30.6.14

Praça Mouzinho de Albuquerque

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Também conhecida por Rotunda da Boavista.



Breve nota biográfica de Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque


Nascido a 11 de Novembro de 1855, na Quinta da Várzea, Batalha, Leiria, descendente de uma família da nobreza, Mouzinho de Albuquerque ingressou cedo no Colégio Militar da Luz, terminando o curso na Escola do Exército em 1878, sendo promovido a alferes. 
No ano seguinte, matriculou-se nas Faculdades de Matemática e Filosofia da Universidade de Coimbra, tendo aí casado com sua prima, D. Maria José Mascarenhas de Mendonça Gaivão. 
Em 1882, Mouzinho de Albuquerque adoeceu, facto que o impediu de frequentar o 4º ano da Universidade e o obrigou a regressar a Lisboa, onde permaneceu dois anos em inactividade. 
No ano de 1884 foi promovido a tenente e nomeado regente de estudos no Colégio Militar. 
Dois anos depois, partiu para a Índia, ocupando um lugar na fiscalização do Caminho de Ferro de Mormugão e, em 1888, foi nomeado secretário-geral do governo do Estado da Índia. 
Em 1890, foi promovido a capitão e nomeado governador do distrito de Lourenço Marques, cargo que ocupou até 1892, altura em que regressou a Lisboa. 
O ano de 1894 marca o regresso de Mouzinho de Albuquerque às colónias, desta vez comandando um esquadrão de Lanceiros que se iriam juntar às forças de expedição militar que tinha por objectivo dominar as rebeliões indígenas no Sul de Moçambique. Foi aí que Mouzinho de Albuquerque se destacou nas campanhas de África, nomeadamente a que levaria à prisão do chefe Vátua Gungunhana em 28 de Dezembro de 1895, em Chaimite. 
A 11 de Novembro de 1895, as tropas comandadas por António Enes, e entre as quais se encontrava Mouzinho, tomaram e incendiaram Manjacaze, a residência principal de Gungunhana, levando à fuga deste. António Enes pede reforços à Metrópole. Perante a indecisão do governo português, Enes decide finalizar a sua missão e regressar a Portugal. 
É nessa altura que, a 10 de Dezembro de 1895, Mouzinho de Albuquerque é nomeado governador do distrito militar de Gaza e, inicia a sua própria campanha, entendendo que só através da prisão do 'Leão de Gaza', a soberania portuguesa poderia ser mantida. Após uma marcha de três dias em direcção a Chaimite, as tropas conduzidas por Mouzinho cercaram a povoação, prendendo o chefe Vátua e grande parte da sua família, forçando-o a entregar mil libras em ouro, oito diamantes, armas e munições e todo o gado e marfim de que dispunha. 
No dia 6 de Janeiro do ano seguinte, Gugunhana e os restantes prisioneiros são entregues, oficialmente, em Lourenço Marques, por Mouzinho de Albuquerque ao governador geral da colónia para, dias mais tarde serem enviados para a Metrópole. Depois deste êxito militar, que granjeou numerosas manifestações de apoio na Metrópole, Mouzinho de Albuquerque foi nomeado governador geral de Moçambique, a 13 de Março de 1896, tomando posse a 21 de Maio. 
A 27 de Novembro, do mesmo ano, foi nomeado comissário régio. Depois de comandar, durante o ano de 1897, as campanhas de ocupação colonial de Naguema (3 de Março), Mocutumudo (6 de Março) e Macontene (21 de Julho), Mouzinho de Albuquerque partiu para a Metrópole, a 18 de Novembro, com o intuito de resolver, pessoalmente, com o governo de Lisboa questões relacionadas com a administração e o desenvolvimento económico da colónia de Moçambique, nomeadamente a concessão de um empréstimo que lhe permitisse proceder a algumas reformas. 
Chegou a Portugal a 15 de Dezembro de 1897, tendo sido recebido de forma muito calorosa. Após algum tempo de repouso viajou pela Europa (Inglaterra, França e Alemanha) e, a 22 de Abril de 1898, regressou a Moçambique sem levar qualquer resultado prático da sua presença na Metrópole. 
Em Julho do ano de 1898, Mouzinho de Albuquerque recebe, finalmente a notícia de que tinha sido concedido o tão esperado empréstimo, pelo qual se batera na viagem que fizera à Metrópole três meses antes. No entanto, no mesmo dia, recebeu uma informação, pela qual tinha sido decidido, a 7 de Julho, o fim das suas funções como comissário régio, o que o levou a apresentar, de imediato, a sua demissão, aceite pelo Presidente do Conselho, José Luciano de Castro, a 19 de Julho. 
Mouzinho de Albuquerque voltou, então, a Lisboa sem ter realizado aquilo a que se tinha proposto, apesar de ter conseguido implementar algumas obras de fomento, bem como um importante impulso às receitas públicas. 
Foi nomeado, a 28 de Setembro de 1898, ajudante de campo efectivo do Rei D. Carlos, oficial-mor da casa real e aio do príncipe D. Luís Filipe. 
A sua posição crítica face à política e aos políticos da sua época foi determinante no lançamento de uma campanha contra a sua pessoa, para o afastar do Paço, correndo também rumores sobre uma sua ligação íntima à rainha D. Amélia. 
Incapaz de, pela sua própria formação militar rígida e pelo feitio orgulhoso, de resistir ao clima de intriga, de indecisão política e de decadência em que a monarquia agonizava, Mouzinho de Albuquerque prepara minuciosamente a sua morte, suicidando-se no interior de um"coupé", na Estrada das Laranjeiras no dia 8 de Janeiro de 1902.

