28.9.06

Rua CONDE DE VIZELA


Já se chamou rua do Correio (assim denominada pois aí se situava o Correio. Na altura não havia distribuição domiciliária e as pessoas iam buscar as suas cartas à estação dos correios) e rua do Correio-Mor.



O industrial DIOGO JOSÉ CABRAL (1864-1923), 1º conde de Vizela (título criado por
decreto do rei D.Carlos de 22 de Dezembro de 1900) foi o promotor e proprietário do grande bloco de casas entre esta rua e a de Cândido dos Reis (risco do arquitecto Marques da Silva).O segundo conde de Vizela (Carlos Alberto Cabral) é a quem se ficou a dever a Casa de Serralves (também da autoria de Marques da Silva).

27.9.06

Rua da BOA HORA

setembro 2006
O «Guia do Porto», de Alfredo Alves (1892), num dos passeios que propõe ao visitante da cidade, diz-nos alguma coisa desta Rua da Boa Hora. O topónimo não parece ser muito antigo.
Encontramo-lo, pela primeira vez, no Guia Histórico de 1864, localizado na freguesia de Cedofeita. O que não quer dizer que seja anterior.
"Qual a sua origem ? De certeza não sabemos. Consultamos o nosso erudito amigo Dr. Xavier Coutinho, que nos sugeriu a existência do lugar da Boa Morte, demolida para no seu lugar se levantar uma fábrica, que por sua vez também já não existe."

setembro 2006

CÂNDIDA ALVES foi uma célebre modista conhecida por Candidinha que tinha o seu atelier na rua da Boa Hora, no período após guerra, no prédio onde existe actualmente o Clube "Os Ultramarinos".

21.9.06

Rua de AVIS




Antiga Travessa da Fábrica.

Antes da Construção do Hotel Infante de Sagres e da Praça D. Filipa de Lencastre existia aqui a Casa da Fábrica.

Café AVIS do lado contrário às livrarias no n° 17


CASA DA FÁBRICA - Um belo palacete que existiu na actual Rua de Avis, com esquina para a Rua da Fábrica, e que foi demolido para construir o Hotel Infante de Sagres. Aquando da demolição do palacete da nobre Casa da Fábrica, a Câmara do Porto comprometeu-se a levantar a fachada do edifício num outro sítio. As pedras foram guardadas, devidamente numeradas. Estão agora, 1998, guardadas no Parque do Monte Aventino, às Antas. O nome de fábrica deriva da Fábrica do Tabaco.





