30.11.07

Praça PEDRO NUNES


liceu

Fotografia publicada e com localização no Flickr

Pedro Nunes foi cosmógrafo-mor do reino e um dos expoentes máximos da ciência portuguesa do século XVI.

Esta praça tem o nome actual desde 1936. Na planta de 1892 era aqui a Rua da Paz.

LICEU DE RODRIGUES DE FREITAS – A 20 de Março de 1922 o ministro da Instrução anuncia a próxima compra de 20.000 metros quadrados de terreno do antigo Passal do Priorado de Cedofeita para a construção do novo edifício do Liceu de Rodrigues de Freitas. Mais tarde a ditadura salazarista mudou-lhe o nome para D. Manuel II. Traço do arquitecto Marques da Silva. O liceu começou a funcionar neste edifício no ano lectivo de 1932/1933.

ver mais aqui: http://esrf.blogspot.com/2007/11/projecto-educativo-de-escola.html


29.11.07

Travessa das ALMAS

Algo que encontrei sobre o Largo dos Lóios


O mistério das ossadas da cerca dos padres Lóios

Fundação do Convento dos Lóios


Germano, Silva, Jornalista

Tomo conhecimento, através das páginas do "Jornal de Notícias", de que a SRU (Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto) vai abrir concurso público para a empreitada de demolição das inúmeras construções, clandestinas ou não, existentes no miolo do quarteirão compreendido entre a Praça da Liberdade, a Praça de Almeida Garrett, a Rua de Trindade Coelho e o Largo dos Lóios.

Trata-se, como facilmente se adivinha, do espaço que outrora serviu de cerca ao antigo mosteiro de Santo Elói, dos Cónegos Seculares de S. João Evangelista, que por ali tinham, também, a sua igreja e respectivo claustro.

Do convento, construído "junto do muro da cidade" (muralha fernandina), só a imponente fachada, hoje conhecida pelo edifício das Cardosas, chegou até aos nossos dias.

Os frades começaram a construí-la em meados do século XIX mas não lograram vê-la concluída porque, com a entrada do Exército Liberal no Porto, em 1832, fugiram da cidade, abandonando o convento, que lhes foi confiscado, e deixando as obras a meio.

Quem acabou a fachada foi Manuel Cardoso dos Santos, um rico negociante com fortuna ganha no Brasil e que comprou o edifício quando ele foi posto em hasta pública.

Uma das condições da venda era a de que teria de concluir a obra começada. O que fez. Com a sua morte o imóvel passou, por herança, para a mulher e filhas, que, por serem esposa e descendentes do Manuel Cardoso, passaram a ser conhecidas por Cardosas e daí o nome do prédio.

É tempo de voltar às obras projectadas pela SRU.

Conforme noticia o JN, para o Palácio das Cardosas está prevista a construção de um hotel de luxo e no subsolo do local onde outrora estiveram a cerca, o claustro e a igreja do convento vai ser construído um parque de estacionamento com três pisos e 260 lugares.

Era aqui que eu queria chegar.

O dr. Eugénio de Andréa da Cunha e Freitas, numa interessante monografia que escreveu sobre o Convento dos Lóios, termina um dos capítulos da seguinte maneira "… agora, na Casa de Deus, em vez dos honrados frades de Santo Elói, estão os gordos e opulentos senhores da Finança e da Indústria, perturbando, na febre do negócio e do lucro, o eterno descanso de tantas cinzas veneráveis que ali jazem…"

Pois é. Vamos aguardar a ver se as obras que aí vêm irão, ou não, ajudar a desvendar o mistério que rodeia umas tantas histórias já lendárias de cadáveres enterrados na cerca do mosteiro e no interior da própria igreja.

É que, logo a seguir à demolição dos anexos, virão os arqueólogos para pesquisar, entre outros, o sitio onde se vai construir o parque de estacionamento. O que se pede e se espera é que esse trabalho se realize com toda a profundidade de modo a que ajude a esclarecer muitas histórias que ainda permanecem envoltas na névoa do mistério e da dúvida.

Por exemplo em 1808 o corpo do general D. Francisco Taranco e Lhano, comandante da divisão da Galiza que ocupava o Porto, foi sepultado no jazigo que o visconde de Balsemão (o do palacete da Praça de Carlos Alberto) tinha na igreja dos frades Lóios. Durante a usurpação de D. Miguel também ali terão sido guardados os restos mortais do general Bernardo da Silveira. Em 1838 (ver caixa) a igreja foi demolida por estar em ruína e ser uma ameaça pública. Quando se tentava saber o que fora feita do túmulo do Balsemão e dos cadáveres que lá estavam, um cronista da época (Peres Pinto) não teve dúvida em afirmar que essas "ossadas e entulhos estavam a descansar no aterro da praça ou mercado do Bolhão…"

Mas há noticias de muitas outras sepulturas no corpo da igreja e na cerca do convento dos padres Lóios, muitas elas de difícil localização. Por exemplo, "na asa do Capítulo, junto ao claustro" foi sepultado D. Manuel de Sousa, que foi arcebispo de Braga; Filipe Gonçalves, cidadão do Porto, "morador defronte da Porta do Olival, da parte de dentro" teve sepultura em Santo Elói onde instituiu um morgado a que vinculou as suas casas da "Travessa que vai dos Coronheiros (actual Rua da Vitória) para a Rua das Flores. Ao pé de um altar colateral, do lado do Evangelho, esteve sepultada D. Maria… mulher do dr. Estêvão Monteiro da Costa a qual morreu em Junho de 1693; e "no cruzeiro, junto às grades" ficava a sepultura, coberta com lâmina de latão e com as armas dos Correias de Mariz, de Francisco Correia de Mariz. António da Costa, barbeiro e sangrador, morador na Rua dos Canos (a parte da Rua das Flores que vai da Praça de Almeida Garrett até à Rua de Trindade Coelho) para ser sepultado em Santo Elói deixou ao convento o seu casal da Quinta, em S. Cosme, Gondomar.

Enfim, tantas cinzas veneráveis de cujo destino muito pouco se sabe após a venda do mosteiro e a demolição da igreja. E será que vamos ficar a saber mais alguma coisa ?
...
para continuar a ler: Jornal de Notícias - O mistério das ossadasda cerca dos padres Lóios


28.11.07

Rua SARGENTO ABÍLIO

Há meses, há anos que eu passava ali naquele cruzamento e me prometia fazer uma foto sobre aquela rua.
Pra já, para já, porque era uma das raras ruas do Porto que se referia a um militar que não era Coronel, nem Marechal, nem Capitão. Era simplesmente dedicada a um sargento!
Depois havia também o facto que eu sabia perfeitamente que o sargento Abílio assim como o alferes Malheiro, e tantos outros que já foram esquecidos, participaram no 31 de Janeiro.
Bom, mas a fotografia foi tirada. Depois é que surgiram as dificuldades.
Seria uma maneira de começar a falar do "31 de Janeiro"? Ou simplesmente publicar umas linhas sobre o dito sargento? Optei pela segunda.
Erro meu, má fortuna. Descobri que o que estava publicado na Internet sobre o Sargento Abílio fazia referência a duas pessoas diferentes.
Mas que importa? aqui vai uma pequena referência a uma pequena rua da minha terra que se situa na longuínqua freguesia de Ramalde.



Fotografia publicada e localizada no mapa do Porto aqui


Sobre o Sargento Abílio temos duas notas biográficas:

Abílio de Jesus Meireles (Portugal, 1862 foi um militar português teve o seu momento de celebridade quando se deu a revolta militar do Porto em 31 de Janeiro de 1891. Era na altura primeiro sargento do regimento de cavalaria nº 9 e foi um dos que acompanhou aquele corpo quando se manifestou a favor do movimento revolucionário. Também foi conhecido simplesmente como sargento Abílio.
Publicado na Wikipédia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ab%C3%ADlio_de_Jesus_Meireles

E também:
Sargento Abílio - ( n. 24/12/1860 em Freixo de Espada à Cinta, Distrito de Bragança f. 25/07/1923 no Porto ) O homenageado, Abílio Francisco de Jesus, foi um dos revoltosos do movimento de 31 de Janeiro de 1891. Teve assentamento de Praça em 25/06/1878, como voluntário, no Batalhão de Caçadores nº 3, foi promovido a Tenente, em 15/11/ de 1910 e a 1º Sargento, do Regimento de Caçadores nº 9. (Informação do Exército Potuguês, Arquivo Histórico - Arquivo da Toponímia)

Sobre o 31 de Janeiro de 1891 podem procurar também no artigo de Fernando de Sousa.

