Uma das associações (profissionais) que continua viva desde 1882 na cidade.
Só ontem soube que o funeral de Abel Salazar esteve programado para este local tão simbólico da cidade, através do blogue "A Cidade Surpreendente". Na altura os esbirros da PIDE impediram que tal coisa se realizasse...
Actualização:
Após publicação solicitei ao amigo Augusto Baptista uma mão cheia de linhas para relatar um pouco do historial da associação à qual pertence e participa há alguns anos.
Em desordem, aqui vai o seu texto:
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Data da fundação da AJHLP - 13 de Outubro de 1882
Corpos Gerentes da AJHLP (2012 a 2014)
Assembleia Geral
Germano Silva; António Cadete Leite; Vergílio Alberto Vieira.
Direcção
Francisco Duarte Mangas; Augusto Baptista; Carlos Cunha; Jaime Froufe de Andrade; Manuela Espírito Santo; Nuno Higino; Paulo Silva.
Conselho Fiscal
Manuel Leal Freire; José Vigário; Onofre Varela. »
Actualização:
Após publicação solicitei ao amigo Augusto Baptista uma mão cheia de linhas para relatar um pouco do historial da associação à qual pertence e participa há alguns anos.
Em desordem, aqui vai o seu texto:
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Carregar
água com a peneira
AJHLP:
Cento e Trinta e um anos
A Associação
dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto completa, no próximo dia
13 de Outubro, 131 anos. Instituição aberta à sociedade,
solidária. Desde sempre desaprovou a cómoda visão paroquial,
bairrista, para abarcar a prodigiosa diversidade do mundo. Os
primeiros estatutos, coligidos por Sampaio Bruno no ano de 1885,
realçam a defesa da liberdade de expressão, a representação
condigna da classe, o socorro e protecção aos associados. Mais de
um século depois, como se o nosso ofício fosse o de carregar água
com a peneira, nada ainda está garantido: a matriz permanece
inalterável, a firmeza de um dia chegarmos com a peneira cheia de
água também.
Somos
mais de quatro centenas de escritores, jornalistas, actores, artistas
plásticos, personalidades
ligadas à ciência – de Portugal, de outras partes da lusofonia,
da Galiza. Em Junho
de 1901, dezasseis anos depois da abertura, entre os membros da
Associação aparece a primeira
mulher: Clorinda de Macedo, professora e poetisa.
Intensa
actividade cultural marca o longo caminho: por aqui andaram e
repartiram a palavra centenas
de intelectuais: como Érico Veríssimo, Leonardo Coimbra,
Alberto Moravia, Umberto Eco,
Teixeira de Pascoaes, Eugénio de Andrade, Luísa Dacosta,
José Saramago ou Lawrence Ferlinghetti. Óscar
Lopes, durante anos membro do Conselho Literário, foi na década de
sessenta, do século passado, um dos responsáveis da programação
de vanguarda desta casa
que nem sempre o Porto soube respeitar. Quem carrega água na peneira
não desiste, jamais
abdica.
Empresa
imaginativa e persistente, com Loureiro Dias à frente de um restrito
grupo de associados,
foi a construção da sede. O Presidente da República Bernardino
Machado lançou a primeira
pedra; anos depois, por volta de 1930, a pedra fez-se casa da palavra
não cativa, no coração
da cidade. Um ano volvido, por iniciativa de Leonardo Coimbra,
a Associação dos Jornalistas
e Homens de Letras do Porto propunha Teixeira de
Pascoaes a candidato português ao
Prémio Nobel da Literatura. Mais tarde, em períodos diferentes,
indicava à Academia Sueca os
nomes de Aquilino Ribeiro,
Miguel Torga e, por
fim, Agustina
Bessa-Luís.
A
AJHLP dispõe de biblioteca com cerca de 30
mil títulos e arquivo de
manuscritos, fotografias e
outros documentos de importância cultural de relevo. Dispõe ainda,
e talvez seja essa a sua maior
riqueza, de imensa capacidade de regeneração: de ser memória
múltipla e desfechar as grandes
alamedas do devir.
II.
Biblioteca,
Auditório, Bar
Nos
anos sessenta, o edifício-sede da Associação, construído três
décadas antes, mostra os primeiros sinais de degradação. Em 1974 é
negociado com a Fundação Gulbenkian um apoio para as obras. A
Câmara Municipal do Porto obriga a subir mais dois andares, o que
absorve as primeiras verbas. Retraiu-se a Gulbenkian. Entretanto, um
subsídio da Secretaria de Estado da Cultura e a oferta de materiais,
por parte de algumas empresas, permitem concluir as obras do primeiro
andar – primeiro e único, até hoje.
O
edifício é composto por cinco pisos; o rés-do-chão está ocupado
por dois
estabelecimentos comerciais.
