30.6.08

Calçada dos INGLESES

Largo do RIO DA BICA

48|06|08

Localizada aqui



Neste largo teve Iréne Vilar o seu atelier.

Anteriormente teve o nome de Largo das Lavadeiras.


Rua da ASSUNÇÃO

47|06|08

Fotografia publicada no Flickr



Quando em 1731, a irmandade de N.ª S.ª da Assunção e de S. Filipe de Clérigos Pobres começou a edificar a sua famosa igreja, sob o risco de Nicolau Nasoni, a irmandade, deu ao novo templo a invocação da sua padroeira N.ª S.ª da Assunção. Daí a denominação da rua que lhe ficou a Sul, topónimo, no entanto, que parece se não fixou logo porque o não encontramos mencionado nos registos paroquiais de Sto. Ildefonso, pelo menos até ao ano de 1800. Efectivamente, só por esta época se fez a regularização; antes, era um caminho estreito e íngreme, que não dava passagem senão a peões.»

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas


28.6.08

Avenida do BRASIL

44|06|08

"O Salva-Vidas" escultura de Henrique Moreira


Outrora a avenida chamou-se rua de Carreiros.

"Por volta de 1860, a Foz do Douro era pouco mais do que uma aldeia de pescadores. O caminho que daqui levava a Matosinhos chamava-se Estrada de Carreiros. De carreiros certamente por nela transitarem carros de bois, com seus condutores. Em 1930 são aprovados os projectos camarários de embelezamento da Avenida do Brasil; no ano seguinte, concluía-se a obra da «pérgola»..."

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas



45|06|08

Casa onde faleceu o poeta António Nobre


«Mário Cláudio reiterou ontem as críticas quanto ao desinteresse da Câmara do Porto em classificar a casa onde morreu António Nobre, na Foz. O escritor mostrou-se surpreendido com o parecer da autarquia que afirma não ser uma prioridade a aquisição do imóvel.


Foi com surpresa que o escritor Mário Cláudio ficou a saber que a casa onde o poeta António Nobre morreu, em 1900, e que se situa no número 531 da Avenida Brasil, não é para a Câmara Municipal do Porto uma prioridade em termos de aquisição ou recuperação do imóvel. A noticia publicada pelo JANEIRO, na passada sexta-feira, dava conta que segundo um parecer técnico pedido pelo vereador da Cultura, Gonçalo Gonçalves, ao Departamento Municipal de Bibliotecas e ao Departamento de Museu e Património Arquitectónico, "o edifício, por si só, não reúne condições que justifiquem a abertura de um processo de classificação". Uma surpresa para o autor de «UrsaMaior» que fez saber que, aquando do descerramento da placa evocativa colocada na casa onde viveu e morreu Guilhermina Suggia, a 27 de Julho deste ano, na Rua da Alegria, falou pessoalmente com Gonçalo Gonçalves sobre a atenção que a edilidade também deveria dar à casa de António Nobre. Segundo Mário Cláudio, "o Sr. Vereador mostrou-se interessado e prometeu contactar-me na semana seguinte para falarmos sobre o assunto, facto que não veio a acontecer. Por isso, é com espanto que agora vejo publicado que afinal o edifício não é uma prioridade da câmara".
Mário Cláudio, que proferiu estas declarações durante uma conferência realizada ontem para assinalar os 140 anos sobre o nascimento de António Nobre [16 de Agosto], organizada pelo Grupo Cultural O Progresso da Foz, acrescentou ainda "aliás, a Câmara não tem prioridades culturais e esta administração conseguiu o milagre de não ter uma única personalidade da Cultura ao seu lado". O escritor portuense aproveitou o encontro para lançar um repto aos cidadãos da cidade para que se manifestem contra este desinteresse, lembrando o protesto dos vizinhos espanhóis contra o abate das árvores no Passeio do Prado, em Madrid, no seguimento do projecto de requalificação da autoria do arquitecto Siza Vieira. "Gostava que existisse um movimento cívico que protestasse junto da Câmara para, no futuro, não vermos esta casa no chão", disse Mário Cláudio que se mostrou também disponível para promover uma conferência de imprensa sobre o assunto e voltou a sugerir a ideia de criar um espaço à semelhança do que aconteceu com a casa Fernando Pessoa, em Lisboa. No final do encontro e, em declarações ao JANEIRO, o autor afirmou que não sabe se o repto sortirá efeito, "pois tudo depende da sensibilidade das pessoas". "Gostava de não ser tão céptico sobre este assunto – continua – e acreditar que há uma maior vontade da autarquia em honrar os compromissos, em projectar o seu nome com alguma dignidade, mas não é isso que está a acontecer.
É uma vergonha ver quem detém um legado tão precioso como é o espólio do poeta não cuidar da modesta casa onde ele morreu".
Ainda para o escritor, são atitudes como estas que levam ao desânimo das pessoas e, por isso, adverte: "A Câmara que não se engane quanto a isto, pois o desânimo das pessoas da Cultura propagasse muito rapidamente ao geral da população que lê as informações que são publicadas e a partir das quais tira as lições que lhes convém ou não. Neste momento, a lição mais fácil a tirar é a de que o Porto é uma cidade desalmada na verdadeira acepção da palavra. Quer dizer uma cidade sem alma".
Perante as declarações de Mário Cláudio, o JANEIRO tentou contactar o vereador do Pelouro da Cultura, Turismo e Lazer, através da assessora de imprensa da autarquia. Contudo, até ao fecho desta edição não foi possível obter qualquer comentário de Gonçalo Gonçalves.

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Intenção
Despertar atenções
Um pouco antes do início do segundo encontro das Conferências do Passeio Alegre, o JANEIRO conversou com Joaquim Pinto da Silva. De acordo com o director do grupo cultural O Progresso da Foz, a intenção destas conversas passa "por falar às pessoas em locais menos institucionais, como é o caso do Nobre Caffé que dista cerca de 30 metros da casa do poeta, e por consequência atrair-lhe a atenção". "Além disso – acrescentou – queremos também obrigar as elites a sair da toca para conviverem com o cidadão comum em torno das colectividades ou em lugares públicos".

Goreti Teixeira


Sobre a casa onde faleceu António Nobre pode também ler o blog Guilhermina Suggia



26.6.08

Pátio do BOLHÃO

43|06|08

Fotografia localizada e publicada no Flickr


«Bolhão significa uma bolha grande, um borbotão de água. E na verdade a origem do topónimo está numa grande nascente de água que existia - e naturalmente existe - no próprio local onde hoje se ergue o mercado. Ali, havia, ainda há menos de dois séculos, um grande lameiro, terras alagadiças, junto a uma quinta de que eram directos senhorios os condes de S. Martinho. É de 1741 a primeira referência que conhecemos ao Sitío do Bolhão. Em 1837 a Câmara decidiu instalar ali um mercado, mas as respectivas barracas só começaram a edificar-se em 1851, «com duas frentes alinhadas a todo o correr da praça» como nos informa Horácio Marçal num dos seus curiosos artigos d'O Tripeiro (1967)....»

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas


CARTOGRAFIA PORTUENSE

«Na mesma altura em que foi levantado o Cerco do Porto, que ocorreu em 1832 e 1933, o oficial inglês W.C. Clarke, que julgo ter participado nos combates integrado nas tropas fiéis ao ideário liberal de D. Pedro IV, desenhou uma planta topográfica da Cidade Invicta que nos dá uma ideia muito nítida do que era o município naquele tempo intermédio entre as épocas almadina e camiliana a que já tivemos a oportunidade de nos referir.

Analisado em detalhe esse mapa, fácil é chegar à conclusão de que naquela época o território - ao contrário dos nossos tempos - era escassamente urbanizado, com os seus limites ocidental e oriental fixados, respectivamente, no Lugar da Torre da Marca, onde hoje se encontra o Palácio de Cristal; e no Prado do Repouso, hoje cemitério municipal mas, por aquele tempo, local de vilegiatura dos senhores bispos do Porto. Entre esses dois pontos, o casario estendia-se pelas cercanias da Igreja de Cedofeita, do Campo Pequeno e da Rua da Carvalhosa, ainda a ocidente; da Lapa e Fontinha, a norte; e das ruas de S. Vítor e da Alegria, a oriente.

