

Não sou partidário da subsidiodependência cara aos promotores de certas artes ditas eruditas, mas da criação de condições e apoios para acontecimentos que promovam as culturas - no plural e não no singular, restritivo e mistificador de espectáculos para as elites, no fingimento do alargamento a novos públicos.

Nesta conformidade, não posso deixar de aplaudir a aprovação pela Assembleia Municipal do Porto de uma proposta da vereação da Cultura no sentido da "isenção total do pagamento das taxas devidas pelas Juntas e outras entidades de natureza privada com estatuto de utilidade pública (...) para a realização das iniciativas, eventos e ocupações da via pública, integrados nas festividades identificadas" feira- -romaria de S. Lázaro; S. Telmo; N.ª S.ª da Lapa; St.º António (Bonfim e Massarelos); S. Pedro (de Azevedo e Miragaia); Cruzes e Senhor da Pedra (Campanhã); N.ª S.ª do Calvário; Senhor do Padrão; N.ª S.ª da Saúde; S. Bartolomeu; S. Roque (Vitória); Senhor da Boa Fortuna; Santa Clara; N.ª S.ª de Campanhã; N.ª S.ª dos Anjos (Lordelo); Senhora do Porto; Senhora do Ó; S. Nicolau; N.ª S.ª da Conceição (Foz).

Na fundamentação daquela proposta dizia-se "Considerando a importância patrimonial das manifestações citadas e bem assim a necessidade de implementar medidas que, complementando a crescente participação e interesse populares, quer na manutenção, quer na revitalização das tradições imemoriais da cidade, permitam assegurar a continuidade e salvaguarda de um património imaterial único".

E ainda "Cabe ao Município do Porto promover a defesa do Património, quer nas suas componentes de preservação e recuperação, quer no apoio a prestar enquanto actividades culturais de interesse municipal".

São estes os gestos simples de uma política de concretização dos desígnios que afirmam a cidade e o seu carácter, ajudando as iniciativas de animação a manterem acesa a chama das suas tradições, e a promoção de atitudes de participação que, doutra forma, se desvanecerão. (Mesmo assim, a proposta foi aprovada com uma abstenção...)

Hélder Pacheco

Publicado no Jornal de Notícias

25.5.08

Rua dos BELOS ARES

38|05|08

Fotografia publicada no Flickr


"Belos Ares - Tem o inicio na Av. da Boavista, junto ao número 1228. Aí por 1903 a Av. da Boavista chegava ao local da futura Praça de Gonçalves Zarco, em frente ao Castelo do Queijo. Por essa altura completa-se o arranjo da Rua de João de Deus e rasga-se uma nova artéria, a dos Belos Ares. Há artérias cujos nomes não deixam grandes dúvidas quanto á sua origem. Este é um dos casos. Belos ares marcam, à evidência, o carácter aprazível e pitoresco do local. Foi,, talvez por isso, que alguns anos antes, na esquina do lado poente desta rua e a Av. da Boavista, António Júlio Machado mandou construir um elegante '' chalet '' de veraneio em cujo interior fez um teatro onde se realizaram várias récitas. O '' chalet '' em causa veio depois a pertencer aos condes de Santiago de Lobão que ali chegaram a residir. Actualmente (ano de 2002) é propriedade do Estado."

Germano Silva
Publicado na página da Toponímia da C. M. do Porto


Avenida do BESSA

37|05|08

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Apesar da página da toponímia nada dizer sobre esta artéria, eu posso afirmar que:
. num primeiro tempo ela teve o nome de rua Mota Pinto.
. o seu nome está intimamente ligado ao Campo do Bessa do Boavista Futebol Clube - inaugurado em 1911 na rua João Grave.

Fiz uma breve pesquisa na internet mas não consegui encontrar de onde vem o "Bessa".

Se algum leitor do Boavista pudesse ajudar a completar a informação desta página, eu ficava muito agradecido.

Esta artéria começa na rotunda do Bessa, também conhecida por rotunda de Francos e termina na rua arquitecto Cassiano Barbosa.


Rua dos BURGÃES

35|05|08

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"A mais antiga notícia documental que temos «dos Burgães» consta de um emprazamento feito pela Insigne Colegiada de Cedofeita, em 1715, de «umas casas e cerca nos Burgães, no lugar do pé do Monte». Mas o topónimo é certamente muito mais antigo, provavelmente medieval..."