"Rua de Avis

Se a Rua do Infante D. Henrique e a praça homónima evocam directamente a figura do Navegador, outros topónimos portuenses se relacionam com este filho de D. João I.
Lembremos apenas a Praça de D. Filipa de Lencastre, nela desembocando as ruas de Ceuta e de Avis. E na esquina da Rua de Avis com a praça que tomou o nome da mãe do Navegador, ergue-se ainda um Hotel Infante de Sagres.
A artéria que liga a Praça de D. Filipa de Lencastre à Rua da Fábrica só recebeu há coisa de meio século a designação de Rua de Avis. Chamava-se, pelo menos desde o século XVIII, Travessa da Fábrica do Tabaco, já que ligava a Rua da Fábrica do Tabaco - alguns mapas oitocentistas ainda denominam assim a actual Rua da Fábrica - à da Picaria. Surgindo normalmente sem nome nos mapas do século XIX, aparece, curiosamente, como continuação da Rua do Correio Mor (hoje Rua do Conde de Vizela) na Planta Redonda de Balck, impressa em 1839.
De traçado muito mais recente são a Praça de D. Filipa de Lencastre e a Rua de Ceuta, cujas designações integram o mesmo "pacote" de toponímia henriquina imposto pelo Estado Novo nas vésperas das celebrações do quinto centenário da morte do Navegador. A própria construção do Hotel Infante de Sagres obedeceu, ao que parece, a uma sugestão directa de Salazar, que lamentava a falta de hotéis de luxo em Portugal.
E para tanto arrasou-se um notável edifício dos finais do século XVIII, que um negociante enriquecido no Brasil, Luís António do Souto e Freitas, mandara edificar na esquina da Rua da Fábrica do Tabaco com a travessa homónima. A casa estava ainda nas mãos dos descendentes deste fidalgo e cavaleiro da Ordem de Cristo - cujos pais haviam sido, conta-nos o especialista em toponímia Cunha e Freitas, "humildes lavradores de Rebordões" - quando foi vendida ao industrial Delfim Ferreira.
Sacrificando o velho "Palácio da Fábrica", como era conhecida a casa dos Souto e Freitas, Delfim Ferreira, que era também proprietário da Casa de Serralves e do edifício onde hoje está instalado o Foz Clube, encarregou o arquitecto Rogério de Azevedo de projectar este hotel, inaugurado em 1951 e construído e decorado com o objectivo evidente de evocar os hotéis românticos do século XIX. Propósito bem conseguido, de resto. Ainda hoje, quando penetramos no belíssimo salão de entrada, não nos custa imaginar algum Aschenbach a procurar com os olhos, entre peças de madeira exótica e confortáveis poltronas de couro, o seu fugidio Tadzio. E bem se podiam aplicar ao Infante de Sagres essas palavras que Thomas Mann dedica ao Excelsior, onde decorre a acção de "Morte em Veneza": "Reina no local um silêncio solene, próprio da ambição de um grande hotel".
Mas a construção do hotel provocou, na época, grandes protestos, tendo-se os portuenses insurgido contra a demolição do Palácio da Fábrica. Ficou mesmo estipulado que a velha casa de Souto e Freitas seria reedificada noutro local, mas a promessa nunca veio a ser cumprida.
Baptizado o hotel com o nome do Navegador, homenageou-se-lhe a parentela na vizinha Travessa da Rua da Fábrica do Tabaco (que já perdera a indicação do ramo), desde então elevada ao estatuto de rua com a nova designação de Rua de Avis."

17.9.06

Rua de CEDOFEITA

foto de Brilho de Conta


No número 159 existe uma placa relacionada com Carolina de Michaellis.



Tudo o que resta do Bazar dos Três Vintens!

No n° 285, actual ISCET, foi durante anos (até aos anos 60) o Salão Silva Porto, misto de Galeria de Arte e de Antiquário.
foto d'A Baixa do Porto


Parte desta rua, do seu início até à rua do Breyner é pedonal.


Curiosidades:

Algures, num dos palacetes, morou, durante a juventude de Jorge Nuno, a família Pinto da Costa. Num outro dos palacetes, segundo a história da cidade, foi instalado o primeiro elevador da cidade.


CAROLINA MICHAELLIS DE VASCONCELOS - Alemanha, 1851 - Porto, 1925.
Romancista e professora universitária, nascida em Berlim e naturalizada portuguesa em 1876, por casamento. Estudou um grande número de línguas fora da universidade, já que o ensino universitário, na Alemanha, era interdito a mulheres. Adquiriu uma vasta erudição, de que deu mostras nos seus trabalhos, desenvolvendo simultaneamente um rigor metodológico exemplar.

Fixou-se no Porto, publicando grande número de estudos sobre Filologia, História da Literatura e até Etnologia. Foi convidada para uma cátedra da Universidade de Lisboa, vindo porém a ser transferida para Coimbra, onde exerceu actividade docente a partir de 1911. De entre as suas obras, destacam-se a edição crítica das Poesias de Sá de Miranda (1885), a monumental edição do Cancioneiro da Ajuda (1904-1921), uma História da Literatura Portuguesa (1897) em alemão, as Lições de Filologia Portuguesa (1912), A Saudade Portuguesa (1914, obra que procurou analisar a especificidade do povo português, inserindo-se no ambiente cultural do país numa época em que ganhava força a corrente do saudosismo), Romances Velhos em Portugal, Autos Portugueses sobre Gil Vicente y de la Escuela Vicentina e Algumas Palavras Sobre os Púcaros de Portugal.

