Sobre Rocha Peixoto a página camarária diz-nos: "António Augusto da Rocha Peixoto,nasceu na Póvoa de Varzim em 18/05/1866 e faleceu em Matosinhos a 02/05/1909. Naturalista, etnólogo e arqueólogo, foi uma das figuras marcantes na vida cultural portuguesa na transição do século XIX para o nosso século." E a Wikipédia poucos detalhes nos dá!
É uma rua estranha que só a partir do século XXI encontrou uma certa utilidade para quem se quer dirigir ao centro da cidade.
É uma rua estranha porque do outro lado da rua encontramos isto:
Actualização | Dezembro 2013:
Por mero acaso descobri que a Universidade do Porto presta homenagem ao seu antigo aluno.
Passo a transcrever:
« António Augusto César Octaviano da
Rocha Peixoto nasceu a 18 de Maio de 1866 no n.º 20 da antiga Rua da
Silveira (actual Rua Rocha Peixoto), na Póvoa de Varzim.
O 11.º dos 12 filhos de António Luís
da Rocha Peixoto, médico, cirurgião e militante miguelista, natural
de Arcos de Valdevez, e de Constança Amélia da Costa Pereira
Flores, de Vila do Conde, foi baptizado na Igreja Paroquial de Nossa
Senhora da Conceição, a 21 de Maio.
Em 1874 ficou órfão de pai,
acontecimento que dificultou grandemente a sua vida, obrigando-o a
trabalhar para prover o sustento da mãe e de três irmãs, ainda
antes de completar a formação académica.
Em criança tinha um aspecto frágil
que o ajudava a esconder um carácter dotado de grande força de
vontade. Estudou no Colégio de Nossa Senhora do Rosário, no Porto,
e, aos 15 anos de idade, ajudou a fundar a revista estudantil
"Boletim Litterario. Revista Académica Mensal", que
produziu 3 números.
Em 1883, com dezasseis anos e sob o
nome de Augusto César, publicou artigos críticos sobre os Jesuítas
no jornal da Póvoa de Varzim, intitulado "A Independência",
em resposta a Afonso dos Santos Soares, defensor confesso da
Companhia de Jesus.
No ano seguinte, já estudava no
Instituto Escolar de S. Domingos (depois convertido na Escola
Académica), nas proximidades da Rua da Sovela, no Porto, tendo por
condiscípulos António Nobre e Alexandre Braga.
Aquando da mudança da Escola Académica
para a Quinta do Pinheiro, conviveu com Hamilton de Araújo, Fonseca
Cardoso e Ricardo Severo, organizadores do "Grémio Oliveira
Martins".
Em 1887, na Academia Politécnica do
Porto, fundou com Fonseca Cardoso, João Barreira, Ricardo Severo e
Xavier Pinho a "Sociedade Carlos Ribeiro". Este grupo, ao
qual se juntou Basílio Teles, António Arroio, António Nobre e
Augusto Nobre, reunia-se numa casa na zona do Moinho de Vento para
debater a crise nacional. Destas reuniões resultou a publicação da
"Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes", entre 1890 e
1898, dirigida por Rocha Peixoto, Ricardo Severo e Wenceslau de Lima.
Nesses tempos de estudante, Rocha
Peixoto publicou artigos a folhetos sobre a degradação do Museu
Municipal do Porto, colaborou em opúsculos e jornais, como "O
Primeiro de Janeiro", do Porto, e "O Século", de
Lisboa, e também participou em tertúlias musicais, tocando
guitarra, tendo mesmo chegado a compor uma valsa intitulada
"Lavandisca".
Rocha Peixoto participou na Tumulto de
31 de Janeiro de 1891, como nos conta Basílio Teles na sua obra "Do
Ultimatum ao 31 de Janeiro: esboço d' historia política". Nela
refere que Peixoto e Ricardo Severo, na manhã desse dia histórico,
o convocaram para aparecer na Foz para o pôr a par dos
acontecimentos. Os três vistoriaram o centro do Porto, para se
inteirarem das movimentações das tropas fiéis ao Governo, e Rocha
Peixoto escreveu um manifesto dirigido à população civil, em
especial ao operariado, com o intuito de instigar a agitação social
e assim perturbar a Guarda Municipal. Com a consciencialização do
fracasso desta sublevação, Basílio Teles e Ricardo Severo deixaram
Rocha Peixoto e centraram-se na busca de auxílio para os revoltosos.
Foi secretário da "Revista de
Portugal" (1891-1892), dirigida por Eça de Queirós, organizou
o "Catálogo de Mineralogia, Geologia e Paleontologia: Extracto
do Annuário de 1890-91", da Academia Politécnica do Porto. Em
1893 passou a ser sócio da Academia das Ciências e desempenhou o
cargo de bibliotecário no Ateneu Comercial do Porto (1893-1900).
Em 1895 começou a colaborar com a
"Revista d'Hoje" e recebeu o diploma de académico da
Classe de Ciências Matemáticas, Físicas e Naturais.
Pela altura da extinção do grupo
"Sociedade Carlos Ribeiro" e da "Revista de Sciencias
Naturaes e Sociaes" (1898), Rocha Peixoto leccionava Geografia e
Ciências Físico-Naturais na Escola Industrial Infante D. Henrique,
no Porto.