"A Revolta do Porto de 1891 é o primeiro clarão da República Portuguesa. Tantos anos passados, não são apenas os vultos do Alves da Veiga, do Sampaio Bruno, do Basílio Teles, do sargento Abílio, do João Chagas e do tenente Coelho que persistem na sua lição exemplar. Não são só os acordes de «A Portuguesa» e pouco tempo depois a estrofes admiráveis da «Pátria» do Junqueiro... É a soberba legião dos emigrados que fugiram para Espanha e para França, dos degredados da África, é a longa lista dos bons homens condenados — os cidadãos anónimos, os soldados, os cabos e os sargentos da insurreição —, e aqueles rapazes de Coimbra, muitos dos quais haviam de implantar a República em Outubro de 1910.

Nesta aliança e no quadro dos sacrifícios, é que nós nos queremos ver como num espelho.

Manuel Mendes"

Pode continuar a ler aqui

27.11.07

De volta à rua das Águas Férreas



Fotografia publicada e localizada no Flickr


Na realidade quando eu estava a preparar a publicação da "Rua das Águas Férreas" o meu objectivo era mais poder falar sobre Oliveira Martins que ali tinha morado quando da construção da "Linha da Póvoa".

Depois do comentário do "denudado", era mais do que evidente que se tornava necessário voltar a falar daquela rua.

Já agora deixo ficar aqui mais um apontamento pois em frente à escultura de homenagem a Oliveira Martins podemos encontrar o célebre "Bairro da Bouça".

Assim deixo ficar uma breve nota sobre Joaquim Pedro de Oliveira Martins publicada pelo Instituto Camões:

"

Historiador, economista, antropólogo, crítico social e político, a sua acção e os seus trabalhos suscitaram controvérsia e tiveram considerável influência, não apenas em historiadores, críticos e literatos do seu tempo e do século XX, mas na própria vida política portuguesa contemporânea.

Desde 1867, Oliveira Martins experimentou diversos géneros de divulgação cultural: romance e drama históricos, ensaios de reflexão histórica e política e doutrinária. Mas essas tentativas, de valor desigual, não alcançaram grande sucesso. Em 1879, dá-se uma inflexão no seu percurso intelectual, com o início da publicação da Biblioteca das Ciências Sociais, de sua exclusiva autoria. Embora alheia a intenções doutrinárias e ao espírito de sistema dominante na época (positivismo, determinismos vários), não deixaria de, pontualmente, exprimir estas tendências. Pelo largo fôlego e diversidade de matérias que pretendia abarcar - história peninsular, história nacional e ultramarina, história de Roma, antropologia, mitos religiosos, demografia, temas de economia e finanças, etc. - a colecção constituiu um projecto sem precedentes no meio cultural português da Regeneração, com o objectivo de generalizar todo um conjunto de saberes entre um público alargado. O empreendimento editorial ficaria marcado pelo autodidactismo de Oliveira Martins, uma curiosidade científica sem limites e um bem evidente pendor interdisciplinar e globalizante. Esse autodidactismo é afinal indissociável do próprio percurso biográfico e profissional do historiador.

Na verdade, devido à morte do seu pai, Martins não chegara a concluir o curso liceal e cedo se dedicou à actividade profissional como empregado em duas casas comerciais (1858-70). Exerceu depois funções de administrador de uma mina, na Andaluzia (Santa Eufémia, 1870-74). De novo em Portugal, dirigiu a construção da linha ferroviária do Porto à Póvoa e Famalicão e foi administrador da respectiva Companhia ferroviária. Entretanto era eleito presidente da Sociedade de Geografia Comercial do Porto (1880) e depois nomeado director do Museu Industrial e Comercial do Porto (1884). Exerceu ainda as funções de administrador da Régie dos Tabacos (desde 1888), da Companhia de Moçambique (1888-90) e fez parte da comissão executiva da Exposição Industrial Portuguesa (1888).




Em 1885, Oliveira Martins aprofundava a sua prática de redactor da imprensa periódica com a fundação d'A Província (1885) e depois, já em Lisboa, d'O Repórter (1888). Para além destas experiências profissionais tão diversas e na sequência de várias candidaturas a deputado (1878-83), convicto da necessidade de reformar profundamente a vida política nacional, aderia ao Partido Progressista (1885), partido em que dinamizaria a chamada Vida Nova. Era eleito deputado (sucessivamente, de 1886 a 1894) e, em 1899, nomeado Ministro da Fazenda no ministério de José Dias Ferreira. Desempenharia este cargo apenas por quatro meses, devido a divergências com o chefe do governo.

Na sua extensa obra podem distinguir-se as seguintes fases:

  1. 1867-1871: estreia, em múltiplos géneros (romance histórico, drama, crónica, crítica literária, artística, social e política); é uma fase sincrética de experimentação de ideias e primeiros tentâmes críticos.
  2. 1872-78: ensaio de temática histórica (1872 e 1878); crítica social e política; textos de doutrina e reflexão sobre o socialismo (1872-73); crónica de actualidade, de incidência diversa (Revista Ocidental, 1875); desenvolve-se e alarga-se, em termos de problemática, a anterior experimentação, centrando-se agora em três grandes áreas, a história e o pensamento social e político e os estudos sobre finanças. De apologista de uma república social e federalista, na sequência do malogro da República em Espanha, depressa passa a crítico sagaz do republicanismo (1873-74) e teórico do socialismo catedrático.
  3. 1879-1885: publicação da Biblioteca das Ciências Sociais, de temática muito variada, em que à aprendizagem do seu autor corresponde, de imediato, a apresentação pública dos resultados dessa auto-formação. Define-se um vasto projecto de divulgação cultural e científica. Aprofunda-se e estrutura-se a visão da história de Portugal e abrem-se novos campos à sua curiosidade científica: geografia, arqueologia, antropologia, sociologia, psicologia colectiva, economia.
  4. 1885-1894: crónica política na imprensa periódica, ensaísmo histórico (por exemplo, Portugal nos Mares), biografias históricas e crónicas de viagem (respeitantes a Inglaterra e Espanha). Corresponde, em parte, à fase de mais intensa actividade política (1885-1892), ao abandono da Biblioteca das Ciências Sociais e à concepção de um plano de biografias históricas (desde 1889), concentrando-se o seu interesse no período áureo da história nacional (dos finais do séc. XIV ao séc. XVI) e nas suas personalidades representativas (Os filhos de D. João I, Nuno Álvares Pereira, D. João II). Esse tempo forte encerrava, a seu ver, as melhores experiências políticas e éticas para o presente.

Quer no plano historiográfico quer no plano político-ideológico, Oliveira Martins ocupa um lugar singular no panorama cultural e político português da segunda metade do séc. XIX, que sempre resiste a quaisquer etiquetas que se lhe aponham. Teórico do socialismo de inspiração proudhoniana, evoluindo depois no sentido do reconhecimento da relevância da autoridade e da razão de Estado? Mentor do grupo dos Vencidos da Vida, no final do decénio de 1880? Historiador romântico, cultor de uma história narrativa, dramática, de expressão artística? Historiador metafísico, pessimista, filósofo da história? Divulgador de uma antropologia de cariz evolucionista e darwinista? Poderá admitir-se tudo isso, sem dúvida. Mas também é verdade que não deixou de manifestar uma intencionalidade científica (veja-se, por exemplo a História da Civilização Ibérica, 1879), teorética, de integração de uma pluralidade de métodos e saberes (geografia, antropologia, economia, ciência política, psicologia, história) numa leitura global da evolução histórica nacional e da própria humanidade.

Como também evidenciou, sobretudo nas biografias históricas do final da vida, a par de indiscutíveis qualidades literárias e ensaísticas, empenho na pesquisa e utilização de fontes, nas quais procura escorar as suas obras. Sem esquecer a preocupação em rever aturadamente os seus trabalhos e pontos de vista anteriores: lembrem-se as sucessivas reestruturações a que submeteu o plano da Biblioteca das Ciências Sociais, a revisão da História de Portugal, tendo em conta diversas críticas que lhe haviam sido dirigidos, a reelaboração de Os Lusíadas. Ensaio sobre Camões e a sua obra (versão original, 1872) em 1891, ou as diversas propostas de periodização do percurso histórico nacional que sucessivamente adoptou. Todavia, as qualidades do prosador de largos dotes artísticos sobrepõem-se, por vezes, às exigências do rigor histórico.

