31.1.08

Rua Dr. BARBOSA DE CASTRO




Fotografia publicada e localizada no Flickr


O Dr. José Barbosa de Castro, (1858-1920), bacharel em Direito, foi advogado muito distinto, presidente da Câmara Municipal do Porto, onde prestou relevantes serviços, e juiz do Tribunal do Comércio desta cidade.(Arquivo da Toponímia)

Aparecia como Rua do Calvário no Roteiro de 1933.


Rua Dr. MÁRIO CAL BRANDÃO




Placa de Homenagem ao Dr. Mário Cal Brandão na rua Rodrigues Sampaio


Breves notas sobre o advogado portuense:
Mário Cal Brandão ( n. 1910 e f. 1996 ) - Faleceu, no dia 21 de Outubro de 1996, Mário Cal Brandão de 86 anos, advogado e fundador do Partido Socialista ( PS) português. Filho de imigrante galego, Mário Cal Brandão nasceu no Porto e frequentou os liceus Rodrigues de Freitas e Alexandre Herculano. Posteriormente, frequentou as universidades de Coimbra e de Lisboa, tendo concluído o curso de direito aos 22 anos de idade. Em Coimbra, foi eleito para os corpos gerentes do Jardim Escola João de Deus, da Associação Académica. Foi ainda fundador da " Editorial Horizonte ". Aos 18 anos, Cal Brandão foi preso nas cadeias do aljube de Coimbra e depois " exilado " ( residência fixada ) em Estarreja ).Exerceu, após a formatura, advocacia na cidade do Porto, tendo ocupado durante muito tempo o cargo de provedor do Asilo de S. João. Na cidade Invicta, Mário Cal Brandão participou em todas as campanhas da " Oposição Democrática "e fez parte das comissões distritais do MUD e das candidaturas à presidência da República do almirante Quintão Meireles e generais Norton de Matos e Humberto Delgado. O advogado portuense foi candidato a deputado, pelo círculo do Porto 1969, nas eleições que se disputaram até às urnas. As suas actividades antifascistas (membro do MUNAF e um dos signatárioas do " Programa para a Democratização da República ") levaram-no à prisão 15 vezes, penas que cumpriu nas cadeias de Coimbra, Porto e Lisboa. Cal Brandão ocupou várias vezes a bancada da defesa nos Tribunais Plenários Criminais do Porto, órgão que por três vezes também o julgou por delitos de opinião. Mais tarde, foi membro do Conselho Directivo do Partido Socialista, como um dos representantes do seu Secretariado da Zona Norte. (In "Jornal de Notícias de 21/10/2002" - Arquivo da Toponímia)


30.1.08

Rua Dr. RICARDO JORGE

R J

Fotografia publicada e localizada no Flickr


DR RICARDO DE ALMEIDA JORGE - (16 de Maio- 9 de Maio de 1858). Médico e director do Serviço Municipal de Higiene. Natural do Porto, onde se formara em 1879, na idade de vinte e um anos, tendo sido, no ano seguinte nomeado professor da Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Em 1922 é nomeado pela Sociedade das Nações membro da comissão que vai ao Egipto examinar o estado sanitário dos portos do Levante. Seu pai, José Jorge, era mestre ferreiro com forja na actual rua dos Mártires da Liberdade.

Esta rua já teve os nomes de Travessa do Pinheiro e Travessa da Trindade. Curiosidade: por aqui já passou uma linha de eléctricos (sinceramente nunca descobri de onde vinham nem para onde iam).

Breve biografia de Ricardo de Almeida Jorge:
http://atelier.hannover2000.mct.pt/~pr499/brj.html


A biografia mais completa de Ricardo Jorge encontra-se aqui: http://insaporto.com.sapo.pt/por/introduc/personali.htm

Sobre a Higiéne e a Saúde Pública pode consultar:
http://www.ensp.unl.pt/lgraca/textos16.html


Largo de MOMPILHER



Kioske

Fotografia publicada e localizada no Flickr


O nome aportuguesado da famosa universidade francesa de Montpelier, tão ligada à história da cultura nacional na idade Média e no Renascimento, foi dado há poucos anos ao Largo da Picaria, que por sua vez substituira o primitivo de Largo da Conceição... ("Toponímia Portuense" de Andrea da Cunha e Freitas)

Até 1942 tinha o nome de Largo da Picaria. Eu continuo a chamar-lhe da Picaria pois o "Mompilher" custa-me muito a dizer em vez de "Montpellier"!


Travessa do MONTE DE RAMALDE

29.1.08

Rua Dr. CARLOS CAL BRANDÃO



Fotografia desta rua localizada aqui

Dr. Carlos Cal Brandão - Lutador antifascista - advogado e jornalista (Porto n.5/11/1906, f.31/01/1973).Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra em 1927.(Arquivo da Toponímia)

Nos números 167/173 desta rua existe o "Escritório de Arquitectura" (1991-1993) cujo projecto é do arquitecto Jorge Lopes Rodrigues.

Antiga Rua do Conde.

Rua SÁ NORONHA




Fotografia publicada e localizada no Flickr


No Roteiro de 1933 figurava como Rua do Moínho de Vento.

Francisco de Sá Noronha nasceu, segundo uns, em Guimarães, segundo outros em Viana do Castelo, em 1820, e faleceu no Rio de Janeiro em 23 de Janeiro de 1881. Cedo manifestou, aos 9 anos, as suas primeiras aspirações de compositor, com a ópera «Miserere». Em 1838, emigrou para o Brasil, onde esteve alguns anos, viajando pelas Américas e realizando com grande aplauso, concertos em Nova Yorque e em Filadélfia. Regressou à pátria em 1850, já com os seus créditos firmados de notável violinista e inspirado compositor, seguindo-se uma vasta obra literária e musical, executada principalmente em Lisboa e no Porto. Apresentou-se pela primeira vez no Teatro de S. João, nesta cidade, em 1856, num concerto em que obteve entusiásticas ovações. Entretanto, um artigo assinado com pseudónimo, e atribuído a Arnaldo Gama, tratava-o duramente, o que provocou rija polémica, publicada em volume, com o título de «Questão Noronha», em que interveio o próprio Camilo. Pouco depois voltou ao Brasil, regressando a Portugal em 1859, na esperança de fazer aqui representar a sua ópera «Beatriz de Portugal», inspirada em «Um Auto de Gil Vicente», de Almeida Garrett. Não alcançou este seu desejo, mas colheu fartos aplausos em concertos que deu em Lisboa e depois no Porto. Aqui conseguiu finalmente fazer representar a sua ópera, no Teatro de S. João. Nesta cidade se conservou até 1867, sempre aplaudido, designadamente nos serões musicaís do Palácio de Cristal. Também com grandes dificuldades, pôde, em 1867, pôr em cena a sua segunda ópera «O Arco de Sant'Ana», no Teatro de S. João, com colossal êxito, e depois em Lisboa, no Teatro de S. Carlos, no ano seguinte. Mas também esta sua composição levantou nova polémica. Depois no Brasil, em Lisboa e no Porto, sempre com sucesso, foram representadas composições teatrais suas, e fez-se ouvir e aplaudir no violino. Não é possível fazer aqui a resenha desses seus trabalhos, porque nos levaria a tarefa muito longe. ("Toponímia Portuense" de Andrea da Cunha e Freitas)

