«Tudo começou quando eu procurava identificar sítios da cidade actual com topónimos entretanto desaparecidos. Ao debruçar-me sobre escritos relacionados com a zona do actual Largo do Padrão descobri, com alguma surpresa, a informação de que, pelos finais do século XIX, se realizava nesta parte do Bonfim uma procissão em honra de Santo António.
A princípio julguei tratar-se da tradicional festa ao Santo Antoninho da Estrada que o Rancho Folclórico do Porto, há anos, em boa hora, reabilitou de esquecimento a que fora votada.
Mas não. A festa era outra.
Eu explico sei que, algures, junto ao actual Largo do Padrão, existiu a Viela dos Capuchos; e também sei que, por meados do século XIX, a referida viela ainda era uma simples artéria estreita e sinuosa que ligava o antigo Largo do Padrão das Almas ao convento dos frades franciscanos menores da Província da Conceição (Antoninhos de Santo António da Cidade) também conhecidos por Capuchos (daí a designação da viela) em cujo mosteiro, construído no ano de 1783, nos terrenos do antigo Campo de S. Lázaro, se instalou, em 1842, a Biblioteca Pública Municipal.
Quando, em 1843, se começou a rasgar a rua que hoje tem o nome de D. João IV, a Viela dos Capuchos desapareceu, absorvida pelo novo arruamento.
O projecto da nova artéria previa que ela começaria em S. Lázaro e prolongar-se-ia até ao sítio da Cruz da Regateira, junto ao Hospital do Conde de Ferreira.
O quer não aconteceu por dificuldades surgidas com as expropriações.
Com a Viela dos Capuchos, também levaram sumiço a Rua do Poço das Patas, a Rua de Brás de Abreu, artérias que, nos meados do século XIX, integravam o tecido urbano das imediações do actual largo Largo do Padrão por onde, segundo uma antiga tradição, era costume passar uma "procissão chamada de Santo António".
E que procissão era essa? - pergunta o leitor com toda a legitimidade.
Segundo o folheto onde colhi estas informações era "uma procissão familiar...".
Tudo se terá passado no último quartel do século XIX. Um paroquiano do Bonfim, de nome António Jacinto Pinto Banha, funcionário superior da empresa dos Caminhos de Ferro do Douro e Minho, ofereceu uma imagem de Santo António, de que era devoto, à confraria do Senhor do Bonfim e da Boa Morte.
Era essa imagem que os devotos de Santo António levavam em procissão por algumas ruas da freguesia.
O folheto a que atrás me refiro cita, exactamente, o itinerário da procissão que se realizou em 26 de Julho de 1894.
Da paroquial do Bonfim, cujas obras de construção, iniciadas em 1874, tinham acabado exactamente nesse ano de 1894, ou seja, vinte anos depois, saiu "uma linda procissão" que rumou "ao antigo Campo do Poço das Patas" (actual Campo 24 de Agosto); subiu "pela Rua de S. Jerónimo" (a Rua de Santos Pousada dos nossos dias); prosseguiu pelas "antigas travessas da Alegria e S. Jerónimo", (que, uma vez unidas, vieram a dar a actual Rua da Firmeza); continuou pela Rua da Duquesa de Bragança (depois, Rua de D. João IV); atravessou o Largo do padrão das Almas, assim denominado por causa de um cruzeiro que lá existia da invocação do Senhor do Amor Divino e Almas, retirado do local em 1869; e pela Rua de 23 de Julho, hoje Rua de Santo Ildefonso, a procissão recolheu à igreja de onde havia saído.
O folheto não diz qual foi o motivo que deu origem à realização da procissão.
Como não explica a razão por que se fez a cerimónia em 26 de Julho e não a 13 de Junho que é o dia em que a Igreja celebra a festa a Santo António.
Mas contém mais dois por menores curiosos.
Um deles está relacionado com o tempo. Diz que a procissão "... saiu à rua num dia de muito calor" e que, no exacto momento em que o présbito recolhia à igreja, caiu "uma forte e refrescante bátega de água...".
Consta ainda do documento em questão que a procissão, presidida pelo padre Manuel Ferreira Coutinho de Azevedo, a cujo dinamismo de ficou a dever, em grande parte, a conclusão da actual igreja, "... era, por assim dizer, organizada em família" e que "a melhor rapaziada do Bonfim procurava, à compita, estar presente para transportar os andores, as lanternas, enfim, marcar presença e figurar no présbito solene...".