No plano político, não deixa de ser sintomático o modo tão díspar como a sua intervenção na sociedade portuguesa foi julgada pelos seus contemporâneos. É um facto que aceitou o apoio de regeneradores numa candidatura independente a deputado (1878). Tal como aceitaria ser candidato oficial pelo Partido dos Operários Socialistas de Portugal às eleições de 1879, ou ainda integrar uma lista republicana candidato às eleições municipais de 1883, no Porto. São conhecidas as suas intenções reformadoras quando aderiu ao Partido Progressista (1885). Percurso muito criticado e discutido, deve contudo compreender-se tendo em conta a apreciação que Oliveira Martins fazia da vida política nacional e das suas insuficiências no ponto de vista da relação entre os políticos e a sociedade civil e sobretudo das limitações da opinião pública. Bem como nunca perdendo de vista o quadro do seu projecto reformista, independente e suprapartidário, não prescindindo, todavia, do concurso dos partidos políticos, e tendo em conta a subalternização da questão formal do regime (atitude que partilhava com Antero de Quental). A multiplicidade de pontos de vista que sempre aflora em tão diversa reflexão teórica complexifica extremamente a compreensão do seu legado .

Ainda hoje a obra de Oliveira Martins suscita interpretações e juízos tão desencontrados como há um século atrás - sobretudo no que respeita à sua historiografia e ao pensamento social e político que deixou. O que permanece indiscutível é a indelével presença do seu espírito crítico entre nós, a fina lucidez da sua compreensão dos problemas portugueses.

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Bibliografia Activa
(seleccionada)

  • Febo Moniz,, Lisboa, Empresa Lusitana Ed. s.d. (1867);
  • Os Lusíadas. Ensaio sobre Camões e a sua obra, em relação à sociedade portuguesa e ao movimento da Renascença, Porto, Imprensa Portuguesa Ed., 1872.;
  • Teoria do socialismo (pref. de António Sérgio), Lisboa, 1952 (1.ª ed., 1872);
  • Portugal e o Socialismo (pref. de António Sérgio), 2.ª ed., Lisboa, 1953 (1873);
  • A circulação fiduciária. Memória apresentada à Academia Real das Ciências de Lisboa, Lisboa, PAMP, 1923 (1878);
  • História da civilização ibérica, 8.ª ed., Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1946 (1.ª ed., 1879);
  • História de Portugal. Edição crítica (introd. de Isabel de Faria e Albuquerque e pref. de Martim de Albuquerque), Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, s.d. [1988];
  • Portugal Contemporâneo, 3 vols., Lisboa, Guimarães Editores,, 1953 (1.ª ed., 1881);
  • O Brasil e as colónias portuguesas, 5.ª ed., Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1920 (1.ª ed., 1880);
  • Elementos de Antropologia, 7.ª ed., Lisboa, Guimarães Editores, 1954 (1880);
  • As raças humanas e a civilização primitiva, 4.ª ed., 2 vols., Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1921 (1881);
  • Sistema dos mitos religiosos (pref. de José Marinho), 4.ª ed., Lisboa, 1986 (1882);
  • Quadro das instituições primitivas, 3.ª ed., Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1909 (1883);
  • O Regime das riquezas, 3.ª ed., Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1917 (1883);
  • Tábuas de cronologia e geografia histórica, Lisboa, Livraria de António Maria Pereira Ed., s. d. ( 1.ª ed., 1884);
  • Política e economia nacional, 2.ª ed., Lisboa, Guimarães Editores, 1954 ( 1.ª ed, 1885);
  • História da República Romana, 4.ª ed., 2 vols, Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1927 (1885);
  • Camões, Os Lusíadas e a Renascença em Portugal, 4.ª ed., Lisboa, Guimarães Ed., 1986 (texto correspondente ao da 2.ª ed., 1891);
  • Portugal nos Mares, Lisboa, Guimarães Editores, 1994 (1889 e 1924);
  • Os filhos de D. João I, 2 vols., Lisboa, Guimarães Editores, 1983 (1.ª ed., 1891);
  • A vida de Nun'Álvares, 9.ª ed., Lisboa, Guimarães Editores, 1984 (1.ª ed., 1893);
  • A Inglaterra de hoje, Lisboa, Guimarães Editores, 1951 (1893);
  • Cartas peninsulares, Lisboa, Liv. António M.Pereira, 1895;
  • O Príncipe Perfeito (pref. de H. Barros Gomes), 6.ª ed., Lisboa, Guimarães Editores, 1984;
  • Dispersos (sel., pref. e notas de António Sérgio), 2 vols, Lisboa, Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1924;
  • Correspondência de J.P. de Oliveira Martins, (pref. e anotada por F.A. de Oliveira Martins, Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1926;
  • Perfis (pref. de Luís de Magalhães), Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1930;
  • Páginas desconhecidas (Introd., coorden. e notas de Lopes de Oliveira), Lisboa, Seara Nova, 1948;
  • Literatura e filosofia (pref. de Cabral do Nascimento), Lisboa, Guimarães Editores, 1955;
  • O Jornal, Lisboa, Guimarães Editores, 1960;
  • Política e história, 2 vols., Lisboa, Guimarães Editores, 1957;
  • Fomento rural e emigração, 3.ª ed., Lisboa, Guimarães Editores, 1994.

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Bibliografia Passiva

  • Cadernos do Noroeste. Actas do Colóquio Oliveira Martins, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, vol.7, n.º 1, 1994;
  • Pedro CALAFATE (introd. e selecção de textos), Oliveira Martins, Lisboa, Ed. Verbo, 1990;
  • Fernando CATROGA, "História e ciências sociais em Oliveira Martins", in História da História em Portugal sécs. XIX-XX, Lisboa, Círculo de Leitores, 1996, pp. 117-159;
  • Fidelino de FIGUEIREDO, História d'um "Vencido da Vida", Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1930;
  • Paulo FRANCHETTI, "No centenário da morte de Oliveira Martins", J.M. Eça de Queiroz, J.P. Oliveira Martins, Correspondência, São Paulo, UNICAMP, 1995;
  • V. Magalhães GODINHO, Ensaios III. Sobre teoria da história e historiografia, Lisboa, Sá da Costa, 1971;
  • Manuel Viegas GUERREIRO, Temas de antropologia em Oliveira Martins, Lisboa, ICLP, 1986;
  • Amadeu Carvalho HOMEM, "Oliveira Martins", História de Portugal (dir. de João Medina), vol. IX, Lisboa, Ediclube, 1993, pp.145-148;
  • Inventário do espólio de Oliveira Martins (org. de Maria José Marinho e A. Braz de Oliveira; cronol. de Carlos Maurício), Lisboa, 1995;
  • Joaquim Pedro de Oliveira Martins. In Memoriam, s.l., n.d.(1902);
  • Eduardo LOURENÇO, "Lembrança de Oliveira Martins - história e mito", Oliveira Martins e os críticos da História de Portugal, Lisboa, IBNL, 1995;
  • Álvaro M. MCHADO, Les romantismos au Portugal. Modeles etrangers et orientations nationales, Paris, FCG, 1986;
  • Guilherme de Oliveira MARTINS, Oliveira Martins. Uma biografia (pref. de Eduardo Lourenço), Lisboa, s.d.;
  • Sérgio Campos MATOS, "Na génese da teoria do herói em Oliveira Martins", Estudos em homenagem a Jorge Borges de Macedo, Lisboa, INIC, 1992, pp. 475-504;
  • Id., Historiografia e memória nacional no Portugal do século XIX (1846-1898), Lisboa, Ed. Colibri 1998;
  • Carlos C. MAURÍCIO, A imagem humana. O caso de Oliveira Martins, 1867-1955, Lisboa, ISCTE, 1995 (dactil.);
  • João MEDINA, As Conferências do Casino e o socialismo em Portugal, Lisboa, Pub. D. Quixote, 1984;
  • Augusto Santos SILVA, Oliveira Martins e o socialismo, Porto, Afrontamento, 1987;
  • Id., Palavras para um país, Lisboa, Celta, 1997;
  • Albert SILBERT, "Oliveira Martins et l'Histoire", Regards sur la génération portugaise de 1870, Paris, FCG, 1970;
  • Abdoolkarim A. VAKIL, "Caliban na Biblioteca: Oliveira Martins, ciências sociais, cidadania e colonialismo", Estudos Portugueses e Africanos, n.º 25/26, 1995, pp.109-127;
  • "Leituras de Oliveira Martins. História, ciências sociais e modernidade económica" (1995), Actas do Congresso Internacional Oliveira Martins: literatura, história e política (no prelo).