"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas


24.5.08

Rua INFANTA D. MARIA

33|05|08

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Tem este nome desde 1948.

Penso que a origem do nome desta rua é a obra de Carolina Michaellis intitulada "A Infanta D. Maria de Portugal (1521 - 1577) e as suas Damas".

Ver mais aqui.


Largo da RAMADA ALTA

34|05|08

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Não sabemos ao certo de quando data o topónimo Ramalda Alta, nem mesmo se é muito antigo. Cremos que será relativamente recente. De qualquer maneira, é mais um testemunho do panorama rústico às portas da cidade, em tempos não muito recuados.Tomou a denominação de uma quinta que ali existia, pertencente, em meados do século passado, à familía Barros Lima. Hoje só a pequena capela do Senhor da Agonia existe.

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas



Sobre a tília, e o Largo da Ramada Alta, escreveu João de Araújo Correia em "Pó levantado" (1970):

"Sempre que passo à Ramada Alta, nas minhas idas ao Porto, fico encantado com aquele recanto de província, miraculosamente conciliado com a passagem de tanto automóvel. Digo entre mim: qualquer dia, desaparecem a capela e aquelas duas árvores, aquelas duas tílias que lhe fazem sentinela. O largo, que ainda se chama largo e que até se chama da Ramada Alta, nome antigo, de arredor de cidade, morrerá ou se crismará em praceta, sem capela e sem árvores ou só com dois palitos, floridos de cimento, como homenagem à natureza extinta. É preciso que a Ramada Alta mude de nome, que não cante ali nenhum pássaro, nem ali se fabrique, em folha natural, o velho oxigénio, um anacronismo, e que o ar se polua e engrosse com as emanações de tanto automóvel. Só assim o larguinho, com o nome de praceta, merecerá o bilhete oficial, que o acredite como coisa citadina. (...)

Sempre que passo à Ramada Alta, fico encantado com aquele pedaço de coisa antiga ainda viva e até com o seu ar de vivedoira. (...) Começa hoje a pensar-se, lá fora, que o melhor processo de fixar boa gente, nas cidades, é não as desfigurar. Se o mau urbanismo as desfigura, substituindo por monstruosidades as coisas graciosas, o morador que trabalha foge para o campo. Se lhe falta ar respirável, ar de família, emanado de alguma coisa velha, com sua tradição, deserta. Entrega a cidade ao banditismo, que se apodera de bairros construídos, de um dia para o outro, por arquitectos sem alma.

O Porto, que vai sacrificando a um progresso mal compreendido os seus velhos palácios, que arranca árvores por dá cá aquela palha progressista, vai perdendo, de ano para ano, o ar tripeiro. Começou a perdê-lo com a
destruição do convento da Avé Maria, o prolongamento da Praça da Liberdade e o suplício do palácio de Cristal. Substituiu-o por horroroso sapo-concho. A população do Porto aumentou muito nos últimos anos.

Mas, se o Porto se envergonhar da fisionomia tripeira, verá o que lhe pode acontecer. Obrigará à deserção os
que se não contentam com o funcional. (...)

O Largo da Ramada Alta, se não morrer (...), será um elo capaz de prender ao Porto uma ou duas almas incompatíveis com o banditismo.

Publicada por Maria Carvalho em 10.3.05 em Dias com árvores


23.5.08

Vida e morte de uma cidade

Lembrei-me agora da diversidade de profissões urbanas que, por volta dos anos 50, existiam por esse Porto fora e que o progresso (?) - ou, se quiserem, a globalização - matou sem dó nem piedade. Dir-se-á que nos nossos dias já não precisamos disso; que, por exemplo, o Mercado do Bolhão poderá fechar as suas portas, como fecharam as do Mercado do Anjo, que ninguém dará pela diferença. Dir-se-á que podem fechar todas as lojas da Baixa Portuense que as catedrais de consumo aí estão para as substituir com vantagem. Mas, e a alma do Porto, não morrerá entretanto ?

Não, vão dizer que velha urbe terá forças para ressurgir por muitas malfeitorias que lhe façam e que não importa que se assista ao "esmagamento total" do comércio tradicional que o Porto encontrará forças para substituir, sob outras formas, aquela que foi uma das poderosas forças de afirmação da cidade no contexto regional e mesmo nacional. Vão dizer, por fim, que não importa que tenham fechado os cinemas do centro - e que a caminho encerrem também os teatros e os cafés que ainda existem dignos desse nome - que os portuenses encontrarão outras formas de convivência social.

