De Ruas do Porto |
Fotografia publicada e localizada no meu Album do Picasa
Este Hospital também é conhecido, entre os portuenses, pelo Hospital das Goelas de Pau por se situar perto da quinta com este nome. (28/10/2008)
Entretanto o tempo foi passando e eu verifiquei que a informação que aqui aparecia era insuficiente.
O que nos diz o Ministério sobre este hospital:
« O Hospital de Joaquim Urbano foi fundado em 1884 com o fim de isolar e tratar doentes com cólera. Tinha então o nome de Goelas de Pau.
Em 1899 adquire o nome de Hospital Senhor do Bonfim. Em 1914 passou a Hospital de Joaquim Urbano em Homenagem ao Dr. Joaquim Urbano da Costa Ribeiro, grande vulto da medicina portuguesa no domínio da Saúde Pública e primeiro director desta Instituição, quando ela passou de Santa Casa da Misericórdia para a Administração do Estado.
Internamento Infeccilogia
Durante mais de 100 anos foi somente destinado ao estudo e tratamento de doenças infecto– contagiosas.
Em 1989 foi criado um novo serviço de Pneumologia destinado ao estudo e tratamento de doenças respiratórias, mantendo o estatuto de hospital Central e Especializado.
Em 1985, recebe o primeiro doente infectado com VIH, infecção responsável, desde essa data, pela maior parte da actividade clínica desenvolvida. »
Fica aqui o link pois o acesso é muito, muito lento: http://www.hjurbano.min-saude.pt/htm/hist_hospital/o_hospital.htm
E depois encontrei um artigo que me fez compreender melhor porque este hospital tanta importância teve nos últimos cento e tal anos.
O título do artigo é:
A
MODERNIZAÇÃO DA MEDICINA PORTUENSE
NA PRIMEIRA METADE DO
SÉCULO XX
O seu autor, Professor
jubilado da Faculdade de Medicina do
Porto é António Coimbra.
O
tratamento das Doenças Infecciosas esteve sempre associado ao
Hospital Joaquim Urbano. O grave surto de cólera de Toulon, em 1884,
que depois alastrou a Espanha, suscitou a formação de uma comissão
no Porto de que fazia parte o Prof. Ricardo Jorge, que propôs ao
governo a construção duns pavilhões sanitários no local das
Goelas de Pau. Este hospital do Senhor do Bonfim foi entregue à
Misericórdia em 1899, para tratamento de casos de sífilis e
tuberculose, mas em Julho desse ano acabou por ser inteiramente
ocupado pelos doentes da epidemia de peste bubónica surgida
entretanto na Ribeira e logo diagnosticada primeiro clinicamente por
Ricardo Jorge e depois laboratorialmente por ele e Câmara Pestana.
Ricardo
Jorge foi o iniciador da prática laboratorial e da experimentação
na Escola Médica. No seu célebre “Relatório ao Conselho Superior
de Instrução Pública” de 1885, Ricardo registava “a carestia e
a pobreza do trabalho prático em a nossa ensinança médica”. Fora
pioneiro na Escola do ensino da Histologia
(1881)
e organizara as primeiras demonstrações práticas da cadeira de
Fisiologia regida por Azevedo Maia (1983). Na segunda parte do
Relatório, Ricardo nota que está a caminho, vindo da Alemanha, o
equipamento indispensável à técnica microbiológica: culturas,
esterilizações, etc. Acha então a sua vocação definitiva, a
Higiene e a Bacteriologia.
Em
1888 publicara um trabalho sobre “O Saneamento no Porto” e em
1892 é nomeado médico municipal e director do novo laboratório
municipal de Bacteriologia da cidade. Nestas condições organizou,
em 1899, o combate à peste bubónica, mas devido ao seu papel na
instituição do cordão sanitário à volta da cidade é alvo de
ameaças da população e apodos na imprensa, pelo que vai para
Lisboa, convidado a reger Higiene e assumir o posto de
Inspector-Geral de Saúde. O Hospital do Bonfim fecha em 1901 mas
reabre no ano seguinte sob a direcção do Dr. Joaquim Urbano da
Costa Ribeiro, que fora um dos médicos ajudantes do Conde de
Ferreira em 1891. Nele se instala um laboratório bacteriológico
dirigido pelo Prof. Sousa Júnior, que entretanto elaborara uma
valiosa tese de Anatomia Patológica com o estudo das peças obtidas
em doentes de peste bubónica. Este laboratório é anexado em 1915
à Faculdade de Medicina, embora continue sedeado nas Goelas de Pau,
e entregue ao Prof. Carlos Ramalhão que, em 1917, passa a
catedrático de Bacteriologia.
Joaquim
Urbano consegue melhorar substancialmente as instalações após a
República, uma vez que fora condiscípulo em Coimbra de vultos
proeminentes do novo regime. Tendo falecido em 1914, é dado o seu
nome ao hospital. Sucedeu-lhe como director, de 1915 a 1951, o Dr.
Álvaro Pimenta. O ensino da Bacteriologia na Faculdade sempre foi
ministrado no Joaquim Urbano até à transferência daquela para o
Hospital de S. João.
Aqui
a bacteriologia passa a dispor de laboratório próprio e, em 1964, é
inaugurado um Serviço de Infecto-Contagiosas sob a direcção do
Prof. Fonseca e Castro, que mais tarde foi chefiado pelos Profs.
Cerqueira Magro, João Pereira Leite e Henrique Lecour.
A
terminar, uma breve referência à Fisioterapia.
A
origem remonta a D’Arsonval que, no início do século, estudara em
França os efeitos fisiológicos da aplicação das correntes
eléctricas, nomeadamente a diatermia, as faradisações e as ondas
curtas. No gabinete radioscópico e radiográfico que, como vimos,
abriu no Hospital de S. António em 1908, logo no ano seguinte a
electroterapia avantajou-se marcadamente ao radiodiagnóstico e à
rádio- e radium-terapias, com 130 tratamentos contra 78 exames dos
outros em conjunto. Em 1923 surge um serviço de curieterapia
dirigido pelo Dr. Couto Soares, separado do gabinete de
electroterapia e radioterapia, dirigido pelo Dr. José Feiteira desde
a morte de Andrade Júnior em 1918. É curioso que em 1915 o Dr.
Jaime de Almeida inaugurou um amplo Instituto de Electroterapia no
primeiro andar do prédio ainda hoje existente na esquina das ruas
Passos Manuel e Sá da Bandeira, cujas instalações são descritas
no volume do mesmo ano dos “Arquivos de Cirurgia” de Maia Mendes.
5 de Julho 2016 - Actualização
Este hospital fechou ontem.
Ver a notícia aqui: http://www.rtp.pt/noticias/pais/hospital-joaquim-urbano-encerra-as-portas_v931062
5 de Julho 2016 - Actualização
Este hospital fechou ontem.
Ver a notícia aqui: http://www.rtp.pt/noticias/pais/hospital-joaquim-urbano-encerra-as-portas_v931062
1 comentário:
Há uma porrada de anos, li não sei onde um texto escrito por não sei quem (não era certamente Germano Silva, que então ainda era um desconhecido jornalista do JN; julgo porém que era alguém bastante credível), que dizia que a atual Rua dos Navegantes ou a sua paralela Rua da Nau Trindade (também não me lembro ao certo) se chamava há muitos anos (talvez séculos) Rua das Goelas de Pau. A ser verdade, esta rua ficava bastante acima, portanto, do agora extinto hospital, que é servido por uma rua moderna a que puseram também o nome de Rua das Goelas de Pau. Isto poderá talvez significar que a quinta devia ser muito grande e antiga. Famosa, pelo menos, ela era.
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