biografia de Carolina Michaellis de Vasconcelos

outra biografia de Carolina Michaellis de Vasconcelos


sobre a fonte da Rua de Cedofeita


"Comecemos pela Rua de Cedofeita, junto ao entroncamento com as ruas de Álvares Cabral e Sacadura Cabral. Tomemos a direcção da Praça de Carlos Alberto. Logo ali, à direita, num prédio de arquitectura vulgar, com o número 501, uma placa na fachada do edifício lembra que nele nasceu em 11 de Janeiro de 1883 o diplomata, escritor e jornalista Augusto de Castro, que foi director do Diário de Notícias. Uns metros adiante, fechado, com os vidros das janelas partidos, votado ao mais completo abandono está o prédio com o número 395. Aparentemente nada há nele que o diferencie dos demais. E, no entanto, este edifício protagonizou uma das mais significativas fases da história da cidade do Porto. Foi nele que o rei D. Pedro IV teve a sua residência e instalou o seu Quartel General durante o Cerco do Porto. Inicialmente aquele monarca alojou-se no Palácio dos Carrancas (onde está agora o Museu Nacional de Soares dos Reis), sem dúvida o palácio mais indicado, para a época, como digno da residência de um rei. Mas, certa noite, a artilharia miguelista, colocada em Gaia, atingiu a residência régia e os conselheiros de D. Pedro IV insistiram com ele para que se mudasse para a casa da Rua de Cedofeita que pertenceu à família Ribeiro de Faria.

Foi, mais tarde, de D. Júlia de Mello Sampaio de Lencastre, serviu de sede aos Tribunais Correccionais e acolheu depois uma repartição das Finanças. Foi recentemente comprada pelo dono de uma oficina de reparação de automóveis que fica pegada. Não se sabe qual vai ser o seu destino, mas dava perfeitamente para acolher o Museu do Cerco, que ainda não existe.

Ao tempo da guerra liberal, a Rua de Cedofeita ainda não estava toda urbanizada. Mas já possuía, de um e do outro lado, boas casas de habitação, algumas apalaçadas. Era, para a época, uma rua muito comprida mas não desmesuradamente larga.

No princípio era a estrada que do Olival (Cordoaria) ligava com Barcelos e Vila do Conde. Até 1781 foi conhecida pela designação de Rua da Estrada. Depois chamaram-lhe Rua Direita de Cedofeita até que veio a denominação actual. No século passado por esta artéria tonitroavam os pregões das vendedeiras de rua e o fragor dos tamancos arrastando-se pelo solo pedregoso. De manhã à noite a rua apresentava-se sempre atravancada de carros de bois, em constantes idas e vindas de Ramalde para os fretes da zona ribeirinha.

Durante o período que durou o Cerco, e por via da circunstância já acima referida de nesta artéria ter sido instalada a residência de D. Pedro IV, a Rua de Cedofeita transformou-se no centro de toda a vida social e oficial da cidade. Na mesma artéria estavam instaladas as secretarias da Guerra e dos Estrangeiros; os ministros Agostinho José Freire (Guerra); e José António de Magalhães (Justiça) viviam muito perto da residência real. Na Rua da Torrinha, no prédio número 55, a dois passos de Cedofeita, estava a secretaria do Reino."

(Germano Silva, em Cedofeita, Colecção "Mediana - Guias das Freguesias do Porto", Edições Afrontamento e Mediana S.A., Porto 1996)

agradeço a contribuição de Denudado

14.9.06

Rua do ROSÁRIO





esquina com Miguel Bombarda







uma das placas que existem no nº 5


No n° 5 - Cineclube do Porto fundado em 1945. Este prédio do n° 5 tem uma longa história pois já aqui foi uma clínica (onde faleceu meu bisavô materno) e o célebre Hotel do Louvre que recebia como hóspedes grandes personalidades que visitavam a cidade como o Imperador do Brasil, D. Pedro II. Foi também a sede do Orfeão Lusitano (início do século XX) assim como do MUD (Movimento de Unidade Democrática) em 1948. Também albergou a sede do Salgueiros.


