O Professor Damião Peres foi docente da 1ª Faculdade de Letras da Universidade do Porto (1919-1928). Ficou conhecido por ter sido o responsável da "História de Portugal" editada pela Portucalense e conhecida comumente conhecida por "de Barcelos". Outros professores desta mesma faculdade:
Artur Magalhães Basto
Hernâni Cidade
Francisco Torrinha
Francisco Newton de Macedo
Augusto Ferreira Nobre
"Damião António Peres nasceu em Lisboa a 8 de Julho de 1889. Após a conclusão do Curso Superior de Letras escolheu a carreira de professor liceal de História, tendo sido colocado no Liceu do Funchal entre 1912 e 1915. Neste estabelecimento de ensino exerceu, também, as funções de reitor.
Em 1919, após transferência para o Liceu de Gil Vicente, em Lisboa, onde desenvolveu laços de amizade com Leonardo Coimbra, realizou uma missão de estudo a Espanha, França e Suíça, com o propósito de estudar as instalações liceais para o ensino da Geografia. De novo em Portugal continental, interrompeu o magistério liceal para exercer funções docentes na recém-criada Faculdade de Letras do Porto, na sequência do convite que lhe foi feito pelo Ministro da Instrução Pública, Leonardo Coimbra. Foi, também, reitor interino desta instituição.
Na Faculdade de Letras do Porto, Damião Peres desempenhou funções como professor contratado do 4.º Grupo (Ciências Históricas). Findo o contrato de dois anos, foi reconduzido pelo Governo na qualidade de professor ordinário (professor catedrático depois da Reforma de 1926), tendo regido as cadeiras de Propedêutica Histórica, História de Portugal, História dos Descobrimentos e Colonização Portuguesa, História Geral da Civilização, Numismática e Esfragística, Epigrafia, Paleografia, Diplomática e História das Religiões. Entre Janeiro de 1920 e Julho de 1926 desempenhou as funções de Secretário da Faculdade, cargo para o qual foi eleito pelo respectivo Conselho Escolar.
Durante a segunda passagem de Leonardo Coimbra pelo Ministério da Instrução Pública (1925 a 1927), Damião Peres exerceu as funções de Chefe de Gabinete do Ministro durante um curto período de tempo.
Desde 1922 que Damião Peres se destacou como impulsionador da promoção científica das Ciências Humanas e Sociais na Universidade do Porto. Nesse ano fundou o Museu de Arqueologia Histórica, anexo à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, cuja direcção assumiu durante a sua breve existência.
Um pouco mais tarde iniciou a publicação da "Revista de Estudos Históricos" (1924-1926) e, em 1925, obteve a anuência para a criação do Instituto de Investigação Histórica da Universidade do Porto, destinado à orientação e difusão dos trabalhos de investigação científica no âmbito das Ciências Históricas, de que foi director. Em 1925 assumiu a direcção do Arquivo Histórico da Cidade do Porto, cargo que exerceu durante a sua estadia na cidade.
A 12 de Fevereiro de 1926, por decisão do Conselho Escolar da Faculdade de Letras do Porto, foi-lhe conferido o grau de Doutor em Letras – Ciências Históricas. Posteriormente, foi nomeado director desta Faculdade, entre 1926 e 1930. Após a promulgação do Decreto n.º 15 365, de 12 de Abril de 1928, que decretou a extinção da Faculdade de letras na Universidade do Porto, passou a exercer funções no Liceu Rodrigues de Freitas, onde leccionou até 28 de Fevereiro de 1930.
A convite da Universidade de Coimbra passou a leccionar na Faculdade de Letras como professor contratado em comissão de serviço. Aqui defendeu provas públicas para professor catedrático do 4.º Grupo, tendo apresentado a dissertação "A Diplomática portuguesa e a sucessão de Espanha: 1700-1704". Foi nomeado professor catedrático por decreto de 28 de Julho de 1931.
Até à data da sua jubilação, em 1959, manteve o vínculo com esta instituição, partilhando a carreira docente universitária com a investigação científica, participando na publicação da "Biblioteca Etnográfica e Histórica Portuguesa" e da "Revista Portuguesa de História" (1941) e exercendo, ainda, o cargo de Director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (1940-1944).
A incontestável reputação de Damião Peres como numismata, demonstrada, por exemplo, na organização da colecção de numismática do Museu Municipal do Porto, conduziu ao convite para que assumisse o cargo de director do Museu Numismático Português, anexo à Casa da Moeda, cargo em que foi reconduzido até à data da aposentação.
No plano científico podem referir-se a participação em várias conferências nacionais e internacionais, a direcção da comissão portuguesa do Comité International des Sciences Historiques, as palestras radiofónicas sobre a História de Portugal na Emissora Nacional, as funções de secretário-geral da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa de História até 1973.
Damião Peres faleceu no Porto a 26 de Outubro de 1976, legando o seu nome à direcção da colecção "História de Portugal" (1928-1954), tradicionalmente designada “de Barcelos”, uma das mais sólidas e completas monografias publicadas no século XX."
Texto original publicado na página da Universidade do Porto
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