28.11.07

Rua SARGENTO ABÍLIO

Há meses, há anos que eu passava ali naquele cruzamento e me prometia fazer uma foto sobre aquela rua.
Pra já, para já, porque era uma das raras ruas do Porto que se referia a um militar que não era Coronel, nem Marechal, nem Capitão. Era simplesmente dedicada a um sargento!
Depois havia também o facto que eu sabia perfeitamente que o sargento Abílio assim como o alferes Malheiro, e tantos outros que já foram esquecidos, participaram no 31 de Janeiro.
Bom, mas a fotografia foi tirada. Depois é que surgiram as dificuldades.
Seria uma maneira de começar a falar do "31 de Janeiro"? Ou simplesmente publicar umas linhas sobre o dito sargento? Optei pela segunda.
Erro meu, má fortuna. Descobri que o que estava publicado na Internet sobre o Sargento Abílio fazia referência a duas pessoas diferentes.
Mas que importa? aqui vai uma pequena referência a uma pequena rua da minha terra que se situa na longuínqua freguesia de Ramalde.



Fotografia publicada e localizada no mapa do Porto aqui


Sobre o Sargento Abílio temos duas notas biográficas:

Abílio de Jesus Meireles (Portugal, 1862 foi um militar português teve o seu momento de celebridade quando se deu a revolta militar do Porto em 31 de Janeiro de 1891. Era na altura primeiro sargento do regimento de cavalaria nº 9 e foi um dos que acompanhou aquele corpo quando se manifestou a favor do movimento revolucionário. Também foi conhecido simplesmente como sargento Abílio.
Publicado na Wikipédia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ab%C3%ADlio_de_Jesus_Meireles

E também:
Sargento Abílio - ( n. 24/12/1860 em Freixo de Espada à Cinta, Distrito de Bragança f. 25/07/1923 no Porto ) O homenageado, Abílio Francisco de Jesus, foi um dos revoltosos do movimento de 31 de Janeiro de 1891. Teve assentamento de Praça em 25/06/1878, como voluntário, no Batalhão de Caçadores nº 3, foi promovido a Tenente, em 15/11/ de 1910 e a 1º Sargento, do Regimento de Caçadores nº 9. (Informação do Exército Potuguês, Arquivo Histórico - Arquivo da Toponímia)

Sobre o 31 de Janeiro de 1891 podem procurar também no artigo de Fernando de Sousa.

"A Revolta do Porto de 1891 é o primeiro clarão da República Portuguesa. Tantos anos passados, não são apenas os vultos do Alves da Veiga, do Sampaio Bruno, do Basílio Teles, do sargento Abílio, do João Chagas e do tenente Coelho que persistem na sua lição exemplar. Não são só os acordes de «A Portuguesa» e pouco tempo depois a estrofes admiráveis da «Pátria» do Junqueiro... É a soberba legião dos emigrados que fugiram para Espanha e para França, dos degredados da África, é a longa lista dos bons homens condenados — os cidadãos anónimos, os soldados, os cabos e os sargentos da insurreição —, e aqueles rapazes de Coimbra, muitos dos quais haviam de implantar a República em Outubro de 1910.

Nesta aliança e no quadro dos sacrifícios, é que nós nos queremos ver como num espelho.

Manuel Mendes"

Pode continuar a ler aqui

1 comentário:

Manuel disse...

Eis mais alguns dados biográficos sobre um dos heróis do 31 de Janeiro de 1891.

Manuel Lopes


ABÍLIO MEIRELES
Militar
(24-12-1860) - (25-07-1923)

Abílio Francisco de Jesus Meireles nasceu em Freixo de Espada à Cinta e faleceu em Lisboa. A família, dedicando-o à vida eclesiástica mandou-o educar em Cernache do Bonjardim, onde foi condiscípulo do que veio a ser bondosíssimo missionário e, depois, Bispo do Porto, D. António Barroso, com quem manteve sempre, ainda através da sua agitada vida política e revolucionária, as mais íntimas relações. Era 1º Sargento do Regimento de Caçadores nº 9, por ocasião da Revolução de 31 de Janeiro de 1891, na qual tomou parte importante, conquistando, pela sua nobre e heróica atitude de então, a auréola de prestígio que conservou até à sua morte. Na Rua de Santo António bateu-se até ao último cartucho contra as forças fiéis da Guarda Municipal. Acusado como instigador ou cabeça, segundo a nota de culpa do Promotor de Justiça Militar, foi submetido a julgamento no célebre Tribunal de Leixões. O Sargento Abílio, como ficou sendo conhecido, fez peranta os seus julgadores, um depoimento que, sem ser arrogante, causou sensação, pela coragem moral que testemunhava. Em resumo, afirmou que era republicano e saíra do Quartel com os seus camaradas, Cabos e Soldados, para implantar a República, por considerar esse regime a única forma de governo capaz de salvar o País. Fora recebido a tiro pela Guarda Municipal, defendendo-se a tiro, não podia defender-se à bofetada. Pediu, em seguida, a absolvição dos Cabos, Soldados e Músicos que tinham obedecido às suas ordens e, portanto, não eram culpados. Condenado a 9 anos de degredo, seguiu para Luanda, a fim de cumprir, em Maio de 1891, trabalhando no Dondo durante dois anos. Em 1893 foi indultado, regressando ao Porto em Julho desse ano, e nessa cidade continuou a viver e trabalhar honestamente. Proclamada a República, foi reintegrado com o posto de Tenente e promovido, mais tarde, a Capitão para a Arma de Infantaria, por deliberação da Assembelia Nacional Constituinte, reformando-se, algum tempo depois e acabando os seus dias sob os carinhos da família, em Lisboa. Guerra Junqueiro, seu contemporâneo, dedicou-lhe uma das suas melhores poesias, intitulada Hino de Algum Dia. Sampaio Bruno falou dele no seu eloquente manifesto dos emigrados, e Mayer Garção dedicou-lhe um dos seus mais belos e sentidos artigos do jornal A Manhã. Algum tempo depois do seu falecimento, a Câmara Municipal do Porto deliberou trasladar o féretro do Capitão Abílio Meireles, depositado no cemitério do Alto de São João, em Lisboa, para o Porto, a fim de imunar junto ao monumento aos Vencidos do 31 de Janeiro de 1891, existente no cemitério do Prado do Repouso. Essa deliberação efectivou-se de modo a coincider o acto com o aniversário da Revolução em que o herói tomara parte activa. Assim, o Porto, secundando a homenagem pública já prestada em Lisboa à memória de Abílio Meireles, rendeu preito, numa cerimónia imponente e de grande devoção cívica, àquele que carinhosamente denominou e continua a denominar “Sargento Abílio”. O seu nome faz parte da Toponímia de Lisboa, onde existe uma artéria “Travessa Sargento Abílio” e do Porto, onde existe uma artéria “Rua Sargento Abílio”.
Fonte: “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” (Volume 16, Pág. 750)