19.11.07

Largo da LAPA

lapa

Foto publicada e localizada aqui
Portão do Cemitério da Lapa


Sobre o Largo da Lapa:

Parece que, por medos do século XVIII, no Monte de Germalde, ou de Santo Ovídio, então arrabalde da cidade, havia uma fonte, sob a invocação de nossa Senhora da Lapa, a que alguns vizinhos prestavam culto. Em Dezembro de 1754 chegou ao Porto o Pde. Ângelo de Siqueira, missionário brasileiro cónego da Sé de S. Paulo, grande devoto e propagador da veneração da Mãe de Deus sob aquela invocação. E segundo refere a tradição entrou na cidade sob violentíssimo temporal, que teria amainado graças aos seus sermões de apostolado. E assim se afervorou o culto de Nossa Senhora da Lapa, promovendo o Padre Ângelo, com o auxilio de clero, nobreza e povo a construção de um seminário e de uma capela no local onde existia a fonte - para o que obteve licença da Mitra e em 29 de Dezembro desse mesmo ano de 1754 a cedência pela Câmara de um terreno no lugar do Padrão Velho de Santo Ovídio... (Toponímia Portuense de Andrea da Cunha e Freitas)

Sobre o Cemitério da Lapa:

Em 1833, o Cerco do Porto gerou uma situação extremamente difícil de salubridade na cidade e favoreceu o surgimento duma epidemia muito mortífera: o cholera morbus. Esta rapidamente lotou os locais de enterramento, facto agravado pelos soldados que iam morrendo nas investidas dos Miguelistas. Perante este cenário, foi necessário recorrer ao chão de algumas igrejas que nem sequer estavam totalmente construídas (como a da Trindade) e aos terrenos anexos de outras, para sepultar tantos cadáveres.

Nesse ano, a Mesa da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa pediu a D. Pedro IV que autorizasse a construção de um cemitério privativo. A Mesa poderia ter em mente um mero terreno anexo temporário para sepulturas. Mas todo o processo de construção do posterior Cemitério da Lapa parece mostrar que, já em 1833, a Irmandade da Lapa pretendia um cemitério "ao moderno". Ou seja, convenientemente murado, enobrecido com portal, com locais próprios para a construção de monumentos, tal como se fazia já há algumas décadas em Paris, cidade modelo para quase tudo na época. Por isso, o Cemitério da Lapa é considerado o cemitério "moderno" mais antigo do Porto, mesmo não sendo público, até porque foi criado antes do decreto de 1835. Contudo, como situação de transição, foi necessário estabelecer um cemitério interino, por detrás da capela-mor da respectiva igreja. O Cemitério da Lapa propriamente dito só foi oficialmente benzido no Verão de 1838, tendo os primeiros monumentos surgido em 1839.
Neste cemitério foram sepultados, entre outras figuras portuenses de vulto, Camilo Castelo Branco e António Augusto Soares dos Passos.


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