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Obras Traduzidas em Espanhol

  • História de la Civilización Ibérica (trad. Luciano Taxonera), Madrid, 1894 (há várias outras edições, de 1926, 1946, etc.; há também duas edições pub. em Buenos Aires, com revisão e prólogo de Xavier Bóveda, 1944 e 1951 e uma sob o título de La Civilización Ibérica, México, Ed. Intercontinental, 1944);
  • Los Hijos de D. Juan I. pincepes, guerreiros y navegadores fundadores de un imperio, Buenos Aires, Ed. Atalaya, 1946;
  • Navegaciones y Drescobrimentos de los portugueses anteriores al viaje de Colon, Madrid, 1892 (há trad. francesa de Alexandre Boutroue, Paris, 1893).

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Obras Traduzidas em Inglês

  • The History of Iberian Civilization (trad. de Aubrey Bell e pref. de S. Madariaga), Londres, Oxford University Press, 1930;
  • The Golden Age of Prince Henry the Navigator (trad. de Os filhos de D. João I com anotações de Johnston Abraham and W. E. Reynolds, Londres, Chapman and Hall, 1914;
  • The England of Today (trad. de C.J. Wildey), Londres, G. Allen, 1896.

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Iconografia

Duas fotos reproduzidos em Guilherme de Oliveira MARTINS, Oliveira Martins. Uma biografia (pref. de Eduardo Lourenço), Lisboa, s.d, junto à p.208 e uma terceira reproduzido em António José Saraiva, História ilustrada das grandes literaturas. Literatura portuguesa, Lisboa, Ed. Estúdios Côr, 1966, p.240

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Trechos Significativos de Algumas Obras

História de Portugal. Edição crítica (introd. de Isabel de Faria e Albuquerque e pref. de Martim de Albuquerque), Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, s.d. [1988];

"Advertência, vol. I, pp.VII-VIII (concepção de história: "A história é sobretudo uma lição moral (...) facto incontestável na vida das sociedades", 1.32, p. VIII);

Idem, vol.II, p.262 (sobre D. João VI: "Representante quase póstumo.... filha do Barbadão")

História da Civilização Ibérica, 8.ª ed., Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1946 (1.ª ed., 1879): livro IV, cap. 11 pp.221-222 ( o misticismo espanhol: "A força criadora da natureza produziu espontaneamente um fenómeno singular na Europa (...) Marrocos e a Espanha"; o futuro dos povos peninsulares: Livro Quinto, cap. III, pp.327-328: "Nós acreditamos firme e diremos até piamente (...) a Espanha do passado");

Portugal contemporâneo, vol. 3, Lisboa, Guimarães Ed., 1953, Livro VI, cap-IV- Conclusões, pp.302-310 (reflexão sobre Portugal e os seus problemas cerca de 1881: "O que nos interessa a nós saber(...) Ser-lhe-á dado acordar ainda a tempo?"

História da República Romana, 4.ª ed., vol.II, Lisboa, Parceria A.M.Pereira, 1927 (1885), pp.357-359: "Finalmente! As províncias estavam submetidas (...) acabara de reduzir a pó a força antiquíssima do Senado."(sobre César)."


O Portal da História também publica uma biografia de Oliveira Martins aqui:

http://www.arqnet.pt/portal/biografias/oliveira_martins.html


Sobre o "SAAL Norte" o mais importante da documentação encontra-se aqui:

http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=Espolio119



Largo dos LÓIOS I




Fotografia publicada e localizada no Flickr

Mais ao menos onde hoje começa a Rua dos Clérigos, na embocadura do actual Largo dos Loios, existia rasgado na muralha Fernandina, um postigo denominado das Hortas, ou de Santo Elói, e nele principiava um pouco em diagonal, para a Rua do Souto (Caldeireiros) uma rua que se chamava de Mendo Afonso - sujeito que não sabemos quem fosse. A rua de Mendo Afonso, segundo Horácio Marçal, desapareceu na 1ª década do séc. XVII, abrindo-se no lugar dela um Terreiro que junto ao rossio já existente deu origem ao L. dos Lóios de hoje. Na planta de Costa Lima denomina-se Rua de santo Elói, a parte mais estreita do largo, entre as Ruas de Trindade Coelho e dos Caldeireiros, e que talvez seja ùltimo vestígio da velha Rua de Mendo Afonso ou Postigo de Men Afonso. (Toponímia Portuense de Andrea da Cunha e Freitas)


26.11.07

Rua TRINDADE COELHO




Fotografia publicada e localizada aqui

Esta rua era designada no Roteiro de 1933 como rua de D. Maria II.


Sobre Trindade Coelho:

José Francisco Trindade Coelho nasceu em Mogadouro a 18 de Junho de 1861. Ficou órfão de mãe ainda e criança e partiu para o Porto com o pai onde fez os estudos liceais num colégio interno. Estudou Direito em Coimbra, onde iniciou a sua actividade literária, colaborando em diferentes periódicos e fundando outros.

Em 1895 era juiz em Lisboa. À carreira jurídica juntou, na altura, a actividade literária e jornalística, bem como uma importante actividade pedagógica. Nesta sequência, publicou, entre várias, o ABC do Povo (1901), livro adoptado oficialmente nas escolas públicas.

Em "Os meus amores" observa-se a recriação de gentes e lugares, motivada pela saudade.

O próprio autor esclarece, em Autobiografia, que os contos não teriam existência se vivesse na sua terra.

A obra literária de Trindade Coelho revela a tendência de um certo neo-romantismo nacionalista e neogarretista.

Suicidou-se em Lisboa a 9 de Junho de 1908.


Algumas obras:

Os Meus Amores, 1891

A ABC do Povo, 1901

In Illo empore, 1902

O Primeiro Livro de Leitura, 1903

Manual Político do Cidadão Português, 1906

Autobiografia e Cartas, 1910



Os Meus Amores - contos de Trindade Coelho
http://www.ficcoes.net/biblioteca_conto/os_meus_amores.htm

Publicado aqui: http://www.instituto-camoes.pt/cvc/contomes/21/escreveu.html

Rua AZEVEDO COUTINHO




Fotografia publicada e localizada aqui


Quem foi Azevedo Coutinho?

"Vítor Hugo de Azevedo Coutinho (1871—1955) foi um oficial da Armada, Professor da Universidade de Coimbra e da Escola Naval e político ligado ao Partido Democrático que exerceu as funções de Presidente do Conselho de Ministros de um dos governos da Primeira República Portuguesa, tendo governado entre 12 de Dezembro de 1914 e 25 de Janeiro de 1915. Composto essencialmente por figuras políticas de segunda linha, esse Ministério ficou jocosamente conhecido pelos Miseráveis de Vítor Hugo e também por Adega do Braga, devido ao facto de Alexandre Braga fazer parte do elenco governativo, numa altura em que os seus problemas com o álcool eram bem conhecidos."

Publicado na Wikipédia

Rua EUGÉNIO DE CASTRO



Fotografia publicada e localizada aqui

Nota sobre Eugénio de Castro:
"Eugénio de Castro e Almeida (1869-1944) nasceu e faleceu em Coimbra. Foi director da revista Arte entre 1895 e 1896, onde colaboraram, entre outros, Verlaine e Mallarmé. É considerado o introdutor do Simbolismo em Portugal. Obras: Cristalizações da Morte (1884), Canções de Abril (1884), Jesus de Nazareth (1885), Per Umbram (1887), Horas Tristes (1888), Oaristos (1890), Horas (1891), Sylva (1894), Interlúnio (1894), Belkiss (1894), Tirésias (1895), Sagramor (1895), Salomé e Outros Poemas (1896), A Nereide de Harlém (1896), O Rei Galaor (1897), Saudades do Céu (1899), Constança (1900), Depois da Ceifa (1901), A Sombra do Quadrante (1906), O Anel de Polícrates (1907), A Fonte do Sátiro (1908), O Cavaleiro das Mãos Irresistíveis (1916), Camafeus Romanos (1921), tentação de São Macário (1922), Canções desta Negra Vida (1922), Cravos de Papel (1922), A mantilha de Medronhos (1923), A Caixinha das Cem Conchas (1923), Descendo a Encosta (1924), Chamas duma Candeia Velha (1925), Éclogas (1929), Últimos Versos (1938).

Outras páginas sobre Eugénio de Castro:
  • Traduções de autores latinos
  • Eugénio de Castro: Oaristos

  • Publicado no Projecto Vercial

    25.11.07

    A Rua das Varandas da Cordoaria

    Houve mais do que uma artéria Laje ou Lajem?


    A pergunta desta vez é colectiva. Vem de uma turma inteira. Os jovens estudantes andam a fazer um trabalho sobre a toponímia do chamado Centro Histórico do Porto e, a determinada altura, viram-se confrontados com uma dúvida e a pergunta é para tentar desfazê-la "… será que a actual Rua da Laje, existente em Miragaia, tem a ver com a antiga Rua da Laje, antecessora da velha Ferraria que deu origem à nossa conhecida Rua dos Caldeireiros ?"