Se quiser saber mais sobre Francisco de Sá Noronha pode consultar aqui





28.1.08

Rua de AGRAMONTE



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Sobre a "Quinta de Agramonte":
A 2 de Agosto de 1832, por motivos de ordem estratégica D. Pedro deu ordem de queimar e arrasar a importante casa de campo, muros e árvores da bela quinta de Agramonte. Uma das mais formosas e produtivas dos subúrbios do Porto. Rendia 400$000 reis anuais livre de todas as despesas. Pertencia à tripeira família Pinho e Sousa. O seu proprietário, capitão Joaquim de Pinho e Sousa, herói da Guerra Peninsular, liberal convicto e sincero, tinha falecido em 1831, quando emigrado em Paris. A viúva morrerá em Agosto de 1833, um ano depois da destruição da quinta. Era filha de um italiano de Génova, notável ceramista e fundador da Fábrica de Loiça da Santo António da Piedade. D. Pedro foi pessoalmente levar-lhe a notícia e apresentar-lhe as suas desculpas, e assegurar-lhe que seria a primeira a ser indemnizada pelo seu justo valor «logo que as circunstâncias o permitissem». Afinal parece que tal nunca sucedeu, apesar de repetidos requerimentos do tutor dos menores. Quatro anos depois do Cerco ainda o governo local dava ordens para lá ir buscar pedra “sem conta, nem avaliação e menos pagamento”.
Continuou um monte inculto até ser expropriado, em 1855, por uma quantia “miserável” para ser aproveitado para cemitério. Esta família Pinho e Sousa é um caso da guerra civil. A família desapareceu em meados do século XIX por falta de representação varonil. O irmão José Leandro, também militar, foi morto por uma bala legitimista; as mais importantes propriedades da família foram sequestradas em 1828 pelos miguelistas: o grande prédio no Descampado de Miragaia, junto à Fonte da Colher, sua residência citadina e onde Joaquim nascera, foi arruinado pelos rebeldes por estar exposto ao mais terrível fogo do inimigo; a sua casa solarenga em Carcavelos, S. Tiago de Riba d’Ul, foi mandada arrasar completamente em 1828 por ordem de D. Miguel. Também tinha propriedades em Lavra e Perafita. Joaquim assentou praça aos 14 anos. Fez a guerra peninsular e em 5 de Março de 1820 pediu a reforma porque não lhe concederam a mudança para o Porto quando o seu pai morreu. A 24 de Agosto do mesmo ano apresentou-se a Fernandes Tomás para defender a revolta liberal. Em 1826 foi nomeado comandante da guarnição de Vila da Feira. Em 1828 “foi ao Porto e foi do pequeno número de oficiais que acompanhou o exército fiel por terra até à Corunha onde embarcou para França onde morreu”. - Notas cedidas por Jorge Rodrigues.

Rua do BICALHO


bicalho

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Não sabemos exactamente o que significa, o nome Bicalho. Poderá ser derivado de Bico ou Bica - recordemos que em Massarelos havia uma Rua da Bica, mencionada em registo paroquial de 1684. E parece-nos que terá algo a ver com a faina da beira do rio. De qualquer maneira é topónimo antigo. Na era de 1397 (Ano de Cristo de 1359), mandou o rei D. Pedro I construir uma torre no Bicalho, e outra da parte de Gaia para lançar de lado a lado uma forte cadeia de ferro que impedisse a passagem de navios inimigos. Opuseram-se os de Gaia, dizendo que para nada serviria semelhante medida. E nada se chegou a fazer. Bicalho foi outrora sede de uma importante Indústria de fundição de ferro. Assim por exemplo, em 1895 laborava aí a fábrica de António Fernandes de Oliveira, existente já há vinte anos antes, em 1874, com outra de Eugénio Ferreira Pinto Basto, segundo nos informa Pinho Leal, no seu prestante Portugal Antigo e Moderno....("Toponímia Portuense" de Andrea da Cunha e Freitas)


27.1.08

Uma história de frades e outra da feira das caixas

O mosteiro dos frades carmelitas


Texto de Germano Silva

Chegou carta de um leitor com uma dúvida pertinente. Diz ele "… sempre, ouvi dizer que a Praça de Carlos Alberto se chamou, antes, Praça dos Ferradores; leio agora que também foi Largo ou Praça da Feira das Caixas; mas eu julgava que as tais caixas que se destinavam aos emigrantes que iam para o Brasil eram feitas e vendidas sob os arcos de Miragaia…? "

É verdade que a actual Praça de Carlos Alberto também se chamou Largo da Feira das Caixas, exactamente por ali estarem estabelecidos os carpinteiros que faziam, em madeira, e vendiam, uma espécie de baús grandes muito procurados pelos nossos compatriotas que emigravam para o Brasil.

Antes de se chamar Largo da Feira das Caixas o largo fronteiriço ao edifício do Hospital da Ordem do Carmo teve a designação de Rua dos Ferradores quando aquele espaço ainda não tinha a configuração de uma praça.

A designação de Ferradores vinha, pelo menos, do século XVII, porque a referência mais antiga que se conhece ao topónimo é de 1638.

E esta denominação deve ter permanecido por muito tempo. Ainda vigorava no século XVIII. Com efeito, em 1720, a Câmara do Porto, em resposta a um pedido que lhe foi dirigido para que fosse concedido alvará para a realização de uma "feira de fazendas e animais" no Campo de S. Lázaro ou, dizia-se na petição, "aonde à Câmara melhor convenha…", usando da liberdade que lhes fora concedida para a escolha do local, indicou "as praças do Carmo, dos Ferradores e dos Voluntários da Rainha (actual Praça de Gomes Teixeira) para a realização da dita feira, nos dias 25, 26 e 27 de Julho de cada ano…"

E a Feira de Gado, como ficou conhecida, realizou-se por largo tempo nos Ferradores porque só em 1833, por edital camarário, é que foi mudada para o Poço das Patas (actual Campo de 24 de Agosto).