Em 1899 associou-se à nova revista
"Portugália", de carácter nacionalista, que tomou o lugar
da "Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes". Esta
publicação, dirigida por Ricardo Severo, contava com Fonseca
Cardoso, como secretário, e com Rocha Peixoto, como redactor-chefe e
articulista.
Em meados de 1900 foi nomeado
Conservador do Museu Municipal do Porto, então instalado num
edifício da Rua da Restauração, e, em 28 de Junho desse ano,
acumulou esse cargo com o de Director da Biblioteca Pública
Municipal do Porto, de que foi Director Interino entre 1900 e 1904 e
Director Efectivo entre 1904 e 1909.
A sua relação com o Museu Municipal
era anterior à sua entrada na instituição, pois, ainda estudante
na Academia Politécnica do Porto, escrevera sobre o seu estado
ruinoso, no título "O Museu Municipal do Porto (História
Natural)" e no artigo "O Museu da Restauração"
publicado n' "O Primeiro de Janeiro", em 1893. Em 1894, no
mesmo jornal, sugeriu que a edilidade portuense comprasse a colecção
de faiança de Guerra Junqueiro e, em 1897, integrou uma comissão de
estudo da reorganização do museu e da sua instalação num novo
edifício.
Durante a comissão de serviço no
Museu, organizou as diversas secções do acervo desta instituição,
a saber, a de Mineralogia, de Paleontologia, de Etnografia, de
Arqueologia, de Artes Decorativas e de Numismática, melhorou os
espólios de pintura e de azulejo e promoveu obras no edifício. Em
1902, com Joaquim de Vasconcelos, criou o "Guia do Museu
Municipal do Porto", iniciou a transferência do Museu para as
suas novas instalações, anexas à Biblioteca (1902-1905), e dotou-o
de peças provenientes do Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde,
iniciativa que levantou alguma polémica.
No período em que presidiu aos
destinos da Biblioteca, fomentou profundas obras de restauro do
edifício, a reorganização dos seus serviços e a reforma e
modernização da classificação e catalogação dos livros. Criou
três pequenas bibliotecas no Porto (no Bonfim, em Cedofeita e na
Foz, com título modernos existentes em duplicado na B.P.M.P.),
favoreceu doações às bibliotecas da Póvoa de Varzim e de Ponte de
Lima e, ainda, mandou colocar nas paredes do claustro da Biblioteca
Pública (antigo claustro do convento de Santo António da Cidade)
azulejos quinhentistas e barrocos, oriundos de extintos conventos do
Norte de Portugal (de Santa Clara e de São Bento de Ave Maria, do
Porto, de Santa Clara e de S. Francisco, de Vila do Conde, de Grijó,
em Vila Nova de Gaia, etc.).
No final de 1901 foi nomeado
naturalista-adjunto da secção de Mineralogia da Academia
Politécnica do Porto e, em 1903, foi enaltecido pelo Ministro Luís
Augusto Pimentel Pinto, juntamente com os outros responsáveis da
revista "Portugália".
Em 1908 passou uma temporada nas termas
do Peso de Melgaço, onde fez amizade com um grupo de utentes da
estância termal, entre os quais se destacavam o Dr. Teixeira de
Sousa, de Chaves, o Dr. Silva Gaio, Secretário da Universidade de
Coimbra, e o artista portuense António Carneiro. A esse grupo chamou
"Academia".
Apesar da ligação académica, cultural e
profissional ao Porto, Rocha Peixoto nunca deixou de manter um forte
vínculo à sua terra natal, comprovado pelos estudos sobre o
património arqueológico, histórico, e etnológico da Póvoa de
Varzim. Foi responsável pelas primeiras escavações da Cividade de
Terroso, do Castro de Laúndos e da vila de Martim Vaz, envolveu-se
na questão da naturalidade de Eça de Queirós e empenhou-se na
defesa da comunidade piscatória poveira, que influenciou, entre
outros, os trabalhos de Fonseca Cardoso (estudo antropológico sobre
os pescadores da Póvoa, editado na "Portugália", em
1908), de Cândido Landolt (livro sobre o Folk-Lore da Póvoa de
Varzim, de 1915) e de António dos Santos Graça ("O Poveiro",
de 1932). Não é, portanto, de estranhar, que tenha legado a sua
biblioteca, constituída por mais de 2.000 títulos, à Biblioteca
Municipal da Póvoa de Varzim.
Este notável naturalista, professor, antropólogo, etnólogo
e escritor faleceu em Matosinhos, vítima de tuberculose aguda
seguida de uma crise, a 2 de Maio de 1909.
Na altura da sua morte trabalhava no
Porto como naturalista-adjunto da Academia Politécnica, como
Director da Biblioteca Pública e do Museu Municipal do Porto e,
ainda, como professor de Geografia e de Ciências Físico-Naturais da
Escola Industrial Infante D. Henrique.
Do Cemitério de Agramonte, no Porto,
onde foi sepultado, o seu corpo foi trasladado para o Cemitério da
Póvoa de Varzim, em 16 de Maio de 1909, a pedido da Câmara
Municipal poveira.
(Universidade Digital / Gestão de
Informação, 2010) »
A Biblioteca Municipal da Póvoa de
Varzim também publica uma cronologia de Rocha Martins nesta página.
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