    A questão é pertinente e a resposta, passe a imodéstia, vai permitir aclarar, não apenas esta confusão, mas outras que amiúde surgem com diferentes arruamentos que têm ou tiveram nomes parecidos, como é o caso dos topónimos Boavista, Paraíso, Adro, Salgueiros, Outeiro, etc.

    Comecemos pelo designativo Laje. Há, que saibamos, na actualidade, dois arruamentos com essa denominação uma rua e uma travessa. Nenhuma delas, no entanto, tem a ver com a medieval Rua da Laje que também aparecia com a grafia de "Lage", "Lagea" ou "Lagem".

    A Rua da Laje que, com a divisão da diocese pelo bispo D. Frei Marcos de Lisboa, ficou a pertencer à freguesia da Vitória, desapareceu da toponímia portuense nos finais do século XVII. Designava a parte superior da actual Rua dos Caldeireiros, junto à Rua de Trás que por esse motivo se chegou a chamar Rua de Trás da Laje.

    A actual Rua da Laje, na freguesia de Miragaia, que liga o Campo dos Mártires da Pátria (Cordoaria) à Rua de Azevedo de Albuquerque, só aparece mencionada em documentos no século XVIII como a "Rua da Laje da Cordoaria junto aos celeiros…" Estes celeiros ficavam onde depois foi construído o Mercado do Peixe e onde agora está o Palácio da Justiça.

    Na sua conhecida "Toponímia Portuense", Cunha e Freitas refere a existência de uma outra Rua da Laje na Ribeira "que se não deve confundir com esta de que estamos a tratar…".

    Esclarecida esta dúvida vamos citar mais dois ou três casos de ruas portuenses que tiveram as mesmas designações mas sem qualquer ligação entre si.

    Comecemos pelo topónimo Boavista. Que se saiba houve no Porto, pelo menos, três ruas com esta designação. Uma na extinta freguesia de S. João de Belomonte, sucessora, julga-se, da antiquíssima Rua da Munhota. Ao logradouro que fica diante da capela de Nossa Senhora da Esperança, a S. João Novo, chamava-se no século XVI o sítio da Boavista.

    Por Rua Nova da Boavista também foi conhecida a actual Rua do Sol que, em tempos muito recuados, se chamou Viela das Tripas.

    E temos a actual Rua da Boavista que começou a ser rasgada em 1784 ao longo de terrenos que pertenciam à Quinta da Boavista e daí o nome. Porque o espaço disponível ainda o permite, vejamos agora o caso da Rua do Paraíso. A que conhecemos é a que estabelece a ligação entre a parte alta da Rua do Bonjardim e o Largo da Lapa.

    É obra do nosso conhecido João de Almada e Melo que no seu plano de melhoramentos para a cidade, de 1784, fez constar o seguinte "… e assentou-se que se continuasse a abrir na largura de 30 palmos, a travessa de comunicação entre a Estrada do Bonjardim e o Bairro da Lapa, em linha recta da sua abertura, que já se acha feita defronte do chafariz da Vila Parda…" Inicialmente, esta artéria teve a designação de Travessa da Senhora da Lapa.

    A outra rua com o mesmo nome ficava também nas imediações da Rua do Bonjardim, mas muito perto do antigo sítio da Cancela Velha digamos que, sensivelmente, onde posteriormente se abriu a rua de Rodrigues Sampaio.

    Chamava-se Rua do Paraíso porque, nos início do século XVIII, corria ao longo de uma quinta com a mesma designação que pertencia à influente e próspera família Huet Bacelar.

    Nas pesquisas que fez para a sua obra já acima referida, Cunha e Freitas diz que esta artéria teve várias designações e cita-as " … ao Paraíso e Rua do Paraíso, em 1723; Lugar do Paraíso e Viela do Paraíso, em 1724".

    E , em anos posteriores, encontrou mais estas referências "… Viela do Mendes, na Rua do Paraíso (1772); Rua do Paraíso, acima da Viela do Tintureiro, defronte da Cancela Velha (1767); Rua do Paraíso, defronte do pardieiro; e Rua defronte do Pátio do Paraíso (1772)". Esclareça-se, entretanto, que ainda existe na toponímia da cidade o Pátio do Paraíso que fica nas traseiras do Palácio Atlântico, na Praça de D. João I.


    O sítio da Cordoaria onde se construiu o Palácio da Justiça e onde fica a Rua da Laje, foi em tempos idos rasgado por várias artérias algumas com denominações bastante sugestivas. Por exemplo Rua das Traseiras da Cordoaria ou Rua das Varandas da Cordoaria. Ambas as designações vêm citadas em documentos do século XVIII. Cem anos antes, toda esta zona a poente da velha Cordoaria devia ser aterradora se fizermos fé no que um outro historiador portuense ( Sousa Reis) escreveu referindo-se ao tempo em que o Hospital de Santo António ainda não andava a ser construído. Escreveu ele: "… para as bandas do mar, precipitavam-se sobre Miragaia as faldas do monte lavradas pelas águas do rio Frio que por ali passa (a céu aberto naquela altura) e cujos despenhadeiros, olhados do alto da vereda horrorizavam a quem por ali tivesse que passar…" A água daquele rio Frio que agora corre encanado por baixo do edifício do Hospital de Santo António já abasteceu a Fonte dos Fogueteiros que existiu ao fundo da Rua da Laje, embutida num dos arcos que se construíram quando foi feito o paredão que viria a dar continuidade da Rua da Restauração do Viriato até à Cordoaria. O nome de Fogueteiros tem origem no primitivo nome da actual Rua de Azevedo Albuquerque que era Rua do Fogueteiros.

    Texto de Germano Silva publicado no Jornal de Notícias

    23.11.07

    Praça CORONEL PACHECO


    igreja evangélica

    Igreja Evangélica Metodista do Mirante

    Fotografia Publicada e localizada no Flickr

    Já se chamou Feira do Carvão assim como Largo do Mirante
    A Praça do Coronel Pacheco chamava-se antes Largo do Mirante e com esta denominação figura já em planta do Bairro dos Laranjais, de cerca de 1760. Tomou o nome de quinta do Mirante, propriedade da família Ribeiro Braga, ricos comerciantes afidalgados, que deram também o seu nome à Rua dos Bragas. Por decisão Camarária de 28 de Outubro de 1835, o Largo passou a denominar-se Praça do Coronel Pacheco - e do mesmo modo a rua e a travessa - em homenagem ao bravo e honrado coronel José Joaquim Pacheco, que durante o cerco comandou a infantaria 10 e veio a morrer inglóriamente em 2 de Dezembro de 1833, mortalmente ferido no dia anterior, numa escaramuça com as tropas miguelistas, na Areosa... (Toponímia Portuense de Andrea da Cunha e Freitas)

    Sobre o CORONEL PACHECO: Em Setembro de 1833, para as bandas da Areosa travou-se um violento combate entre miguelistas e o Regimento de Infantaria nº 10 que era comandado pelo Coronel José Joaquim Pacheco que foi ferido. Faleceu dois dias depois na Quinta do Mirante onde o seu Regimento estava aquartelado. O seu nome foi dado ao antigo Largo do Mirante, como também à Travessa do Mirante hoje Rua do Mirante e à então Rua do Mirante que agora se chama Rua do General Silveira (Conde de Amarante, depois Marquês de Chaves).

    Sobre a QUINTA do MIRANTE: Propriedade dos irmãos Bragas.
    A origem deste topónimo tem a ver exactamente com um mirante ou caramanchão (conhecido também por casa de fresco) que existia mais ou menos a meio da actual rua do Mirante, do lado esquerdo para quem sobe da rua de Cedofeita - do lado do antigo Liceu Carolina Michaellis).
    O povo referia-se-lhe como o “mirante dos Bragas”, donde se podia abarcar um vasto panorama até ao mar.
    Antes esta quinta chamava-se Quinta dos Carvalhos do Monte. Dela faziam parte os terrenos onde esteve instalado o antigo Colégio Almeida Garrett. Era uma enorme propriedade que se estendia pela parte alta da Rua de Cedofeita até bastante além da actual Rua dos Bragas. Arruamento que os Bragas cederam para a sua abertura.
    No século XVII era senhorio directo da Quinta dos Carvalhos do Monte o Cabido da Colegiada de Cedofeita e pertencia a Maria Gonçalves, mulher de Lourenço Alvares que foram os ascendentes directos de António e José Ribeiro Braga que a habitavam desde 1827.
    Quando as tropas miguelistas cercaram a cidade, a casa da Quinta do Mirante foi ocupada pelo exército Liberal que nela instalou o Regimento de Infantaria nº 10. O casal acima referido teve uma filha que se casou com um abastado lavrador de Lordelo do Ouro.


