11.12.14

Jardim Paulo Vallada

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Nota biográfica publicada originalmente em:

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto



"António Guilherme Paulo Vallada nasceu no Porto em 1924, no seio de uma família burguesa. No ano lectivo de 1946-1947 matriculou-se no Curso de Engenharia Civil, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Terminou a licenciatura em 1949, com a classificação de 13 valores. Em 1950 partiu para Itália, onde frequentou um curso de pós-graduação no Instituto Politécnico de Milão.

Nos anos cinquenta iniciou a sua actividade profissional em África. Entre 1950 e 1958 trabalhou como engenheiro e construtor, em Moçambique. Criou e administrou empresas de construção civil e obras públicas (Caminho-de-ferro de Limpopo, o Liceu de António Enes, etc.) e metalomecânicas.

Nos anos 60 alargou a sua actividade a Angola e ao Brasil, essencialmente na área da construção civil.

Dos anos 70 e até ao fim da sua vida, administrou a sua empresa na Areosa, localizada junto à Estrada da Circunvalação, no Porto. Essa empresa havia sido comprada à família de Manuel Pinto de Azevedo, figura que muito admirava, e que veio a ser o primeiro "ninho de empresas" de Portugal, forma de incentivo à actividade empresarial moderna. Naquele período, assumiu também o cargo de administrador do Complexo do Cachão, no decurso do II Governo Provisório (1974).


A par da sua actividade profissional, exerceu uma reconhecida acção social e cultural em prol do Porto. Foi presidente da Direcção do Círculo de Cultura Teatral (T. E. P.), secretário regional da SEDES (Associação para o Desenvolvimento Económico e Social), entre 1972 e 1974, fundador da CNAE (Conselho Nacional das Associações Empresariais) e da APGE (Associação Portuguesa de Gestão de Empresas) e presidente da Associação Comercial do Porto (1979-1983).

Eleito presidente da Câmara Municipal do Porto em 1982, numa lista da Aliança Democrática, foi capaz de gerar consensos na Vereação e de realizar uma obra importante para a cidade. Durante os três anos da sua presidência, destacam-se as seguintes iniciativas: as recuperações do Mercado Ferreira Borges, com o apoio do jornal O Comércio do Porto, e do Monumento ao Esforço Colonizador, projectado por Sousa Caldas e por Alferes Alberto Ponce de Castro, em 1934, e colocado na Praça do Império; a transferência das captações de águas de Zebreiros para Lever; o primeiro empréstimo obrigacionista de natureza autárquica, que fez escola; a resolução da questão da revisão do Plano Director da Cidade do Porto, transformado em Plano Director Municipal, sob a direcção do arquitecto Duarte Castel-Branco; a criação do Centro Regional de Artes Tradicionais; a colocação do conhecido Cubo da Ribeira, do mestre José Rodrigues, no centro histórico do Porto; a realização da Conferência Internacional Os Portugueses e o Mundo (Junho de 1985). Após o cumprimento do mandato, aceitou um lugar na lista do PSD concorrente à Assembleia Municipal do Porto para o mandato de 1989-93.


A sua intervenção pública no Porto não se limitou à actividade política na edilidade. Ajudou a revitalizar velhas instituições como a Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos, no âmbito da qual trouxe ao Douro, em 1993, a Regata do Infante, no contexto das comemorações do 5º Centenário das Descoberta da América. Impulsionou o início da conversão da Quinta de Serralves no Museu de Arte Contemporânea. Integrou a comitiva da Cooperativa Árvore presente nas derradeiras comemorações do 10 de Junho em Macau. Fundou e presidiu a Fundação da Juventude, na qual se instituiu uma Comunidade de Inserção com o seu nome. E participou nas Comemorações do 6º Centenário do Nascimento do Infante D. Henrique.

Esta figura carismática do Porto, reconhecida pela forte intervenção cívica e vasta cultura, morreu em Junho de 2006. Foi a enterrar a 5 desse mês, no cemitério de Agramonte, em Paranhos (*). Na missa de corpo presente realizada na Igreja do Corpo Santo juntaram-se inúmeros portuenses, anónimos e ilustres, que lhe quiseram prestar uma última homenagem. A urna funerária estava coberta pela bandeira da Associação Comercial do Porto." 
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)

(*) - Nota do editor do blogue: Como os portuenses sabem bem o Cemitério de Agramonte não se situa na freguesia de Paranhos.



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