Na realidade a História demonstra que, na voragem do tempo, outros modos de viver também foram cruelmente esmagados como aqueles que invadiram a cidade a partir de meados do século XIX quando o Porto, depois de ter galgado as Muralhas Fernandinas mercê dos planos almadinos de Oitocentos, iniciou outra etapa de crescimento que só terminou na Estrada da Circunvalação. José Pacheco Pereira - um portuense ilustre - escreveu na sua monumental biografia não autorizada de Álvaro Cunhal, que há 50/60 anos labutavam nas cidades "uma enorme quantidade de artesãos e semioperários, em mil e um ofícios que já não existem". Já não há, de facto, "carroceiros, padeiros, cortadores de carnes verdes, cinzeladores, funileiros, colchoeiros, latoeiros, marceneiros, criadas e criados de servir".

Já não há, também, padeiras de Avintes e Valongo; peixeiras de Matosinhos e da Afurada; e hortaliceiras da Maia e de Ramalde. Também já não há os carroceiros que vinham, à noite, de S. Cosme e arrabaldes, levantar as "águas chocas" e os estrumes amontoados nas ruas. Como também acabaram os galegos que, fugidos à fome em que viviam no dealbar do século XX, invadiram o Porto e se encarregaram dos trabalhos mais pesados eram aguadeiros, carrejões e fabricantes de polvilho para os colarinhos engomados das camisas. Neste particular da oferta de emprego, o Porto funcionava para o norte do país como que uma espécie de Brasil onde arribavam todos aqueles que queriam fugir às más colheitas, à carestia do pão e à praga da filoxera das vinhas, engrossando o contingente das criadas e aprendizes de ofícios - e daqueles que aspirando subir na vida queriam ser caixeiros das lojas mais afamadas.

Citemos outra vez, com a devida vénia, Gaspar Martins Pereira "Apesar de tudo, das transformações que se verificaram na segunda metade do século XIX, não é possível esconder a vincada ruralidade do Porto até início do século XX: são paisagens, ruídos, cheiros, gestos e vozes que, apesar das inovações, conservarão uma forte ligação do Porto com o mundo rural do norte". Tudo isto, afinal, não acabou há muito tempo... À minha porta, na Rua do Almada, em meados da década de 50 do século passado, ainda passavam carros de bois com pipas de vinho, pedra e carqueja e desfilavam o Infantaria 18 que, em boa formatura, ia à Serra do Pilar fazer exercício de tiro.

E era eu que ia à Praça da Liberdade contratar um carrejão para transportar a S. Bento, o malão que minha avó levava para Caldas de Moledo quando ia às vindimas daquilo que era seu.

Jorge Vilas
Publicado no Jornal de Notícias


Rua da TRINDADE

32!05!08

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Fachada da Celestial Ordem Terceira da Santíssima Trindade


"Estava o século XIX ainda a erguer-se dos alicerces quando os Terceiros da Ordem Trinitária decidiram dar maior ênfase a uma das actividades que sempre os ocupou, a assistencial, sem descurar as vertentes evangelizadora e cultural

Assim, no primeiro quartel do século demoliram algumas das casas que ladeavam a rua do lado poente a da igreja, conquistando espaço para a construção do hospital e para a regularização da fachada da igreja.

Com as obras do templo bastante adiantadas, as preocupações da Ordem viraram-se para o hospital, ou seja, para a forma de angariar fundos para a sua construção.

Festas teatrais, denominadas de "benefícios", foram um dos meios utilizados pela Ordem. E a fonte de receitas revelou-se de tal forma proveitosa que, em sinal de gratidão, os artistas teatrais, suas mulheres e filhos foram admitidos como Irmãos da Ordem.

Em 1817 foi organizada uma lotaria (iniciativa repetida em três anos) com 10.000 bilhetes, vendidos a 10$00 cada.

A longa história da construção do Hospital da Trindade está recheada de nomes ilustres e anónimos, sem os quais o Porto não teria um hospital dotado das principais valências e equipado com os mais modernos
equipamentos.

António Francisco Guimarães, por exemplo, um ex-prior e habitual benfeitor da Ordem, custeou as obras de carpinteiro no assoalhamento das salas do hospital.