Texto publicado na página da Fundação Mário Soares



In Memoriam

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A Sequóia do Jardim do Carregal secou!

Para relembrar a velha e frondosa árvore, uma "instalação artística" tomou o seu lugar.

Junho 2014

A denominação actual deste jardim é de Carrilho Videira.



26.6.14

Estrada da Circunvalação (2014)

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Antiga Barreira da Estrada da Circunvalação hoje transformada em farmácia.

Até 1943 a entrada de mercadorias na cidade estava sujeita a impostos indirectos que eram cobrados em diversos postos fiscais. A maioria deles situavam-se ao longo da estrada da Circunvalação. Mas também existiam na Ponte - só havia uma, a de Luís I - e nas estações de caminho de ferro.

Umas mais pequenas foram posteriormente transformadas em postos da Polícia de Trânsito. Algumas ainda existem com alterações mais ou menos felizes. Só para lembrar aquela da Vilarinha que acolhe o Teatro da Vilarinha. 

Esta farmácia com drive-in, confesso que ainda não conhecia o sistema, fica na esquina da rua da Preciosa. 

Sobre esta artéria pode ler mais aqui.


23.6.14

Rua do Lima (2014)

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Mas quem era este Lima?

Nem mais nem menos do que o dono da Fábrica de Tabaco "Lealdade". 

Dentro em pouco volto a este assunto. Prometido!



21.6.14

Arte pública no Café Magno

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Sentado à mesa de um café com um amigo de "outros" tempos fiquei a saber que o Café Magno possuía um mural da autoria do artista plástico Tito Reboredo. Obra inacabada realizada em Outubro de 1980.

Quase de certeza que foi a primeira vez que lá tinha entrado. É verdade que é uma parte da cidade onde passo muito raramente - as Torres do Luso, também conhecidas como Urbanização do Luso. Terrenos e propriedade da Santa Casa da Misericórdia do Porto. Edifícios cujo risco se deve ao arquitecto José Carlos Loureiro. Etc... já foi abordado nestas páginas do blogue.

Talvez em breve haja mais coisas sobre este conjunto habitacional.

Para já ficam algumas linhas sobre o pintor:

«Duarte Gustavo de Albuquerque Roboredo e Castro  (Tito Roboredo) nasceu a 4 de Junho de 1934 no concelho da Mêda.


Em 1973 regeu as cadeiras de "Desenho de Modelo Vivo" e de "Pintura do Natural", esteve representado na I Exposição do Ciclo de Exposições "Artistas de Matosinhos", no Orfeão de Matosinhos, juntamente com Bruno Reis, Irene Vilar, Augusto Gomes e Nelson Dias.

Em 1974 foi suspenso da actividade de professor – a sua expulsão foi decidida em Agosto desse ano. A readmissão deu-se passados três anos, a 4 de Novembro de 1977, numa época em que Júlio Resende era presidente da ESBAP. Mas era tarde demais para colher alguma satisfação desse acto. Tito encontrava-se gravemente doente e faleceu em 23 de Outubro de 1980.

Segundo Laura Castro, uma das suas biógrafas, Tito era um homem de aspecto simples, sensível e discreto, tolerante mas exigente, de fino trato e de firmes convicções. Artista minucioso, desinteressado em expor a sua arte e pouco habilidoso na sua venda, durante 25 anos realizou uma obra onde persistem lugares familiares (a quinta onde fazia vinho com os irmãos, a casa de Leça da Palmeira, a Academia Alvarez onde trabalhou e o Café Magno que frequentou e onde se conserva um trabalho seu inacabado). A sua arte denota o gosto pela experimentação e é dominada por relações simbólicas e por poses de quietude e estranheza. »

Pode saber mais nesta página da Universidade do Porto.