Relativamente à actual Rua de D. João IV acho que é interessante informar que ela começou por se chamar Rua da Duquesa de Bragança, em honra de D. Amélia de Baviera que foi a segunda mulher de D. Pedro, primeiro imperador do Brasil, o nosso D. Pedro IV, duque de Bragança,. Depois da abdicação do cargo brasileiro. A artéria também se chamou Rua dos Heróis de Chaves em lembrança dos combates que naquela cidade se travaram em 1912 durante as chamadas "incursões monárquicas do Norte". »
A princípio julguei tratar-se da tradicional festa ao Santo Antoninho da Estrada que o Rancho Folclórico do Porto, há anos, em boa hora, reabilitou de esquecimento a que fora votada.
Mas não. A festa era outra.
Eu explico sei que, algures, junto ao actual Largo do Padrão, existiu a Viela dos Capuchos; e também sei que, por meados do século XIX, a referida viela ainda era uma simples artéria estreita e sinuosa que ligava o antigo Largo do Padrão das Almas ao convento dos frades franciscanos menores da Província da Conceição (Antoninhos de Santo António da Cidade) também conhecidos por Capuchos (daí a designação da viela) em cujo mosteiro, construído no ano de 1783, nos terrenos do antigo Campo de S. Lázaro, se instalou, em 1842, a Biblioteca Pública Municipal.
Quando, em 1843, se começou a rasgar a rua que hoje tem o nome de D. João IV, a Viela dos Capuchos desapareceu, absorvida pelo novo arruamento.
O projecto da nova artéria previa que ela começaria em S. Lázaro e prolongar-se-ia até ao sítio da Cruz da Regateira, junto ao Hospital do Conde de Ferreira.
O quer não aconteceu por dificuldades surgidas com as expropriações.
Com a Viela dos Capuchos, também levaram sumiço a Rua do Poço das Patas, a Rua de Brás de Abreu, artérias que, nos meados do século XIX, integravam o tecido urbano das imediações do actual largo Largo do Padrão por onde, segundo uma antiga tradição, era costume passar uma "procissão chamada de Santo António".
E que procissão era essa? - pergunta o leitor com toda a legitimidade.
Segundo o folheto onde colhi estas informações era "uma procissão familiar...".
Tudo se terá passado no último quartel do século XIX. Um paroquiano do Bonfim, de nome António Jacinto Pinto Banha, funcionário superior da empresa dos Caminhos de Ferro do Douro e Minho, ofereceu uma imagem de Santo António, de que era devoto, à confraria do Senhor do Bonfim e da Boa Morte.
Era essa imagem que os devotos de Santo António levavam em procissão por algumas ruas da freguesia.
O folheto a que atrás me refiro cita, exactamente, o itinerário da procissão que se realizou em 26 de Julho de 1894.
Da paroquial do Bonfim, cujas obras de construção, iniciadas em 1874, tinham acabado exactamente nesse ano de 1894, ou seja, vinte anos depois, saiu "uma linda procissão" que rumou "ao antigo Campo do Poço das Patas" (actual Campo 24 de Agosto); subiu "pela Rua de S. Jerónimo" (a Rua de Santos Pousada dos nossos dias); prosseguiu pelas "antigas travessas da Alegria e S. Jerónimo", (que, uma vez unidas, vieram a dar a actual Rua da Firmeza); continuou pela Rua da Duquesa de Bragança (depois, Rua de D. João IV); atravessou o Largo do padrão das Almas, assim denominado por causa de um cruzeiro que lá existia da invocação do Senhor do Amor Divino e Almas, retirado do local em 1869; e pela Rua de 23 de Julho, hoje Rua de Santo Ildefonso, a procissão recolheu à igreja de onde havia saído.
O folheto não diz qual foi o motivo que deu origem à realização da procissão.
Como não explica a razão por que se fez a cerimónia em 26 de Julho e não a 13 de Junho que é o dia em que a Igreja celebra a festa a Santo António.
Mas contém mais dois por menores curiosos.
Um deles está relacionado com o tempo. Diz que a procissão "... saiu à rua num dia de muito calor" e que, no exacto momento em que o présbito recolhia à igreja, caiu "uma forte e refrescante bátega de água...".
Consta ainda do documento em questão que a procissão, presidida pelo padre Manuel Ferreira Coutinho de Azevedo, a cujo dinamismo de ficou a dever, em grande parte, a conclusão da actual igreja, "... era, por assim dizer, organizada em família" e que "a melhor rapaziada do Bonfim procurava, à compita, estar presente para transportar os andores, as lanternas, enfim, marcar presença e figurar no présbito solene...".
Relativamente à actual Rua de D. João IV acho que é interessante informar que ela começou por se chamar Rua da Duquesa de Bragança, em honra de D. Amélia de Baviera que foi a segunda mulher de D. Pedro, primeiro imperador do Brasil, o nosso D. Pedro IV, duque de Bragança,. Depois da abdicação do cargo brasileiro. A artéria também se chamou Rua dos Heróis de Chaves em lembrança dos combates que naquela cidade se travaram em 1912 durante as chamadas "incursões monárquicas do Norte". »
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