13.2.15

Arte Pública - A Cultura

Já o afirmei em vários sítios acho que é urgente e mais do que necessário informar e divulgar a Arte Pública na cidade do Porto. 

O turista que vem descobrir o pitoresco das margens do rio também talvez tenha alguma sede de cultura para além de entrar numa das livrarias da cidade só para apreciar as escadas de betão armado (pensando que as mesmas sejam de madeira) e tentar levar um "recuerdo digital".

A Arte Pública é aquela que está perante os nossos olhos e alguns nem reparam nela nem sabem o que é nem quem é o autor. Apressado o portuense também muitas vezes que lá do alto da Latina o mais conhecido poeta português está representado.

Ela também está à porta dos cafés ou no seu interior. Exemplos não faltam quer no centro da cidade quer um pouco mais longe. Olhar para o conjunto monumental que existe no Palácio do Comércio ou para o Mercúrio do futuro Teatro do Bolhão parece ser um exercício deveras difícil.

Mais uma vez lanço o apelo: Vamos divulgar a arte pública? Mas de maneira simples e que esteja acessível ao mais comum dos cidadãos.

E isto porquê? 
Simplesmente porque duas ou três vezes que entrei na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda e reparei que uma escultura me acolhia à entrada. Depois rodeei a dita escultura, procurei no google e noutros sítios da internet e não encontrei. Há muita coisa aqui e ali mas aparentemente não há nada sistematizado em sítio nenhum. Nem na página da Câmara Municipal.

A escultura é esta


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O seu título é "Cultura", foi inaugurada em 1991 e o seu autor é Gustavo Bastos - esse mesmo escultor que realizou dois dos relevos da Ponte da Arrábida. 

Aqui manifesto o meu agradecimento à responsável do Serviço de Educação do Museu do Papel Moeda - Fundação Dr. António Cupertino de Miranda.




 Nota biográfica:

"Apontamentos biográficos sobre Gustavo Bastos 

Gustavo Bastos conclui, juntamente com Lagoa Henriques, o Curso de Escultura da Escola de Belas Artes do Porto em 1954, tendo ambos obtido a classificação final 20 valores. Barata Feyo, foi seu mestre na disciplina de Escultura, inserindo-o na sua equipe de estatuários. Em 1958 integra, como professor assistente, o corpo docente da Escola de Belas Artes do Porto, tendo-lhe sido atribuída, em 1959, uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, que lhe permitiu viajar, conhecer os museus de França e Itália onde contactou com a obra de Marino Marini, que admira. Ao longo dos anos vai ocupar os mais variados lugares dentro da Escola, terminando em 1998 como professor catedrático.
Para além de Professor e Mestre, Gustavo Bastos é um Escultor de estatuária, estendendo-se a sua obra a todo País (sobretudo em tribunais, edifícios públicos e monumentos de carácter histórico). No seu trabalho destacam-se o homem, o cavalo (muitas das vezes sendo representados num só volume) e a mulher. A sua escultura, de pendor figurativo,  é de grande rigor formal e material, deixando de parte os promenores, para assumir  uma contida expressão lírica. São figuras, ora solenes, ora serenas, sólidas, e de grande precisão, sendo notório a mestria com que trabalha os materiais.
Participou em variadíssimas exposições colectivas, embora julgo só ter realizado três exposições individuais, duas no Porto (na Galeria Alvarez em 1957 e na Galeria do JN) e uma em Lisboa (na Galeria do Diário de Notícias) em 1969. Em 1998, o Museu Municipal da Figueira da Foz produziu uma exposição retrospectiva da sua obra. Está representado um inúmeros museus e colecções.

Gustavo Bastos faz parte de um tempo em que as profissões eram abraçadas por vocação, sendo isso notório na maneira como ele desempenhou o seu papel como Professor/Mestre e Escultor. É esta a razão pela qual suponho que a sua presença no Seminário poderia ser um interessante testemunho de vocação e de vida.

Proposta de um roteiro às esculturas do Mestre que se podem ver na cidade do Porto:

Repouso (cimento, 1953)  junto ao lago do jardim das Belas Artes;

Honra e Concórdia (mármore de carrára, 1957) no Salão Nobre da C. M. do Porto;

Relevo (cimento, 1958) na Escola Secundária Aurélia de Sousa;

João Pedro Ribeiro (granito, 1961) no Tribunal da Relação;


Cabeça de Mulher (bronze) no Museu Soares dos Reis;

O domínio das águas pelo homem e O homem na sua possibilidade de transpor os cursos de água (bronze, 1963) relevos na Ponte da Arrábida;


Relevo (bronze, 1970) hall de entrada da Estação de S. Bento;

Relevo (bronze) Caixa Geral de Depósitos;

Os Cavaleiros do Apocalipse (bronze, 1970) no Passeio das Virtudes;


Estátua equestre de D. Afonso Henriques (bronze, 1984) no Museu Militar;


Monumento a Francisco Sá Carneiro (granito e bronze, 1990) na Praça de Velasquez;"

Maria Providência, Abril de 2009





1 comentário:

António Laúndes disse...

De Gustavo Bastos (foi meu professor na ESBAP) existe também um trabalho dele ( popularmente designado "Os Golfinhos") na rotunda da Rua Dr. Eduardo Torres , em Matosinhos ( perto do hospital Pedro Hispano)