Apesar de, em 1825, se terem organizado serviços de assistências aos irmãos, com a visita domiciliária de médicos e fornecimento de medicamentos, concluir o hospital era a grande meta da Ordem Terceira da Trindade.

Foi assim que, em 1847, se apelou à rica e generosa gente do Porto radicada no Brasil e a personagens gratas na sociedade da altura.

Um ano depois iniciou-se uma campanha de angariação de novos Irmãos, que se estendeu a Matosinhos, Guimarães e Régua.

Entre muitas personalidades que se distinguiram na tarefa de erguer o Hospital da Trindade, avulta José António de Sousa Basto, prior da Ordem Terceira da Trindade e generoso benemérito que, em 1854, foi titulado Visconde da Trindade.

Ajuda dos pescadores

A Ordem apelou, ainda, à generosidade dos pescadores de Ovar, de Espinho e da Póvoa de Varzim. Aos lavradores das freguesias limítrofes do Porto pediu-se transporte gratuito das pedras e doação de pinheiros das suas bouças. E também foram feitos Irmãos, usufruindo das fartas regalias que a Ordem concedia aos seus membros.

A correspondência foi boa, e para ela também contribuiu o empenho dos respectivos párocos. O de Moreira da Maia, por exemplo, conseguiu o apoio das outras 20 freguesias do concelho.

Em 1852 a Ordem já não pedia para as obras de construção, mas sim para construir um fundo de sustentação do hospital, cuja inauguração estava para breve.

E foi assim que em Fevereiro desse ano, a Mesa e a Junta da Ordem decidiram que o dia mais indicado para a inauguração solene do hospital seria o da Festa da Santíssima Trindade, isto é, a 6 de Junho de 1852.

Foi endereçado um pedido à fábrica de louças da Vista Alegre, que seria de imediato deferido: 60 pequenas jarras de porcelana para ornamento dos 30 lavatórios e 30 mesinhas que deveriam estar junto de outras tantas camas.

D. Maria Luísa de Sousa Basto foi encarregada pelo prior de organizar a comissão de senhoras para a preparação e asseio dos leitos. No final de Março, António Pinto ofereceu 30 cadeiras de pau de óleo.

Enchente

Na data prevista inaugurou-se, enfim, o Hospital da Trindade. As portas estavam franqueadas ao público às 10 horas e rápidamente o establecimento se encheu de uma multidão ávida de conhecer todos os cantos do mais notável hospital da cidade, de tal forma que as portas só voltariam a fechar-se às 22h30, depois de
pelo hospital terem passado muitos milhares de pessoas.

A colorida e pormenorizada descrição da época dá-nos conta dos mínimos detalhes do establecimento hospitalar. Das camas de ferro forjado, às colchas de fustão branco adamascado, passando pelos lençóis e travesseiros com folhos de cassa e uma mesinha e cadeira de pau de óleo nas camas da primeira enfermaria
dos homens,

"Para comemorar o grande dia de abertura do nosso hospital, tinha-se providenciado que nada faltasse para o fausto deste dia memorável nas páginas da nossa História Trinitária: a igreja estava ornada com a maior ostentação e asseio, sobressaindo, nos seis altares laterais, os ricos camarins de veludo carmesim bordados a ouro e o novo pálio de lhama de prata bordado a ouro que, com muita particularidade, atraía todas as atenções, cujas alfaias serviram a primeira vez. O orador, o reverendo abade José Alves Pereira da Fonseca, fez um eloquente discurso; na primeira parte mostrou os seus grandes recursos teológicos e, na segunda, o conhecimento histórico da nossa Ordem, dando a tudo isto realce com poesia e sentimento de dicção", escreveu na época Joaquim Ferreira Monteiro Guimarães.

No entanto, a aprovação de um projecto de regulamento prolongou-se, de tal forma que só no dia 22 de Maio de 1853, quase um ano depois de ter sido inaugurado, é que o Hospital da Trindade admitiu os seus primeiros doentes.

Mas, mais de duas dezenas de anos antes a Ordem já fornecia remédios aos Irmãos, uma prática que ganhou corpo com a inauguração, em Agosto de 1824, de uma farmácia, que vendia medicamentos aos Irmãos e público em geral, na que seria uma das primeiras farmácias sociais do país e que ainda hoje se mantém em funcionamento.