O CineClube do Porto (Clube Português de Cinematografia) tem estatutos aprovados em 13 de Abril de 1945. As primeiras reuniões tiveram lugar na rua Santa Catarina.

Curiosidades:

D. PEDRO II, DO BRASIL - Filho de Pedro IV. Visitou o Porto em 1 de Março de 1872. Apoteoticamente recebido pela população. As principais ruas engalanadas. Ficou instalado no Hotel do Louvre na esquina da Rua do Rosário e do Triunfo, agora D. Manuel II. Visitou o mausoléu que, na igreja da Lapa, contém o coração de seu pai e vários lugares onde se travaram os mais memoráveis combates do Cerco do Porto. Também visitou Camilo. Subiu à Torre dos Clérigos, foi à Serra do Pilar. Exilado em 1889 veio para o Hotel do Porto, onde faleceu a imperatriz naquele mesmo ano. Voltou ao Brasil em 1922 quando terminou o banimento.

"Na esquina da Rua do Rosário com a D. Manuel II existe um famoso edifício, não no seu aspecto, mas nas suas histórias. Comecemos... pelo principio. Uma interessante dama, de ascendência francesa, D. Maria Huguette, de seu nome completo Maria Huguette de Melo Lemos e Alves, foi uma das mais belas mulheres do seu tempo e vivia a sua vida com muitas convivências masculinas, de que lhe resultou desafogo económico, que a levou a instalar neste prédio um hotel de luxo que baptizou com o nome de "Hotel do Louvre".

Foi este hotel o escolhido pela embaixada do Brasil para aí instalar D. Pedro II, imperador do Brasil (filho do nosso D. Pedro IV) e sua mulher D. Teresa Cristina Maria, que aí se demoraram oito dias. No final da estada, foi-lhes apresen­tada a conta: 4.500.000 réis. o imperador achou que era um exagero e saiu sem pagar. A dona do hotel queixou-se aos tribunais e o processo foi-se arrastando durante anos, até que o tribunal deu, como era lógico, razão a hoteleira. E hei-la que abala para o Brasil a cobrar a divida. E tal escândalo por la armou, que dois portugueses, há muito radicados em terras de Vera Cruz, acharam por bem liquidar a conta e meter a senhora de novo no barco para Portugal. o hotel veio a acabar e a senhora faleceu, quase na miséria, aí para Os lados do Carvalhido.

Em 1881, foi neste prédio inaugurada uma das primeiras clinicas particulares da cidade - a Casa de Saúde do Dr. António Bemardino de Almeida. E, entre 1927 e 1930, aqui esteve instalado o orfeão Lusitano. Nos anos 30, foi sede do velhinho e popular Sport Comércio e Salgueiros."


citado pela Junta de Freguesia de Miragaia

O "Prédio António Enes Baganha" que tem o nº 127 desta rua é da traça do arquitecto José Marques da Silva e data de 1919.

11.9.06

Rua da CONCEIÇÃO


A Rua da Conceição foi uma das «ruas novas» do plano urbanístico de João de Almada e Melo.
Porque se abriram, rua e largo, em terrenos subjacentes à Quinta do Pinheiro e à sua capela setecentista, que ainda lá está, e era dedicada à Conceição de Maria Santíssima e desta invocação passou o nome às serventias próximas.


Curiosidade:

Por esta rua já passou uma "linha de eléctrico".

10.9.06

Rua CÂNDIDO DOS REIS

setembro 2006

Esta rua chamou-se anteriormente Rua Rainha D. Amélia.
Foi construída nos terrenos do largo de "Os Ferros Velhos". Estes também abrangiam a actual rua das Carmelitas.
O prédio que ocupa todo o quarteirão foi mandado construir pelo Conde de Vizela e tem o risco do arquitecto Marques da Silva, actualmente é propriedade, entre outros, do Sindicato dos Bancários. Do lado da rua das Carmelitas existe o Club Portuense.
No n° 75 encontra-se um prédio em estilo "Art Nouveau."


setembro 2006

setembro 2006

Curiosidade:

CÂNDIDO DOS REIS - Almirante republicano que se suicidou na madrugada de 5 de Outubro de 1910 pois pensou que a revolução tinha falhado.
O seu funeral realizou-se em Lisboa a 6 de Outubro conjuntamente com o do Dr. Miguel Bombarda - foi o primeiro funeral do novo regime.