Outra feira que se fazia, no Largo da Feira das Caixas, era a célebre Feira dos Moços ou de Criados e Criadas para os serviços da lavoura. Realizava-se duas vezes por ano. Em Abril para os trabalhos do Verão; e em Novembro para as tarefas de Inverno. Os ajustes eram feitos de comum acordo entre o lavrador que contratava e o rapaz ou a rapariga que aceitava o trabalho. Já nos finais do século XIX ainda se fizeram acordos de 150$000 reis por mês, para rapaz, com direito a cama, mesa e roupa lavada. Uma moça de 15 anos podia ser contratada por 45$000 reis mensais mais as outras regalias.

Bom mas o leitor o que pretende é obter uma resposta à pergunta que formulou.

É possível que debaixo dos Arcos de Miragaia também se vendesse uma ou outra caixa de madeira. Mas o que os emigrantes ali procuravam era, sobretudo, uns enxergões ou pequenos colchões que se enchiam com palha ou folhelho e que, nos navios em que embarcavam, lhes ia servir de cama. Estamos a falar de gente que comprava passagens nas classes mais baratas e onde, naquele tempo, as condições de alojamento não deviam, ser as melhores.

As pequenas e acanhadas oficinas onde os carpinteiros faziam as tais caixas ficavam, na sua maioria, em frente à parede lateral da igreja do Carmo, agora coberta com um belo painel de azulejo. Consta de velhas crónicas de jornais que a azáfama era tanta que o barulho do constante martelar das tábuas com que eram confeccionadas as caixas incomodava os vizinhos que não deixavam de protestar.

Por esse tempo (finais do século XIX) um repórter da época escreveu que "era vulgar encontrar-se nas imediações do cais da Estiva, onde encostavam os navios que iam para o Brasil, bandos de rapazes de chinellas novas e carapuça na cabeça, a deambular pelas ruas ribeirinhas com a chave da caixa suspensa do pescoço por meio de uma fita para que não se perdesse…"

O leitor em causa colocou outra questão mas esta bem mais tétrica do que a anterior. Pede informação sobre a veracidade, ou não, de um costume que, segundo ele, se passava com os frades Carmelitas, os quais, segundo antiga tradição, costumavam desenterrar os mortos que eram sepultados na sua igreja para dar lugar a outros cadáveres mais recentes. Sabe-se muito sobre se essa prática existiu ou não. Consta, no entanto, que, por via de uma antiga devoção, ligada ao culto que se fazia na igreja dos Carmelitas, uma grande parte dos cidadãos do Porto manifestava como última vontade ser sepultada no interior daquele templo que, como ainda hoje se pode constatar, não era muito grande. Por isso os enterramentos deviam ser limitados. Mas, como aos Carmelitas repugnava negar o repouso eterna na sua igreja a quem o solicitava, era voz corrente que logo a seguir aos enterramentos os frades fechavam a igreja, desenterravam os cadáveres aí sepultados nesse dia e enterravam-nos na cerca do convento para terem sempre lugares vagos no interior do templo.

Verdade ou lenda ? Tire o leitor e conclusão que melhor lhe aprouver.

Pode continuar a ler no Jornal de Notícias


Rua LEONARDO COIMBRA




Busto de Leonardo Coimbra no Largo Pedro Nunes - Foto publicada e localizada no Flickr



Até 1936 esta rua teve o nome de Travessa de Delfim Maia.

José Leonardo Coimbra (Borba de Godim, Lixa, 30 de Dezembro de 1883 — Porto, 2 de Janeiro de 1936) foi um filósofo, professor e político português. Enquanto Ministro da Instrução Pública de um dos governos de Primeira República Portuguesa, lançou as Universidades Populares e a Faculdade de Letras do Porto. Como pensador fundou o movimento Renascença Portuguesa, e evoluiu do criacionismo para um intelectualismo essencialista e idealista, reconhecendo a necessidade de reintegrar o saber das "mais altas disciplinas espirituais", como a metafísica e a religião.
(Publicado na Wikipédia)

Bibliografia de Leonardo Coimbra:


* Leonardo Coimbra, Obras de Leonardo Coimbra, ed. Lello e Irmão, 2 volumes, Porto, 1983 (Vol. I: Criacionismo - Esboço de um Sistema Filosófico; Criacionismo - Síntese Filosófica; A Alegria, a Dor e a Graça ; Do Amor e da Morte; A Questão Universitária; A Rússia de Hoje e o Homem de Sempre. Vol. II: Pensamento Criacionista; A Morte; Luta pela Imortalidade; O Pensamento Filosófico de Antero ; Problema da Indução; A Razão Experimental; Notas sobre a abstracção científica e o silogismo; Jesus; S. Francisco de Assis; Problema da Educação Nacional; S. Paulo de Teixeira de Pascoaes , O Homem às Mãos com o Destino)
* Leonardo Coimbra, Dispersos I - Poesia Portuguesa, Lisboa, 1984
* Leonardo Coimbra, Dispersos II - Filosofia e Ciência, Lisboa, 1987
* Leonardo Coimbra, Dispersos III - Filosofia e Metafísica, Lisboa, 1988.


Bibliografia sobre Leonardo Coimbra:

* Álvaro Ribeiro, Leonardo Coimbra. Apontamentos de Biografia e Bibliografia, Lisboa, 1945
* Álvaro Ribeiro, Memórias de um Letrado, Lisboa, 1977
* José Marinho, O Pensamento Filosófico de Leonardo Coimbra, Porto, 1945
* José Marinho, "Leonardo Coimbra e o magistério do Amor e da Liberdade" in Verdade, Condição e Destino no Pensamento Português Contemporâneo, Porto, 1976
* António de Magalhães, "A perenidade do pensamento filosófico de Leonardo Coimbra" in Revista Portuguesa de Filosofia, n.º 12 (1956)
* Sant'Anna Dionísio, Valor da Ciência para Leonardo Coimbra, Porto, 1956
* Sant'Anna Dionísio, Leonardo Coimbra. Contribuição para o conhecimento da sua personalidade e seus problemas, Porto, 1983
* Sant'Anna Dionísio, Leonardo Coimbra, O Filósofo e o Tribuno, Lisboa, 1985
* Manuel Freitas, O Pensamento criacionista de Leonardo Coimbra, Braga, 1957
* Manuel Freitas, "Aspectos do Saudosismo em Leonardo Coimbra", in Itinerarium, 4 (1958)
* Ângelo Alves, O Sistema Filosófico de Leonardo Coimbra. Idealismo Criacionista, Porto, 1962
* Delfim Santos, "Actualidade e valor do pensamento filosófico de Leonardo Coimbra", in Obra Completa, vol. II, Lisboa, 1973, p. 225-237
* Miguei Spinelli, A Filosofia de Leonardo Coimbra, Braga, 1981
* Manuel Ferreira Patrício, A Pedagogia de Leonardo Coimbra, Porto, 1992
* Manuel Cândido Pimentel, Filosofia Criacionista da Morte: meditação sobre o problema da morte no pensamento filosófico de Leonardo Coimbra, Ponta Delgada, 1994.
* Vários autores, Leonardo Coimbra Filósofo do Real e do Ideal. Colectânea de Estudos, Lisboa, 1985
* Vários autores, "Filosofia e Ciência na Obra de Leonardo Coimbra", in Actas do Simpósio realizado no Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa, Porto, 1992.

