24.7.06

rua da Fábrica

julho 2006

A Rua da Fábrica tirou o nome da Real Fábrica do Tabaco, uma das mais consideráveis e rendosas indústrias do Porto setecentista. A mais antiga menção que conhecemos da Rua da Fábrica do Tabaco é de 1723 e não mais deixou de ser Rua da Fábrica.


julho 2006

Em Maio de 2001, todas as Tabuletas dos comerciantes da rua apareceram escritas em holandês. Uma das iniciativas do Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura conjuntamente com Roterdão.

CAFÉ : Estrela de Ouro : conserva o seu aspecto original, por aqui passaram várias gerações de estudantes quando as faculdades se encontravam no centro da cidade.


julho 2006 - Hotel de Paris

Curiosidade: Bazar Fotográfico à Rua da Fábrica, 43 - escritura de 29 de Novembro de 1909.


julho 2006


CASA DA FÁBRICA - Um belo palacete que existiu na actual Rua de Aviz, com esquina para a Rua da Fábrica, e que foi demolido para construir o Hotel Infante de Sagres.

Aquando da demolição do palacete da nobre Casa da Fábrica, a Câmara do Porto comprometeu-se a levantar a fachada do edifício num outro sítio. As pedras foram guardadas, devidamente numeradas. Estão agora, 1998, guardadas no Parque do Monte Aventino, às Antas. O nome de fábrica deriva da Fábrica do Tabaco.



12.7.06

Rua D. MANUEL II


Já foi a rua dos Quartéis.
setembro 2006

Antiga rua do Triunfo (nome originário no Cerco do Porto).



2004


O Museu Soares dos Reis está instalado no antigo Palácio dos Carrancas.
Em frente do Museu encontra-se o antigo quartel do Regimento de Infantaria 6, que foi também de Metralhadoras 3 e do C.I.C.A.P, actualmente ocupado pelo Hospital de Santo António e pela Universidade do Porto.
Jardins do Palácio de Cristal. O primeiro Palácio de Cristal foi começado a construir em 1861 e demolido em 1951.

2004


Em frente à entrada dos jardins, encontra-se o paço da Mitra ou Solar dosTerenas (já foi Paço Episcopal).
PAVILHÃO ROSA MOTA (construído em 1954) nos jardins do Palácio de Cristal.
2004
Capela do Senhor da Boa Nova.

O MUSEU NACIONAL DE SOARES DOS REIS foi constituído em 1933. Toma a sucessão do tão pouco conhecido Museu das Belas Artes da Cidade do Porto ao qual só mudaram o nome.
Instalado num edifício construído na segunda metade do século XVIII (1795) para residência da família de MORAIS E CASTRO (BARÃO DE NEVOGILDE), conhecida como a família dos Carrancas. Adquirido para palácio real em 1861, foi mais tarde legado à Misericórdia do Porto por Manuel II (que nele viveu um mês) e, em 1937, incorporado no Património do Estado, para aí se instalar um museu.
O conjunto original era constituído por quatro partes: o palácio propriamente dito, com três pisos e águas furtadas, em forma de U; as galerias, com um piso que pro­longa os dois braços e que estão ligadas por uma terceira galeria transversal; o pátio central contido pelo edifício; e, finalmente, um espaço livre, com cerca de um hectare, nas traseiras.
Em 1940 realizaram-se obras para a sua adaptação a museu que mantiveram o espírito do antigo edifício, adaptando as galerias laterais — antigas ofici­nas de fabricação de galões — a galerias de pintura e criaram uma galeria transversal para a escultura. O acervo do museu foi constituído, na sua origem, pelas colecções do Museu Portuense e do Museu Municipal do Porto (antiga colecção Allen - MUSEU ALLEN - Em 4 de Abril de 1850 é adquirido pela Câmara, instalado na Rua da Restauração, onde se conservou até 1905, de onde foi transferido para os baixos da Biblioteca, Museu das Belas Artes da Cidade do Porto) a que se acrescentaram doações e aquisições posteriores.