Triunfante como D. Pedro IV, o Rei Soldado, a burguesia portuense se encarregaria de mudar este estado da coisas. Conforme refere Gaspar Martins Pereira no livro que temos vindo a citar amiudadamente dada a valia das informações que ele colocou à disposição de todos aqueles que se interessam pela história da nossa cidade, o Porto tinha 10 anos depois da obra de W.C. Clarke, um pouco mais de 60 mil habitantes, incluindo os arrabaldes. Ou seja, a mesma que contava nos finais do século XVIII, mas que, na segunda metade de Oitocentos, vai conhecer um notável incremento que é atestado pelos censos da população de 1864, 1878 e 1890, que registam 90 mil, 110 mil e 150 mil habitantes, respectivamente.

Aceitando o convite de Gaspar Martins Pereira consultamos a planta da cidade do Porto, publicada por Perry Vidal em 1865 para ver assinaladas já as mudanças necessárias ao engrandecimento do Porto. Lá aparecem o Palácio de Cristal e a Alfândega do Porto, cuja construção se iniciara em 1860, sobre o areal de Miragaia. Lá se vê o Palácio da Bolsa, da todo-poderosa Associação Comercial do Porto, que vinha sendo construído desde 1842 nos escombros do Convento de S. Francisco mas ainda sem a maravilha da ferro e de vidro que é o Pátio das Nações. É também por essa altura que são construídos outros edifícios públicos ou privados de relevante interesse para o Porto como é o caso do Teatro Baquet, na Rua de Santo António e do rico palacete dos Pinto Leite no Campo Pequeno. Fora deste limite, o povoado é, no entanto, disperso ou, então concentrado junto das vias de penetração da cidade - e mesmo no interior da cidade ainda é possível a existência de grandes propriedades como a Quinta de Santo Ovídio, dos Condes de Resende, junto à que é hoje conhecida por Praça da República.

Voltaremos a referirmo-nos este lento crescer da cidade em outros textos. Por agora queremos chamar a atenção dos nossos leitores para um opúsculo intitulado "Viver o Porto" editado em 1993 pela Câmara do Porto quando da apresentação pública - realizada no Rivoli-Teatro Municipal - do Plano Director (revisão do Plano Auzelle) cuja autoria se ficou a dever a uma equipa técnica coordenada pelo prof. arqº Duarte Castel-Branco. Logo a abrir esse pequeno documento, podem apreciar-se dois mapas - um de 1833, precisamente o de W.C. Clarke, a que nos referimos; e outro tirado do espaço, de algum satélite artificial. Nada é mais concludente quanto ao explosivo crescimento que o Porto "sofreu" em pouco mais de 150 anos a cidade, para o bem e para o mal, ocupou todo seu território, de tal ordem que já não há expansão possível. Quanto muito reabilitação...»

Jorge Vilas


Avenida da FRANÇA

36|06|08

Localizada aqui


«Uma das radiais da Rotunda da Boavista, que se abriram no início do último quartel do séc. XIX, e que conduzia à famosa Quinta da Prelada. Parte dela pelo menos foi antes chamada Rua das Pirâmides (1877) em referência aos obeliscos (actualmente encontram-se no Jardim do Passeio Alegre) que assinalavam a entrada para aquela referida quinta que estavam no seu extremo.»
Arquivo da Toponímia

Para saber mais sobre a França clique aqui



Rua BELA DA FONTINHA

41|06|08

Fotografia publicada e localizada no Flickr


«Em 9 de Julho de 1777, era presente ao senado da Câmara do Porto um requerimento do teor seguinte:

«Ilustrissimo Senado: Dizem José Ferreira Martins e mais moradores do monte do Musa, acima de Fradelos, freguesia de Santo Ildefonso, que o mesmo sítio há uma Fontinha de que os mesmos moradores se servem, a qual sai uma fraga que lança coisa de duas penas de água e para no mesmo sítio haver um tanque com sua fonte, de que todos os moradores se possam servir, se ajustarem com o primeiro suplicante deste faz a referida obra à sua custa,e achando mais água, sendo rompída a dita fraga, que vai por baixo da terra do suplicante ser por este somente, pele sua despesa etc. Dado o consentimento da Câmara fez-se a obra e fixou-se o topónimo. Só este funciona , porque a Fontinha já não existe.»

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas

Das minhas memórias recentes: por aqui passei duas vezes. A primeira, no inverno, com o A e a L para trocarmos impressões com um amigo que lá mora.
A segunda foi há poucos dias para tentar descobrir a rua das Musas e a Fábrica Social onde se encontra a Fundação do escultor José Rodrigues. Das memórias mais antigas, um passeio ao fim de semana, uma visita familiar a amigos que lá moravam perto. Teria outras coisas a falar desta rua, destes lugares, mas este blogue não foi feito para isso.



Esta artéria já teve o nome de rua de Traz de Deus.


24.6.08

Rua S. FILIPE DE NERY

39|06|08

Fotografia publicada aqui


«...A denominação de Rua de S. Filipe de Nery, provém da Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Misericórdia, S. Pedro ad vincula e S. Filipe de Nery, do Socorro dos Clérigos Pobres da Cidade do Porto, que desde 1707 funcionava, em precárias condições, na Igreja da Misericórdia, e que por doação feita pelos padres Bento da Silva e Manuel Machado, em 1731, de um terreno no baldio então denominado lugar da Cruz da Cassoa, e Campo das Malvas, veio a edificar ali, sob o risco de Nicolau Nasoni, a grandiosa torre e Igreja dos Clérigos. »


"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas



Rua das MUSAS

40|06|08

Fotografia publicada e localizada no Flickr


«A Rua das Musas já existia em 1777, mas chamava-se, então simplesmente '' Monte da Musa, acima de Fradelos ''...» Segundo o que consta na "Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas.

Segundo o que consta nas minhas memórias sobre as "ruas da minha aldeia": foi nesta rua em que nasceu o poeta José Gomes Ferreira, aquele que escreveu a "Imitação dos Dias", escrito entre 1964 e 1965. Algures, ali numa estante, deve haver um exemplar que já não é manuseado há muito tempo.

É nesta artéria que se situa o "Bairro do Leal". Este bairro deve-se à intervenção do SAAL Norte e ao projecto do arquitecto Sérgio Fernandez de 1974. A obra ficou concluída em 1977.


23.6.08

Rua do MOLHE

38|06|08

Fotografia publicada aqui

«O molhe de Carreiros, na freguesia de Nevogilde, deu o seu nome a uma rua, a uma esplanada e a uma praia. Tudo isto é relativamente recente, porque, aqui há pouco mais de um século, neste trecho, a Foz do Douro era deserta, apenas atravessada pela estrada que leva a Matosinhos - a Estrada de Carreiros...»

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas


20.6.08

Desenvolvimento citadino em meados do séc. XIX

"Soavão as 5 horas da tarde no relógio da igreja dos extintos Frades Grilos ( e grilos na extensão rigorosa da palavra , porque os expulsaram do seu buraco) quando largamos da lingueta da Porta Nobre em direcção à Foz…"

É com estas palavras que abre um precioso manuscrito, que guardo na minha pequena biblioteca e a que o seu autor deu o sugestivo título de "Recordações da Foz - 1850". Trata-se de um diário em dois volumes de formato A4, de 180 páginas cada um, em que minuciosamente se relata o dia-a-dia de uma família burguesa do Porto a banhos na Foz. Para onde se ia, naquele tempo, conforme a descrição acima transcrita, de barco.

O romantismo batia em cheio aí pela cidade. O Porto, na expressão curiosa de Camilo, era "um autêntico viveiro de poetas". E alguns dos protagonistas desse extraordinário movimento que foi o romantismo, como é o caso do próprio Camilo e de Faustino Xavier de Novais, presenças assíduas na Foz daqueles tempos, são frequentemente citados no diário em causa.

Mas engana-se quem julgar que a época era apenas de patuscadas, estroinices e boémias. Nos saraus familiares, recitava-se, é verdade, o "vai alta a lua na mansão da morte…"; nos teatros assistia-se a dramalhões em que o tema central eram amores empecilhados, suicídios e raptos.

