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12.8.16

Plaque du Souvenir

2016_234




Français Tombés au Champ d'Honneur 


Colonie Française du Nord du Portugal


Guerre Mondiale 1914-18

PORTE, Georges

DÉCHELETTE. Édouard

CHARPENTIER, François

BEYSECKER, Firmin

FERÃO, Charles

VIECHT, Michel

DAMAZ, Gabriel

FORGUES, Georges

SUDER, Charles


Guerre Mondiale 1939-45

GUYARD, Robert 


Cette plaque auparavant était au Consulat de France à Porto. Après sa fermeture, elle se trouve dans les jardins du Lycée Français Marius Latour à Porto.

Esta placa, anterormente estava no Consulado de França no Porto. Após este ter fechado foi transferida para os jardins do Liceu Francês na mesma cidade. 


10.8.16

Foz do Rio Douro

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2016_232




Ainda me lembro de ter lido no jornal - sem dúvida "O Comércio do Porto"- de ter sido realizada a cerimónia descrita na placa.


19.2.16

Sobre o blogue


1520 artigos publicados.

625973 páginas visitadas desde maio 2010

O blogue ainda não acabou de mostrar imagens e de escrever sobre a cidade.

No décimo aniversário do seu nascimento

31.1.16

2016 - 31 de Janeiro



O 31 DE JANEIRO E A HISTÓRIA

Mais um velho texto de

Pedro Baptista, escritor e investigador

Para relembrar esta data emblemática da cidade do Porto.

"Reinando até hoje grande falta de trabalho científico quanto ao ideário filosófico e político dos republicanos portuenses da década de 1880, não falta quem procure minimizar o carácter popular e revolucionário do Movimento, ora relegando-o para um acto de indisciplina, ora para uma mera revolta militar com objectivos profissionais, sublinhando, entre os mais nefandos pecadilhos, o facto de ser constituído por baixas patentes. 

Ora os factos demonstram, em primeiro lugar, que o movimento surgiu na cidade mais industrial do país, com um terço da população operária, num momento em que a crise económica e social era profunda e atravessava diversos sectores sociais. 
Em segundo lugar, que a imprensa portuense republicana há muito flagelava a monarquia decadente, num trabalho diário argumentativo onde pontificava Sampaio Bruno e onde se propagandeava, com cada vez mais sucesso, o ideário democrático e federalista, como alternativa a uma realeza que se afundava, política e moralmente, não apenas fazendo o país custear os desvarios dos Bragança, como sendo o rosto da subserviência ao Ultimatum da Rainha Vitória. Em terceiro lugar, que o movimento eclodiu sob a liderança civil dos republicanos portuenses, tendo ocorrido três semanas antes, uma cisão no Partido em Lisboa, passando a pontificar a figura de Homem Cristo no lugar da de Elias Garcia, este a par do processo, aquele também manifestando o acordo, excepto em pormenores; o facto da Maçonaria castigar os “irmãos “ do Porto e logo a seguir ser obrigada, pelo próprio protesto maçónico lisboeta, a revogar tal decisão, é significativo. 
Em quarto lugar, que o movimento teve um carácter militar, como não podia deixar de ser entre nós, constituído sobretudo por sargentos e praças, com poucos oficiais subalternos e ainda menos superiores, que pressionaram no sentido da eclosão do movimento naquela data, uma vez que o governo monárquico, ao mesmo tempo que aliciava a Guarda Municipal com melhorias do pré, decidira-se pela transferência de militares revolucionários, levando-os a pressionar a direcção civil no sentido de apressar o calendário; que se vivia um ambiente de revolta entre a tropa contra as condições profissionais e as medidas repressivas é um facto, mas não há memória de soldados satisfeitos participarem num processo revoltoso ou revolucionário. Utilizando uma expressão de um jornalista republicano e alterando-lhe o sentido, alguns gostam de repetir que estivemos perante uma “sargentada”, como se o facto do oficialato em geral se encolher, e serem sargentos e praças a constituírem a parte militar do movimento, não fosse uma honra e uma demonstração do carácter popular do próprio movimento militar. 
Em quinto lugar, que a revolução do 31 de Janeiro teve um carácter eminentemente popular não apenas pelo que já foi dito, como pela participação entusiasta das massas populares durante a madrugada, acompanhando a tropa revolucionária, arrombando, a golpes de machado, os portões de Infantaria 18, descendo para a Praça de D.Pedro, subindo a Rua Nova de S. António e partilhando com os líderes da insurreição a ilusão trágica de que a Guarda Municipal, instalada na escadaria existente a Poente da Igreja de St. Ildefonso, poderia aderir à causa revolucionária, paga num rio de sangue popular e militar numa rua juncada de cadáveres.

