A fotografia que ilustra esta crónica foi-me enviada por um leitor acompanhada da seguinte pergunta " sabe dizer-me onde é isto ?"
A resposta não é difícil porque na foto há elementos à vista que ajudam, facilmente, a identificar o local.
Trata-se do troço da Rua de Sá da Bandeira junto ao cruzamento com a Rua de Fernandes Tomás.
Basta olhar com atenção para ver, em plano recuado, a cúpula da torre da capela da Senhora da Boa Hora, também conhecida por capela de Fradelos; e, antes da torre, a vemos a casa esqueleto para exercício dos bombeiros de quando os Sapadores tinham o seu quartel na Rua de Gonçalo Cristóvão.
Vale a pena falar um pouco da história da Rua de Sá Bandeira que começou a ser construída três anos depois de terminado o Cerco do Porto, ou seja em 1836.
O primeiro troço que se construiu da nova artéria foi aberto ao longo da cerca do convento dos padres da Congregação de S. Filipe de Nery. Esse troço é a actual Rua de Sampaio Bruno. Inicialmente deu-se-lhe o nome de Sá da Bandeira. Isso aconteceu em 1837. Aquele bravo militar que combatera no Cerco ainda era vivo e a Câmara do Porto teve que lhe pedir autorização colocar o seu nome numa artéria da cidade. Sá da Bandeira anuiu ao pedido.
O convento dos Congregados, de que apenas resta a igreja, ocupava todo o quarteirão que envolve a zona nascente da Praça da Liberdade e a Rua de Sá da Bandeira, e estendia-se muito para além da actual Rua de Sampaio Bruno ao longo de uma estreita viela que corria paralela ao muro da cerca e que por isso se chamava dos Congregados. Ainda existe, agora com a designação de travessa. Ligava a igreja do referido mosteiro à desaparecida Quinta do Laranjal em cujos terrenos se viria a abrir, anis mais tarde, uma artéria que começou por se chamar Rua do Bispo, por serem propriedade da Mitra os terrenos da aludida quinta, depois deram-lhe o nome de D. Pedro, o quarto, claro, com a implantação da república passou a ser designada por Rua de Elias Garcia. Desapareceu com a abertura da Avenida dos Aliados.
Mas foi da Rua de Sá da Bandeira que me propus tratar. Voltemos, portanto, ao ponto de partida.
Antes porém, mais uma informação que ajudará o leitor a perceber melhor de como se processou a urbanização desta parte da cidade. Até 1836, ano em que se deu inicio às obras para a abertura da rua que viria a ter o nome de Sampaio Bruno, na parte da cidade compreendida entra as ruas de Santa Catarina, Bonjardim e Formosa, havia apenas a Rua do Bonjardim, que descia até muito perto da igreja dos Congregados; e as vielas da Neta, das Pombas e dos Tintureiros. Esta última é a actual Travessa do Bonjardim; a Viela das Pombas á a actual Rua de António Pedro e que antes se chamou Travessa do Grande Hotel. A Viela da Neta era uma estreita e comprida artéria que descia desde a Rua Formosa até um local da actual Rua de Sá da bandeira que podemos situar em frente ao café A Brasileira. Essa viela desapareceu quando, em 1875 se começou a construir a parte da Rua de Sá da Bandeira desde a Rua do Bonjardim, junto à Viela dos Congregados, até à Rua Formosa. Da Viela da Neta ficou um pequeno apontamento a que se deu o nome de Travessa da Rua Formosa, e que fica mesmo em frente ao palacete que foi do conde do Bolhão e fazia ligação com a Rua de Sá da Bandeira. Escrevi "fazia" e escrevi bem porque a travessa encontra-se fechada ao trânsito e a peões e temo que venha a desaparecer com as obras que estão projectadas para aquele sítio.
As obras para a abertura da nova rua até à Rua Formosa foram muito demoradas por causa das expropriações que tiveram de ser feitas, apesar de haver ainda, entre a Rua de santa Catarina e a tal Viela da Neta, muitos terrenos de cultivo, hortas e pomares pertencentes, na sua maior parte, a D. Antónia Adelaide Ferreira, a célebre Ferreirinha da Régua.
Foi já no dealbar do século XX (1904) que se começou a falar na construção da parte da nova artéria, entre a Rua Formosa e a Rua de Fernandes Tomás. No entanto as obras só começaram, efectivamente, no ano de 1911.
Quatro anos depois projectava-se um novo alongamento da rua, mas para o Sul. Havia um projecto camarário que previa o alargamento e modernização da medieval Rua do Bonjardim, na parte que ia dos Congregados à entrada da actual Rua de Trinta e um de Janeiro. O projecto vingou. Alargou-se a parte inferior da Rua do Bonjardim que ficou a ser uma continuidade da Rua de Sá da Bandeira. Estávamos em 1916.
O prolongamento da Rua de Fernandes Tomás até à Rua de Gonçalo Cristóvão teve inicio em 1924. Para tanto muito contribuiu uma tragédia que ficou memorável na cidade daquele tempo.
No dia 26 de Julho de 1924 um violento incêndio destruiu totalmente três prédios da Rua de Fernandes Tomás. Foi o pretexto para se dar continuidade ao prolongamento da Rua de Sá da Bandeira para Norte. A demolição do que restou dos imóveis calcinados abriu, por assim dizer, caminho para a nova empreitada.
