27.12.07

De quem eram os terrenos onde se abriu a Praça Nova?

A Porta de Carros e o Campo das Hortas

texto de Germano Silva

A pergunta que serve de título à crónica tem razão de ser. E a pessoa que a colocou ao cronista justificou-a "… em pesquisas que tenho andado a fazer já encontrei, como proprietário dos terrenos, um tal Beleza de Andrade; o deão da Sé, D. Jerónimo de Távora; o Cabido e o próprio bispo…"

O leitor não deixa de ter alguma razão porque tanto essa gente como as entidades referidas, de uma maneira ou de outra, andaram ligadas aos terrenos onde se veio a abrir a praça que começou por se chamar Praça Nova das Hortas, em 1721; Praça da Constituição, em 1820; apenas Praça Nova, em 1823; Praça de D. Pedro, em 1833; Praça da República, em 1910 (13 de Outubro); e Praça da Liberdade, a partir de 27 de Outubro de 1910 até ao presente.

Mas isso não significa que todos eles tivessem sido donos daqueles chãos. Como é geralmente sabido, a maior parte dos terrenos do antigo burgo pertenciam à Mitra, ou seja ao prelado da Diocese, na sequência da doação que D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, fizera ao bispo D. Hugo, em 1120. Mas, entre 1186 e 1189, houve uma repartição dos bens eclesiásticos do Porto feita entre a Mitra e o Cabido. E foi a esta entidade que veio a caber o "senhorio directo" do Campo das Hortas, uma enorme extensão de terreno que se estendia para Norte a partir da Porta de Carros, que ficava mais ou menos em frente da fachada da igreja dos Congregados, e se estendia, pelo lado Poente, ao longo da muralha fernandina até à Porta do Olival, e daqui, para nascente, até à antiga Cancela Velha.

Em 1691, quando se realizaram as primeiras negociações entre o Cabido e o Município portuense, para estudar a possibilidade de se urbanizar o Campo das Hortas, para onde se projectava a abertura de uma ampla praça pública, a propriedade andava arrendada, em contrato enfitêutico, a Francisco Xavier Beleza de Andrade, pertencente a uma das mais nobres e influentes famílias da cidade daquele tempo. Beleza de Andrade explorava a propriedade mediante um contrato que fizera com o Cabido, mas não era o seu proprietário....

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26.12.07

Rua de S. MARTINHO




Fotografia publicada e localizada no Flickr

Já foi: Travessa do Priorado. Tem o nome actual desde 1950.

A origem do seu nome é o São Martinho, não o de Tours mas o de Dume.



5.12.07

Rua DORDIO GOMES


Fresco de Dordio Gomes no Palácio de Justiça do Porto

Tem o nome actual desde 1991.
A rua Dordio Gomes está integrada num conjunto habitacional chamado Cooperativa de Aldoar. O projecto do arquitecto Manuel Correia Fernandes data de 1979. 



Breve biografia de Dordio Gomes / 1890-1976

Natural de Arraiolos, Simão César Dordio Gomes estuda na Escola de Belas-Artes de Lisboa, a partir dos 12 anos, tendo como mestre mais marcante Veloso Salgado. É bolseiro em Paris em 1910 e, novamente, em 1921; esta última estadia (permite-lhe percorrer a Suíça, a Bélgica, a Holanda e a Espanha) é decisiva na sua obra, imprimindo-lhe um cunho moderno. É desta altura que data uma das suas obras mais célebres, presente na colecção do Museu: Casas de Malakoff.
Dordio Gomes é um dos 5 Independentes, grupo de pintores e escultores -residentes em França -, que, em 1923, expõem na SNBA, declarando-se «independentes de tudo e de todos». A exposição abana o meio artístico, sendo considerada «a primeira manifestação modernista dos anos 20».

É professor da Escola de Belas-Artes do Porto, entre 1933 e 1960: determinante para a renovação do ensino, formando uma geração de artistas modernos que se destacam nas décadas seguintes. A vinda para o Porto, marca uma nova fase na sua obra: abandona a luminosidade agressiva e contrastante, com que pintava a paisagem alentejana (viveu seis anos no Alentejo, quando regressou de Paris), e utiliza uma outra, mais suave, difusa, com que expressa o Rio Douro (o seu tema predilecto).
Entre as muitas exposições em que participou no país e no estrangeiro, destacam-se as Bienais de Veneza, em 1950, e de S. Paulo, em 1951, 53 e 55. Recebe os prémios Columbano, António Carneiro e o da I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian e Nacional de Arte (1ºprémio).


4.12.07

Rua NOSSA SENHORA DE FÁTIMA



Foto publicada e localizada no Flickr

Até 20 de Agosto de 1942 chamou-se rua das Valas.

O projecto da Igreja de Nossa Senhora de Fátima é da Oficina ARS - Arquitectos na qual trabalhava, por então, um grupo de arquitectos, pintores e escultores, pioneiros do movimento moderno no Porto. Dirigiu a obra o Arq. Mário de Morais Soares, coadjuvado pelos seus colegas Fortunato Cabral e Cunha Leão; autor dos vitrais foi o Pintor Adalberto Sampaio.
A obra, termina em 1933 e inaugurada solenemente em 1936, é assim o primeiro projecto da arquitectura moderna religiosa em Portugal. Seguiu-se-lhe meses depois, em Lisboa, e também dedicada a Nossa Senhora de Fátima, uma igreja projectada pelo Arq. Pardal Monteiro, com vitrais de Almada Negreiros.

Nesta rua também encontramos o edifício Parnaso de José Carlos Loureiro, onde se encontra, entre outros, a Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio.