O interregno de doze anos que mediaram o incêndio do Real Teatro de São João (1908) e a entrada em funcionamento do novo Teatro de São João (1920) constituiu uma janela de oportunidades que os outros teatros da cidade não desprezaram. Todos eles realizaram obras de melhoramento, competindo entre si para temporariamente ocupar o lugar do único “teatro de primeira ordem” da cidade. O Teatro Carlos Alberto foi um deles. O seu nome evoca o rei da Sardenha que morreu exilado no Porto, em 1849, e que tinha sido acolhido no Palacete do Barão do Valado, em cujo jardim o teatro foi edificado por iniciativa de Manuel da Silva Neves. Inaugurado no dia 14 de Outubro de 1897, foi desde o início um espaço vocacionado para a apresentação de espectáculos de cariz popular: do “circo de cavalinhos” às operetas, do teatro ligeiro ao cinema.
Numa altura em que se encontrava quase exclusivamente remetido à exibição de filmes, a Secretaria de Estado da Cultura avançou para o seu aluguer em finais da década de 1970. O Auditório Nacional Carlos Alberto abria as suas portas no dia 29 de Setembro de 1980, passando a acolher uma programação mais diversificada, aventura que terminaria em Março de 2000 com uma festa sugestivamente intitulada DesANCA – Destruição Sistemática do Auditório Nacional Carlos Alberto. Com a aproximação do evento Capital Europeia da Cultura, o edifício foi adquirido pela Sociedade Porto 2001.
Manter o seu valor simbólico e proceder à actualização da tradição do seu uso foram os desafios assumidos no projecto assinado pelo arquitecto Nuno Lacerda Lopes. Um lugar de cultura com uma forte presença na memória colectiva da cidade, logo, um lugar de escala diversificada que o projecto desenvolveu, com espaços acentuadamente verticais em confronto com outros excepcionalmente horizontais, propondo corpos com materiais opacos e sólidos em oposição à transparência e à desmaterialização de outros, onde palco e plateia se (con)fundem, e onde os espaços perdidos, agora conquistados como foyer, funcionam como uma extensão de uma rua antiga e estreita que nesse interior se transforma em praça. A introdução de novos elementos distingue-se funcionalmente pela utilização de matérias diferentes – do corpo em madeira da administração, à caixa de vidro para a vivência pública e ao paralelepípedo de betão que assegura a circulação vertical pela caixa do elevador – que não desprezam a estrutura base e provocam uma necessária imagem de encontro e cruzamento de atitudes estéticas, num convite à intersecção entre a linguagem arquitectónica e a expressão cenográfica. Após um atribulado processo de avanços e recuos, o renovado Teatro Carlos Alberto era finalmente devolvido à cidade na noite de 15 de Setembro de 2003.
Numa altura em que se encontrava quase exclusivamente remetido à exibição de filmes, a Secretaria de Estado da Cultura avançou para o seu aluguer em finais da década de 1970. O Auditório Nacional Carlos Alberto abria as suas portas no dia 29 de Setembro de 1980, passando a acolher uma programação mais diversificada, aventura que terminaria em Março de 2000 com uma festa sugestivamente intitulada DesANCA – Destruição Sistemática do Auditório Nacional Carlos Alberto. Com a aproximação do evento Capital Europeia da Cultura, o edifício foi adquirido pela Sociedade Porto 2001.
Manter o seu valor simbólico e proceder à actualização da tradição do seu uso foram os desafios assumidos no projecto assinado pelo arquitecto Nuno Lacerda Lopes. Um lugar de cultura com uma forte presença na memória colectiva da cidade, logo, um lugar de escala diversificada que o projecto desenvolveu, com espaços acentuadamente verticais em confronto com outros excepcionalmente horizontais, propondo corpos com materiais opacos e sólidos em oposição à transparência e à desmaterialização de outros, onde palco e plateia se (con)fundem, e onde os espaços perdidos, agora conquistados como foyer, funcionam como uma extensão de uma rua antiga e estreita que nesse interior se transforma em praça. A introdução de novos elementos distingue-se funcionalmente pela utilização de matérias diferentes – do corpo em madeira da administração, à caixa de vidro para a vivência pública e ao paralelepípedo de betão que assegura a circulação vertical pela caixa do elevador – que não desprezam a estrutura base e provocam uma necessária imagem de encontro e cruzamento de atitudes estéticas, num convite à intersecção entre a linguagem arquitectónica e a expressão cenográfica. Após um atribulado processo de avanços e recuos, o renovado Teatro Carlos Alberto era finalmente devolvido à cidade na noite de 15 de Setembro de 2003.
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