Segundo
o projecto dos arquitectos António Portugal e Fernando Lanhas, reformulado agora pelos
arquitectos Emílio Teixeira Lopes e Pedro Gomes, os dois últimos
andares destinam-se à
instalação da Biblioteca/Hemeroteca, Sala de Leitura, e do
Auditório multiusos com capacidade
para cem lugares. No terceiro piso fica o bar/
café-concerto. O restante espaço destina-se
aos serviços da AJHLP, depósito de espólio, arquivos e ateliers de
criação.
III.
Meio
milhão de poemas
A actividade
associativa, nos últimos anos, além da estrutural questão das
obras, repartiu-se por colóquios, edições, acções de rua,
conferências, lançamento de livros. A AJHLP cooperou com autarquias
(Porto, Vila do Conde, Gaia, Paços de Ferreira, Espinho, Famalicão,
Fafe, etc.) e instituições como a Sociedade Portuguesa de Autores,
Associação Portuguesa de Escritores, Clube e Sindicato dos
Jornalistas, Associação de Escritores em Língua Galega, Associação
de Escritores de Espanha, Instituto Italiano de Cultura, Festival de
Poesia do Condado (Galiza), Inatel, Instituto Português da
Juventude. Foi a primeira instituição do Porto que José
Saramago visitou depois de conquistar o Nobel da
Literatura. Alguns dos seus romances, na década de oitenta, foram
aqui lançados. Do lado português, foi a entidade organizadora do
Prémio de Narrativa Galega e Portuguesa. Este galardão,
patrocinado pelo Eixo Atlântico, é único no género entre os dois
países.
A
Poesia está na Rua
No
25º aniversário do 25 de Abril, A AJHLP, com apoio do Inatel,
distribuiu cerca de meio milhão
de poemas, impressos em panfletos, em todas as cidades do País,
de 50 poetas de Portugal,
Galiza, Timor e Brasil. O Presidente da República, Jorge Sampaio,
participou na distribuição
dos poemas – todos eles inéditos – nas ruas do Porto. Aderiram à
iniciativa, entre
outros,
os poetas: Eugénio de Andrade, Manoel de Barros (Brasil), Xanana
Gusmão (que nos enviou
um poema da Indonésia, quando ainda se encontrava na prisão), Mário
Cláudio, Maria Teresa
Horta, Daniel Faria, Pedro Tamen, Urbano Tavares Rodrigues. Além dos
poemas em panfletos,
publicámos, em cartaz, dez poemas de dez autores portugueses
entretanto desaparecidos:
Natália Correia, Ruy Belo, Alexandre O'Neil, Carlos de Oliveira,
José Gomes
Ferreira,
Luíza Neto Jorge, Luís Veiga Leitão, David Mourão Ferreira.
Auto-retrato
do Artista Enquanto Jovem
Ciclo
dedicado à divulgação de novos autores e criadores de diversas
expressões. Entre outros,participaram Daniel
Faria(poeta), Manuel Jorge Marmelo (escritor),
Rui Pinheiro (fotógrafo), Sílvia
Brito (actriz).
A
Liberdade de Imprensa na América Latina,
com a presença de veteranos da luta pela liberdade
de expressão no México, Argentina e Brasil.
Lorca
Politicamente Incorrecto, conferência proferida pelo Prof.
Alonso Montero.
Evocação
a Ferreira de Castro, pelo escritor e cineasta António
Amorim.
Homenagem
ao poeta Papiniano Carlos, com participação, entre outros, de
Urbano Tavares Rodrigues
e José António Gomes.
Homenagem
aos Poetas da Centelha, esta
iniciativa integrou uma exposição das obras publicadas
pela editora coimbrã, antes do 25 de Abril; a edição do
livro: Poetas da Centelha, com
inéditos de António Manuel Lopes Dias, Manuel Alegre, José Manuel
Mendes e Rui Namorado .
Prémio
Revelação de Poesia Almeida Garrett,
destinado a poetas com idades até 30 anos,
este prémio teve a sua primeira edição em 1999, e vai ser agora
retomado. O livro vencedor, Egon
Schiele, Auto-retrato de Dupla Encarnação,
Valter Hugo Mãe, foi editada pela AJHLP.
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Data da fundação da AJHLP - 13 de Outubro de 1882
Corpos Gerentes da AJHLP (2012 a 2014)
Assembleia Geral
Germano Silva; António Cadete Leite; Vergílio Alberto Vieira.
Direcção
Francisco Duarte Mangas; Augusto Baptista; Carlos Cunha; Jaime Froufe de Andrade; Manuela Espírito Santo; Nuno Higino; Paulo Silva.
Conselho Fiscal
Manuel Leal Freire; José Vigário; Onofre Varela. »
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