Não obstante, a cidade progredia. Com efeito, foi a partir dos meados do século XIX que efectivamente uma onda de progresso invadiu a velha urbe. Por aquele tempo, o Porto começava a estender os seus tentáculos urbanísticos para além das muralhas fernandinas. A vasta zona do Bonfim, que até aos fins do século XVIII não passava ainda de um arrabalde pouco habitado, com imensos campos de cultivo e uma ou outra quinta, estava, por meados do século XIX, já bastante urbanizada com arruamentos novos e imensamente povoada.

Eram tantas as fábricas que todos os anos ali se construíam que passaram a chamar àquele bairro o "Faubourg Saint Antoine" cá do sítio, comparando-o desta forma com a área industrial de Paris, que tinha aquela designação.

No lado oposto da urbe, ao longo da margem direita do rio Douro, nas ruas de Entrequintas, Vilar e Campo Alegre, viviam os ingleses em casas "geralmente pintadas de verde-escuro, de roxo- -terra, de cor de café, de cinzento, de preto… até de preto…" como muito bem as descreveu o nosso portuense Júlio Dinis.

Pelo miolo da cidade, naquela parte compreendida entre o Bonfim e a Rua de Santa Catarina, instalaram-se os "brasileiros", designação que então se dava aos nossos compatriotas que tinham emigrado para o Brasil e regressavam de lá ricos. Alguns dos palacetes que os "brasileiros" mandaram construir para neles viver ainda hoje podem ser admirados especialmente na Rua de D. João IV.

Em 1855, a então chamada Rua de Santo António, actual Rua de 31 de Janeiro, ainda não estava totalmente bordejada de casas. Mas já se pensava numa obra que muitos naquele tempo consideraram uma utopia e que consistia na abertura, a partir do antigo Campo de Santo Ovídio (Praça da República), da "Rua da Boavista com continuação até ao Castelo do Queijo e a ligação com uma estrada à beira-mar desde o Douro a Leça…". O sonho só se realizou já nos nossos dias.

Naquele mesmo ano fora demolido o medieval Arco de Vandoma, junto à catedral. Em contrapartida estavam em adiantado estado de conclusão as empreitadas para o alargamento da Rua da Firmeza, da Praça da Batalha e da antiga Rua da Duquesa de Bragança, actual Rua de D. João IV.

É desta época um requerimento enviado pela Junta de Freguesia da Sé à Câmara a solicitar o restabelecimento da Feira das Hortaliças na escadaria que havia à entrada do mosteiro das monjas beneditinas de S. Bento da Ave-Maria.

O pedido foi indeferido pela Edilidade com o pretexto de que alguns anos antes (1839) havia sido construído na cerca do antigo Recolhimento do Anjo um novo e moderno mercado, onde a venda daqueles produtos tinha perfeito cabimento.

Sensivelmente meio século depois, dois vereadores municipais, José Maria Ferreira e António Júlio Machado, propuseram ao executivo camarário de então um projecto elaborado pelo eng.º H. de Baére, para a construção, no lugar do mosteiro de S. Bento da Ave-Maria, de uma estação central dos caminhos-de-ferro. Foi a irremediável e lamentável sentença de morte do velho convento e da sua belíssima igreja barroca. No Porto houve destas coisas em nome de um progresso, às vezes discutível, destruiu-se verdadeiras obras de arte.

Germano Silva
in Jornal de Notícias


Cinema Águia d'Ouro

37|06|08

Localizada aqui


(fotografia original da autoria de Óscar Coelho da Silva)


Para saber mais sobre o "Águia" pode consultar: Cinemas do Porto



18.6.08

Rua DUARTE PACHECO PEREIRA

34|06|08

Localizada aqui


Duarte Pacheco Pereira - Filho de João Pacheco e de Isabel Pereira, nascido em Lisboa em 1460, faleceu em 1533. Geógrafo e Cosmógrafo.

Assim está na página do Arquivo da Toponímia


Para saber mais sobre : Duarte Pacheco Pereira

"A questão do conhecimento, no quadro de uma nova relação entre o homem e a natureza é porventura a vertente mais dinâmica do pensamento renascentista português, devendo a este respeito considerar-se duas gerações de intelectuais que correspondem a momentos distintos de abordagem do tema. Na primeira destaca-se sobretudo Duarte Pacheco Pereira, nascido pouco depois de meados do século XV, na segunda teremos de considerar as obras de Pedro Nunes, D. João de Castro e também a de Garcia de Orta. Por seu turno, numa perspectiva mais distanciada, mas não menos fundamental, importa referir a figura de Francisco Sanches, que escrevendo embora fora das nossas fronteiras, elaborou uma vasta obra no domínio da teorização do conhecimento científico.

A passagem da geração de Duarte Pacheco Pereira para a de Nunes e Castro dá-se um dos passos que mais importante se tem revelado na história da física: a passagem do universo do imediato da percepção e do quotidiano do homem para o fundo do pensamento. De facto, com Duarte Pacheco Pereira desponta o primeiro plano a que nos referimos, consubstanciado num discurso sobre a natureza que se apoia no ver e no ouvir, numa vertente eminentemente geográfica, corrigindo e superando considerações dos antigos geógrafos.

Não se trata de um corte ou de uma ruptura com o saber historicamente herdado, que é ainda a base de que se parte, mas sobretudo da consciência de que os antigos não disseram tudo e não souberam tudo. Foi esta consciência que permitiu instaurar a «dinâmica do não saber» - tão relevante na futura polémica dos «antigos e modernos» - vindo a culminar, na segunda metade do século XVI, no Quod nihil scitur de Francisco Sanches.

«Dinâmica do não saber» e «pragmatismo vivido» são talvez as expressões que melhor caracterizam esta fase do pensamento português, tão bem representada por Duarte Pacheco Pereira. Não encontramos na sua obra a expressão do pensamento sob a forma de sistema, mas há uma orientação e uma atitude de espírito, capaz de duvidar e de estabelecer a verdade em função de critérios de observação individual e directa, e de suspender o juízo quando essa observação não é realizável, o que, num cômputo global, afirmará os fecundos caminhos da crítica e sobretudo da liberdade de pensamento.

Para lá das novas aportações ao saber geográfico e antropológico trazidas por Duarte Pacheco Pereira no seu Esmeraldo de situ orbis, o que há de fundamental a sublinhar é a instauração de hábitos de positividade e de precisão ao nível do conhecimento geográfico. Importa não esquecer que a frase que celebrizou este nosso autor, «a experiência é madre das coisas» era antiga de séculos, mas o que importa é apreender as diferentes consequências de que se foi revestindo ao longo da história.

Todavia, o significado da palavra experiência, tanto em Duarte Pacheco Pereira, como mais tarde em Pedro Nunes ou D. João de Castro, apesar das diferenças que os separam, não a aproximam ainda da moderna noção de método experimental. No Esmeraldo de situ orbis, a experiência é sinónimo de "prática", tendo inclusive um sentido instável, pois mais que uma vez é invocada para descrever "factos" irreais, como quando afirmava ter comprovado a existência na costa africana de cobras com várias cabeças que se desfaziam na água ao entrarem no mar, "facto" «duro de crer a quem não tem a prática destas coisas como nós temos», numa interessante justaposição entre o plano da geografia maravilhosa medieval e o da observação, fazendo-o ver o que na "realidade" não é "real".

No entanto há aqui um caminho que se percorre e esta geografia empírica, nascida da consciência empírica da natureza, acentuou a dimensão de positividade que se prolongou numa ordenação das coisas no espaço e no tempo, conquistando os liâmes da investigação objectiva. Este processo, no Esmeraldo, é mais evidente quando se trata de descrever a terra «pelo meudo», nos seus aspectos mais pormenorizados e verificáveis à vista, dando-se pelo contrário uma maior dependência da geografia antiga quando se trata de descrever o universo nos seus aspectos mais gerais, ou como diz no seu texto, «por soma».