A resposta não é difícil porque na foto há elementos à vista que ajudam, facilmente, a identificar o local.
Trata-se do troço da Rua de Sá da Bandeira junto ao cruzamento com a Rua de Fernandes Tomás.
Basta olhar com atenção para ver, em plano recuado, a cúpula da torre da capela da Senhora da Boa Hora, também conhecida por capela de Fradelos; e, antes da torre, a vemos a casa esqueleto para exercício dos bombeiros de quando os Sapadores tinham o seu quartel na Rua de Gonçalo Cristóvão.
Vale a pena falar um pouco da história da Rua de Sá Bandeira que começou a ser construída três anos depois de terminado o Cerco do Porto, ou seja em 1836.
O primeiro troço que se construiu da nova artéria foi aberto ao longo da cerca do convento dos padres da Congregação de S. Filipe de Nery. Esse troço é a actual Rua de Sampaio Bruno. Inicialmente deu-se-lhe o nome de Sá da Bandeira. Isso aconteceu em 1837. Aquele bravo militar que combatera no Cerco ainda era vivo e a Câmara do Porto teve que lhe pedir autorização colocar o seu nome numa artéria da cidade. Sá da Bandeira anuiu ao pedido.
O convento dos Congregados, de que apenas resta a igreja, ocupava todo o quarteirão que envolve a zona nascente da Praça da Liberdade e a Rua de Sá da Bandeira, e estendia-se muito para além da actual Rua de Sampaio Bruno ao longo de uma estreita viela que corria paralela ao muro da cerca e que por isso se chamava dos Congregados. Ainda existe, agora com a designação de travessa. Ligava a igreja do referido mosteiro à desaparecida Quinta do Laranjal em cujos terrenos se viria a abrir, anis mais tarde, uma artéria que começou por se chamar Rua do Bispo, por serem propriedade da Mitra os terrenos da aludida quinta, depois deram-lhe o nome de D. Pedro, o quarto, claro, com a implantação da república passou a ser designada por Rua de Elias Garcia. Desapareceu com a abertura da Avenida dos Aliados.
Mas foi da Rua de Sá da Bandeira que me propus tratar. Voltemos, portanto, ao ponto de partida.
Antes porém, mais uma informação que ajudará o leitor a perceber melhor de como se processou a urbanização desta parte da cidade. Até 1836, ano em que se deu inicio às obras para a abertura da rua que viria a ter o nome de Sampaio Bruno, na parte da cidade compreendida entra as ruas de Santa Catarina, Bonjardim e Formosa, havia apenas a Rua do Bonjardim, que descia até muito perto da igreja dos Congregados; e as vielas da Neta, das Pombas e dos Tintureiros. Esta última é a actual Travessa do Bonjardim; a Viela das Pombas á a actual Rua de António Pedro e que antes se chamou Travessa do Grande Hotel. A Viela da Neta era uma estreita e comprida artéria que descia desde a Rua Formosa até um local da actual Rua de Sá da bandeira que podemos situar em frente ao café A Brasileira. Essa viela desapareceu quando, em 1875 se começou a construir a parte da Rua de Sá da Bandeira desde a Rua do Bonjardim, junto à Viela dos Congregados, até à Rua Formosa. Da Viela da Neta ficou um pequeno apontamento a que se deu o nome de Travessa da Rua Formosa, e que fica mesmo em frente ao palacete que foi do conde do Bolhão e fazia ligação com a Rua de Sá da Bandeira. Escrevi "fazia" e escrevi bem porque a travessa encontra-se fechada ao trânsito e a peões e temo que venha a desaparecer com as obras que estão projectadas para aquele sítio.
As obras para a abertura da nova rua até à Rua Formosa foram muito demoradas por causa das expropriações que tiveram de ser feitas, apesar de haver ainda, entre a Rua de santa Catarina e a tal Viela da Neta, muitos terrenos de cultivo, hortas e pomares pertencentes, na sua maior parte, a D. Antónia Adelaide Ferreira, a célebre Ferreirinha da Régua.
Foi já no dealbar do século XX (1904) que se começou a falar na construção da parte da nova artéria, entre a Rua Formosa e a Rua de Fernandes Tomás. No entanto as obras só começaram, efectivamente, no ano de 1911.
Quatro anos depois projectava-se um novo alongamento da rua, mas para o Sul. Havia um projecto camarário que previa o alargamento e modernização da medieval Rua do Bonjardim, na parte que ia dos Congregados à entrada da actual Rua de Trinta e um de Janeiro. O projecto vingou. Alargou-se a parte inferior da Rua do Bonjardim que ficou a ser uma continuidade da Rua de Sá da Bandeira. Estávamos em 1916.
O prolongamento da Rua de Fernandes Tomás até à Rua de Gonçalo Cristóvão teve inicio em 1924. Para tanto muito contribuiu uma tragédia que ficou memorável na cidade daquele tempo.
No dia 26 de Julho de 1924 um violento incêndio destruiu totalmente três prédios da Rua de Fernandes Tomás. Foi o pretexto para se dar continuidade ao prolongamento da Rua de Sá da Bandeira para Norte. A demolição do que restou dos imóveis calcinados abriu, por assim dizer, caminho para a nova empreitada.
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