    Rua da IGREJA DE CEDOFEITA



    Fotografia publicada e localizada aqui

    ...Figura já com este nome na planta redonda de Balck, de 1813. A freguesia de Cedofeita estava, por esse tempo, quase por urbanizar. Compunha-se de pequenos núcleos de população, algumas ruas, aldeias, casais e quintas. A velha igreja colegiada de S. Martinho de Cedofeita, a que direitamente ia ter à Rua da Igreja, era o centro e cabeça desta vasta àrea citadina... (Toponímia Portuense de Andrea da Cunha e Freitas)

    Rua Dr. AARÃO DE LACERDA





    Nesta rua situa-se o Parque de Jogos de Ramalde do INATEL (Telefone: 226 184684 - Fax: 226 109721) - mais informações aqui: http://www.inatel.pt/desportofra.htm

    Aarão Soeiro de Lacerda - Professor universitário e ensaísta (Porto n.1890 - Curia, Anadia f. 7/9/1947). Formado na Faculdade de Direito de Coimbra. (Arquivo da toponímia)

    Quem foi o Dr. Aarão de Lacerda?

    "

    Aarão Soeiro Moreira de Lacerda (1890 - 1947) foi escritor e professor na Faculdade de Letras e Escola de Belas Artes do Porto (EBAP).

    Vida e Obra

    Aarão de Lacerda acumulou ao longo de sua vida vários títulos e funções. Começou a sua carreira por ser discípulo de Joaquim de Vasconcelos. Com apenas 25 anos, em 1915 organizou a sua primeira exposição de Modernistas e Humoristas, no Porto, juntamente com Diogo de Macedo, João Lebre e Lima e Nuno Simões. Tal exposição foi acompanhada de um programa paralelo de conferências e serões musicais. Nesse mesmo ano publicou a sua obra Da Ironia, do Riso e da Caricatura.
    Em 1918, foi nomeado professor efectivo para a regência das cadeiras de História de Arte e Arqueologia artística geral e portuguesa. Também neste ano, foi fundador, juntamente com José Ferreira, Mendes Correia e Luís Viegas da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia.
    No ano de 1924, lança O Fenómeno Religioso e a Simbólica que é um actual e valioso estudo sobre antropologia, arqueologia e história da arte portuguesas, expandindo-se para lá do tema da obra. Em 1929, publicou um estudo fundamental intitulado História da Arte Portuguesa, inserido na obra História de Portugal.
    Em 1939, Aarão de Lacerda foi nomeado director da Escola de Belas Artes do Porto, por portaria de 23 de Outubro. Mais tarde, a 16 de Novembro assume pela primeira vez a presidência do conselho escolar.
    Em 1942, publicou o 1º volume da sua mais famosa contribuição literária, História da Arte em Portugal. Era nessa altura professor de História Geral da Arte (8ª cadeira) na EBAP.
    Faleceu em 1947."
    Artigo publicado na Wikipédia

    21.11.07

    Leituras

    Por vezes gosto de publicar alguns textos já aparecidos na internet que têm algo a ver com as ruas da cidade onde vivo e que alimenta as fotos deste blogue. O texto de hoje tem a ver com o Largo de S. João Novo.
    Cuidem-se os leitores e amigos do blogue que também consigo ler no papel. Mais tarde, talvez venha a publicar alguma prosa recolhida. Hoje deixo um texto de Hélder Pacheco que amanhã lançará mais um livro.

    "Um certo museu


    Noticiaram os jornais que, finalmente, o problema do Museu de S. João Novo ia ter solução, com a aquisição do edifício e a reactivação daquela instituição. E também que o Museu de Arte Popular, de Lisboa, seria extinto. Espantei-me. Quanto à segunda questão, os lisboetas que se havenham com ela, e esbracejem (ou não) como entenderem. A primeira, sim, interessa-me. E muito.

    A situação do antigo Museu de Etnografia e História do Douro Litoral é não apenas um escândalo, mas uma indignidade cívica. E só num país que perdeu o sentido do verdadeiro progresso - que também passa pela existência de bons museus, onde se faça a instrução do público -, o que lhe sucedeu poderia acontecer. Se quiserem, só num país que perdeu o decoro uma herança como a consubstanciada no espólio daquele museu poderia ser menosprezada.

    O Museu de S. João Novo foi fundado em 1940, sob o impulso do dr. Pedro Vitorino, quando a Junta da Província do Douro Litoral alugou aos descendentes do "opulento capitalista" Pedro da Costa Lima o belo palacete setecentista daquele largo. A partir daí, graças a personalidades como Augusto César Pires de Lima, Armando de Matos, Bertino Daciano, Eugênio da Cunha e Freitas, Fernando de Castro Pires de Lima e outros, o Museu recolheu uma notável colecção de objectos, equipamentos e documentos representativos das artes e ofícios, actividades do quotidiano e manifestações festivas - além de peças arqueológicas, litúrgicas e do que podemos definir, abreviando, por elementos do folclore - do chamado Douro Litoral (com relevância para a própria cidade do Porto).

    Segundo os critérios (ou, como agora se diz, o paradigma) da época, o programa museográfico da instituição seria estabelecido a partir da distribuição das colecções por salas correspondentes às diferentes temáticas. Havia, assim, as salas dos teares, linho, trajo, mobiliário, brinquedos, rendas e bordados, habitação, jogos e cangas, barcos, medicina popular, religiões, arraial, e amor popular, reunindo milhares de peças da maior qualidade e algumas (estou a lembrar-me dos jugos e cangas) de valor hoje incalculável pela raridade. Além disso, o Museu publicou, ao longo dos anos 50, a revista "Douro Litoral", a que sucedeu, entre 1963 e 66, a "Revista de Etnografia", arquivos incomparáveis de uma escola portuense de etnografia e fontes preciosas para o conhecimento do país (e não só, pois nelas colaboraram investigadores de outros países). E, além do resto, os espaços pertencentes ao Palacete-Museu de S. João Novo guardam dos melhores panos conservados da Muralha (dita) Fernandina da cidade.

    Tudo se encontrava exposto, arrumado, explicado, com critérios ultrapassados, é certo, mas, sobre isso, ponto final, parágrafo (o Museu do Quai Branly, recentemente inaugurado em Paris, reuniu as colecções oriundas do antigo Museu do Homem, recolhidas no período colonial puro e duro segundo a visão eurocentista de "artes primitivas" mais do que enterrada. Tal facto não impediu a adequação daquele fantástico repositório de objectos, rebaptizados segundo o conceito de "artes primeiras", ao mais moderno museu europeu). E, com a direcção do arquitecto Fernando Lanhas, o Museu de S. João Novo ganharia novos atributos no campo da história da evolução do Homem no Universo e da adequação de algumas colecções a perspectivas museológicas dirigidas para uma vocação didáctico-pedagógica.

    No início dos anos 90, o Museu foi encerrado devido às precárias condições do edifício e aos riscos de deterioração dos objectos. E o problema não mais teve solução. Correram rumores da sua extinção, da dispersão das colecções ou da transferência para outro concelho. Desmantelou-se a rica biblioteca , armazenaram-se peças num local da cidade (em condições tão más quanto as do edifício). Dizem-me que a colecção de brinquedos já saiu do burgo.

    Quinze anos depois, mantém-se o lento assassinato de uma instituição organizada com tanta dedicação por um punhado de homens devotados a uma causa que os burocratas-funcionários da cultura nem categoria têm para entender, quanto mais respeitar. O Museu de S. João Novo poderia constituir, com um programa moderno e novo fôlego, um pólo activo de conhecimento das tradições da cidade e sua região, um recurso educativo de primeiro plano, um motor dinâmico da regeneração do burgo. É possível, em pleno século XXI, na Euro pa, pensar-se que desenvolvimento, competitividade, produtividade, modernidade e outros tops não são, antes do mais, questões culturais num quadro civilizacional? E quanto tempo mais teremos de continuar a suportar vergonhas - que desmentem a civilização - como o desprezo e o abandono votado ao nosso Museu (que foi) de Etnografia e História?"

    Publicado no Jornal de Notícias



    20.11.07

    Rua das ÁGUAS FÉRREAS




    Fotografia publicada e localizada no Flickr

    Deve o seu nome à quinta das Águas Férreas. A quinta de Santo António da Boavista, chamada das Águas Férreas por ter uma fonte desta água junto aos seus muros...(Toponímia Portuense de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas)


    Já foi rua Oliveira Martins. Tem o actual nome desde 1950.