20.6.14

Rua do Lindo Vale

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Lindo Vale, Vale Formoso, Campo Lindo. Como dizia um dos meus tio-avô que morava e trabalhava para estes lados, antigamente devia ter sido um arrabalde da cidade muito aprazível.





16.6.14

Monograma

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Talvez até muitos tenham reparado no Monograma que existe no edifício da Praça D. Filipa de Lencastre, mandado construir pelo industrial Delfim Ferreira com traço do arquitecto Rogério de Azevedo.

O Hotel Infante de Sagres, inaugurado em 1951, foi o primeiro hotel de luxo da cidade.

Mas talvez poucos saibam que ele corresponde a: Empresa Industrial do Ouro.

Agradeço reconhecidamente ao autor do blogue: Photos do Fernando.



Eio filipa



15.6.14

Rua do Monte de Ramalde

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Com cores e sem elas.

Em conversa breve e rápida com uma vizinha fiquei a saber que o prédio decadente pertencia à "Casa de Saúde" da Carcereira. 

Falta de verba das clínicas particulares ou investimento a longo termo?



11.6.14

Tabernáculo Baptista

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A Igreja Baptista no Porto foi organizada de forma oficial no dia 20 de Dezembro de 1908.  O Tabernáculo foi inaugurado a 13 de Fevereiro de 1916.



7.6.14

A Casa do Doutor Assis Vaz (2014)

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Segundo alguns testemunhos recolhidos era onde se situava o Consulado de França no Porto em Maio de 1945.


Breve nota biográfica


Francisco d'Assis Sousa Vaz nasceu na cidade do Porto a 7 de Agosto de 1797, na Rua da Ferraria de Cima, actual Rua dos Caldeireiros. Filho de António de Sousa Vaz, que seria mais tarde Tenente das antigas ordenanças e de Ana dos Anjos de Sousa Vaz. Teve por mestre um frade instruído, Frei Manuel Cândido (5), teve aulas de Latim e Francês. Ficou aprovado no exame de acesso à Real Academia de Marinha e Comércio, em 1810, com 13 anos.
Obteve o certificado de Sangrador e Cirurgião a 16 de Março de 1815.
Matriculou-se de novo na Academia entre 1816 e 1820.


A situação política e social deteriorou-se, com o conflito entre liberais e absolutistas, entre 1826 a 1830, agravamento que dividiu os docentes e os cirurgiões e médicos do Hospital de Santo António, alguns foram presos, outros exilaram-se.

Assis Vaz começou por se esconder algures no País, em Malo de 1829 parte a bordo do lugre "Jara", tendo chegado a Londres em 18 de Junho.


Chegado a Inglaterra com outros liberais, pouco tempo se demorou, passando para Paris, na época o mais prestigiado centro médico, além de que o domínio desde criança da língua francesa, lhe facilitava a vida.

Em Paris foi estudando e fazendo exames na Escola Médica, até que conseguiu em 23/8/1832 o diploma de Doutor em Medicina.

As qualificações adquiridas fizeram com que em 1833 fosse aceite como membro (sócio correspondente) da "Sociedade Médica de Emulação" de que um dos expoentes era Velpeau, assim como fizeram com que, na epidemia de "Cholera Morbus"em Paris (1832), fosse nomeado pela Comissão Permanente de Salubridade, para tratar os doentes da vizinha comuna de Neuilly.

Em 1834, terminada a Guerra Civil em Portugal, regressa a Lisboa, e daí ao Porto. Ao mesmo tempo regressaram à Escola e ao Hospital, outros proscritos, como Agostinho Silveira Pinto, Viterbo, Vicente, Bernardo Pinto, António José de Sousa, etc.
O miguelista e director da Escola que denunciara e tentara banir os professores e estudantes liberais, Bernardo Campeão, saíra da Escola e tendo falecido em Janeiro de 1834, foi substituído como "Lente " da 5a cadeira, precisamente pelo regressado e prestigiado Cirurgião e agora também Médico e Doutor por Paris, Assis Vaz. No mesmo momento retomou as antigas funções de Secretário.

O Dr. Assis Vaz, além de prestigiado professor era um clínico muito considerado o que lhe trouxe uma numerosa clínica privada, mas o que mais o tornou conhecido na época foi o facto de ter sido escolhido para médico pessoal, juntamente com o seu colega professor da Escola Médico-Cirúrgica, António Fortunato Martins da Cruz, do Rei da Sardenha, Carlos Alberto, quando este veio residir para o Porto, em 1849 e onde acabou por falecer poucos meses depois.