História do Club Portuense
O Club Portuense foi fundado em 1857 por um conjunto de várias dezenas de personalidades da Cidade do Porto, entre os quais se encontravam proprietários, futuros titulares, homens de governança da Cidade e diversos estrangeiros, nomeadamente ingleses cuja colónia detinha uma grande influência na sociedade e economia da Cidade.
A criação desta instituição resultou de uma ruptura com a Assembleia Portuense, criada cerca de 20 anos antes, e foi catalisada pela chamada questão do chá , que envolvia a exigência de direitos entretanto adquiridos pelos sócios, nesta última instituição. Ao longo dos quase 150 anos da sua História, este Club esteve localizado em três sedes: a Casa da Fábrica, cedida pela Família Souto e Freitas e onde foi fundado; o Palacete Ferreirinha, no Largo da Trindade, edíficio entretanto demolido; e a actual sede na Rua Cândido dos Reis, edifício então mandado construir pelo Conde de Vizela.
O Club Portuense teve uma vida social muito activa na segunda metade do séc. XIX, tendo organizado diversos Bailes em Honra dos Reis de Portugal, por ocasião das suas visitas à cidade do Porto. Com largo eco na imprensa da época, estas festas foram estudadas pelo Sr. Brigadeiro Nunes da Ponte e publicadas no seu livro “Recordando o velho Porto”. Em 1880, fundiu-se com a Sociedade Filarmónica Portuense, criando o Grémio Portuense, que passou a incorporar o seu acervo musical. Este, apesar de uma doação parcial à Câmara Municipal do Porto, ainda hoje permanece parcialmente nos seus acervos arquívisticos. Em 1924, o Club Portuense instalou-se na sua actual sede na Rua Cândido dos Reis, tendo mais tarde o edifício sofrido obras de melhoramentos, nomeadamente através da intervenção do decorador Viterbo.
As decorações do Salão de Baile e da sua Sala de jantar, ao gosto revivalista neoclássico – semelhante ao que o mesmo decorador introduziu na Casa dos Viscondes de Villar d`Allen, na Rua de António Cardoso, no Porto – ainda hoje permanecem como ex-libris do Club.

Na década de 1980, o edifício foi adquirido pelos sócios ao antigo banqueiro António Brandão Miranda, sendo hoje considerado como uma das sala de visita mais interessantes da Cidade do Porto.

na fachada da Biblioteca Musical

6.9.06

Rua da Boavista




O chamado Edifício ou Bloco da Carvalhosa é da autoria do arquitecto Arménio Losa. Este edifício foi projectado em 1945 e terminado em 1950.



2006


O seu nome vem da quinta que existia no local onde foi aberta esta rua.



Bairro da Bouça - construído entre 1974 e 1977 (primeira fase) - risco da arquitecto Siza Vieira e integrado numa iniciativa do SAAL - Norte.

A segunda fase da obra só ficou concluída em 2006.

sobre o Bairro da Bouça


3.9.06

Largo ALEXANDRE SÁ PINTO

É neste singelo largo que se escontra a Escola Infante D. Henrique, frequentada por muita gente da minha geração e de gerações que deram à cidade muitos técnicos das mais variadas áreas.


Estátua do "Pedreiro" da autoria de Henrique Moreira datada de 1933 (este bronze já esteve no jardim da Cordoaria).


Curiosidade:

ALEXANDRE SÁ PINTO (Esmoriz 1835 - † 2/4/1926) - Muito jovem emigrou para a Argentina e, quando morreu, deixou a maior parte da sua fortuna a várias instituições portuguesas entre as quais a Escola Industrial Infante D. Henrique.