Curiosidade:

Meses antes da sua morte, Leonardo Coimbra converte-se ao catolicismo na Capela dos Pestanas na rua do Almada.

Para saber mais sobre Leonardo Coimbra pode ver aqui e a sua biografia completa aqui.


25.1.08

Rua SENHORA DA LUZ


foz

Fotografia publicada e localizada no Flickr

Na Foz do Douro, em um outeiro sobre o rio -O Monte do Rio- existia uma capela dedicada à Mãe de Deus, na invocação da Senhora da Luz. Com o decorrer dos anos edificaram-se junto dela, um farol e um forte, assinalado na planta das linhas do Porto, do coronel Arbués Moreira (1833). N'A Vedeta da Liberdade, de
21 de Agosto desse ano, anunciava-se que as «imagens da Senhora da Luz e de S. Bartolomeu outrora veneradas na capela da Senhora da Luz, em consequência da ruína desta, foram, transladas para a igreja paroquial da Foz do Douro. E ainda hoje se venera a velha imagem de Nossa Senhora da Luz. ... ("Toponímia Portuense" de Andrea da Cunha e Freitas)


24.1.08

Localizar uma rua do Porto neste blog


Tenho verificado que alguns visitantes procuram sobretudo encontrar a localização de uma rua no meu blog.

Aqui vai o método para o fazer:

1. Se o artigo tem uma fotografia: as fotografias publicadas no Flickr ou no Picasa, normalmente estão localizadas. Para tal basta na ligação que aparece por baixo da fotografia e em seguida clicar sobre o "mapa" da cidade.

2. Na listagem lateral onde se encontram as "ligações". Algumas fotografias não estão localizadas, mas é simples aceder ao mapa do Porto do Michelin (em espanhol), para tal basta clicar no "Mapa do Porto".


Rua de VILA NOVA


V

Fotografia publicada e localizada no Flickr


23.1.08

Rua MARTIM MONIZ

luz

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Segundo o "Arquivo da Toponímia podemos ler: "Martim Moniz (?-1147) Nobre português que se distinguiu no cerco de Lisboa de 1147, nele vindo a morrer. Segundo a lenda Martim Moniz ter-se-ia atravessado numa das portas da cidade a fim de impedir os Mouros de a fechar, permitindo o acesso das tropas de D. Afonso Henriques".


No Roteiro de 1933 esta artéria aparece com o nome de Rua da Costibela.


Rua PROFESSOR JAIME RIOS DE SOUSA

noite (100)

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Aqui há uns tempos, passava por aqui perto com o meu amigo Alexandre Milheiro, quando ele olhou para a placa verde, e com um riso verdadeiro e uma voz cava disse:
"Olha a rua do Jaiminho, com "i grego" e "z"! Faz-me lembrar quando eu frequentava a faculdade de ciências, ali nos leões"!


Quem foi o professor que deu nome a esta rua que já foi travessa?

Jaime Rios de Sousa - (1909-1971) - Director da Faculdade de Ciências, director do Centro Universitário (CDUP). (Origem da informação: Arquivo da Toponímia)


Já foi a Travessa do Rosário. tem o nome actual desde Janeiro de 1974!



21.1.08

Rua de CHAIMITE



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Já teve o nome de Travessa de S. Paulo.


Rua NOVE DE JULHO

9 julho




Em 9 de Julho de 1832 entrou nesta cidade o Exército Libertador, recém-desembarcado na praia de Pampelido. O nome foi dado em 1835, a um troço da velha estrada medieval, senão romana, que, por Cedofeita e Ramada Alta, levava - e ainda hoje leva - a Barcelos e à Galiza. ...("Toponímia Portuense" de Andrea da Cunha e Freitas).

Já teve o nome de Rua da Liberdade


Rua do REVILÃO

R

Fotografia localizada e publicada aqui

A Rua do Revilão tomou o nome de um rio que passa em terrenos fundos, detrás da Rua do Lidador, por onde noutro tempo, se fazia caminho para Aldoar, entre bouças de pinheiros e mato, tudo hoje quase desasparecido com a urbanização do local. Mas que significa Revilão? Podemos de certeza, dar uma explicação. Só lembramos que revelão, em português arcaico, significava «rebelde», e talvez seja esta a origem do topónimo. (Toponímia Portuense de Andrea da Cunha e Freitas)


15.1.08

A praça e o túnel










Conforme prometido, aqui estamos de volta à Praça de D. Filipa de Lencastre, que, nas duas crónicas anteriores, foi objecto da nossa atenção a propósito da desastrada solução dada à embocadura do túnel que ali começa (o famigerado túnel de Ceuta), tornando aquele espaço num dos mais descaracterizados e desarrumados da cidade. Dizíamos que o valor patrimonial daquele espaço é excepcional e se, para tanto, não fosse suficiente a característica arquitectura portuense oitocentista que tem presença notória no lado norte da praça, merecê-lo-iam figuras tão destacadas das nossas "artes" como são, entre outros, os arquitectos Arménio Losa e Rogério de Azevedo e, ainda, o pintor Augusto Gomes que, ali assinam exemplares notáveis das belas- artes.


Para quem não vê nesta praça mais do que o largo para onde está voltada a fachada principal duma das unidades hoteleiras de referência da cidade - o Hotel Infante de Sagres - ou o local de onde saem as ligações rodoviárias para Guimarães ou o espaço em que pontificam gigantescas tílias que ao cair da tarde se enchem de pássaros ruidosos ou, ainda, o lugar de acesso à Garagem d'O Comércio do Porto, saiba que nos quatro lados e cantos da praça se encontram obras que vale a pena observar com atenção, porque são, sem dúvida, exemplares maiores da Arquitectura dos últimos dois séculos.


Não é possível fazer, no limitado espaço de uma crónica como esta, uma exposição dos argumentos que nos levam a considerar esta praça como um caso notável da arte de bem fazer cidade. Por isso, fá-lo-ei ao longo das próximas crónicas.