O Dr. Assis Vaz redigiu em francês uma súmula das notas que tomou em conjunto com o Prof. Fortunato, e que poderiam ser elementos para a história da doença, que ofereceu ao Rei Vítor Emanuel de Itália. Este, em 1851, nomeou-o seu médico honorário, e em 1864 Comendador da Ordem de S. Maurício, por proposta do médico assistente do Rei, Prof. Riberi.

Nesse mesmo ano de 1851 foi nomeado Director da Escola em substituição do fundador dos Estudos Anatómicos no Porto, Prof. Vicente José de Carvalho, que falecera.

Depois de ter sido agraciado com o grau de Comendador da Ordem de Cristo, foi jubilado, a seu pedido, por decreto de 29/3/1853, mas continuando com a direcção da Escola.

Sempre preocupado com o problema dos Expostos, inicia em 1855 a publicação anual de relatórios sobre o tema. Nos anos que se seguiram foi membro de inúmeras comissões governamentais ou de autoridades administrativas, sobre prevenção de epidemias de cólera ou febre tifóide, repressão da prostituição, etc.

Faleceu em Abril de 1870.

Para conhecer melhor o documento original pode consultar esta página: http://www.luisdecarvalho.com/reflexoes/educacao-medica-e-ensino/75.html



Sobre o edifício podem também ler:

" O edifício situa-se na área de transição entre a cidade “intra-muros” medieval e a expansão que se foi desenvolvendo ao longo da ligação que partia da Porta do Olival, na Muralha Fernandina, e as localidades da estrada para Vila do Conde, via Cedofeita.
O edifício incorpora várias fases de transformação anteriores à sua configuração actual, evidenciadas, sobretudo nas diversas técnicas construtivas utilizadas (pedra, ferro fundido, betão armado).
A forma actual do gaveto do quarteirão já está patente na planta de Telles Ferreira, de 1893, mas aí ainda está aberta a viela que percorria o interior do quarteirão nas traseiras dos diversos lotes que fazem frente para o Campo Mártires da Pátria.
Através do levantamento somos conduzidos a interpretar este lote como tendo resultado da reconfiguração de duas casas preexistentes, perceptíveis nos alinhamentos das paredes interiores da cave. De facto, o lote actual é de dimensão sensivelmente dupla da das casas vizinhas, marcadas ainda pela antiga métrica cadastral do quarteirão.
A existência de vãos que ligavam essas casas à viela, sendo um desses vãos servido por uma rampa “de rolar pipos”, permite-nos alimentar a interpretação da existência de duas construções, anteriormente independentes, que terão sido fundidas para dar origem ao edifício actual na sua versão original.
Como última alteração substancial do edifício verifica-se a transformação das portas voltadas à Praça Parada Leitão em janelas e a construção, em acrescento e imitação, do volume que ocupa o topo da antiga viela. Esta adição que é datada dos anos 40, foi licenciada e construída com estruturas mistas de pedra e cimento, nomeadamente na execução das molduras dos vãos que imitam as cantarias de granito do edifício original. Esta transformação estará ligada a uma mudança funcional: enquanto edifício inicial tinha um funcionamento (pensão) que afectava todo o edifício à mesma actividade, depois dessa alteração e adição o edifício passou a contar com dois acessos autónomos para duas funções diferentes, com habitação no último andar e a sede de uma empresa nos pisos inferiores.
A existência de casas anteriores à pensão é ainda evidenciada pela existência de sacadas e vãos virados à viela, agora absorvidos pela última transformação do edifício.
No interior, é notória, no rés-do-chão, a substituição de uma parede estrutural por um pórtico que usa pilares de betão e um pilar metálico, com decoração da época de construção da pensão.
A existência de uma “rampa de rolar pipos” de ligação da cave à viela pode ser interpretada como preexistência de uma casa de carácter rural, provavelmente anterior ao século XIX, ou por um estabelecimento com adega, o que não seria estranho a uma localização de caminho muito concorrido."
in: http://edificioparadaleitao.wordpress.com/historia/

5.6.14

Um Porto que me magoa - Rua de Ceuta

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Quando vejo os prédios abandonados e desabitados, sobretudo este da esquina que saiu do estirador do arquitecto Mário Bonito, poucos imaginam como me sinto magoado.

A rua de Ceuta, que há mais de 50 anos está por terminar, nem parece uma artéria do centro da cidade, parece mais um conjunto de prédios de um arrabalde desprezado.