1.9.06

Largo do PRIORADO

Torre sineira da actual Igreja de Cedofeita


Igreja Românica de Cedofeita

Da Igreja de Cedofeita e da origem da Freguesia

Dos estudos realizados, tudo aponta para que as origens da freguesia, estejam associadas ao primitivo povoado que nasceu, se desenvolveu e prosperou à sombra tutelar da velhinha igreja românica, que ainda hoje existe no Largo do Priorado e que pertenceu a um convento de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.

O templo é, de facto, muito antigo. A sua construção é anterior à da própria Sé Catedral. Provavelmente trata-se da mais antiga igreja do Porto.

Mais: com toda a probabilidade a velhinha igreja de Cedofeita já era gente, há muitos séculos, e Portugal ainda nem sequer existia politicamente.

Diz quem sabe destas coisas que a Norte do Douro a igreja românica de Cedofeita é o único monumento do género que nos ficou do período medievo.

Missas garantidas com salvo conduto

Conta a tradição que a cidade do Porto foi fundada no ano 417 da nossa era. Pelo espaço de três séculos experimentou três diferentes possuidores: os suevos, que a fundaram; os godos que a conquistaram; e os mouros que dela se senhorearam até ao reinado de Afonso 1 de Leão, a quem chamaram «o católico».

Durante a vigência moura, a igreja de Cedofeita foi o único templo cristão da área de jurisdição sarracena em que, sem qualquer interrupção, sempre se celebrou o santo sacrifício da missa, mediante um tributo que os cónegos pagavam às autoridades mouriscas. Esse consentimento foi dado através de uma «Carta de Jusgo», palavra muito utilizada pelos antigos significando «Justiça», «Perfeita», «Observância total das leis», «Igualdade», «Sossego», «Paz».

Era do seguinte teor a referida «Carta de Jusgo»:

«Abdelassis Abhrem Mahomet, por illah illalah senhor da cidade do Porto, e da gente da Nazareth, pela qual ordeno que os Presbíteros e Christâos do Mosteiro de Cedofeita que morão junto à dita cidade do Porto, e seu mosteiro possuão os seus bens em paz e quietação sem opressão, vexame. ou força dos Sarracenos; com a condição que não digão Missas senão com as portas fechadas e não toquem as suas campainhas; e paguem pelo consentimento 50 pesantes de boa prata anualmente e pos-são sair e vir à cidade com liberdade e quando quizerem, e não vão fora das terras do meu mando sem meu consentimento e vontade; assim o mando; e faço esta carta de salvo conduto, e a dou ao dito Mosteiro para que a possua para seu sossego...».

O Pesante era uma moeda de prata mais ou menos do tamanho da actual moeda de cinco escudos.

Inscrição apócrifa

Na frontaria do templo, mesmo por cima da porta principal, está gravada no granito uma inscrição latina que dá o ano de 559 como o da fundação da igreja. O teor da inscrição e, sobretudo, a indicação daquele ano como sendo o da fundação do templo suscitou e alimentou, durante anos, uma apaixonada discussão entre historiadores e investigadores que acabou com a conclusão de que a inscrição é apócrifa, por tanto não verdadeira, e que terá sido ali colocada aquando de uma remodelação feita no templo e redigida sem qualquer fundamento histórico.

Os mais antigos e fidedignos documentos que se conhecem, relacionados com o mosteiro de Cedofeita, remontam à Baixa Idade Média. São dois: uma bula do Papa Calixto II, datada de 1120, a qual apenas cita o mosteiro; e a carta de doação de D. Afonso II, do ano de 1218, na qual, com base em informações dos próprios abades e cónegos regrantes, o monarca faz saber que «D. Afonso, nosso senhor e avo (Afonso Henriques) reparara o dito mosteyro e anovadamente o dotara».

As lendas

«Ao longo dos séculos», desabafa Carlos de Passos, no seu precioso Guia Histórico, «este velhinho templo, venerável relíquia românica do velho burgo portucalense, suportou mais agravos dos homens do que dos elementos corroedores da própria Natureza». A sua existência milenária e a escassez, quando não a total ausência, de documentos escritos sobre a sua fundação deram azo ao aparecimento das mais variadas lendas, algumas de todo inverosímeis.