    Rua ANTÓNIO GRANJO



    Foto publicada e localizada aqui

    "António Joaquim Granjo, nasceu em Chaves a 27 de Dezembro de 1881 foi um advogado e político português.

    Republicano na sua juventude, era um membro do Assembleia Nacional Constituinte, eleito em 28 de Maio de 1911. Lutou durante a participação portuguesa na primeira guerra mundial, e escreveu um livro sobre suas experiências.

    Depois do assassinato do presidente Sidónio Pais, António Granjo insurgiu-se contra a Monarquia do Norte em 1919e a tentativa de da instauração de um regime Real. Foi presidente da câmara municipal de Chaves de Fevereiro a julho de 1919. Eleito no mesmo ano para a câmara dos deputados, pelo partido republicano evolucionista e mais tarde fundador do movimento sucessor, o partido republicano liberal.

    Ministro da justiça durante o governo do coligação de Domingos Leite Pereira, serviu o país como o primeiro ministro por dois breves mandatos, de 19 de julho a 20 de Novembro de 1920, num governo liberal. Foi nomeado novamente primeiro ministro, para substituir Tomé de Barros Queiroz, a 30 de agosto de 1921.

    António Granjo foi cruelmente assassinado na noite de 20 para 21 de Outubro de 1921, conhecida por “noite sangrenta”, na sequência da revolução de cariz radical iniciada a dia 19, que o levou a pedir a demissão do cargo de primeiro ministro que então desempenhava.

    Os seus assassinos foram marinheiros e soldados da GNR integrantes do movimento revolucionário em curso comandados pelo Cabo Olímpio, o “dente de ouro”. António Granjo foi levado de casa de Cunha Leal, afecto ao Partido Democrático, onde tinha tentado obter protecção, e levado para o Arsenal da Marinha. À sua chegada foi ferido com dois tiros no pescoço, tendo sido tratado na enfermaria e recolhido a um quarto. Um grupo de revolucionários entrou no quarto onde se encontrava gravemente ferido crivando-o de balas. Depois disso um corneteiro da GNR ainda lhe cravou um sabre no ventre.

    Na sequência desta revolução vale recordar que na “noite sangrenta” foram também assassinados outros republicanos do 5 de Outubro, entre os quais os revolucionários Machado Santos e José Carlos da Maia. Em comum entre todos os assassinados o terem sido opositores da corrente radical que dominou a I República portuguesa, com a excepção de poucos e breves interregnos."

    texto publicado na wikipédia:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Joaquim_Granjo

    19.11.07

    Rua Dr. ANTÓNIO LUIS GOMES


    trindade

    Fotografia publicada e localizada aqui



    Tem o nome actual desde 1975. Anteriormente teve o nome de rua António Sardinha.


    Antes das obras de abertura da Avenida dos Aliados e da construção do actual edifício da Câmara Municipal - antes de 1916, portanto - era muito diferente a topografia existente no local. Não é fácil historiar o emaranhado urbano então denominado Sítio do Laranjal. Diremos apenas que da Cancelha Velha até ao Praça da Trindade corria uma viela denominada do Cisne, corrupção de Cirne, apelido dos proprietários de uma das vizinhas quintas do Laranjal - do Laranjal de Cima. « Viela do Sirnes », se lhe chama num registo paroquial de Santo Ildefonso, de 1799: Travessa do Cirne em 1811, Largo do Cirne, em 1814, Viela do Cirne, no Guia Histórico de 1864. Foi esta Viela do Cirne, « que vai da Cancela Velha ter ao cimo da Rua do Laranjal, à esquina do Palácio Ferreirinha, na Praça da Trindade », teatro de um horroroso crime que Pinho Leal relata pormenorizadamente no seu « Portugal Antigo e Moderno ». Ficou conhecido pelo crime do homem salgado por a vítima ter sido encontrada, em 13 de Março de 1825, dentro de um grande barril, cheio de sal - crime que fez a maior sensação na cidade. Surgiu, mais tarde, no lugar desta Viela do Cirne, uma curta artéria que se chamou primeiro, segundo cremos, Rua de Adriano Machado ( já tinha este nome em 1895 ) e, depois de concluído o edifício da Câmara e urbanizados os terrenos adjacentes, Rua de António Sardinha, vigoroso jornalista e escritor de grandes méritos, um dos fundadores do integralismo Lusitano... (Toponímia Portuense de Andrea da Cunha e Feitas)


    Breve nota biográfica de António Luiz Gomes:
    O Dr. António Luís Gomes - (Porto n, 23/09/1863 - f. 28/08/1961). Formou-se na Universidade de Coimbra em 1890, e militando sempre no partido Républicano fez parte do Governo Provisório, em 1910. No ano seguinte foi para o Brasil como nosso Embaixador. Por largos anos exerceu o cargo de provedor da Misericórdia do Porto (até 1944); reitor da Universidade de Coimbra de 1921 a 1924, deputado da Nação em 1909 e depois em várias legislaturas. Presidiu ao 1º Congresso Republicano de Aveiro (1957). Pai de Ruy Luiz Gomes.

    Largo da LAPA

    lapa

    Foto publicada e localizada aqui
    Portão do Cemitério da Lapa


    Sobre o Largo da Lapa:

    Parece que, por medos do século XVIII, no Monte de Germalde, ou de Santo Ovídio, então arrabalde da cidade, havia uma fonte, sob a invocação de nossa Senhora da Lapa, a que alguns vizinhos prestavam culto. Em Dezembro de 1754 chegou ao Porto o Pde. Ângelo de Siqueira, missionário brasileiro cónego da Sé de S. Paulo, grande devoto e propagador da veneração da Mãe de Deus sob aquela invocação. E segundo refere a tradição entrou na cidade sob violentíssimo temporal, que teria amainado graças aos seus sermões de apostolado. E assim se afervorou o culto de Nossa Senhora da Lapa, promovendo o Padre Ângelo, com o auxilio de clero, nobreza e povo a construção de um seminário e de uma capela no local onde existia a fonte - para o que obteve licença da Mitra e em 29 de Dezembro desse mesmo ano de 1754 a cedência pela Câmara de um terreno no lugar do Padrão Velho de Santo Ovídio... (Toponímia Portuense de Andrea da Cunha e Freitas)

    Sobre o Cemitério da Lapa:

    Em 1833, o Cerco do Porto gerou uma situação extremamente difícil de salubridade na cidade e favoreceu o surgimento duma epidemia muito mortífera: o cholera morbus. Esta rapidamente lotou os locais de enterramento, facto agravado pelos soldados que iam morrendo nas investidas dos Miguelistas. Perante este cenário, foi necessário recorrer ao chão de algumas igrejas que nem sequer estavam totalmente construídas (como a da Trindade) e aos terrenos anexos de outras, para sepultar tantos cadáveres.

    Nesse ano, a Mesa da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa pediu a D. Pedro IV que autorizasse a construção de um cemitério privativo. A Mesa poderia ter em mente um mero terreno anexo temporário para sepulturas. Mas todo o processo de construção do posterior Cemitério da Lapa parece mostrar que, já em 1833, a Irmandade da Lapa pretendia um cemitério "ao moderno". Ou seja, convenientemente murado, enobrecido com portal, com locais próprios para a construção de monumentos, tal como se fazia já há algumas décadas em Paris, cidade modelo para quase tudo na época. Por isso, o Cemitério da Lapa é considerado o cemitério "moderno" mais antigo do Porto, mesmo não sendo público, até porque foi criado antes do decreto de 1835. Contudo, como situação de transição, foi necessário estabelecer um cemitério interino, por detrás da capela-mor da respectiva igreja. O Cemitério da Lapa propriamente dito só foi oficialmente benzido no Verão de 1838, tendo os primeiros monumentos surgido em 1839.
    Neste cemitério foram sepultados, entre outras figuras portuenses de vulto, Camilo Castelo Branco e António Augusto Soares dos Passos.


    16.11.07

    Rua do CAMPO ALEGRE


    Esta rua já teve o nome de Rua de Santo Amaro. É assim que se denominava no Roteiro de 1933. Tem o nome actual desde 1949.



    Da origem do nome:

    A Quinta do Campo Alegre que por fins do século XVIII parece se chamava Quinta Grande, nos primeiros anos da Centúria seguinte pertencia ao francês João Pedro Salambert tendo-lhe sido confiscada pelo Fisco Real e Juízo da Inconfidência em consequência das Invasões francesas...(Toponímia Portuense de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas)



    Junta de Freguesia de Massarelos



    O edifício do nº 390 desta rua, na esquina da rua Gonçalo Sampaio, actualmente ocupado pela companhia de seguros Axa foi projectado pelos arquitectos José Pulido Valente, Nicolau Brandão e Ricardo Figueiredo em 1970, a obra ficou concluída em 1982.

