3.3.11

Rua BULHÃO PATO


030211


Sobre a razão de apelidar esta rua com o nome de um poeta nascido em Bilbau, encontrei este texto:

"Uma pessoa amiga comprou um campo que faz esquina para a Rua do Molhe e Corte Real, e eu pedi-lhe para fazer uma casa para mim, em 1934. Eu fiz um rascunho do que eu pretendia, e ele aprovou sendo início da abertura dos alicerces a 11 de maio de 1934, e minha família e eu, entramos para a casa, no mesmo ano. Como não tinha nome, eu lembrei-me de lhe pôr o nome de Bulhão Pato, tio avó de minha mulher. Fui falar com o vareador da Câmara do Porto sobre o assunto, o qual foi aprovado, tanto que passado pouco tempo colocaram a placa na pedra do portão! Refiro-me a Raimundo Bulhão Pato, o poeta (...)». Fica assim pormonizadamente e com depoimento fidedigno (aproveitamos para agradecer esta história ao Senhor Charles J. Chambers) explicado o topónimo dado a esta artéria: O poeta e prosador Raimundo António de Bulhão Pato nasceu em Bilbau, Espanha, a 3 de Março de 1829, e morreu na Torre da Caparica, Almada, a 24 de Agosto de1912). Filho de pai português e de mãe espanhola, veio para Portugal em 1837. O contacto de Bulhão Pato com alguns dos melhores cultores da literatura portuguesa do tempo, começou a verificar-se em 1845, ano em que se matriculou na Escola Politécnica. Foi particular amigo de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e José Estevão, o segundo dos quais o teve na conta de discípulo amado. Mas nas suas relações, que se estenderam a todos os homens célebres da época, outros nomes são de salientar, como Andrade Corvo, Gomes de Amorim, Mendes Leal, Latino Coelho, etc., a cujo convívio ficou a dever a sua iniciação no mundo das letras. Tinha 21 anos (1850) quando deu a público o seu primeiro livro de versos «Poesias de R.ª de Bulhão Pato», através do qual se vislumbrava já o poeta de valor que viria a ser, e, em cujo livro se incluiam os primeiros versos que fez e publicou em 1847, em jornal: "Se coras não conto". O livro «Versos» viu a luz da publicidade, em 1862. Mas foi com «Paquita», que o seu nome ascendeu ao estrelato português, tendo merecido palavras de louvor de Alexandre Herculano e Rebelo da Silva. Depois outros livros foram aparecendo periodicamente, como «Canção da Tarde» (1866), «Flores Agrestes» (1870), «Cantos e Sátiras» (1873), «Renan e os Sábios da Academia» (1874), «Maria de Bragança» (1874), «Um novo Amor de Mãe» (1878), «Hoje» (1888), «Lázaro Consul» (1889), «Pavilhão Vermelho» (1890), «O Marquês de Salisbury» (1890), etc. Convindo aqui abrir um parêntesis, a fim de fazer alusão ao brilhante prosador que também foi Bulhão Pato, cujas primeiras tentativas foram ensaiadas com os romances «Matilde» e «O Vento do Levante», seguido dos trabalhos de grande impacto «Sob os Ciprestes» e «Memórias», este em três volumes, começado a publicar em 1894 e terminado em 1907. Traduziu obras de alguns autores como Shakespeare, Victor Hugo e Lamartine. Diz-se que com a sua morte se apagaram os últimos ecos do romantismo em Portugal."

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas

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