Outra fase relevante deste processo é o que se refere à alteração progressiva da utensilagem aritmética que se vinha delineando também nos almanaques dos comerciantes de Lisboa, expressa na substituição da numeração romana pela numeração árabe. O que agora está em causa é a lenta alteração das estruturas mentais, pois é sabido, como escreveu Lucien Febvre, que o homem que vive num mundo onde a matemática é elementar ou inexistente, não tem a razão formada do mesmo modo que aquele que, mesmo ignorando a matemática, vive numa sociedade afeita, no seu conjunto, aos hábitos de precisão dos modos de cálculo e à rectidão das formas de demonstrar. Este tema, na obra de Duarte Pacheco Pereira, mereceu uma abordagem bastante pormenorizada na obra de Joaquim Barradas de Carvalho, ao propor a tese de uma «pré-história da matematização do real» e de uma «história subterrânea dos conceitos». Não se trata ainda da leitura quantitativa e geométrica do universo, mas de uma lenta transformação de hábitos mentais e de utensilagem aritmética, que se afirma progressivamente como condição para a emergência de uma nova leitura do mundo."

Bibliografia sumária

Obras
Esmeraldo de Situ Orbis, edição da Academia Portuguesa da História, com introdução e notas de Damião Peres, Lisboa, 1988.

Bibliografia
Joaquim Bensaúde, L'Astronomie nautique au Portugal à l'époque des Grandes Découvertes, Lisboa, 1912; João de Castro Osório, A revolução da experiência, Lisboa, 1928; Joaquim Barradas de Carvalho, O Renascimento Português. Em busca da sua especificidade, Lisboa, 1980; id., Portugal e as Origens do Pensamento Moderno, Lisboa, 1981; Id., La Renaissance Portugaise. A la recherche de sa specificité, Paris, 1978. (contém ampla bibliografia).

Pedro Calafate
Texto publicado no Instituto Camões



17.6.08

Rua da FÁBRICA SOCIAL

32|06|08

Localizada aqui


Logo ao cimo desta rua, na antiga fábrica de chapéus que deu nome à rua, está instalada a recente Fundação José Rodrigues.

Sobre a fundação pode saber mais num artigo de Francisco Mangas publicado no Diário de Notícias.



Sobre esta zona da cidade pode ver esta página.




Rua RAÚL DÓRIA

31|06|08

Publicada e localizada aqui


Esta rua já foi Viela dos Abraços e Travessa das Musas

O que nos diz o Arquivo da Toponímia:
Prof. Raúl Dória - Publicista (Porto n. 6/01/1878 - f. 15/09/1922), de seu nome completo Raúl Montes da Silva Dória. Tinha o curso do Instituto Industrial e Comercial do Porto e era diplomado pela Escola Pigier de Paris. Fundou no Porto, em 1902 a Escola Raul Dória, a primeira em toda a Península Ibérica consagrada ao ensino técnico comercial.

E eu já deixei uma ligação sobre Raúl Dória aqui

16.6.08

Rua das CARVALHEIRAS

30|06|08

Fotografia publicada e localizada no Flickr

"A mais antiga referência que temos da Rua das Carvalheiras data de 1835, num anúncio públicado na «Vedeta da Liberdade», de 21 de Agosto desse ano, para arrematação dos rendimentos de umas casas..."

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas


Mas desta vez, eu deixo ficar aqui uma velha recordação desta zona:

Ainda me lembro daquela fábrica que ficava logo ali, junto à antiga Créche de S. Vicente de Paula. Nunca soube o que fabricava. lembro-me que as suas paredes tocavam o galinheiro que existia no fundo do quintal da casa do meu padrinho.
Tenho a impressão que a oficina , que ainda existe, na esquina da rua Gonçalo Cristóvão, tem o mesmo aspecto que há cinquenta e muitos anos.
Os Sapadores Bombeiros é que desapareceram para irem para a Constituição. Durante anos havia um lento trabalho na pedreira que separava da Capela de Fradelos. Depois, um dia, com ímpetos de modernismo, construíram um prédio-ponte para terminarem a rua de Sá da Bandeira.


A Companhia dos Vinhos na toponímia de Miragaia

Volto ao tema da toponímia portuense, agora para falar da relação dos nomes de algumas artérias com instituições que, no passado, tiveram um importante papel no desenvolvimento do Porto, não apenas no aspecto económico mas também no campo do urbanismo, como foi o caso da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro.

O assunto foi-me suscitado, se assim se pode dizer, pela pergunta de um jovem aluno de Arquitectura que me escreveu perguntando a que tipo de armazéns se refere uma rua de Miragaia com essa mesma designação a Rua dos Armazéns.

Através da leitura da carta, não me foi difícil concluir que o consulente deve ser muito jovem, pois qualquer pessoa que ande pelos 50 anos ainda se lembra, quase de certeza, do edifício na Rua de Miragaia que serviu de armazém à Companhia que também é evocada numa outra artéria local a Viela da Companhia.

A Companhia da Agricultura das Vinhas do Alto Douro foi fundada, como é sabido, pelo nosso rei D. José I ou, melhor dizendo, pelo seu primeiro-ministro, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, no ano de 1756. Nos seus três primeiros anos de existência foi administrada por uma Junta composta por um Provedor e 12 deputados que eram coadjuvados por seis conselheiros.

No Porto, a Companhia instalou a sua primeira Administração ou Sala de Despacho, como então se dizia, numas casas da Rua Chã, pertencentes a Manuel de Figueirôa Pinto.

Foi a estas casas que se dirigiram os revoltosos que, na manhã do dia 4 de Fevereiro de 1757, percorreram as ruas do Porto protestando contra uma das medidas que havia sido tomada pela recém-criada Companhia e que tirava aos taberneiros da cidade e arredores o direito da venda do vinho a retalho. Por essa razão o motim passou à história como a Revolta dos Taberneiros.

Da Rua Chã a sede da Companhia transferiu-se, pouco tempo depois, para a Rua das Flores, para um edifício que também pertencia a Manuel Figueirôa Pinto.

Inicialmente a casa foi alugada mas não tardou muito a ser comprada para a instalação definitiva dos serviços administrativos daquela instituição.

O edifício em causa, na esquina com a Rua do Ferraz, onde está a sede do Instituto da Juventude, ainda hoje é conhecido pela Casa da Companhia. No que se refere a armazéns, o primeiro que a Companhia teve no Porto foi criado há 200 anos, na praia de Miragaia. Com efeito, no ano de 1807, depois de já ter construído armazéns na Régua, junto á margem do rio Douro; em Vila Real de Santo António, no Algarve; no Pinhão e junto ao Tua; e no Vimieiro, na margem esquerda do Douro; a Companhia comprou uma série de casas térreas e vários barracões que havia no areal da praia de Miragaia que mandou demolir para, em seu lugar, construir os primeiros armazéns que teve no Porto.

O edifício, ainda existente, na actual Rua de Miragaia, era enorme. Inicialmente tinha capacidade para guardar mais de 4.000 pipas de vinho. Posteriormente, porém, essa capacidade viria a ser aumentada para poder acolher cinco e seis mil pipas.

Os armazéns de Miragaia, além das amplas e arejadas dependências que possuía para arrecadação dos vinhos, provenientes do Alto Douro, e dos escritórios, dispunha de grandes oficinas de tanoaria; dependências onde se procedia á destilação da aguardente; e um terceiro mas não menos importante sector para a fabricação de vinagre.

Ao fundar a Companhia dos Vinhos do Alto Douro o Marquês de Pombal não teve em mente apenas o desenvolvimento económico da região onde se produzia o vinho. Apostou também no desenvolvimento e na modernização do Porto contando, naturalmente, com os pingues lucros provenientes do comércio do vinho. Foi com base neste projecto, por exemplo, que entre 1754 e 1756 o mestre pedreiro Francisco Álvares trabalhou na construção do cais de Miragaia até à Ribeira.

A instituição no Porto, em 1803, da Academia Real de Marinha e Comércio, que daria, mais tarde, origem à Escola Politécnica de que resultaria, por sua vez, a criação da Universidade do Porto, foi outro importante melhoramento que a cidade ficou a dever à Companhia dos Vinhos que se ocupou ainda na construção de estradas, como foi o caso da que ia do Porto à Régua; e de outras obras mais ao longo do rio Douro, como a estrada marginal de Monchique até à Foz.