2006

Poucos anos após o levantamento do cerco miguelista, mais precisamente em 1838, a Câmara do Porto, evocando a vitória liberal, determinou que a Rua dos Quartéis, hoje de D. Manuel II, passasse a ostentar a designação de Rua do Triunfo. O topónimo então despromovido - Rua dos Quartéis - tivera origem num conjunto de edifícios destinados a aquartelamento militar que ali haviam sido erguidos pelos finais do século XVII.

À excepção de um portal de granito - cujo estilo tem fundamentado a presunção de que a obra remonta ao século XVII -, pouco resta destes primitivos quartéis, substituídos pelo actual edifício da Reitoria da Universidade do Porto, onde esteve sediado, desde o início de Oitocentos, o Regimento de Infantaria 6.

Nos anos que antecederam o Cerco do Porto, de 1829 a meados de 1832, o governo miguelista instalou aqui o Regimento de Infantaria 19, depois novamente substituído pelo anterior, que só veio a ceder o edifício, já neste século, ao Batalhão de Metralhadoras 3. Quando se deu o 25 de Abril de 1974, o imóvel acolhia o Centro de Instrução de Condução Auto, ou CICAP, como ficou popularmente conhecido no Verão de 1975, quando esta unidade se aliou ao RASP (Regimento de Artilharia da Serra do Pilar) numa revolta contra o Comando da Região Militar Norte, então assegurado por Pires Veloso.

Alguns meses antes, esta mesma rua servira de cenário a outro episódio marcante do PREC (o célebre Processo Revolucionário Em Curso): no dia 25 de Janeiro de 1975, o 1º. Congresso do CDS, reunido no Pavilhão dos Desportos - entre os convidados, contavam-se vários destacados dirigentes da democracia cristã europeia - foi literalmente cercado por uma multidão de manifestantes, convocados pela extrema-esquerda.

Ainda no capítulo da história recente, merece referência a bizarra alteração toponímica imposta, logo a seguir ao 25 de Abril, a esta Rua de D. Manuel II, que, durante alguns meses, se chamou Rua de... José Estaline. A homenagem ao estadista soviético não foi, como se imaginará, aprovada em vereação da Câmara; os respectivos promotores preferiram dispensar os trâmites burocráticos, tendo optado por pintar o novo nome directamente sobre as placas, ocultando o do último monarca português.

Dando agora um salto de quase dois séculos - para trás, naturalmente -, sirvamo-nos da famosa Planta Redonda de George Balck, editada em 1813, para observarmos esta rua, e respectivas imediações, nesse primeiro quartel do século XIX.

A primeira coisa que salta à vista é a ausência de edifícios do lado esquerdo da rua; do Vilar à embocadura da Rua do Rosário, a única construção que o mapa indica é o já referido quartel. Em direcção às actuais ruas de Alberto Aires de Gouveia - que, por esta altura, se chamava dos Carrancas (ou Carranca, na versão de Balck) - e da Bandeirinha, estendiam-se campos e quintas. E o mesmo cenário rural se prolongava, nas traseiras do edifício militar, até Monchique, já que não fora ainda aberta a Rua da Restauração.

Em sentido oposto, para o lado das ruas do Vilar e de Entre Quintas, rasgava-se o campo, ou largo, da Torre da Marca, rodeado por uma série de quintas, mais tarde, parcialmente sacrificadas à construção do Palácio de Cristal, inaugurado em 1865 com a Exposição Internacional do Porto. As circunstâncias da construção do Palácio de Cristal e da sua posterior demolição são por de mais conhecidas de qualquer portuense, pelo que as ignoraremos neste artigo. De resto, outras ruas poderão servir de pretexto para relembrar o velho Palácio, bem como os motivos que presidiram à construção do seu actual sucessor "atigelado".