Pode dizer-se que há duas versões que são as mais correntes sobre a fundação da igreja de Cedofeita.

Uns sustentam que foi fundada pelo rei suevo Reciário, que reinou em 446 e que foi o primeiro dos reis suevos a abraçar o cristianismo. Outros dizem que a fundação da igreja se deve ao rei Teodomiro, também suevo, que a terá mandado construir em 14 de Janeiro de 1059 e nela se fez baptizar conjuntamente com o seu filho Ariamiro.

Consta que Teodemiro, não encontrando remédio para a enfermidade de seu filho Ariamiro, recorreu a S. Martinho de Tours aonde mandou embaixadores com ofertas de tanta prata e ouro quanto pesasse o filho enfermo. E com tanta fé Teodomiro acreditou neste milagre que logo a seguir à partida dos seus embaixadores ordenou que se começasse a construção de uma igreja em honra de S. Martinho.

O empenho posto no levantamento do templo foi tal que quando os embaixadores chegaram com as relíquias já ela estava concluída. E foi devido à rapidez da construção que veio a dizer-se «Cito Facta», o que significa «Feita Cedo» e que veio a dar CEDOFEITA.

O templo primitivo sofreu, ao longo dos séculos, muitas alterações e reparações. A actual igreja reflecte, sobretudo, as modificações introduzidas pelo prior D. Luis de Sousa Carvalho, em 1742. Não obstante, trata-se ainda de um dos mais belos exemplares românicos do Norte de Portugal.

Depois de se ter introduzido nas igrejas catedrais o sistema da vida em comum, passou a ser tão grande o número de clérigos que procuravam servi-la, que em muitas igrejas paroquiais se estabeleceram Colégios clericais com organização semelhante à dos Cabidos. Certos mosteiros também se transformaram em colégios de cónegos por ser permitido aos monges que se apartavam da sua regra seguir o instituído por que se regiam os cabidos.

Esta foi a origem das colegiadas, que dos cabidos se distinguiam por serem presididas pelo pároco, com o título de Prior, ao passo que os cabidos eram presididos pelos bispos.

Desconhece-se a data da fundação da Colegiada de S. Martinho de Cedofeita.

De 1221 existe um documento que a ela se refere. Mas é muito provável que a sua criação seja anterior àquela data.

D. Nicolau de Santa Maria diz que já antes de 1118 a Colegiada existia e que tinha Prior e Cónegos que viviam segundo a regra de Santo Agostinho. As Colegiadas no século XVI formavam dois tipos: o das insignes, ao qual pertenciam a de Cedofeita e a de Guimarães, por exemplo; e o das menores.

A Colegiada de Cedofeita distinguiu-se também pelos varões ilustres que nela serviram, entre os quais a figura cimeira do Prior D. Nicolau Monteiro, que foi bispo do Porto, doutor em cânones pela Universidade de Coimbra, confessor da rainha D. Luisa de Gusmão, bispo eleito de Portalegre e da Guarda, conselheiro d'Estado, mestre dos filhos de D. João IV, embaixador deste monarca ao pontífice Urbano VIII advogando eficazmente em Roma a justiça de Portugal contra as pretensões de Castela. Além desta grande figura da Igreja, também se notabilizaram na Colegiada de Cedofeita: S. Pascásio, discípulo do primeiro prior, S. Martinho de Dume; D. Beltrão de Monfaves, que foi prior e depois cardeal; D. Gonçalo Pereira, deão do Porto, arcebispo de Braga, avô do Condestável do reino, D. Nuno Álvares Pereira; D. Henrique (infante), irmão de D. João III, arcebispo de Braga e Évora, cardeal e depois rei de Portugal; D. Frei José Maria da Fonseca e Évora, prior comendatário e depois bispo do Porto.

