1.10.07

Largo do PADRE BALTAZAR GUEDES

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Foto publicada e localizada aqui



Em 1903, nas ruínas do Seminário de Santo António iniciado em 1804 e que ardeu durante o cerco do Porto, foi instalado o Colégio dos Meninos Orfãos, que o padre Baltazar Guedes fundara em 1651, no Campo do Olival, onde está hoje a Universidade. Com esta transferência ao que se denominava, desde princípios do séc. passado, o Monte do Seminário, passou a apelidar-se avenida e agora Largo do Padre Baltazar Guedes. (Toponímia Portuense de Andrea da Cunha e Freitas)

Já se chamou igualmente: Monte do Seminário e Avenida do Padre Baltazar Guedes.


Sobre o Padre Baltazar Guedes:

Nasceu no Porto em 6 de Fevereiro de 1620 e faleceu no Porto em 6 de Setembro de 1693. Fundador do Colégio dos Meninos Órfãos. Sacerdote desde 1644, aplicou todos os seus bens e esmolas que angariou na fundação, no Porto, do Colégio de Nossa Senhora da Graça, para meninos órfãos, em 21-11-1651. Fundou também, em 1681, um hospício para crianças abandonadas, onde funcionou, até 1864, a roda dos expostos. Graças à sua influência reedificou-se a Igreja de S. Lázaro, com o hospício anexo. Instituiu ainda as confrarias de clérigos de S. Pedro e de S. Filipe de Neri e para seculares a da Nossa Senhora da Boa Morte.
Arquivo da Toponímia


Sobre o Colégio dos Órfãos:
COLÉGIO DOS ÓRFÃOS - Primeira Roda dos Expostos. Fundador, o padre Baltazar Guedes, portuense nascido em 1620. Possuía inatas habilidades arquitectónicas pois diz-se ter sido ele quem desenhou e quem dirigiu as obras da igreja de S. Nicolau na versão de 1671 que ardeu em 1758, também foi o autor do delineamento da Fonte da Arca, na sua versão de 1682, na Praça da Natividade. Procedente de família pobre, a morte prematura do pai interrompeu-lhe os estudos sacerdotais. Cheio de força de vontade prometeu entregar a sua vida ao culto da Senhora da Graça se lograsse concluir a ordenação. Logo que tomou ordens de presbítero ficou a ser o capelão da velha capela da Senhora da Graça, assente sobre uma parcela do terreno onde hoje (1972) se ergue a Universidade, e concebeu o plano de acudir à infância desvalida fundando um colégio, onde as crianças órfãs do sexo masculino encontrassem agasalho, educação e sustento, habilitando-as a serem úteis a si e à sociedade. Absolutamente sem recursos, tomou conta de dois órfãos, e pondo-se em peregrinação com eles, foi percorrendo a pé toda a província, de terra em terra e depois todo o reino, a solicitar esmolas para a caridosa instituição. Quando teve uma quantia que lhe pareceu suficiente para os primeiros trabalhos da fundação, voltou à cidade do Porto. O local escolhido foi o Campo do Olival fora dos muros da cidade, hoje Campo dos Mártires da Pátria e, o título que deu à instituição foi o de Colégio dos Meninos Órfãos, sob a invocação de Nossa Senhora da Graça cuja capela se encontrava mesmo ao lado do Colégio. Em 1649 com o seu jeito para a arquitectura construiu um pequeno edifício para albergar os primeiros órfãos, o povo espicaçado por “algumas pessoas eclesiásticas” inimigas do colega que queria transcender as suas funções litúrgicas para se espraiar no mundo social, apedrejaram e por fim destruíram o modestíssimo colégio, ao mesmo tempo que vociferavam as mais torpes injúrias contra o seu construtor. As obras pararam por falta de dinheiro até que teve uma herança de um tio. Esta herança tem outra história: o certo é que Baltasar Guedes tinha um irmão Pantaleão da Cruz, surdo-mudo de nascença que enviou para o Brasil e este conseguiu obter vultosa soma para os desamparados. Inauguração solene no dia 25 de Março de 1651 e colocou-se à testa do estabelecimento como reitor. As disciplinas eram: latim, música, náutica, desenho e outras artes. Faleceu em 1693. No testamento entregou ao senado da cidade o colégio e a sua administração. Foi nesta instituição que em 1762 se instalou a Aula de Náutica e em 1779 a aula de Desenho e Debuxo, ambas precursoras da Academia real de marinha e comércio da cidade do Porto, fundada em 29 de Julho de 1807, por Maria I, e transformada em 1837 num estabelecimento de instrução, com feição industrial denominada Academia Polytechnica do Porto. Em 1803 o governo quis edificar grande casa para a Academia nos terrenos do Colégio, que dela colheria bons réditos com o aluguer de dependências que se lhe destinavam. Mas o Colégio, desastrosamente enquistado nela, não veio a lucrar o prometido. Daí o acordo com a Câmara que administrava o Colégio; o Estado dar-lhe-ia trinta contos, deixando a propriedade do seu colégio, que veio para a Rua dos Mártires da Liberdade e depois para o edifício do Seminário Velho, ao Monte do Prado, perto do Cemitério do Prado do Repouso onde ainda se encontra com a sua igreja inaugurada em 1906 e sob a direcção dos padres Salesianos a quem foi entregue pelo Município em 1951.

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