João Nepomuceno de Macedo
Barão de São Cosme
Comendador das ordens de Avis e da Torre e Espada; brigadeiro do exército, condecorado com as medalhas da Guerra Peninsular, e com a Estrela de Ouro do Rio da Prata; inspector-geral de cavalaria, etc.
N. a 15 de Maio de 1793, fal. a 28 de Agosto de 1837. Era filho de António Eliseu Raimundo de Macedo, e de D. Teresa Faustina Calhamar.
Alistando-se no exército tomou parte na Guerra Peninsular, no regimento de cavalaria, onde tinha o posto de tenente quando acabou a guerra. Oferecendo-se para entrar na divisão de Voluntários do Príncipe, que se organizou em 1815 com destino a Montevideu, foi promovido a capitão para o primeiro corpo do cavalaria dessa expedição, e em Novembro do mesmo ano embarcou para o Rio de Janeiro. Desta cidade seguiu à ilha de Santa Catarina, e dali por terra para Montevideu fazendo parte da coluna da vanguarda que, sob o cominando do general Sebastião Pinto de Araújo Correia, foi como era natural, a primeira a entrar em fogo com os insurgentes daquela província. No combate da Índia Morta a 19 de Novembro de 1816, sendo gravemente ferido o primeiro comandante dos dois esquadrões que entraram na acção, e morto o major Duarte de Mesquita, recaiu o comando no capitão Macedo, que carregou o inimigo com grande bravura e intrepidez, merecendo por isso ser graduado no posto de major. Investido logo em seguida do comando dessa força de cavalaria, conservou o até ao dia 1.º de Dezembro de 1817 em que se desmembrou a coluna da vanguarda, e sendo a 22 de Janeiro de 1818 promovido a major efectivo, foi nomeado em Junho comandante do 1.° regimento de cavalaria da divisão portuguesa. Pela forma notável como se houve em todos estes serviços, foi repetidas vezes elogiado pelos seus chefes, e tendo assistido, além de muitos outros combates, às acções de Passo do Coelho e de Passo de Areias, deu as mais decididas provas de lealdade e bravura nas difíceis circunstancias em que esteve durante os anos de 1822 e 1823 a posição de Montevideu, entrando em todos os combates que se travaram contra as forças dissidentes do Brasil e sustentando com a maior intrepidez e estratégia a posição de Casavalle, que defendeu brilhantemente com uma coluna móvel, cuja direcção lhe foi entregue. Regressando a Portugal também se distinguiu na campanha da Liberdade, devendo-se-lhe um dos mais arrojados feitos na luta travada nas linhas do Porto. Na manhã de 29 de Setembro de 1832 os miguelistas deram um grande ataque à cidade, e uma das colunas vindas de Campanhã, não só se assenhoreou das cortaduras exteriores da quinta do Prado, mas conseguiu até alcançar as paliçadas que os seus sapadores pretenderam derrubar. O combate continuou sempre com vantagem para as tropas de D. Miguel e os sitiantes tomando uma barreira que estava colocada na estrada de S. Cosme, penetraram segunda vez nas trincheiras ganhando o princípio da rua do Prado. O momento era extremamente crítico e o perigo enorme quando João Nepomuceno de Macedo, então coronel graduado e comandante do corpo de guias, sem atender ao risco que corria e pensando unicamente em salvar a causa da Liberdade, carregou impetuosamente o inimigo à frente dos 25 homens que tinha consigo no largo do Bonfim. Diante desse punhado de bravos, os miguelistas recuaram, os constitucionais recuperaram ânimo, e o Porto era salvo pelo heroísmo do destemido coronel. O homem que tantas vezes arrostara as balas e que por elas havia sido poupado, caiu mortalmente ferido na pequena acção do Chão da Feira em 1837, quando à frente da cavalaria cartista carregava o batalhão de caçadores que fazia parte das forças do barão de Bonfim. O valente militar foi agraciado com o título de barão de S. Cosme, por decreto de 12 de Outubro de 1835.
Era casado com D. Josefa Castanheda de Moura, filha de D. Romão Ximenes Castanheda e de D. Francisca de Moura. Deste consórcio houve, entre outros filhos, João Nepomuceno de Macedo, que nasceu em 1825, e foi deputado nas legislaturas de 1861 a 1864. Uma sua filha, chamada D. Josefa Henriqueta Girão de Macedo, foi quem herdou o título de seu avô, sendo a segunda baronesa de S. Cosme, por decreto de 24 de Outubro de 1878. Esta senhora casou a 28 de Agosto de 1889, na Chamusca, com D. António de Portugal.
Sem comentários:
Enviar um comentário