Luís Beleza de Andrade foi o primeiro Provedor da Companhia. Natural do Porto, da Rua Chã, vereador da Câmara Municipal no ano em que se fundou a Companhia, Beleza de Andrade era também um grande produtor de vinho com boas e vastas propriedades em Valdigem, na região do Douro. Com o religioso dominicano, D. frei João de Mansilha; e com o negociante biscainho, D. Bartolomeu Pancorbo, que vivia na Rua Nova, hoje Rua do Infante D. Henrique, Luís Beleza de Andrade foi um dos três impulsionadores da ideia para a criação da Companhia. Diz-se que tendo ido a Valdigem para as vindimas de 1756 sentiu de tal modo "a desgraça da terra do vinho" que imediatamente convocou para a sua casa da Rua Chã, os mais importantes viticultores durienses para uma reunião da qual saiu o projecto da Companhia de que viria a ser o primeiro Provedor. A família Beleza de Andrade viveu numa casa das Escadas do Monte dos Judeus, na esquina com a Viela da Ilha do Ferro, muito perto portanto dos armazéns da Companhia. A casa ainda lá está agora recuperada depois de ter estado muitos anos ao abandono. O brasão que figurava na fachada desapareceu corroído pela acção do tempo.

Germano Silva in Jornal de Notícias


15.6.08

Largo ANTÓNIO CÁLEM

28|06|08

Pode ver a sua localização aqui


Segundo o Arquivo da Toponímia o nome dado a este largo refere-se a António Alves Cálem Júnior - Comerciante de vinho do Porto (Porto n. 7/11/1860 - f. 16/08/1932), foi Presidente da Associação Industrial Portuense entre 1901 e 1903.

Já teve o nome de Largo do Ouro.



Travessa de S. MARCOS

Largo da FONTINHA

26|06|08

Localizada no Flickr


"Em 9 de Julho de 1777, era presente ao senado da Câmara do Porto um requerimento do teor seguinte:
«Ilustrissimo Senado: Dizem José Ferreira Martins e mais moradores do monte do Musa, acima de Fradelos, freguesia de Santo Ildefonso, que o mesmo sítio há uma Fontinha de que os mesmos moradores se servem, a qual sai uma fraga que lança coisa de duas penas de água e para no mesmo sítio haver um tanque com sua fonte, de que todos os moradores se possam servir, se ajustarem com o primeiro suplicante deste faz a referida obra à sua custa, e achando mais água, sendo rompída a dita fraga, que vai por baixo da terra do suplicante ser por este somente, pele sua despesa etc. Dado o consentimento da Câmara fez-se a obra e fixou-se o topónimo. Só este funciona , porque a Fontinha já não existe..."

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas



Onde se fala também do Largo da Fontinha:

"Alfredo Guedes, nasceu a 14 de Outubro de 1933 na freguesia de Santo Ildefonso no Porto. Brincou no Largo da Fontinha e aprendeu a escorregar na Rua das Musas. Aos 10 anos foi inserido como vocalista do agrupamento folclórico «Os Cavaquinhos do Norte», que então tinha sede na Travessa das Musas.
Ouvia através da rádio o cantor italiano Tino Rossi e este inspirava-o e atraía-o nas suas mais dilectas cantigas. Aos 13 anos, enquanto trabalhava de aprendiz na Litografia Nacional, um tal senhor Augusto Pereira, intérprete de fado humorístico, surpreendeu-o a cantarolar e convidou-o a experimentar-se numa sessão de fados a sério que tinha lugar aos domingos numa tasquinha de Clarão de Sabugo, em Coimbrões. Testado e aplaudido nos três únicos fados que sabia, desde daí nunca mais deixou de cultivar a tendência fadista que passou a tomar-lhe conta de todos os seus lazeres e anseios.
Após ter participado em inúmeros espectáculos, em 1958, iniciado profissionalmente na «Candeia» do Porto, foi para Lisboa, onde actuou na «Adega Mesquita» e no restaurante típico «O Serão». Regressando em 1961 de novo à «Candeia», passou à época pelas diversas novidades fadistas que iam surgindo na sua cidade: «Casa da Mariquinhas», «Cozinha Real do Fado», «Arcadas Dom Vaz», «Pérola Negra», «Mal Cozinhado», «O Requinte», «Taverna de São Jorge e «Lisboa à Noite».
Acumulando um repertório que se estabelece em cerca de 300 interpretações, dentre as quais destaca empolgados momentos em «Pomba Branca», «Olhai a Noite» e «Criança de Todos Nós», em 1967, incentivado pelo poeta Torre da Guia para a inóspita aventura da «Rua-do-Heroísmo», Alfredo Guedes é o primeiro a passar ao acetato os até aí interditos versos de António Aleixo, os quais seleccionou e adaptou a diversas músicas do fado clássico. Em 2008 e aos 74 anos, Alfredo Guedes é um dos mais lídimos e considerados intérpretes de Fado no Porto, exercício em que apresenta extremamente burilada a sua longa tarimba no ofício de dar a voz à expressão dos sentimentos.
Ao longo da sua carreira artística participou nos principais eventos fadistas da Invicta Cidade, incentivando, organizando e promovendo concursos na qualidade de dirigente da Associação Cultural dos Fadistas do Norte. Curiosamente, sob o nº. 13.778 e com data de 1 de Maio de 1965, é detentor do cartão da Caixa de Previdência dos Profissionais de Espectáculos."



Rua CORREIA DE SÁ

23|06|08

Publicada e localizada no Flickr


Como a página da toponímia da querida Câmara Municipal da cidade nada nos quer dizer sobre a personagem... aqui vos deixo a ligação da Wikipédia! Acho que escolha não falta. Qual deles será?

Deve haver uma grande confusão naqueles arquivos, ou simplesmente pouquissima vontade de divulgar os mesmos.




12.6.08

Rua do ALTO DA FONTINHA

O início do reviralho

Cem mortos no Porto Presos concentrados em Lisboa

A revolta militar de 3 de Fevereiro de 1927 foi organizada por democratas nortenhos com a intenção de travar a marcha da Ditadura Militar saída do levantamento de 28 de Maio de 1926, nove meses antes. Com ela, dava-se início ao período que ficou conhecido como do reviralho, que, particularmente entre 1926 e 1940, procurou a reposição do regime democrático e das liberdades individuais e públicas.

À frente dos revoltosos do Porto estavam prestigiados militares e democratas, como o general Sousa Dias, o comandante Jaime de Morais, o capitão Sarmento Pimentel e o tenente João Pereira de Carvalho, ao lado dos quais se colocaram figuras gradas da república e da democracia, como Jaime Cortesão, capitão-médico à altura, e José Domingos dos Santos.

Madrugada de esperança

A revolta começou na madrugada daquele dia 3, com a saída do seu quartel, do Regimento de Caçadores 9, a que se juntou uma companhia da Guarda Republicana, aquartelada na Bela Vista; uma parte do Regimento de Cavalaria 6 de Penafiel, que, entretanto, chegara ao Porto; e vários núcleos de outros regimentos da cidade. No dia seguinte (4) vieram juntar-se aos revoltosos os militares do Regimento de Artilharia de Amarante.

Fiel ao Governo e, portanto, contra o movimento do general Sousa Dias, manteve-se parte bastante reduzida do Regimento de Infantaria 18, que tinha como comandante o coronel Raul Peres, o Regimento de Cavalaria 9 e o Regimento de Artilharia 5, da Serra do Pilar (Gaia).

A GNR fizera saber, através do seu comandante, major Alves Viana, que se manteria neutral e garantia o policiamento da cidade "em defesa das vidas e dos haveres dos cidadãos".

Dos respectivos quartéis os revoltosos dirigiram-se para a zona da Batalha, onde estavam as sedes do Quartel-General e do Governo Civil; e onde ficava a mais importante estação do telégrafo. Numa primeira acção foram feitos prisioneiros o general Ernesto Sampaio e o coronel Zamith, respectivamente primeiro e segundo comandantes da Região Militar; o tenente-coronel Nunes da Ponte, governador civil do Porto, e o seu substituto, major Sequeira Tavares; o comandante da força que fazia a guarda ao Quartel-General, tenente Alão, e o presidente da Comissão de Censura à Imprensa.

Colocação das forças

Depois foi a vez dos estrategas militares gizarem qual devia ser a posição que a tropas iriam ocupar no terreno. A distribuição ficou assim definida ao cimo da Rua de 31 de Janeiro, na bifurcação com a Rua de Santa Catarina, foi colocada uma metralhadora para impedir a progressão do inimigo por aquelas duas artérias. Foi cognominada de "a trincheira da morte", por razões óbvias...