Ampliação

As primitivas instalações do Hospital da Trindade começaram a evidenciar as suas limitações físicas nas primeiras décadas do século passado e, em Julho de 1951, foi decidido avançar com o seu alargamento e investir em equipamento mais sofisticado.

A Ordem comprou os necessários terrenos, transacionou títulos em carteira para fazer face às despesas (que se anteviam enormes) e foi deliberado que a Mesa tivesse poderes de alienar alguns bens imóveis pertencentes à Ordem.

As obras começaram e a nova ala, na parte norte do Hospital da Trindade, foi inaugurada em 1970, com a presença do então presidente da República, Américo Tomás e do Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes.

As obras custaram 40 mil contos e não beneficiaram de qualquer apoio oficial.

Até aos finais do século passado, o Hospital apetrechou-se por forma a enfrentar novos desafios. Os serviços da Policlínica foram transferidos, em 1999, para instalações mais adequadas. Na mesma altura entrou em funções o Ambulatório, um novo departamento servido por prestigiados médicos e um corpo de enfermeiras, ao mesmo tempo que se alargou o número de valências.

O espaço da policlínca foi adaptado ao Serviço de Imagiologia, conluído muito recentemente, no que é a cereja em cima do bolo destes primeiros 150 anos de vida do Hospital da Trindade."

Texto publicado no "site" da Ordem da Trindade



22.5.08

Rua do CLUBE FENIANOS PORTUENSES

31|05|08

Localizada no Flickr


O nome desta rua está intimamente ligado ao facto de nela se situarem os "Fenianos".
O Clube Fenianos Portuenses foi fundado em 1904. Anteriormente teve a sua sede na praça da Batalha. Teve uma notável importância na vida cultural da cidade durante várias décadas. Não nos esqueçamos que foi nos seus locais que teve início a vida do "Teatro Experimental do Porto". Da sua extensa actividade podemos relembrar a organização do "Carnaval do Porto" que percorria as ruas da cidade até ao início dos anos cinquenta do século XX.

Para saber mais consulte o "site" deste Clube: http://www.clubefenianos.pt/


Rua do ESTÊVÃO



Fotografia localizada e publicada aqui


"A primeira referência que a ela encontramos nos resgistos paroquianos de Santo Ildefonso é de 1765: Viela do Estevo, Rua do Estevo, dois anos depois, novamente viela em 1768. Rua e Viela do Estevo, em 1769. Quem era este Estevão que deu o nome à serventia? Tem-se dito que era o cidadão Estevão Ribeiro de Almeida. A nosso ver, informação errada. Quem deve ter dado origem ao topónimo foi um tal Estevão Romeiro, que em 1 de Dezembro de 1777 ali faleceu"

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas


21.5.08

Largo da ALFÂNDEGA

29|05|08

Publicada no Flickr

O Largo da Alfândega recebeu a denominação do armazém que D. Afonso IV, mandou construir em 1325 na margem direita do Rio da vila. O monarca sustentava que o local estava fora do couto episcopal, ao que se opuseram bispo e cabido, protestando sempre que este território lhes pertencia pele doação da rainha D. Teresa em 1120.

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas


O problema da mudança dos nomes de certas ruas

Atribuições de outros nomes



Um leitor pergunta "Além da estátua e do nome numa praça, Almeida Garrett também tem o nome numa rua?" Não tem, mas já teve. Não em uma, mas em duas.

Foi na reunião da Câmara de 13 de Outubro de 1835 que a Vereação portuense tomou a resolução de homenagear personalidades que participaram no Cerco do Porto e que, por actos de bravura, se distinguiram nessa heróica epopeia, dando o seu nome a várias artérias do Porto. Alguns nomes foram dados a arruamentos novos. Outros substituíram antigos topónimos.

Almeida Garrett foi um dos 7500 Bravos do Mindelo. Integrou o Batalhão Académico que esteve aquartelado no antigo convento dos Jesuítas, onde agora funciona o seminário diocesano. O seu nome figurou em duas artérias. Por exemplo a actual Rua do Alferes Malheiro chamou-se, em tempos idos, Rua de Liceiras, desde a Rua do Almada até à esquina da Rua de Camões. Daqui até à Rua do Bonjardim chamava-se Rua do Visconde de Almeida Garrett. Outra artéria que evocava o nome do autor de "O Arco de Sant'Ana" era a actual Rua do Padre António Vieira, em Campanhã. Chamou-se noutros tempos Rua Garrett.