A praça é um espaço quadrangular, em plano inclinado e constituído por elementos que mais parecem resultar do acaso do que dum conceito ou desenho prévio, ainda que por ali tenha sido pensado, há mais de 200 anos, construir a monumental "Praça Maior" da cidade, o que, no entanto, nunca chegou a acontecer. De qualquer forma, a praça que agora nos ocupa nasce em anos mais recentes e tem o seu desenho apoiado na histórica Rua do Almada, que lhe define o alinhamento a nascente. É por ela que quem sobe da Avenida dos Aliados tem acesso à moderna Rua de Ceuta, que, por sua vez, termina na Rua de José Falcão, mas que, não fora o abandono do plano, deveria atravessá-la e cumprir, à superfície, o papel que agora cumpre, em subsolo, o túnel de Ceuta, ou seja, ligar pelo centro os lados nascente e poente da cidade. Por tudo isto, porque outras ruas a ela chegam (Avis e Picaria) ou, ainda, porque o seu ambiente é muito marcado por árvores de grande porte, a praça é um lugar, de certo modo instável, ou seja, um espaço que é mais de passagem ou de transição e menos de estar ou de centralidade como, geralmente, são entendidas as praças. Será que é este tipo de espaços muito frequentes na cidade do Porto ou que, como este, permitem leituras deste tipo, que levam alguns a considerar que o Porto "não é uma cidade de praças" mas, antes, "uma cidade de ruas"? A questão que hoje nos interessa não é, no entanto, essa, mas, antes, a arquitectura que caracteriza este espaço, seja ele, ou não, uma praça e, portanto, o cuidado que deveria ter-se ao intervir num contexto tão singular como este. Vamos a alguns desses casos notáveis, começando por enumerar as situações que trataremos nas próximas crónicas.
São eles a Garagem d'"O Comércio do Porto" (que é o mais notável edifício da praça), o Hotel Infante de Sagres (ambos do arquitecto Rogério de Azevedo, que assina outros edifícios, também notáveis, nas imediações) e o conjunto formado pelo edifício Soares e Irmão e TLP, no gaveto da Praça/Rua de Ceuta com a Rua da Picaria (do arquitecto Arménio Losa), que ostenta, ao nível do piso térreo e voltado para a rua, um magnífico painel policromado da autoria de Augusto Gomes, uns dos mestres da pintura portuguesa do século XX.

Voltaremos, pois, à praça.

Publicado no Jornal de Notícias

Travessa da QUINTA AMARELA


quinta amarela

Fotografia publicada e localizada no Flickr

Para aqueles que não sabem: foi na Quinta Amarela que existiu a primeira Faculdade de Letras do Porto.


Rua D. NICOLAU MONTEIRO




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D. Nicolau Monteiro, nascido na freguesia de S. Nicolau, no ano de 1581, foi doutor em Cânones, cónego da Sé de Coimbra, dom prior da Colegiada de Cedofeita.,bispo do Porto, confirmado em 1671, falecendo logo no ano seguinte. (Arquivo da Toponímia)

Esta artéria já teve o nome de Travessa de Nove de Julho. A actual designação data de 1949.


14.1.08

Rua do PROFESSOR VICENTE JOSÉ DE CARVALHO





O Dr. Vicente José de Carvalho, cirurgião e lente da Escola Médico-Cirúrgica do Porto, de que foi depois director, cavaleiro da Torre e Espada, da Academia de Ciências Médicas de Lisboa e de várias outras corporarações científicas e literárias, nasceu em Setúbal, em 1792, e morreu no Porto em 1851. (Arquivo da Toponímia)




Rua DOMINGOS SEQUEIRA




Fotografia publicada no Flickr, igualmente localizada aqui

Quem foi Domingos Sequeira?

Sequeira (Domingos António de).

n. 10 de Março de 1768.
f. 7 de Março de 1837.

llustre e distinto artista, o pintor mais notável não só de Portugal como de toda a Europa, e talvez o maior do seu tempo. N. em Belém a 10 de Março de 1768; fal. em Roma a 7 de Março de 1837.

Era filho de pais humildes, António do Espírito Santo e Rosa Maria de Lima. Foi do seu padrinho, Domingos de Sequeira Chaves, que recebeu o nome próprio, e que mais tarde adoptou o apelido. Desde muito criança manifestou uma viva inteligência e uma grande vocação artística. 0 pai vendo aquele talento que alvorecia tão auspicioso; desejou dar-lhe uma posição mais elevada e estudos superiores, destinando-o para médico, mas afinal, por conselho dos que admiravam a vocação tão decidida que a criança manifestava para o desenho, condescendeu em a aproveitar.

Fundando-se em 1781 uma aula régia de desenho, o futuro pintor matriculou-se, sendo um dos primeiros alunos, a 2 de Dezembro do mesmo anuo, figurando no respectivo livro da matricula com o nome de Domingos António do Espírito Santo, apelido de seu pai. Foi seu mestre Joaquim Manuel da Rocha, pintar medíocre, mas zeloso e muito afeiçoado aos discípulos, entre os quais se contavam os dois maiores pintores portugueses, Domingos António de Sequeira e Vieira Portuense. Estudou ali durante 5 anos, sendo por vezes premiado, passando depois à aula de pintura do professor Francisco José da Mocha, mais conhecido por Francisco de Setúbal, que também pouco o poderia guiar, porque apesar de ser pintor de grande talento, era muito leviano e pouco sabia. Alcançara, porém, grande fama, e recebia muitas encomendas, e para as satisfazer, aproveitava os discípulos para o auxiliarem. Dois anos, quando muito, seguiu Domingos António de Sequeira as lições deste professor.

O marquês de Marialva, que morava em Belém e era vizinho e apreciador do talento do jovem artista, recomendou-o à rainha D. Maria I, e obteve lhe uma pensão de 300$000 reis do régio bolsinho, para que fosse a Roma, a cidade das artes, aperfeiçoar-se, onde já se encontravam alguns artistas estudando, mandados pelo intendente de policia, Pina Manique. Constituíam estes estudantes uma Academia Portuguesa, organizada pelo modelo da Academia francesa da vila Medicis. Quando Sequeira chegou a Roma em 1788, foi hospedar-se na casa do embaixador português, no palácio Cimarra, indo depois viver na casa dum seu amigo chamado Cometti. Nas aulas da Academia Portuguesa continuou a mostrar se aluno distintíssimo, e logo em 1789 alcançou o segundo prémio. Pouco tempo, porém, esteve seguindo o estudo oficial da Academia, e aproveitando a faculdade que era permitida aos alunos de escolherem professor, foi seguir as lições de António Cavallucci, um dos mestres da nova escola de pintura, que afastando se completamente da escola do convencionalismo, pretendia aproximar-se da natureza, não directamente ainda, mas procurando na arte antiga os seus principais modelos. Sequeira trabalhava, e trabalhou muito, e frequentes vezes sentiu o desalento invadi-lo, ao ver que tinha de refazer completamente os seus. estudos para se acomodar com a disciplina severa do seu novo mestre, mas os quadros, que então pintou, revelavam um notável progresso, que o devia compensar largamente das fadigas a que tivera de sujeitar-se, porque em 1791 obteve o primeiro premio da Academia de S. Lucas; o assunto proposto à emulação dos artistas fora o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Em 1794 era admitido como académico emérito, apresentando por esta ocasião o seu belo quadro da Degolação de S. João Baptista.

Sequeira estudou deveras, e com afinco e ardor, visitando incessantemente museus públicos e particulares, fazendo cópias do antigo, e passando as noites a estudar anatomia e adquirir outros conhecimentos indispensáveis para a sua profissão, que afinal adoeceu gravemente, sendo-lhe necessário, para se restabelecer, fazer uma viagem em que visitou Parma, Bolonha, Milão e Veneza. Voltando a Roma, já o seu talento começou a ser tão apreciado que o encarregaram de trabalhos para varias igrejas e palácios. Roma estava sendo para Sequeira a sua segunda pátria. Conhecia muito bem, não só a língua italiana, como também os dialectos romanos, e valeu-lhe isso de muito numa aventura que ia sendo para ele extremamente grave. Rebentara a revolução francesa, e os seus princípios eram pouco estimados na cidade dos papas entre a plebe fanática. 0 ódio aos franceses estava sendo uma das paixões mais ardentes do populacho. Uma tarde, voltando do Coliseu, foi Sequeira assaltado por um bando de populares aos gritos de: «Morra o francês!» Sequeira, sem perder o sangue frio, explicou-lhe no mais puro transteverino que não era francês, mas sim português de nascimento e romano pelo afecto Deixaram-no, mas Sequeira julgou então prudente ir residir de novo para o palácio do embaixador, porque percebeu que nessa ocasião os estrangeiros em Roma precisavam de ser protegidos pelas imunidades dos embaixadores. Mas os acontecimentos políticos que revolviam a Europa, levaram o governo português a fechar a Academia em Roma e a chamar à pátria os artistas portugueses. Sequeira obedeceu, e partiu na esperança de tornar em breve para Roma, e cheio de distinções com o diploma de académico da Academia de S. Lucas, e os de sócio das academias de Bolonha e de Florença, e tendo sido muito afectuosamente recebido pelo papa Pio VI, que lhe enviou uma relíquia de Santo António, honraria insigne não só pelo valor religioso da oferta realçada pela fineza de ser a relíquia dum santo português, mas também porque, sendo essa uma distinção que os papas faziam ás pessoas que queriam obsequiar, eram essas dadivas levadas aos agraciados por um camareiro num coche de gala, o que realmente devia ser uma honra notável para um simples artista pensionado pelo seu governo.

Regressando a Portugal, Domingos António de Sequeira percorreu de novo a Itália do Norte, e embarcou finalmente em Génova em Outubro de 1795, chegando no ano seguinte a Lisboa, depois de 8 anos de ausência Foi aqui recebido admiravelmente. 0 príncipe D. João, regente do reino, concedeu-lhe uma pensão anual de 60 moedas e casas pagas, sem prejuízo das remunerações que houvesse de receber por cada uma das obras que executasse. Afluíram encomendas tanto da família real, conventos e particulares, como dos próprios estrangeiros amadores das belas artes, entre os quais avultava o opulento e inteligentíssimo Beckford. Mas Domingos António de Sequeira vinha habituado aos preços elevados de Roma, de forma que aquela afluência decaiu rapidamente. Todos queriam ter um quadro do eminente pintor, mas recuavam perante O exagero dos preços que ele pedia. Exagero para os costumes de Portugal, mas não para os preços que já então lá fora obtinham as obras de arte. Quando o conde de Vale de Reis encomendou 10 quadros de batalhas para as suas antecâmaras, e que Sequeira lhe pediu mil moedas de ouro (4.800$000 reis), o conde ficou espantado e desistiu da sua ideia. Sequeira, que era orgulhoso, estimulou-se, quis coligar-se com os outros artistas para obter que se levantassem as cotações do mercado artístico, mas os outros, que já o invejavam, ciosos do seu grande valor, recusaram-se.

Sequeira, que contava enriquecer rapidamente para voltar a Roma e casar com Nannina Cometti, senhora por quem estava enamorado, entristeceu. Sempre fora religioso, os dissabores agravaram-lhe a sua tendência ascética, e saiu da capital, indo ocultar o seu desanimo e desespero no ermo da serra do Buçaco, donde passou para a Cartuxa de Laveiras, estando, naquele convento como noviço, muito seriamente disposto a professar. Ali esteve desde o fim do século XVIII até ao ano de 1802, pintando uns quadros todos alusivos ao estado que desejava tomar, representando episódios da vida de S. Bruno, etc. Afinal, D. Rodrigo de Sousa Coutinho, informado da deplorável resolução de Sequeira, conseguiu arrancá-lo do convento, e intercedendo com o príncipe regente, mostrando-lhe a perda irreparável que seria para a arte portuguesa a falta de Sequeira no mundo artístico, o príncipe, por decreto de 28 de Junho de 1802, o nomeou primeiro pintor da corte com um ordenado de 2.000$000 reis, e com obrigação de dirigir juntamente com Francisco Vieira Portuense as decorações artísticas do paço da Ajuda.

Foi nessa ocasião que Domingos António de Sequeira deliberou fundar uma academia de desenho e pintura ligada com as obras da Ajuda, como em Mafra se fundara em tempo uma aula de escultura ligada comas obras do convento. Sequeira, contudo, parece que não tinha paciência para o ensino, porque abandonou muito a aula, como abandonou também as obras da Ajuda, cuja direcção lhe fora confiada, e que afinal. foram feitas quase todas por Taborda e Fuschini. De Sequeira havia apenas a pintura de um tecto, que desapareceu por se terem transformado as decorações da sala onde esse tecto estava, e uns quadros pintados sobre tela, que a família real levou para o Brasil, quando para ali foi em 1801, fugindo aos franceses, e por lá ficaram. Representavam episódios da vida de D. Afonso Henriques. Os directores das obras da Ajuda, Sequeira e Vieira Portuense, abandonaram ambos aquele encargo, Vieira porque teve de ir para a Madeira, onde faleceu. Sequeira, porque tinha muitas coisas em que ocupar-se, e estava granjeando avultados rendimentos. Ganhava 2.000$000 reis como primeiro pintor da corte, continuava a receber a pensão de 60 moedas anuais que lhe fora arbitrada quando regressou de Roma, e continuava a ter casas pagas; tendo sido agraciado com o hábito de Cristo, recebia a tença de 12.000 reis, que lhe andava anexa. Foi escolhido para mestre de desenho dos infantes, e cumpria-lhe exercer gratuitamente esse cargo, na sua qualidade de primeiro pintor da corte, mas dava lhe direito a ter sege montada por conta do paço, o que equivalia a um bom ordenado, finalmente foi nomeado director da aula de desenho, que a junta, da Companhia das vinhas do Alto Douro fundara no Porto, e que fora anexa à. Academia de Marinha e Comércio da mesma cidade, legar pelo qual recebia o ordenado de 600$000 reis anuais tendo apenas a obrigação de ir passar todos os anos três meses no Porto para superintender os trabalhos de que era director.