O ermo de Cedofeita

Ao dobrar o ano de 1571, o prior e cónegos da Colegiada de S. Martinho de Cedofeita mandaram ao bispo do Porto uma petição: queriam sair do sítio onde estavam e sugeriam a mudança para junto da Porta do Olival. Diziam os da Colegiada, na referida petição: «Se há igreja que tenha necessidade mui urgente para se trasladar e mudar de êrmo e despovoado para povoado e lugar da cidade acomodado para isso, é esta igreja de S. Martinho de Cedofeita, por muitas razões...». E entre as razões invocadas alegavam que a «igreja não é bem servida, principalmente quando as cheias e tempestades do Inverno e as calmas do Verão tornam impossíveis ou difíceis as longas jornadas entre a Porta do Olival (na Cordoaria) e o longínquo lugarejo de Cedofeita...

Havia ainda outra razão. «A igreja estava num lugar ermo e despovoado e os fregueses, que eram pescadores e lavradores, moravam muito afastados dela e durante a semana ninguém assistia aos ofícios divinos e por vezes até havia dificuldade em arranjar quem ajudasse às missas...».

O couto

Não há dúvida de que existiu o «Couto de Cedofeita», apesar de alguns historiadores afirmarem que é falsa, que não existiu, a «Carta de Couto» que teria sido conferida por D. Afonso Henriques. Um documento datado de 1849 pormenoriza que o Couto começava no fim da Rua da Rainha (hoje de Antero de Quental), corria pelo Monte Pedral até ao Carvalhido, na Rua da Natária, e confrontava com Paranhos. Do Carvalhido seguia pela Rua da Carcereira até à Cova do Monte, fim da Quinta do Vanzeller, partia com Ramalde e com a estrada para Lordelo e vinha ao Douro. Acompanhava o rio até ao começo da Calçada de Monchique (que ficava já dentro do COUTO) e daí subindo à Rua dos Carrancas partia com Miragaia. Continuava até ao Adro dos Enforcados (traseiras do Hospital de Santo António) onde confrontava com Santo Ildefonso, seguia pelo Rua do Paço até à cerca dos frades do Carmo, Travessa do Carregal, chegava ao canto do Hospital do Carmo, circuitava a Praça dos Ferradores (hoje de Carlos Alberto) até ao cunhal do Palácio dos Balsemãos, Rua das Oliveiras e Sovela, Campo de Santo Ovídio, Rua da Lapa e lado poente da Rua da Rainha até Paranhos. Todo este território, que hoje está incorporado no tecido urbano da cidade e intensamente povoado, era, ainda na segunda metade do século XVII, simples arrabalde campesino da cidade.

Era tudo quintas, casais, campos de cultivo, hortas e soutos. Apenas o lugar de Massarelos, habitado por pescadores e mareantes, tinha alguma importância...

Quando se terá verificado a integração do Couto de Cedofeita no tecido urbano da cidade do Porto? A resposta, pelas razões já atrás várias vezes referidas (escassez de fontes e falta de documentos) não é fácil de dar. Mas é muito provável que a integração se tenha feito na transição do século XVI para o século XVII. Ou talvez antes. De certeza, sabe-se que a Mesa Grande da Relação, em 9 de Outubro de 1710, ampliou a área limitada pela Muralha Fernandina com as das freguesias contíguas: Vitória, Miragaia e Santo Ildefonso; e também com as de Massarelos e Cedofeita. Esta medida da Mesa Grande, que fixava os novos limites da cidade, já abrangia a área do Couto de Cedofeita.

Germano Silva - "Monografia de Cedofeita"

Curiosidade:

A 20 de Março de 1922 o ministro da Instrução anuncia a próxima compra de 20.000 metros quadrados de terreno do antigo Passal do Priorado de Cedofeita para a construção do novo edifício do Liceu de Rodrigues de Freitas.

Este busto já esteve na Alameda Basílio Teles. Foi trazido para o Largo do Priorado em Outubro de 2004.


JEAN HENRI DUNANT (ou Henry Dunant) - (Genève - 8/5/1828 - 30/10/1910). Fundador da Cruz Vermelha. Juntamente com F. Passy recebeu o 1° Prémio Nobel da Paz (1910).

Jean Henri Dunant na wikipedia