Regressando à Torre da Marca, foi esta que deu nome ao dito largo, ao quartel próximo e ao Palácio da Torre da Marca (Paço Episcopal desde 1919), na esquina das ruas de Júlio Dinis e da Boa Nova. Era uma alta torre de cantaria, que servia de baliza de navegação aos mareantes. Construída em 1542, para substituir um pinheiro que, antes, desempenhara idênticas funções, a Torre da Marca foi derrubada, durante o Cerco do Porto, pelo bombardeio das tropas miguelistas.

A evocação da velha Torre da Marca sobrevive, também, no chamadouro popular da Torre de Pedro Sem, que se ergue junto ao Paço Episcopal, ou Palácio dos Brandões, como também é ainda hoje conhecido por ter sido propriedade dos marqueses de Terena.

Na carta de Balck, a já citada Rua da Boa Nova prolonga-se pela da Carvalhosa, que, por sua vez, se estende até ao Largo do Priorado, englobando as actuais ruas da Maternidade, da Boa Hora e de Aníbal Cunha. E em frente ao quartel, do lado oposto da então Rua dos Quartéis, abre-se um caminho sinuoso, correspondendo à rua que foi do Pombal e é agora de Adolfo Casais Monteiro.

Ainda no passeio fronteiro ao Palácio, falta referir o mais importante edifício desta rua: o Palácio dos Carrancas, que hoje alberga o Museu Nacional de Soares dos Reis. Começado a construir em 1795, nunca foi apurada ao certo a razão do nome algo grotesco que o palácio assumiu. Pretendem alguns que a designação decorra do facto de os pais dos seus primeiros proprietários terem habitado a Rua dos Carrancas (depois, da Liberdade e, hoje, como referimos, de Alberto Aires de Gouveia), onde possuíam uma indústria de passamanaria, especializada no fabrico de galões de ouro. Outros acreditam que "Carranca" era a alcunha deste abastado industrial, Luís de Almeida Morais, e que a rua homónima herdou a designação do seu desagradável sobrenome.

A casa foi também conhecida como Paço dos Morais e Castro, já que assim se chamavam os filhos de Luís Almeida Morais e Brites Maria Felizarda de Castro, que herdaram dos progenitores uma considerável fortuna e decidiram empregar parte dela na construção de um luxuoso palácio.

Futuros barões de Nevogilde, os Morais e Castro não olharam a tostões e adornaram o seu palácio com belíssimos jardins e ricas cavalariças. Em frente ao edifício, possuíam ainda um terreno semicircular, hoje cortado pelo muro do Horto de Moreira da Silva; esta meia-laranja destinava-se a evitar que os Morais e Castro se vissem obrigados a impor aos seus cavalos, quando regressassem a casa, manobras apertadas e deselegantes.

Ao longo das primeiras décadas do século XIX, o Palácio dos Carrancas desempenhou papel de relevo e acolheu hóspedes significativos. Por ocasião das invasões francesas, foi primeiro habitado pelo general Soult e, depois, pelos comandantes ingleses Wellesley e Beresford. Durante o Cerco do Porto, D. Pedro IV instalou aqui o seu quartel-general, mas viu-se obrigado a abandonar o palácio por este se encontrar demasiado exposto ao fogo dos miguelistas, aquartelados em Vila Nova de Gaia.

Finalmente, já na segunda metade do século, em 1861, Carlota Rita Borges de Morais e Castro, baronesa de Nevogilde, vendeu o lar dos seus antepassados, por 30 contos de réis, à Casa de Bragança. Após a implantação da República, D. Manuel II exilou-se e o palácio esteve provisoriamente encerrado. O rei deposto ofereceu-o então à Misericórdia, que, por sua vez, o cederia ao Estado, em 1937, para que nele fosse instalado o futuro Museu Nacional de Soares dos Reis, inaugurado cinco anos mais tarde, em 1942.

Indirectamente, deve-se ao Palácio dos Carrancas a atribuição do nome de

D. Manuel II à Rua do Triunfo, já que foi por este o ter cedido graciosamente, bem como pelo facto de o ter habitado quando se deslocava ao Porto, que a autarquia decidiu prestar-lhe esta homenagem toponímica.