A título de informação de algum interesse para quem se debruça, com curiosidade, sobre estas coisas da toponímia, como parece ser o caso do ilustre consulente, deve dizer-se ainda que quando a actual Rua do Dr. Barbosa de Castro ostentava o bonito nome de Rua do Calvário, a Câmara, aí por 1864, chegou a anunciar que ia substituir esta designação por uma outra que levaria o nome do glorioso escritor. Nunca essa deliberação foi concretizada. Segundo uma crónica da época um vereador teria justificado que a mudança não se concretizara porque, entretanto, a Câmara havia concluído que "aquela rua não estava à altura do grande nome de Garrett".

Outras mudanças que se verificaram na sequência da referida reunião camarária foram as seguintes à antiga Praça do Mirante foi dado o nome do Coronel Pacheco, que morreu num combate com os Miguelistas para os lados da Areosa; ao desaparecido Largo da Feira do Pão, que funcionava onde é hoje a Praça de Gomes Teixeira, foi dada a designação de Praça dos Voluntários da Rainha; e a Praça do Carvalhido foi substituída pela Praça do Exército Libertador. Mas isto são apenas exemplos, porque as mudanças foram muitas e não chegariam várias páginas deste jornal para as enumerar a todas. Em alguns casos até houve, num curto espaço de tempo, mais do que uma mudança, dentro do mesmo critério de se recordar os nomes e acontecimentos mais notáveis do Cerco do Porto.

Por exemplo a antiga Rua de Santo Ovídio, que depois se chamou da Sovela e é hoje a Rua dos Mártires da Liberdade, em homenagem aos Liberais que morreram enforcados na antiga Praça Nova, por terem participado na revolução de 16 de Maio de 1828, uma tentativa abortada de restaurar a Carta Constitucional que D. Miguel revogara, chegou a ter apenas a designação de Rua de 16 de Maio. Devem ter entendido os da Edilidade que a evocação apenas da data não tinha o desejado significado e mudaram para a designação actual. A Praça Nova viria a chamar-se, como ainda se chama, Praça da Liberdade, também para evocar os Liberais que ali morreram enforcados.

Referimos, até aqui, casos em que houve designações antigas de ruas ou praças que foram substituídas por nomes de Liberais ou de acontecimentos ligados à guerra civil. Mas houve situações em que foram dados nomes também ligados ao Cerco do Porto mas a arruamentos novos. Isso aconteceu, sobretudo, quando se urbanizaram as célebres Hortas do Reimão, ao longo da velha estrada para Campanhã. Em tempos muito recuados houve por ali uma vasta propriedade chamada do Vale Formoso de que foram proprietários Pedro Anes de Santa Cruz e seu filho Gonçalo Reimão tendo, anos mais tarde, o sítio tomado o nome deste. Por herança passou aos Cirnes e chamou-se por isso Campo do Cirne. A urbanização destes terrenos deve ter começado ainda no século XVII, mas foi já nos séculos XVIII e XIX que essa urbanização mais se desenvolveu. A alguns dos novos arruamentos foram dados nomes de importantes figuras do Cerco Duque de Saldanha que também tem, na Foz, a Rua do Marechal Saldanha; Rua do Duque de Terceira; Rua do Visconde de Bóbeda, para citar apenas alguns. A antiga estrada para Campanhã chamou-se, depois, Rua do Reimão no troço compreendido entre S. Lázaro e o Largo de Soares dos Reis. É hoje a Avenida de Rodrigues de Freitas. A Rua do Heroísmo evoca o mais renhido e sangrento combate que marcou o Cerco do Porto. Antigamente a artéria teve vários nomes: Rua do Prado, pela sua proximidade à Quinta do Prado; e do Padrão por causa da capelinha do senhor do Padrão ainda existente junto à Rua do Freixo. Aqui a Câmara também começou por designar a artéria pela data do combate, 29 de Setembro. Depois mudou, e bem, para Rua do Heroísmo.