Chegara-se ao ano de 1807, e viera a invasão francesa; Sequeira fora ao Porto no desempenho dos seus deveres de director da aula de desenho. Entretanto as obras da Ajuda eram suspensas pelo governo de Junot, por ordem de 9 de Dezembro de 1807, que mandava despedir os operários, mas a 23 do mesmo mês foi nova ordem mandando que tudo continuasse como até aí Sequeira, chegando a Lisboa em Janeiro de 1808, encontrou tudo no mesmo estado em que deixara, e naturalmente afeiçoado a estrangeiros pela sua longa residência na Itália e estranho completamente à politica, relacionou-se com o conde de Forbin, grande amador das artes, e que foi depois no tempo da Restauração director das belas artes em França. Este conde, que também pintava, e pintava com certo gosto, era nesse tempo ajudante de ordens de Junot. Quis fazer uma digressão artística em Portugal, e Sequeira acompanhou-o à Batalha e a Alcobaça, onde Forbin desenhou o túmulo de D. Inês de Castro. Por intermédio de Forbin, relacionou-se com outros oficiais franceses e com o próprio Junot. Aceitou e executou encomendas para alguns deles, e não duvidou também, e está aqui a sua culpa, fazer para Junot, que lhe prometia pagar uns meses do seu ordenado que estavam em divida, o seguinte quadro: «Lisboa amparada pelo Génio das Nações e pela Religião, mas triste e melancólica, era consolada pelo vulto de Junot; a um lado. Marte simbolizando a França, fulminava Neptuno, que representava a Inglaterra.» Dizia-se que este quadro fora pintado com tintas corrosivas, para durar pouco tempo. Esta versão não parece verdadeira, porque se o fosse, não deixaria de a alegar o advogado de Sequeira na Memória Justificativa que teve de escrever em defesa do grande pintor, quando este foi processado por esse e outros factos. É certo que Sequeira não se esquivou a executar o trabalho, e pouca atenção merecem realmente as suas desculpas. Alegou que, se Junot não fosse obedecido, o castigaria com severidade. Mas sujeitou-se ao castigo. Mais lhe valia o ter estado preso durante o domínio francês por não ter querido cumprir as ordens do estrangeiro, do que estar, como obteve depois, oito meses encarcerado por não ter manifestado suficiente patriotismo. E não foi só um quadro que Sequeira pintou para glorificação dos invasores. O conde de Farrobo, possuía um esboço firmado por Sequeira, e que representava um génio pairando com um ramo de saudades numa das mãos, e com um medalhão na outra, medalhão onde se lia em letras microscópicas a legenda Duque de Abrantes. Em baixo densas nuvens, sobre as quais pousava uma águia branca de asas fechadas, abriam a cena, que representava vagamente Lisboa e a torre de Belém, onde flutuava também dum modo quase indistinto a bandeira tricolor.

Bem consciente estava das suas culpas o grande pintor, porque foi um dos primeiros que acudiram com donativos para auxilio da guerra contra os franceses cedendo tudo quanto recebia, como pensão, do régio bolsinho, que eram a esse tempo 688$00 reis, e mais um conto dos dois do ordenado que recebia como primeiro pintor da corte, mas ao mesmo tempo que se conservasse a dádiva secreta, e é por isso que não figura na lista de donativos que apareceram na Gazeta. Mostra isso que Sequeira, em primeiro lugar, quis, pelo valor da oferta, desarmar as iras do governo, e ao mesmo tempo temia que a aparição do seu nome fizesse lembrada de todos a sua transigência com o governo intruso. Não lhe valeu essa precaução. 0 povo revoltou-se contra ele e a regência viu-se obrigada a mandá-lo prender. Efectuaram a prisão com alguma violência, na noite de Natal de 1808 uns soldados de cavalaria. n.º 4, que o levaram para o corpo da guarda do regimento, e donde passou ao Limoeiro, até que foi solto no princípio de Setembro de 1809. Se houve processo, com absolvição ou condenação, desapareceu completamente. O que parece mais provável é que os protectores de Sequeira, que os tinha muitos e poderosos, pusessem pedra em cima da questão. 0 que aconteceu, em todo o caso, é que Sequeira deixou a direcção das obras do paço da Ajuda, não demitido oficialmente, mas não lhe sendo permitido assumir a direcção efectiva, que foi confiada a Ângelo Fuschini. Em 1818 quiseram que ele de novo tomasse a direcção desses trabalhos, mas Domingos António de Sequeira opôs dificuldades.

Em 1814, tendo sido concluída a guerra com os franceses, foi Sequeira encarregado pela regência de desenhar e dirigir a factura da magnífica baixela de prata, com que esse governo presenteou lorde Wellington. Em 1820, quando rebentou a revolução em 24 de Agosto, Sequeira mostrou-se sinceramente entusiasmado pelas novas ideias liberais então proclamadas, e parece que foi encarregado de dirigir um monumento que se projectava erigir no Rossio Em 1822 teve também a incumbência de fazer os desenhos da medalha da Sociedade da Industria Nacional. Em 1823, quando se discutia o orçamento, alguns deputados quiseram que se lhe suprimisse o ordenado de 2.000$000 reis. Defendeu-o Borges Carneiro, pondo em relevo os serviços que ele prestara à sua pátria, ilustrando-a e honrando-a no estrangeiro. Foi grande o debate que se travou, e por ele se sabe que Sequeira estivera em Inglaterra, provavelmente quando se tratou da baixela para lorde Wellington, e que a esse tempo a imperatriz da Rússia lhe oferecera 16.000$000 reis para ele ir trabalhar para os seus domínios, o que Sequeira rejeitara. Apesar de todos estes louvores, as cortes sempre lhe foram cerceando os vencimentos, suprimindo lhe a pensão de 400$000, e reduzindo-lhe o ordenado a 1:600$000 reis.

No entretanto, quando veio a reacção desse ano de 1823, Sequeira, lembrando-se da sua prisão em 1808, quis por força sair de Portugal. Debalde o marquês de Palmela, que fazia parte do novo governo, instou com ele para que não saísse do reino, assegurando-lhe que nada tinha a recear, Sequeira insistiu, e então o marquês de Palmela lhe foi levar pessoalmente a casa os seus passaportes. A 7 de Setembro de 1823 partiu para Paris, onde chegou a 20 de Outubro. Ali privado dos recursos que lhe dava na pátria a sua posição oficial, trabalhou incansavelmente, e fez alguns dos seus mais belos quadros, entre eles o da Morte de Camões, que inspirou a Garrett o seu imortal poema, e que ele ofereceu a D. Pedro, nesse tempo imperador do Brasil, que o agraciou com o habito da ordem do Cruzeiro. Sequeira demorou-se em Paris até 15 de Setembro de 1826, dirigindo se nesse ano para Roma, onde chegou a 1 de Novembro. Os 10 anos e meio que passou naquela cidade das artes, foram os últimos da sua vida, e por ventura os mais bem aproveitados no estudo, e os mais gloriosos para o distinto artista. Além de muitos desenhos e retratos, que lhe eram pedidos com instancia, executou em Roma não menos de 14 quadros, que em seguida mencionamos, dos quais os 4 últimos, que só de por si faziam a reputação de qualquer pintor, elevaram Sequeira no conceito e estimação dos entendidos à categoria de um talento de primeira ordem.

Eis a nota dos 14 quadros citados: O Baptismo do Salvador e a Crucificação do Cristo pertencentes ao duque de Braciano; A Fé, propriedade da grã-duquesa Helena, existente em S. Petersburgo; A Santa Verónica, encomendado para um convento de Roma; 0 Caminho da Cruz, que está na igreja da Paz em Roma; A Sacra Família; A Virgem; 0 Anjo Rafael e Tobias pai e filho; Santo António pregando aos peixinhos, e 0 Salvador, que pertencem ao cavalheiro Migueis; 0 Calvário executado em Castelo Gandolfo, no curto espaço de três meses, no Verão de 1827, A Adoração dos Magos, igualmente executado em três meses e durante o Verão de 1828; A Ascensão e o Juízo Universal, foram começados e pintados, quando o grande artista já se achava gravemente enfermo da doença que o vitimou.

Além das composições que apontamos, consta que na quinta das Aguas Férreas, no Porto, existe um esboceto representando Cristo sobre os joelhos da Virgem e de Santa Maria Madalena; na galeria da casa dos duques de Palmela, além dos 4 quadros: 0 Calvário, A Adoração dos Magos, a Ascensão e 0 Juízo Universal, que foram comprados em Roma pelo primeiro duque de Palmela em 1845, há mais duas belas compilaçõezinhas de Sequeira. representando uma Susana saindo do banho, a outra Loth deitado, e nu até à cintura com duas filhas ao lado. Nas Academias das Belas Artes de Lisboa e do Porto, na casa do antigo conde do Farrobo, na da condessa de Anadia, e outras muitas, existem, ou existiram, obras de Domingos António de Sequeira. 0 conde de A. Raczynski, o distinto diplomata e grande amador das artes, dedica um longo artigo elogioso ao notável pintor português no seu Dictionnaire Historico Artistique du Portugal.

Transcrito por Manuel Amaral aqui: http://www.arqnet.pt/dicionario/sequeirada.html









Rua dos ARCOS



Fotografia publicada no meu album Picasa (inclui a localização da rua)

13.1.08

Rua HELENA SÁ E COSTA



Nota biográfica:

Helena Moreira de Sá e Costa (Porto, 26 de Maio de 1913 - 8 de Janeiro de 2006) foi pianista, concertista e professora de piano.

Neta de Bernardo Valentim Moreira de Sá (fundador do Conservatório de Música do Porto e do Orpheon Portuense), filha da pianista Leonilda Moreira de Sá e Costa e do pianista e compositor Luís Costa, concluiu o curso de Piano no Conservatório Nacional de Lisboa com 20 valores, tendo sido aluna de seus pais e de Mestre Viana da Mota.

Obteve o prémio Beethoven e o da Emissora Nacional em 1943. Estudou ainda com Alfred Cortot e Edwin Fisher, com o qual emparceirou em 40 concertos nas principais cidades da Europa, tocando os concertos a 2, 3 e 4 pianos de J. S. Bach.

A sua actividade de concertista levou-a inúmeras vezes a Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Suíça, Hungria, Itália, Estados Unidos da América, Canadá, Brasil, Angola e Moçambique. Colaborou com todos os chefes de orquestra portugueses e com outros de grande nomeada, como os maestros Ernest Ansermet, Igor Markevitch, Paul Klecki, Swarowky, etc.

De entre os artistas com quem colaborou em concerto destacam-se Pierre Fournier, Maurice Gendron, Sandor Végh, Arthur Grumiaux, Janos Starker, L. Hoelscher, Ruggiero Ricci, Stich-Randall, Rita Gorr, Zara Nelsova, etc.

Com a sua irmã, a violoncelista Madalena Costa, formou um duo de notável projecção. Ainda com a sua irmã e com o violinista Henri Mouton formou o "Trio Portugália" a quem o País deve a audição de um grande reportório musical.

Professora dos Conservatórios de Lisboa e Porto, a sua acção pedagógica tem um relevo especial, aliás reconhecido internacionalmente através de convites para a regência de cursos, entre outros, em Cascais, Espinho, Estoril, Salzburg (Austria), Gunsbach (Centro Albert Schweitzer, na Alsácia, França), Suíça, Itália, Inglaterra, Alemanha, Canadá e Estados Unidos da América.

Alunos seus destacam-se no corpo docente de praticamente todos os Conservatórios portugueses e ainda no Brasil, Alemanha, Espanha, Suíça, Austria, etc.

Grande parte dos pianistas actualmente activos no País dela receberam os ensinamentos. Pianistas de países como o Japão, Estados Unidos, Canadá, Brasil, Espanha, etc. procuraram-na regularmente para receberem lições.

O seu nome contou-se entre os dos virtuosos participantes em famosos festivais, como os de Estrasburgo, Wiesbaden, Haarlem, Prades, Gulbenkian, Maiorca, Costa do Sol, Sintra, Espinho, Costa Verde, etc.

O seu prestígio incluiu-a em júris de concursos internacionais como os de Berlim, Berna, Vianna da Motta, Palma de Maiorca, Canadá, Maria Callas (Atenas), Luís Costa (Porto) e nacionais, como os da Covilhã, Juventude Musical, João Arroyo, etc.

De entre a sua discografia sobressai a gravação integral do 1º caderno do "Cravo Bem Temperado" de J. S. Bach; e ainda "Concerto nº 4" de Beethoven e "J. S. Bach Live Recording" (Porto 2001), nomeadamente.

Pode continuar a ler a biografia de Helena Sá e Costa aqui.

Esta rua não figura actualmente (Janeiro 2008) nem no mapa do Google nem na página da Toponimía da Câmara Municipal.

A Rua situa-se entre a rua 5 de Outubro e a estação de metro "Casa da Música". Pelo menos tiveram atenção a dar o seu nome a uma rua moderna e com uma proximidade com a música, embora eu tivesse preferido que renomeassem o "Largo da Paz", onde a pianista viveu tantos anos.