    A Residência Universitária no número 1395 desta artéria foi projectada em 1988 pelo arquitecto Noé Diniz e concluída em 2000!   



    12.11.07

    Rua MIGUEL TORGA

    torga

    Uma rua sem saída, quase um beco, num sítio longínquo e perdido da cidade, talvez pelo seu "bucolismo" lhe tenha sido dado o nome do poeta que nasceu em S. Martinho de Anta - saloíces de tecnocratas urbanos!

    Sobre a obra de Miguel Torga:

    Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, nasceu em 1907 em S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, Trás-os-Montes, e faleceu em 17 de Janeiro de 1995 em Coimbra. Emigrou para o Brasil ainda jovem e, quando regressou em 1925, matriculou-se na Universidade de Coimbra onde se formou em Medicina. Esteve de início literariamente próximo do grupo da Presença, sediado em Coimbra. Por volta de 1930, estava já afastado do grupo, fundando a revista Sinal. Funda pouco depois a revista Manisfesto. Começou a ser conhecido como poeta, tendo mais tarde ganho notoriedade com os seus contos ruralistas e os seus dezasseis volumes de Diário, estes publicados entre 1941-1995. Várias vezes nomeado para o Prémio Nobel da Literatura, tornou-se um dos mais conhecidos autores portugueses do século XX.
    Obras:
    POESIA: Ansiedade (1928), Rampa (1930), Tributo (1931), Abismo (1932), O outro Livro de Job (1936), Lamentações (1943), Libertação (1944), Odes (1946), Nihil Sibi (1948), Cântico do Homem (1950), Alguns Poemas Ibéricos (1952), Penas do Purgatório (1954), Orfeu Rebelde (1958), Câmara Ardente (1962), Poemas Ibéricos (1965).
    FICÇÃO: Pão Ázimo (1931), A Terceira Voz (1934), A Criação do Mundo (5 volumes, 1937-1938-1939- 1974-1980), Os Bichos (contos, 1940), Contos da Montanha (1941), Rua (1942), O Senhor Ventura (1943), Novos Contos da Montanha (1944), Vindima (romance, 1945), Pedras Lavradas (contos, 1951).
    LITERATURA AUTOBIOGRÁFICA: Diário (16 volumes, 1941-1995), Portugal (1950).

    Outras páginas sobre o autor:

  • Torga e as vicissitudes de uma experiência de leitura
  • Algumas considerações sobre Portugal de Miguel Torga
  • A metamorfose em Vitorino Nemésio e Miguel Torga
  • Trás-os-Montes: um paraíso perdido e reencontrado por Torga
  • Este Marão que eu sou: uma procura, através da escrita de Miguel Torga, da imagem e da identidade de Portugal

  • Publicado aqui: Projecto Vercial

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    QUANDO TUDO ACONTECEU

    1907: Nasce Adolfo Correia da Rocha em S. Martinho de Anta (distrito de Vila Real). - 1920: Emigra para o Brasil. - 1925: Regressa do Brasil. - 1927: Fundação da "Presença" em que colabora desde o começo. - 1928: Ingressa na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra; Ansiedade, primeiro livro, poesia. - 1930: Deixa a "Presença". - 1931: Pão Ázimo, primeiro livro em prosa. - 1933: Formatura em Medicina. - 1934: A Terceira Voz, prosa; passa a usar o pseudónimo Miguel Torga. - 1936: O outro livro de Job, poesia. - 1937: A Criação do Mundo - Os dois primeiros dias. - 1939: Abertura do consultório médico, em Coimbra. - 1940: Os Bichos. - 1941: Primeiro volume do Diário; Contos da Montanha, que será reeditado no Rio de Janeiro; Terra firme, Mar, primeira obra de teatro. - 1944: Novos Contos da Montanha; Libertação (poesia). - 1945: Vindima, o primeiro romance. - 1947: Sinfonia (teatro). - 1950: Cântico do Homem (poesia); Portugal. - 1954: Penas do Purgatório (poesia) - 1958: Orfeu Rebelde, poesia. - 1965: Poemas Ibéricos. - 1981: Último volume de A Criação do Mundo. - 1993: Último volume do Diário (XVI). - 1995: Morre Adolfo Correia da Rocha.

    O HOMEM E AS ORIGENS







    Adolfo Correia da Rocha, que será conhecido por Miguel Torga, nasce em 12 de Agosto de 1907, em S. Martinho da Anta, concelho de Sabrosa, Trás-os-Montes. Filho de gente do campo, não mais se desliga das origens, da família, do meio rural e da natureza que o circunda. Mesmo quando não referidos, estão sempre presentes o Pai, a Mãe, o professor primário Sr. Botelho, as fragas, as serranias, a magreza da terra, o suor para dela arrancar o pão, os próprios monumentos megalíticos em que a região é pródiga.
    Entra no Seminário, donde sai pouco depois.
    Emigra para o Brasil em 1920. Trabalha na fazenda do tio, é a dureza da "capinagem" do café. O tio apercebe-se das suas qualidades. Paga-lhe ingresso e estudos no liceu de Leopoldina, onde os professores notam as suas capacidades.
    Regressa a Portugal em 1925. Entra da Faculdade de Medicina de Coimbra. Participa moderadamente na boémia coimbrã. Ainda estudante publica os seus primeiros livros. Com ajuda financeira do tio brasileiro conclui a formatura em 1933.
    A família é um dos pontos fulcrais da sua vida. O pai, com quem a comunicação se faz quase sem necessidade de palavras, é um dos fortes esteios da sua ternura, amor e respeito. Cortei o cabelo ao meu pai e fiz-lhe a barba.(...) Foi sempre bonito, o velhote... Recorda os braços do pai pegando pela primeira vez na neta, recém nascida. O mesmo amor em poemas dedicados à mãe. Por sua mulher e filha um afecto profundo, também.
    Uma parcela de arrogância, um certo distanciamento dos homens, timidez comum aos homens vindos dos meios humildes:
    Nem sempre escrevi que sou intransigente, duro, capaz de uma lógica que toca a desumanidade. (...) Nem sempre admiti que estava irritado com este camarada e aquele amigo. (...) A desgraça é que não me deixam estar só, pensar só, sentir só.
    O desejo de perfeição absoluta e de verdade:
    Que cada frase em vez de um habilidoso disfarce, fosse uma sedução (...) e um acto sem subterfúgios. Para tanto limpo-a escrupulosamente de todas as impurezas e ambiguidades.
    Não dá nada a ninguém, diz-se. Imensas consultas gratuitas como médico, desmentem a atoarda. Não dispõe de recursos folgados, confidencia a alguns amigos. Compreende-se: por motivos políticos, a sua mulher, Profª. Andrée Crabbé Rocha, é proibida de leccionar e, ao longo dos anos iniciais, altos são os custos editoriais do que publica...
    A ideia da morte e da solidão acompanham-no permanentemente. Desde criança mantêm-se presentes no corpo e no espírito. Dos vinte e cinco poemas insertos no último volume do Diário, cerca de metade evocam-nas. Não porque atinja já uma idade relativamente avançada ou sofra de doença incurável. Na casa dos quarenta e até antes, já o envolvem. Não se traduzem em medo, mas no sentido do limite. Criança ainda, uma noite, sozinho, (...) desamparado e perplexo, assiste à morte do avô. O que não será estranho à obsessão.
    No enterro de Afonso Duarte, ao fazer o elogio fúnebre afirma que a morte purifica os sentimentos.
    O homem é, por desgraça, uma solidão: Nascemos sós, vivemos sós e morremos sós.
    Viajante incansável por todo o país e estrangeiro. Visita a China e a Índia já próximo dos oitenta anos. Pareço um doido a correr esta pátria e nem chego a saber por quê tanta peregrinação.
    Os monumentos entusiasmam-no. Os Jerónimos, a Batalha e Alcobaça têm sentido na Alma da nação. Mafra é uma estupidez que justifica uma punição aos reis doiros que fizeram construir o convento. Os monumentos paleolíticos fascinam-no.
    Sou uma encruzilhadas de duas naturezas. De variadíssimas, dirá quem bem o conhece...
    Morre em 17 de Janeiro de 1995. Enterrado em S. Martinho da Anta, junto dos pais e irmã."
    Pode continuar a ler este artigo aqui: "Vidas Lusófonas"