O problema da mudança dos nomes de certas ruas

Em 1878, a Câmara considerou que a freguesia de Santo Ildefonso, por ser "monstruosa", isto é, enorme, devia ser dividida em duas. Para isso havia necessidade de se construir uma capela no antigo Campo da Regeneração, actual Praça da República, para servir de matriz. Esse templo, segundo os projectos da Câmara, seria da invocação de S. Luís, em homenagem ao infante D. Luís, duque do Porto. E a nova freguesia chamar-se-ia freguesia de S. Luís e S. Filipe. Na sessão camarária em que estes assuntos foram tratados constatou-se também que "não havendo ainda nesta cidade hum objecto que recorde o nome de hum Heroe da Litteratura Portuguesa, qual foi o nunca esquecido Camões," deliberou-se dar ao arruamento que vai da esquina da Trindade até à Rua do Duque do Porto, o nome de Rua de Camões. A Rua do Duque do Porto é a actual Rua de João das Regras. A Rua de Camões é hoje muito mais extensa.

Germano Silva

Publicado no Jornal de Notícias




20.5.08

Calçada de MONCHIQUE

28|05|08

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"Monchique é um dos topónimos que os filólofos mais têm discutido, e parece não chegarem a nenhuma conclusão defenitiva. C.F. Seybold é de opinião que Mon é o Mons latino, e afirma ignorar ao certo o que significaria o "chique" final..."

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas



Rua dos ARMAZÉNS

27|05|08

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Sobre a origem do nome desta rua ver: Viela da Companhia


19.5.08

Rua JOSÉ GOMES FERREIRA

Vai-te, Poesia!

Deixa-me ver a vida
exacta e intolerável
neste planeta feito de carne humana a chorar
onde um anjo me arrasta todas as noites para casa pelos cabelos
com bandeiras de lume nos olhos,
para fabricar sonhos
carregados de dinamite de lágrimas.

Vai-te, Poesia!

Não quero cantar.
Quero gritar!


Poema publicado aqui: http://www.astormentas.com/zegomes.htm

O poeta nasceu no Porto, na rua das Musas (assim o diz num dos seus textos). O município deu o seu nome a uma rua nova, lá longe do sítio onde nasceu.
Não sei se existe alguma indicação na rua das Musas sobre o facto que ele lá nasceu.


Nota à margem:
A página da Toponímia do "site" do município nada esclarece sobre ele.


26|05|08

Fotografia publicada no Flickr



Breve biografia publicada na Wikipédia:



Biografia

Nasceu no Porto a 9 de Julho de 1900. Com quatro anos de idade mudou-se para a capital. Estudou nos liceus de Camões e de Gil Vicente, com Leonardo Coimbra, onde teve o primeiro contacto com a poesia. Colaborou com Fernando Pessoa, ainda muito jovem, num soneto para a revista Ressurreição .

A sua consciência política começou a florescer também ela cedo, sobretudo por influência do pai (democrata republicano). Licencia-se em Direito em 1924, tendo trabalhado posteriormente como Cônsul na Noruega. Paralelamente, seguiu também carreira como compositor, chegando a ter a sua obra "Suite Rústica" estreada pela orquestra de David de Sousa.

Regressa a Portugal em 1930 e dedica-se ao jornalismo. Fez colaborações importantes tais como nas publicações Presença, Seara Nova, Descobrimento, Imagem, Sr.Doutor e Gazeta Musical e de Todas as Artes. Também traduziu filmes sob o pseudónimo de Álvaro Gomes.

Inicia-se na poesia com o poema Viver sempre também cansa em 1931, publicado na revista Presença. Apesar de já ter feito algumas publicações nomeadamente os livros Lírios do Monte e Longe, foi só em 1948 que começou a publicação séria do seu trabalho, com Poesia I e Homenagem Poética a António Gomes Leal (colaboração).

Ganhou em 1961 o Grande Prémio da Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, com Poesia III.

Comparece a todos os grandes momentos "democráticos e antifascistas" e, pouco antes do MUD (Movimento Unitário Democrático), colabora com outros poetas neo-realistas num álbum de canções revolucionárias compostas por Fernando Lopes Graça, com a sua canção "Não fiques para trás, ó companheiro".

Em 1978 foi projectada em Lisboa pelo seu filho Raul Hestnes Ferreira, a Escola Secundária de Benfica que viria ser Escola Secundária de José Gomes Ferreira em sua homenagem.

Tornou-se Presidente da Associação Portuguesa de Escritores em 1978 e foi candidato em 1979, da APU (Aliança Povo Unido), por Lisboa, nas eleições legislativas intercalares desse ano. Associou-se ao PCP (Partido Comunista Português) em Fevereiro do ano seguinte. Foi condecorado pelo Presidente Ramalho Eanes como grande oficial da Ordem Militar de Santiago de Espada, recebendo posteriormente o grau de grande oficial da Ordem da Liberdade.

No ano em que foi homenageado pela Sociedade Portuguesa de Autores (1983), foi submetido a uma delicada intervenção cirúrgica. Veio a falecer dois anos depois, a 8 de Fevereiro de 1985, vítima de uma doença prolongada. O Presidente da Câmara de Lisboa, Jorge Sampaio, descerra uma lápide de homenagem ao escritor em 1990, na sua última morada.

Obra


  • "Lírios do Monte" - 1918
  • "Longe" - 1921
  • "Marchas, Danças e Canções" (colaboração) - 1946
  • "Poesia I" - 1948
  • "Homenagem Poética a Gomes Leal" (colaboração) - 1948
  • "Líricas" (colaboração) - 1950
  • "Poesia II" - 1950
  • "Eléctico" - 1956
  • "Poesia III" - 1962
  • "Poesia IV" - 1970
  • "Poesia V" - 1973
  • "Poeta Militante I, II e III" - [[1978]

dembação

  • "O Mundo Desabitado" - 1960
  • "O Mundo dos Outros - histórias e vagabundagens" - 1950
  • "Os segredos de Lisboa" - 1962
  • "Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo" - 1963
  • "O Irreal Quotidiano - histórias e invenções" - 1971
  • "Gaveta de Nuvens - tarefas e tentames literários" - 1975
  • "O sabor das Trevas - Romance-alegoria" - 1976
  • "Coleccionador de Absurdos" - 1978
  • "Caprichos Teatrais" - 1978
  • "O Enigma da Árvore Enamorada - Divertimento em forma de Novela quase Policial" - 1980

kutra

  • "Revolução Necessária" - 1975
  • "Intervenção Sonâmbula" - 1977

Memórias e Diários

  • "A Memória das Palavras - ou o gosto de falar de mim" - 1965
  • "Imitação dos Dias - Diário Inventado" - 1966
  • "Relatório de Sombras - ou a Memória das Palavras II" - 1980
  • "Passos Efémeros - Dias Comuns I" - 1990
  • "Dias Comuns"

sabir bungariou

  • "Contos" - 1958
  • "Tempo Escandinavo" - 1969

Ensaios e Estudos

  • "Guilherme Braga" (colaboração na "Perspectiva da Literatura Portuguesa do séc. XIX") - 1948
  • "Líricas" (colaboração) - 1950
  • "Folhas Caídas" de Almeida Garrett (introdução) - 1955
  • "Contos Tradicionais Portugueses" (colaboração na escolha e comentação; prefácio) - 1958
  • "A Poesia de José Fernandes Fafe" - 1963
  • "Situação da Arte" (colaboração) - 1968
  • "Vietnam (os escritores tomam posição)" (colaboração) - 1968
  • "José Régio" (colaboração no "In Memorium de José Régio") - 1970
  • "A Filha do Arcediago" de Camilo Castelo Branco (nota preliminar) - 1971
  • "Lisboa na Moderna Pintura Portuguesa" (colaboração) - 1971
  • "Uma Inútil Nota Preambular" de Aquilino Ribeiro (introdução a "Um Escritor confessa-se") - 1972

Traduções

Discografia

  • "Poesia" - Philips - 1969 série "Poesia Portuguesa"
  • "Poesia IV" - Philips - 197? série "Poesia Portuguesa"
  • "Poesia V" - Decca / Valentim de Carvalho - 1973 série "A Voz e o Texto"
  • "Entrevista 12 - José Gomes Ferreira" - Guilda da Música / Sassetti - 1973 série "Disco Falado"

Ligações externas

Obra musical:


Viela da COMPANHIA

25|05|08

Localizada no Flickr


Tanto a Viela da Companhia como a Rua dos Armazéns, em Miragaia, recordam a Companhia Geral de Agricultura e Vinhas do Alto Douro, fundada por El-Rei D. José I em alvará de 10 de Setembro de 1756, confirmando os seus Estatutos aprovados em 31 de Agosto anterior. Em 1807, depois de ter adquirido
vários imóveis em Miragaia, e na sua praia, comprou a parte principal desses bens, onde construiu vastos armazéns. Daqui a origem dos dois topónimos....

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas