Fui e gostei.
Não gostei muito que não fosse autorizado a fazer fotos no interior da Fundação e não gostei mesmo nada que me exigissem o nº do Bilhete de Identidade à entrada. Nunca me tinha acontecido tal coisa para ter acesso a uma exposição. O que irão eles fazer com a minha ficha?
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Sobre o pintor:
José Dominguez Alvarez
De ascendência galega, José Cândido Dominguez Alvarez nasceu na freguesia portuense de Campanhã, em 23 de Fevereiro 1906.
Fez os estudos liceais no Porto e em Pontevedra.
Em 1919 instalou-se na Galiza com o objectivo de fazer um curso para funcionário dos Correios e Telégrafos, mas voltou ao Porto, em 1920, sem o ter frequentado. Nesse ano ingressou no Colégio Almeida Garrett e, de seguida, por vontade do pai, foi trabalhar num armazém de tecidos.
Nos anos 20 colaborou na Revista Contemporânea. Em 1924 realizou os primeiros desenhos e aguarelas e, em 1926, com 20 anos, matriculou-se no curso Preparatório de Arquitectura da Escola de Belas Artes do Porto, que veio a trocar pelo de Pintura, em 1928.
Foi membro fundador do grupo "+ Além" que, em 1929, juntou no Porto diferentes artistas que se opunham às homenagens póstumas dedicadas ao mestre Marques de Oliveira. Nessa ocasião tornou-se um dos subscritores do manifesto "Em Defesa da Arte".
Em 1931 perdeu o ano por motivos de saúde e, parte do ano seguinte, passou-o na Galiza, a pintar.
Em 1934 produziu algumas das suas obras mais aclamadas, entre as quais o Homem da Cartola, Louco, Casario, Homem Compostelano ou Figura dum Sonho.
Durante esta fase criativa colaborou em várias publicações culturais e publicou, com regularidade, no periódico portuense Jornal de Notícias.
A sua única exposição individual foi realizada no Salão Silva Porto, em Junho de 1936. Em contrapartida, fez parte do elenco de algumas mostras colectivas. Integrou exposições de alunos do ESBAP (no Salão Silva Porto, em 1929, e, em 1931, no Ateneu Comercial do Porto), expôs com Artur Justino, do grupo "+ Além", no Salão Silva Porto, em 1930, participou na Grande Exposição dos Artistas Portugueses, em 1935, na V Exposição de Arte Moderna do Secretariado de Propaganda Nacional, em 1939, e na Exposição Etnográfica do Douro Litoral no já desaparecido Palácio de Cristal do Porto, em 1940. Durante este ano interveio, também, na Missão Estética de Férias de Viana do Castelo.
Foi no meio de toda esta actividade criativa que concluiu o curso de Pintura, mais precisamente em 1940, tendo apresentado o trabalho Paisagem com Animais, com o qual obteve a classificação de 20 valores. Entretanto, durante a licenciatura, recebeu alguns prémios e elogios de diversos professores, tais como Aarão de Lacerda e Dórdio Gomes.
Entre 1940 e 1942 foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura. Nesse período pintava essencialmente paisagens e foi nomeado professor da Escola Industrial Infante D. Henrique, no Porto.
A saúde frágil traiu-o a 16 de Abril de 1942, dia em que faleceu, vítima de tuberculose.
A título póstumo, a sua obra foi objecto de várias exposições. No ano da sua morte, o Instituto da Alta Cultura realizou no Salão Silva Porto uma exposição retrospectiva, organizada pelos pintores Dórdio Gomes e Guilherme Camarinha, depois repetida em Lisboa, em 1943, na Sociedade Nacional de Belas Artes – a essa exposição seguiram-se uma exposição no Ateneu Comercial do Porto, organizada por Fernando Lanhas, Alberto de Serpa e João Menéres Campos, em 1951; uma exposição na Academia Dominguez Alvarez (galeria inaugurada em 1954, no Porto, por Jaime Isidoro e António Sampaio), em 1958; uma exposição intitulada Dominguez Alvarez na Colecção de Adolfo Casais Monteiro, a qual teve lugar na Galeria Gravura, em Lisboa, em 1963; uma retrospectiva de Alvarez exibida na Casa de Serralves, no Porto, e, mais tarde, na Secretaria de Estado da Cultura, em Lisboa (1987); uma homenagem na Bienal Internacional de Cerveira, em 1997; uma exposição em sua memória na Galeria de Vilar, da responsabilidade da Cooperativa Árvore, no Verão de 2002; e uma exposição denominada "Dominguez Alvarez 770, Rua da Vigorosa, Porto", montada no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em 2006, no centenário do nascimento do artista.
Apesar da sua breve carreira, a qual foi praticamente coincidente com a sua formação académica e interrompida por diversas viagens a Espanha e por consecutivos períodos de doença, Dominguez Alvarez deixou centenas de obras.
Ao contrário de muitos dos seus colegas, não estudou fora do país. Pintou o Porto e as localidades dos seus antepassados, motivos que dominaram os seus horizontes de inspiração. Este "pintor oriundo de Pontevedra, residente no Porto", como se auto intitulava, foi, também, um estudioso, especialista em pintura espanhola (Zuloaga, Dario de Regoios e Gutierrez Solana), e um promotor das relações artísticas entre Portugal e a Galiza (permuta de livros e revistas entre escritores e artistas dos dois países), tendo chegado, inclusivamente, a tentar organizar no Porto, durante o Outono de 1935, uma exposição de arte galega que integraria a "Semana da Cultura Galega", projecto este que, no entanto, não se concretizou.
Construtor de paisagens rurais e urbanas que partem do natural, visitadas pelo artista durante as viagens que fez pela Península Ibérica (Porto, Minho, Galiza e Castela), representou cenas do dia-a-dia com homens a negro e torcidos, figuras à chuva, retratos de figuras com paisagens em fundo e torres de catedrais espanholas, como a de Segóvia e a de Compostela, utilizando uma linguagem expressionista e surrealista que revela um bom domínio dos materiais e das soluções plásticas.
Esta figura do "segundo modernismo português" está representada no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian com 39 obras (pinturas e desenhos), em Lisboa, no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, na Casa-museu de José Régio, em Vila do Conde, no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, em Amarante, e no Museu do Abade de Baçal, em Bragança.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2010)
Para saber mais sobre a obra e o artista pode também ler o blogue de Alexandre Pomar.
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