Na confluência das ruas de Cima de Vila e da Madeira levantou-se uma barricada atrás da qual se colocou outra metralhadora; à esquina do edifício do Hospital da Ordem do Terço foi montada outra peça, voltada para a Rua do Cativo; no desaparecido Largo do Corpo da Guarda, ao cimo da rua que ainda mantém esta designação, outra metralhadora guardava o acesso àquele ponto alto da cidade; finalmente, levantou-se o pavimento da Rua de Alexandre Herculano, na junção desta artéria com a Praça da Batalha e a Rua de Entreparedes, para ali se montarem duas peças de artilharia.

Entretanto, soldados do Regimento de Infantaria 6 (Penafiel) e elementos da GNR da Bela Vista estacionaram ao longo da Rua Chã. Além destes dispositivos, havia, estendidas ao longo das ruas que circuitavam aquele perímetro, "vedetas" a impedir a passagem de civis.

Concluída a tarefa de montagem da defesa dos pontos nevrálgicos da cidade, chegou-se à altura de pôr em acção a estratégia politica. E foi dentro desta lógica que o chefe militar do "Comité Revolucionário do Norte", Jaime de Morais, enviou ao general Carmona, presidente da República, o seguinte ultimato "Forças revolucionárias de todo o Norte impõem demissão do Gabinete Militar que abusivamente quis governar em nome do Exército, desejando a sua substituição por um Governo Nacional republicano e o regresso à Constituição."

O cerco

Enquanto tudo isto se desenrolava, as forças fiéis ao Governo iam, paulatina mas eficazmente, montando o cerco aos revoltosos. Desde o primeiro dia que, aqui ou além, se registavam trocas de tiros e escaramuças. Só no primeiro dia da revolta registaram-se 12 feridos. Logo na noite do dia 3 a artilharia da Serra do Pilar fez-se ouvir e duas bombas, vindas de Vila Nova de Gaia, atingiram o quartel dos Sapadores Bombeiros, então instalados na Rua de Gonçalo Cristóvão. A luta durou cinco longos dias.

Houve recontros nas Ruas de Barros Lima e Montebelo (actual Avenida de Fernão de Magalhães); no Marquês de Pombal; na Praça dos Poveiros e no Largo do Padrão.

Entretanto, chegavam tropas da praça de Valença. Desembarcaram na estação do caminho-de-ferro da Boavista (Avenida da França) e dali, pela Carvalhosa, Cedofeita, Clérigos, Praça da Liberdade e Rua de 31 de Janeiro, dirigiram-se para a zona da Batalha onde se juntaram aos revoltosos que apoiavam.

A Leixões chegava, entretanto, o vapor "Infante de Sagres", com tropas governamentais. Outras atravessavam o Douro em Valbom e encaminhavam-se para o centro da cidade. Com o apertar do cerco os combates eram cada vez mais renhidos nas proximidades da Praça da Batalha - Bonfim, Santo André (Poveiros), Padrão, Campo de 24 de Agosto, Rua do Duque de Loulé, Fontainhas, S. Lázaro, foram palcos de violentos tiroteios.

O ministro da Guerra, Passos e Sousa, em pessoa, e o coronel João Carlos Craveiro Lopes (pai do futuro marechal Francisco Craveiro Lopes, que de 1951 a 1958 foi presidente da República, antecedendo ao almirante Américo Tomás), comandante da Região Militar e governador militar da cidade, conduziram as operações do cerco aos revoltosos, encurralando os sitiados num círculo de ferro e fogo de tal modo apertado de que só puderam sair pela rendição quase sem condições.

A rendição

Na tarde do dia 7, o quartel-general dos revoltosos, instalado no Teatro de S. João, dispensou todos os civis que ali prestavam serviços. À meia-noite, foi pedido ao major Alves Viana, da GNR, que fizesse chegar ao Regimento de Artilharia 5, em Gaia, onde estava o comando das tropas governamentais, um documento assinado apenas pelo general Sousa Dias em que se propunha a rendição das forças revoltosas sobre determinadas condições, nomeadamente a "isenção de responsabilidade aos sargentos, cabos e soldados e toda a responsabilidade aos oficiais". O quartel-general das forças fiéis ao Governo respondeu à mensagem concedendo a isenção de responsabilidades apenas a cabos e soldados. Pelas 3 horas da manhã, o general Sousa Dias mandou informação de que aceitava as condições propostas.

Na manhã do dia 8, o comandante da Região Militar, Craveiro Lopes, através da TSF telegrafia sem fios, enviou a seguinte mensagem ao presidente da República "Felicito V. Ex.ª e o Governo da Nação. Tropas entraram Praça da Batalha, Porto, às 8 horas e meia, tomando conta da cidade onde a vida vai retomando a sua normalidade".


Nos cinco dias que durou a "Revolução do Porto" perderam a vida, em consequência dos combates, mais de 100 pessoas, entre militares e civis. Um dos mortos foi o jornalista António Maria Lopes Teixeira. O número de feridos excedeu o meio milhar.

Os estragos em edifícios foram também consideráveis. Os de maior vulto registaram-se na sede da Agência de Publicações, na Praça da Liberdade; no Asilo das Raparigas Abandonadas (Postigo do Sol), com algumas crianças feridas; no edifício do Banco Angola e Metrópole; nos quartéis das três corporações de bombeiros (Municipais, Voluntários e Portuenses); nos cafés Chave d'Ouro e Leão d'Ouro, ambos na Praça da Batalha; na Casa Americana, junto à "trincheira da morte"; na Casa Donas e na Casa Lagoa, a primeira na Praça da Liberdade e a segunda na Rua de 31 de Janeiro; no edifício dos Correios (palacete dos Guedes), na Praça da Batalha, parcialmente destruído pelo incêndio causado por uma granada; num altar da igreja dos Congregados; na estação de S. Bento; no edifício do Governo Civil; no Hospital de Joaquim Urbano; e nos hotéis Aliança (à entrada da Rua de Sampaio Bruno), Grande Hotel do Porto (onde um projéctil caiu no quarto do cônsul norte-americano) e Sul-Americano, na Batalha (que ficou com a frontaria como um crivo).

Sofreram também danos de monta os edifícios do Quartel-General e do Regimento de Infantaria 18; o Salão Rivoli, antigo Teatro Nacional; e a Tabacaria Africana, que ficava ao cimo da Rua de 31 de Janeiro.

Em Lisboa, os combates entre os revoltosos e as forças governamentais causaram 90 mortos e 400 feridos. GS


A Revolta de 3 de Fevereiro de 1927 ganhou rapidamente adeptos.

Mal se soube do levantamento militar do Porto, outros movimentos revolucionários surgiram em vários pontos do país. No final, os prisioneiros foram concentrados na Penitenciária de Lisboa, para onde foram encaminhados idos de várias cidades e vilas.

A foto mostra-nos um desses grupos de prisioneiros.

Em primeiro plano, sentado no chão, José Bento Pessoa da Figueira da Foz.

Segundo plano, sentados, da esquerda para a direita dr. Francisco Chagas (Tavira); tenente Freirinha (Lisboa ?); dr. Barbosa Viana (Lisboa); tenente-coronel Firmino da Silva Rego (Lisboa); dr. Manuel …(?) (Faro); major Viana (Porto); e dr. Alberto Xavier (Lisboa).

Terceiro plano, de pé, pela mesma ordem Barbosa… (Lisboa); dr. Morais Cabral, delegado do procurador da República em Caminha; Máximo … (Oeiras); Urbano Rodrigues, jornalista, director do jornal Republicano "O Mundo", pai de outros dois grandes jornalistas, Miguel e Urbano Tavares Rodrigues (Lisboa); dr. Vítor Fonseca (Faro); tenente António Lobo (Lisboa); padre Carmo Pereira (Caminha); e tenente Monteiro (Lisboa).

No opúsculo "Memórias de um sitiado (5 dias e 5 noites sob a metralha)", datado de 1927, são identificados os oficiais presos no final da revolta. São eles um general (Sousa Dias), dois coronéis, três majores, 18 capitães, 55 tenentes, seis alferes, três músicos das bandas militares.

O mesmo documento refere que até 11 de Fevereiro tinham sido presos 125 sargentos e 22 civis.

Todos os presos foram conduzidos à Penitenciária de Lisboa dois dias depois.

Germano Silva

Publicado no Jornal de Notícias


Rua de S. JOSÉ

21|06|08

Localizada no FLICKR

Começa ali, mesmo na Estrada N 12






10.6.08

Rua GASPAR CORREIA

15|06|08

Localizada no Flickr


Quem foi Gaspar Correia?

"Gaspar Correia nasceu em Portugal, provavelmente um pouco antes de 1500, e faleceu em Goa, cerca de 1561.


Muito novo ainda foi para a Índia, em 1512. Foi secretário de Afonso de Albuquerque. Participou na conquista de Diu, comandando um dos navios da armada.

Em 1529 voltou a Portugal, onde permaneceu por pouco tempo, regressando depois ao oriente. Presume-se que tenha sido assassinado, por ordem de D. Estêvão da Gama.

A sua presença na história da cultura portuguesa deve-se à redacção das "Lendas da Índia", considerada uma das obras fundamentais da historiografia colonial portuguesa. O texto, em quatro volumes, só foi publicado no século XIX, entre 1858 e 1866.

Como o autor viveu cerca de 50 anos na Índia, teve conhecimento directo de muitos dos acontecimentos que narrou e conheceu várias das personagens envolvidas neles. Quer a composição global da obra, quer a linguagem utilizada por Gaspar Correia são algo descuidadas e, por isso, do ponto de vista literário, estamos perante um autor menor. Mas o valor documental da sua obra é inestimável.

O ponto de vista utilizado pelo autor é muito semelhante ao que Diogo do Couto adoptou no seu Diálogo do Soldado Prático. Quem nos fala é o homem humilde e experiente das coisas da Índia, vítima dos desmandos dos vice-reis e demais maiorais."

Obras consultadas:
Breve História da Literatura Portuguesa, Texto Editora, Lisboa, 1999
Lexicoteca, Círculo de Leitores, Tomo VI
A.J. SARAIVA e O. LOPES, História da Literatura Portuguesa, Porto Editora, 12ª ed.


Publicado por: © APRENDER PORTUGUÊS • MAIO 2001




9.6.08

Rua SENHORA DA AJUDA

14|06|08

Fotografia publicada e localizada no Flickr



"Não se sabe de quando data a capelinha da Senhora da Ajuda, pois não são de aceitar as remotíssimas origens que lhe atribuem, dando-lhe mais de oito séculos de existência."

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas


Cemitério de AGRAMONTE

10|06|08


Tudo me leva a pensar que é neste jazigo que foi sepultada, em 1902, a mãe de Alberto dos Santos-Dumont, pois a senhora vivia no Porto com as suas filhas.

Sobre os cemitérios do Porto aconselho a visita à página de Francisco Queiroz: http://franciscoeanamargarida.planetaclix.pt/tese.htm


O Cemitério de Agramonte foi inaugurado em 1855.


Sobre a Quinta de Agramonte:

"AGRAMONTE, QUINTA DE - A 2 de Agosto de 1832, por motivos de ordem estratégica D. Pedro deu ordem de queimar e arrasar a importante casa de campo, muros e árvores da bela quinta de Agramonte. Uma das mais formosas e produtivas dos subúrbios do Porto. Rendia 400$000 reis anuais livre de todas as despesas. Pertencia à tripeira família Pinho e Sousa. O seu proprietário, capitão Joaquim de Pinho e Sousa, herói da Guerra Peninsular, liberal convicto e sincero, tinha falecido em 1831, quando emigrado em Paris. A viúva morrerá em Agosto de 1833, um ano depois da destruição da quinta. Era filha de um italiano de Génova, notável ceramista e fundador da Fábrica de Loiça da Santo António da Piedade. D. Pedro foi pessoalmente levar-lhe a notícia e apresentar-lhe as suas desculpas, e assegurar-lhe que seria a primeira a ser indemnizada pelo seu justo valor «logo que as circunstâncias o permitissem». Afinal parece que tal nunca sucedeu, apesar de repetidos requerimentos do tutor dos menores. Quatro anos depois do Cerco ainda o governo local dava ordens para lá ir buscar pedra “sem conta, nem avaliação e menos pagamento”. Continuou um monte inculto até ser expropriado, em 1855, por uma quantia “miserável” para ser aproveitado para cemitério. Esta família Pinho e Sousa é um caso da guerra civil. A família desapareceu em meados do século XIX por falta de representação varonil. O irmão José Leandro, também militar, foi morto por uma bala legitimista; as mais importantes propriedades da família foram sequestradas em 1828 pelos miguelistas: o grande prédio no Descampado de Miragaia, junto à Fonte da Colher, sua residência citadina e onde Joaquim nascera, foi arruinado pelos rebeldes por estar exposto ao mais terrível fogo do inimigo; a sua casa solarenga em Carcavelos, S. Tiago de Riba d’Ul, foi mandada arrasar completamente em 1828 por ordem de D. Miguel. Também tinha propriedades em Lavra e Perafita. Joaquim assentou praça aos 14 anos. Fez a guerra peninsular e em 5 de Março de 1820 pediu a reforma porque não lhe concederam a mudança para o Porto quando o seu pai morreu. A 24 de Agosto do mesmo ano apresentou-se a Fernandes Tomás para defender a revolta liberal. Em 1826 foi nomeado comandante da guarnição de Vila da Feira. Em 1828 “foi ao Porto e foi do pequeno número de oficiais que acompanhou o exército fiel por terra até à Corunha onde embarcou para França onde morreu”.AGRAMONTE, QUINTA DE - A 2 de Agosto de 1832, por motivos de ordem estratégica D. Pedro deu ordem de queimar e arrasar a importante casa de campo, muros e árvores da bela quinta de Agramonte. Uma das mais formosas e produtivas dos subúrbios do Porto. Rendia 400$000 reis anuais livre de todas as despesas. Pertencia à tripeira família Pinho e Sousa. O seu proprietário, capitão Joaquim de Pinho e Sousa, herói da Guerra Peninsular, liberal convicto e sincero, tinha falecido em 1831, quando emigrado em Paris. A viúva morrerá em Agosto de 1833, um ano depois da destruição da quinta. Era filha de um italiano de Génova, notável ceramista e fundador da Fábrica de Loiça da Santo António da Piedade. D. Pedro foi pessoalmente levar-lhe a notícia e apresentar-lhe as suas desculpas, e assegurar-lhe que seria a primeira a ser indemnizada pelo seu justo valor «logo que as circunstâncias o permitissem». Afinal parece que tal nunca sucedeu, apesar de repetidos requerimentos do tutor dos menores. Quatro anos depois do Cerco ainda o governo local dava ordens para lá ir buscar pedra “sem conta, nem avaliação e menos pagamento”. Continuou um monte inculto até ser expropriado, em 1855, por uma quantia “miserável” para ser aproveitado para cemitério. Esta família Pinho e Sousa é um caso da guerra civil. A família desapareceu em meados do século XIX por falta de representação varonil. O irmão José Leandro, também militar, foi morto por uma bala legitimista; as mais importantes propriedades da família foram sequestradas em 1828 pelos miguelistas: o grande prédio no Descampado de Miragaia, junto à Fonte da Colher, sua residência citadina e onde Joaquim nascera, foi arruinado pelos rebeldes por estar exposto ao mais terrível fogo do inimigo; a sua casa solarenga em Carcavelos, S. Tiago de Riba d’Ul, foi mandada arrasar completamente em 1828 por ordem de D. Miguel. Também tinha propriedades em Lavra e Perafita. Joaquim assentou praça aos 14 anos. Fez a guerra peninsular e em 5 de Março de 1820 pediu a reforma porque não lhe concederam a mudança para o Porto quando o seu pai morreu. A 24 de Agosto do mesmo ano apresentou-se a Fernandes Tomás para defender a revolta liberal. Em 1826 foi nomeado comandante da guarnição de Vila da Feira. Em 1828 “foi ao Porto e foi do pequeno número de oficiais que acompanhou o exército fiel por terra até à Corunha onde embarcou para França onde morreu”."


Texto coligido por Jorge Rodrigues

Sobre a Capela do Cemitério de Agramonte:

"Capela do Cemitério de Agramonte e órgão de tubos

A Capela Geral do Cemitério de Agramonte, cuja construção foi aprovada pela Câmara Municipal do Porto em 24 de Maio de 1866, substituiu a capela original que era de madeira e existia desde a inauguração do Cemitério no ano de 1855.
A planta é da autoria do Eng. Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa, Director e professor do Instituto Industrial do Porto.
As obras de construção iniciaram-se em 1870/71, sendo a planta posteriormente alterada relativamente á capela-mor, que ficou com configuração redonda, saliente em relação ao edifício, o que não estava inicialmente previsto.
Deve assinalar-se que o projecto da capela-mor, para ampliação da Capela, é da autoria do Arquitecto Municipal José Marques da Silva e datado de 22 de Fevereiro de 1906.
Nas paredes laterais da Capela há composições em estuque de motivos vegetalistas de grande efeito cénico e o tecto é revestido com estuques de representações centrais ricamente trabalhadas, inundadas por um manto de estrelas pintadas a ouro. Os estuques, bem como os mármores, foram arrematados por António de Almeida Costa, tendo colaborado na sua execução o pintor e decorador António Moreira Vale.
O tecto tem pinturas de sabor-bizantino da autoria de Silvestro Silvestri, datadas de 1910, como se pode ler na parede da capela-mor, ao lado da Epístola. O motivo central é Deus-Pai sentado no trono, ladeado por anjos. Ladeando o altar em mármore rosa, existem duas imagens: uma de S. João Baptista e outra da Virgem Maria, setecentistas e de assinalável qualidade.
No coro existe um Órgão de Tubos, de teclado dividido de quatro registos, com pedal de expressão.
O restauro da Capela do Cemitério de Agramonte, iniciou-se em Março de 1995, com projecto do Arquitecto Francisco José Perry de Azeredo Pinto.
Foi adjudicada a parte de construção civil á firma Cobelta – Soc. De Construção Civil, Ld.ª e o Restauro dos Frescos e Estuques à empresa A Ludgero Castro, Ld.ª.
Os trabalhos de recuperação dos frescos decorreram sob a coordenação da Drª Maria Nazaré C. M: Tojal e a direcção técnica de Miguel Mateus.
O restauro do Órgão de Tubos, foi adjudicado á Oficina e Escola de Organaria, Ldª, sendo o técnico responsável, o Engenheiro Pedro D. Guimarães Von Rohden.
O restauro da Capela e Órgão de Tubos, ficou concluído em Outubro de 1996."

Publicado aqui:
http://www.cm-porto.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=cmp.stories/2374


Uma nova página deste blogue mostra mais imagens deste Cemitério:
http://ruasdoporto.blogspot.pt/2012/07/cemiterio-de-agramonte-2012.html

cemitério Agramonte

7.6.08

A Rua Nova dos Prazeres e a Travessa da Feiticeira

A última crónica deu origem a uma verdadeira avalancha de cartas, e-mails, mensagens, telefonemas. Esta fartura de correspondência, se assim pode dizer-se, tem uma justificação na crónica do passado domingo, foi referida a existência, nos idos de quarenta, no Bairro da Sé, da Rua de Senhora de Agosto que, anteriormente, se havia chamado Rua das Tendas.

Os leitores que escreveram ou enviaram mensagens pedem informações sobre outros casos análogos, ou seja, de ruas que inicialmente tiveram uma denominação e ostentam hoje uma designação que nada tem a ver com o nome inicial.

A tarefa não é fácil porque os casos são muitos e o espaço disponível é escasso, não permitindo aquela abordagem profunda, pormenorizada e devidamente fundamentada que o assunto em causa merece. Mas dá para uma explicação, forçosamente sucinta, sem dúvida, mas, julgamos nós, perfeitamente esclarecedora.

Por exemplo passará pela cabeça de alguém que a Rua Alegre, na Foz, se tivesse chamado, antes de 1891, Rua Nova dos Prazeres ? Não sabemos explicar a origem da antiga denominação mas também não temos nenhuma justificação para a troca dos nomes. Uma coisa garantimos: se nos tivessem pedido a opinião diríamos que deixassem estar como estava. Nem sempre, de facto, as mudanças dos nomes de ruas têm sido feitas dentro do melhor critério.

A Rua de Cedofeita, que todo o portuense bem conhece, é uma artéria relativamente recente, tal como agora a conhecemos como grande centro comercial citadino e aglomerado urbano. Antes da actual designação chamava-se Rua da Cruz. Para este caso temos uma explicação. Ao findar o século XVI, toda a área por onde hoje corre a Rua de Cedofeita era ainda um sítio ermo de características tipicamente rurais e que ficava muito longe da vetusta Porta do Olival aberta na muralha fernandina. No século XVIII andava a abrir-se por entre campos de cultivo e quintas uma estrada para utilização dos viandantes que, saindo da Porta do Olival, pretendessem dirigir-se a Vila do Conde, Barcelos e Santiago de Compostela. Por esse motivo é que, em 1777, aparece num registo da Colegiada designada por Rua da Estrada. A artéria foi rasgada, como atrás se referiu, pelo meio de campos e quintas. Uma destas propriedades era a do Cruz e foi daí que veio a designação de Rua da Cruz.

Um outro enigma é o do antigo nome da actual Rua Bela da Fontinha. Estão a vê-la, empinada a subir até ao Alto da Fontinha, espécie de miradouro arcaico de todo o bairro ? Em tempos idos isto por aqui estuava de vida e de movimento quando ainda laborava a Fábrica Social ainda agarrada ao sítio através da toponímia. Passavam as vendedeiras cantantes, entre o formigueiro de operários chapeleiros, das gentes das oficinas das Carvalheiras, no alarido estríduo dos pregões. Pois esta Rua Bela da Fontinha teve, nos tempos, velhos, a designação de Rua de Trás de Deus. Porquê ? Se alguém o souber que nos informe. Nós não sabemos.

Na riquíssima e muito variada toponímia portuense houve ainda designações que nem sempre eram muito do agrado dos moradores locais. Atentem nestes dois exemplos Travessa da Feiticeira ou, como por vezes também aparece escrito, Monte as Feiticeiras, foi a designação da actual Travessa do Campo de 24 de Agosto; e o Beco do Campo, que sucedeu a uma rua e já foi uma travessa, ali para as bandas de Campanhã, chamou-se Viela dos Ladrões. Há mudanças perfeitamente compreensíveis...

Mais três ou quatro exemplos houve um tempo em que os artífices de determinados ofícios procuravam estar o mais perto possível uns dos outros e, em certas circunstâncias, ter as oficinas ou bancas na mesma artéria. É o caso dos caldeireiros que estavam fixados na rua que ainda hoje tem a designação do ofício, apesar de já por lá não haver caldeireiros; os bainheiros que viviam e trabalhavam na Rua da Bainharia, outra artéria medieval que chegou até aos nossos dias mas já sem as oficinas dos bainheiros; os homens que trabalhavam o ouro e a prata, e que ocupavam a Rua da Ourivesaria, infelizmente já desaparecida, etc. etc. Os tintureiros possuíam as suas tinas na actual Travessa do Bonjardim que, por essa razão, se chamava Viela dos Tintureiros, perfeitamente identificada num registo paroquial da freguesia de santo Ildefonso que a localiza "… defronte da Cancela Velha…".

Houve casos em que a designação de certas artérias tinha a ver com actividades que por ali perto se desenvolviam. Foi o caso da actual Rua de Álvaro Castelões que anteriormente teve o nome de Rua da Lealdade tirado, naturalmente, da Fábrica de Tabaco "A Lealdade" que funcionou por ali perto, na Rua de Costa Cabral.

Acerca da Rua Chã, a explicação mais vezes usada para justificar essa designação é a de que tem este nome por ser plana. Sabemos todos os que procuramos saber um pouco mais sobre a história do Porto que também foi conhecida por Rua Chã das Eiras ou só Rua das Eiras por ser por ali que secavam os cereais do Cabido. Agora o que julgamos ser uma novidade é o que vem registado num Roteiro da Cidade do Porto, elaborado para servir de guia aos visitantes da Exposição Industrial de 1891. Na referência que lá vem à Rua Chã, diz-se que anteriormente se chamara Rua das Lyras, assim mesmo com y grego.

Germano Silva

Publicado no Jornal de Notícias