Pode dar-se muitos sentidos ao termo “revolta”. Mas, socialmente, revolta é um protesto, uma recusa, uma contestação a problema específico, geralmente dentro duma instituição, não tendo outro objectivo senão resolver aquele problema. Embora muita revolta possa dar em revolução quando surge liderança política, são conceitos totalmente diferentes, porque a revolução quer alterar um sistema instituído, pretende tomar o poder global para mudar o sistema de vida, incida mais nos prismas políticos, sociais, económicos ou mesmo culturais. 

Assim sendo é uma imprecisão falar de revolta do 31 de Janeiro, mas deve falar-se outrossim da Revolução do 31 de Janeiro. A sua direcção sabia muito bem o que queria, tanto assim que a República foi proclamada no Porto, pela primeira vez em Portugal, nessa manhã, para todos os efeitos históricos, gloriosa, tal como foi anunciada a lista governativa, com alguns nomes que, 19 anos mais tarde, vieram a preencher a Junta provisória saída da Revolução do 5 Outubro de 1910.

Que venceu. Como a de Janeiro de 1891 não venceu. Em 1910, o Almirante Cândido dos Reis suicidou-se quando se apercebeu que a revolução tinha falhado. 
Enganou-se. Em 1891, outros morreram na crença romântica de que os camaradas iriam aderir à fanfarra revolucionária como em 1820. 

Enganaram-se. Mas isso em nada muda o carácter dos movimentos nem a glória das revoluções que substituíram, em Portugal, na relação dos cidadãos com o poder, o princípio da hereditariedade pelo da elegibilidade. Saibamos hoje dar a este princípio republicano o conteúdo social que merece."


Este blogue continua aberto a textos sobre a cidade de outras pessoas. Normalmente peço textos a amigos para os publicar aqui mas não excluo outros autores desde o momento em que o texto tenha algo a ver com a cidade.

T. D.


6.1.16

2016





Os meus sinceros votos de um Feliz Ano Novo a todos os leitores deste blogue.


16.10.15

Outubro é o mês da ...

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... Festa da Cerveja



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O ano passado a marca de cerveja artesanal Sovina festejou o evento nos seus locais situados na Zona Industrial em Ramalde.

Aqui ficam alguns registos.


27.6.15

Para memória futura

memórias


E um dia a P T  comprou o Jornal de Notícias.

E o Jornal de Notícias deixou de ter o seu Magazine semanal.

Depois a P T vendeu a um novo dono o jornal.

Para não esquecer!



22.6.15

A cidade fraterna


O veneziano Marco Polo muito falou a Kublai Kan, imperador mongol, da cidade fraterna que dura uma noite. 

Esse relato o conheceu Italo Calvino, sem que entretanto a tenha arrolado entre as urbes invisíveis que a seu tempo deu a saber, por de todas ser a mais fantástica, tanto que se tornaria inverosímil.

Todos os anos, noite certa, quando o velho jacarandá é uma grande flor azul, nasce a cidade. Os circunspectos cidadãos com fazenda encerram seus graves ofícios e, acompanhados das virtuosas famílias, vêm para a rua folgar com os pobres, os chulos, as prostitutas, carteiristas, polícias, frades, ateus, gente de todas as crenças que ali arriba de longínquos tempos e remotos lugares.

Entre fumaça, balões, pirilampos, carrosséis, foguetes, música, comem, bebem. Incensam-se com ervas, expiam excessos em altos fogaréus saltando e, honra a um orago sem cabeça, dançam. Dançam e martelam-se. E martelam-se. Martelam-se uns aos outros, na cabeça.

Fraternal desatino.

Súbito, mariposa contra a vidraça da manhã, a cidade falece.



Augusto Baptista



O Editor deste blogue agradece ao Augusto Baptista ter disponibilizado este texto para servir de introdução aos festejos do S. João.

Relembro que o multifacetado Augusto alimenta com os seus textos, as suas imagens e a sua longa série de enigmas o blogue azul-canário.


16.6.15

Manjerico

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No início da segunda metade do século XX o manjerico e a sua quadra popular, acompanhado pela cidreira e o alho porro eram os adereços mais simbólicos nas festas de S. João. 

Foi antes dos "martelinhos barulhentos" substituirem o alho porro.

A quadra agora é mais política e menos brejeira. O manjerico continua algumas semanas a perfumar as janelas ou as varandas.


31.1.15

31 de Janeiro 2015

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Aqueles homens que se bateram, nesta artéria da cidade, pela República e pela Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade em Janeiro de 1891 e em Fevereiro de 1927 alguma vez pensariam que em pleno século XX, em pleno Inverno, existiriam situações como esta?


16.1.15

Um universo de mobilidade

2005



A estação de metro da Trindade em 2005.

Sabia que:

"A primeira linha do Metro do Porto — ligando Senhor de Matosinhos à estação da Trindade (linha A) — foi inaugurada no dia 7 de Dezembro de 2002 pelo então primeiro-ministro Durão Barroso, circulando em regime experimental no final desse ano. Nesta primeira fase, a rede possuía apenas 11,8 km e 18 estações, todas de superfície, sendo o antigo túnel ferroviário da Lapa, reconvertido para a rede do metro, o único percurso subterrâneo. A 5 de Junho de 2004, a linha foi estendida até ao Estádio do Dragão, pronta para o Campeonato Europeu de Futebol, o Euro 2004, que decorreu nesse ano em Portugal. A rede ganhou 3,8 km de linha e 5 novas estações no centro do Porto, em túnel subterrâneo aberto propositadamente para o metro.

Em 13 de Março de 2005, abriu o primeiro troço da segunda linha, a linha B, aumentando a rede em quase 7 quilómetros e 5 novas estações de superfície, ligando Pedras Rubras, a partir da Estação da Senhora da Hora já existente para a linha A, ao Estádio do Dragão."




5.10.14

5 de Outubro

República


Viva a República!


Estátua da República (2010) da autoria de Bruno Marques. Praça da República no Porto.




30.6.14

In Memoriam

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A Sequóia do Jardim do Carregal secou!

Para relembrar a velha e frondosa árvore, uma "instalação artística" tomou o seu lugar.

Junho 2014

A denominação actual deste jardim é de Carrilho Videira.



24.4.14

Poema


esta noite ouvi este poema


Uma vez não é costume!

Hoje transcrevo um poema de um homem que viveu numa rua bem perto do sítio onde eu habitei. 
Antifascista, resolveu exilar-se em 1967 para o Brasil. Esteve preso nos locais da PIDE do Porto (ver foto). Tem vários poemas publicados sobre a sua triste experiência nos cárceres.

MANHÃ

-Bom dia. Diz-me um guarda.
Eu não ouço… apenas olho
das chaves o grande molho
parindo um riso na farda.

Vómito insuportável de ironia
Bom dia, porquê bom dia?

Olhe senhor guarda
(no fundo a minha boca rugia)
aqui é noite, ninguém mora,
deite esse bom dia lá fora
porque lá fora é que é dia.


Luís Veiga Leitão


(Na imagem podemos ainda ler PVDE - antiga denominação da polícia política do Estado Novo)

21.4.14

Rua do Heroísmo (1974-2014)


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Naquele sinistro casarão, que faz esquina da Rua do Heroísmo com o Largo de Soares dos Reis (agora Largo de Catarina Eufêmia), e onde muitas pessoas mudavam de passeio para se afastarem da sua proximidade, funcionou, durante longos anos, a Delegação no Porto da PIDE, a que Marcelo Caetano, numa mera mudança de designação, passou a chamar DGS. A PfDE-DGS do Porto tinha duas entradas : uma pelo Largo de Soares dos Reis, com escadas de passadeira e contínuos fardados, era a entrada para «inglês ver», a entrada «oficial», onde eram atendidos os que ali eram chamados ou iam tratar de qualquer problema de passaportes, nomeadamente os estrangeiros; a outra era a face real da PIDE, na Rua do Heroísmo (e nunca o nome de uma rua foi tanto o símbolo dos que lá entravam e conseguiam resistir às torturas), um portão de ferro, com uma pequena porta de entrada, a dois palmos do chão, que só se abria para deixar entrar os presos ou os seus familiares, que os iam visitar, e que estabelecia contacto com o átrio de acesso às prisões (celas, quartos e salas) e ao curto lanço de escadas de acesso, pelo lado real, do edifício onde funcionavam todos os departamentos da PIDE-DGS, desde as salas de escuta telefónica e gravações, até aos gabinetes dos chefes, inspectores e director, e àqueles, no último andar, onde os presos eram interrogados e torturados. Quem entrava pela escada de passadeira do Largo de Soares dos Reis, e assim não passava desta parte do edifício, nunca podia fazer ideia de tudo aquilo que constituía a verdadeira PIDE, e que estava para lá daquela fachada. Esta série de fotografias da Delegação no Porto da PIDE-DGS, obtidas logo após o 25 de Abril, desde a complicada aparelhagem de escuta telefónica e gravação, os montes de livros apreendidos, as pastas de processos individuais, que vão até ao número 53067, o enorme ficheiro de 80 gavetas, o parlatório das visitas, o arsenal de armas amontoadas, o luxo do gabinete do director contrastando com a pobreza rudimentar das saias dos presos, até aos relatórios, meio calcinados, de gravações telefónicas, o envelope apreendido duma carta, agentes da PIDE-DGS ocultando as caras, já conduzidos sob prisão, a alegria da saída dos presos e a essa extraordinária imagem de um soldado erguendo um ramo de cravos no meio da alegria de milhares de populares, que, até à hora da rendição da PIDE, apoiaram as Forças Armadas, estando sempre a seu lado, constituem imagens que se não podem esquecer. Sem serem tudo o que era a sede da PIDE no Porto — basta lembrar a falta de fotografias das celas subterrâneas onde os presos, às escuras ou com a escassa luz dos estreitos postigos gradeados à altura das pernas de quem passava na Rua do Heroísmo, cumpriam longos períodos da chamada incomunicabilidade, com um balde a substituir as funções de retrete, constituem, porém, um primeiro documentário sobre as instalações da PIDE-DGS que ilustra os brutais e maquiavélicos métodos de actuação desta polícia do fascismo português, que foi um dos seus órgãos fundamentais para a implantação e a sobrevivência do regime de domínio violento das mais reaccionárias camadas do grande capital monopolista sobre o povo português, durante quarenta e oito anos.

Forçada a organizar-se, em moldes de legalização, em 1945, com a vitória das Nações Unidas sobre o fascismo, a PIDE apresentava, em relação aos processos crimes de direito comum, a insólita peculiaridade de os seus processos políticos, após as declarações dos arguidos, apresentarem em seguida a afirmação, subscrita por dois agentes, de que aquelas declarações tinham sido prestadas «sem qualquer espécie de coação ou violência», como se coação não fosse só por si a própria entrada do preso na PIDE, dado o pavor que a sua actuação despertava na generalidade das pessoas, e como se violência não fosse também a prisão por meros delitos de opinião e todo o regime penal dos presos políticos, sujeitos, além do mais, a um regime «legal» de seis meses de prisão preventiva! Durante perto de vinte anos, todos os processos organizados pela PIDE aos presos políticos não deixavam de acrescentar às declarações dos arguidos esta afirmação abonatória, subscrita por dois agentes, de que as declarações, afinal obtidas através dos mais sórdidos meios de tortura, «tinham sido prestadas sem qualquer espécie de coacção ou violência». E só depois de, nos julgamentos dos Tribunais Plenários, os advogados que defendiam os presos políticos começarem a denunciar tal fórmula como prova indirecta da coacção e da violência nos interrogatórios e respectivas declarações, pois se elas não existissem não seria preciso admitir a sua probabilidade e negá-la sistematicamente, a PIDE acabou por abandonar a fórmula, que mais a comprometia do que a defendia, ao contrário das suas intenções.

Era, de resto, tal o estado de coacção dos presos que, em 1931, após o assassínio pela PSP dó estudante João Martins Branco, ao oficial da PSP que comandara o assalto à reunião dos estudantes do Porto, estudantes de Medicina, mandaram, pelo correio, a cabeça dum cadáver; a PIDE prendeu diversos estudantes, entre eles António Ramos de Almeida, que viria a ser um conhecido escritor e lutador antifascista, infelizmente já há anos falecido, e que tinha então apenas 17 anos. Conduzido à presença de um chefe da PIDE para ser interrogado, em cuja secretária estava a cabeça do cadáver enviada ao oficial da PSP, e à pergunta se sabia de quem era aquela cabeça, Ramos de Almeida, tal era já em 1931 a reputação da PIDE, e tão alheio estava à acusação, que respondeu ser aquela a «cabeça dum preso».

A quem, desde 1949, pôde prestar, a mais de setenta presos políticos, a solidariedade de tomar a sua defesa, em trinta e dois processos, estas imagens são inseparáveis dos nomes de tantos dos melhores filhos do nosso Povo que passaram peta Delegação no Porto da PIDE-DGS e ali foram torturados, com as mais requintadas torturas, desde o isolamento de semanas e meses, em celas subterrâneas, até às selváticas agressões a soco, a pontapé e a cavalo-marinho, aos insultos mais soezes e à «estátua» e privação do sono, durante dias e noites consecutivas. Rever as instalações da PIDE é, necessariamente, recordar, além de tantos outros, os 16 mineiros de São Pedro da Cova, ali presos em 1959, os 15 trabalhadores de Fafe, ali presos em 1951, os 5 trabalhadores de Custóias, igualmente ali presos em 1950, os 4 padeiros do Porto, também ali presos em 1959, e até praticamente uma aldeia inteira de Montalegre, com homens e mulheres, velhos e novos, que encheu as prisões da PIDE, sob a acusação de ter ajudado dois guerrilheiros espanhóis que se haviam refugiado em Portugal, após o termo da guerra civil espanhola.

E recordar igualmente tantos antifascistas que por ali passaram, a maior parte várias vezes, e ali sofreram corajosamente longas prisões, com todo o seu cortejo de arbitrariedades e prepotências, como Ruy Luis Gomes, Óscar Lopes, Virgínia Moura, Lobão Vital, António Macedo, Mário e Carlos Cal Brandão, do Porto; Vítor de Sá e Humberto Soeiro, de Braga; Lino Lima, de Vila Nova de Famalicão; António Ribeiro da Silva, de Viana do Castelo; e tantos outros cuja enumeração seria praticamente infindável.

E evocar ainda os militantes do Partido Comunista Português, o grande Partido da resistência contra o fascismo em Portugal, sobre os quais a PIDE desencadeou sempre a mais feroz repressão, submetendo-os às mais violentas formas de tortura, sem conseguir vergar a sua permanente atitude de luta contra o fascismo até com desprezo da própria vida, para o que bastará lembrar os nomes de alguns desses heróis da luta antifascista que continuam hoje um combate que iniciaram há já longos anos, em plena juventude, e que na Delegação no Porto da PIDE começaram a sofrer as brutais torturas, como Carlos Costa, de Fafe, em 1948, com pouco mais de vinte anos, mantido isolado durante cinco meses, e cujo pai foi preso como refém, durante 20 dias, como odiosa tentativa de obrigar Carlos Costa a ceder, e cuja absoluta negativa lhe haveria de valer a absolvição no Plenário mas a condenação em medida de segurança de internamento de 6 meses a 3 anos, por ser considerado «perigoso», o que constituiu o único caso de aplicação somente de medida de segurança no Plenário do Porto; Jorge Araújo, do Porto, preso a primeira vez em 1958, com 22 anos, e que ali viria a ser agredido a soco, a pontapé, e à régua, nas partes mais sensíveis do corpo, e que esteve 11 dias e 11 noites sem dormir; Mário Sena Lopes, do Porto, preso em 1961, agredido a soco e a pontapé, e batendo-lhe com a cabeça nas paredes, 7 dias e 6 noites sem dormir, um ano e quatro meses em regime de isolamento; Maria José Ribeiro, de Matosinhos, presa em 1962, com 26 anos, agredida a soco e com um chicote, um mês incomunicável; Hernâni Silva, do Porto, preso a primeira vez em 1950, com 23 anos, agredido a soco por 5 agentes, ao ponto de lhe rebentar o sangue pelo nariz e ouvidos, e chicoteado nas pernas durante sete horas, um dia; e 5 horas noutro dia, 14 dias às escuras numa cela subterrânea, e novamente preso em 1952, e cinco meses e meio isolado nas celas subterrâneas; Mário Araújo, de Fafe, preso, a primeira vez, em 1956, com 20 anos, mantido 6 meses numa cela subterrânea; e muitos outros que nas instalações no Porto da PIDE começaram a ser vitimas da sua abnegada e heróica luta contra o fascismo e em defesa do povo português.

E, finalmente, não se pode deixar de recordar os nomes de alguns dos assassinados pela PIDE no Porto, como Gervásio da Costa, operário têxtil de Fafe, que em consequência das torturas tuberculizou, em 1949, na Delegação no Porto da PIDE, vindo a morrer pouco depois; Manuel da Silva Júnior, de Viana do Castelo, que a PIDE pretendeu ter-se «suicidado» em 3 de Março de 1957, tal como pretendeu também apresentar como «suicídio», em 13 de Fevereiro de 1957, a morte do barbeiro de Fafe, Joaquim Lemos de Oliveira, após nove dias e nove noites da tortura da «estátua» e com as agressões de que foi vitima a soco, a pontapé e a cavalo-marinho.

As imagens da Delegação da PIDE-DGS no Porto estão indissoluvelmente ligadas a tantos vivos e mortos que ali foram torturados. E será com a trágica recordação dessas imagens que o povo português saberá dizer não ao fascismo. O fascismo não voltará a Portugal. O fascismo não passará.

Raul Castro

Texto publicado em "O ÚLTIMO DIA DA PIDE 26 DE ABRIL NO PORTO"
(edição do Movimento Democrático do Porto - 1974)

2014_ultimo dia


Duas notas sobre a rua do Heroísmo:

- Já teve o nome de Rua do Alecrim, rua de S. Lázaro e rua do 29 de Setembro.

- "Na planta de Costa Lima, de 1839, aparece como Rua de 29 de Setembro. Derivava aquele topónimo da evocação do mais sanguinolento combate durante o cerco, na Quinta da China, nesse dia e mês de 1832, entre liberais e miguelistas. Recebeu o nome de Rua do Heroísmo para lembrar os actos valorosos praticados nesse recontro de 29 de Setembro. Já assim se chamava em 1877... "
"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas


Sobre o edifício: Actualmente é ocupado pelo Museu Militar do Porto. Alguns anexos do tempo da Pide já foram destruídos, nomeadamente aqueles que se encontravam junto do portão da rua do Heroísmo. Bem ao fundo ainda se encontra um pavilhão onde há poucos anos era visível a inscrição "P. V. D. E." (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado).