28.5.08

Rua BRITO CAPELO

45|05|08

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Antes de ter o nome actual, até 1948, teve o nome de Vila Estrela.


Breve biografia de Brito Capelo - Artigo publicado aqui:

http://www.arikah.net/enciclopedia-portuguese/Hermenegildo_Capelo


Hermenegildo Carlos de Brito Capello (Palmela, 4 de Fevereiro de 1841 - Lisboa, 4 de Maio de 1917), oficial da Marinha portuguesa e explorador do continente africano durante o último quartel do século XIX. Participou com Roberto Ivens na célebre travessia entre Angola e a costa do Índico.

Início de Carreira

Hermenegildo Carlos de Brito Capello nasceu no Castelo de Palmela onde o seu pai, major Félix António Gomes Capello, era Governador. Quando faleceu ocupava o posto de vice-almirante. Era o mais novo de seis irmãos, dos quais três outros são também ilustres – Félix António de Brito Capello, Biólogo (1828- 1879), João Carlos de Brito Capello, vice-almirante da Marinha e Engenheiro Hidrográfico (1831-1891), Guilherme Augusto de Brito Capello, vice-almirante da Marinha e cientista (5 de Agosto de 1839 - 21 de Março de 1926).

Assentou praça na marinha em 1855 terminando o curso 4 anos depois. Em 1860 embarcou como guarda-marinha para Angola a bordo da corveta D. Estefânia , comandada pelo Príncipe D. Luís, mais tarde rei, permanecendo durante três anos na estação naval de África Ocidental. Em 1863 regressa a Lisboa e no ano seguinte é promovido a segundo tenente. Nesse ano voltou a África donde regressa em 1866 para voltar logo de seguida a Angola, onde permanece até 1869, altura em que segue para Moçambique, regressando a Lisboa em 1870 para logo partir em Direcção a Cabo Verde. Em 1871 é integrado numa expedição enviada à Guiné e em 1872 vai para a China donde regressa a Lisboa em 1876.

As Viagens de Exploração

Em 1875, Luciano Cordeiro fundou a Sociedade de Geografia de Lisboa, reunindo em seu redor uma elite intelectual, civil e militar. Embora a sua actuação não fosse direccionada exclusivamente para o continente africano, logo nos primeiros anos da sua existência criou a Comissão Nacional Portuguesa de Exploração e Civilização da África, mais conhecida por Comissão de África que assumiu a função de despertar a opinião pública para as questões do Ultramar e que preparou as primeiras grandes expedições de exploração científico-geográfica, recorrendo a financiamento por subscrição nacional, contribuindo assim para a definição de uma política colonial portuguesa em África. Estas expedições destinavam-se a efectuar o reconhecimento do Cuango e as suas relações com o Zaire (rio), e ainda a comparar a bacia hidrográfica deste rio com a do Zambeze, concluindo, assim, a carta da África centro-austral, o famoso Mapa cor-de-rosa. Apesar do seu papel fundamental na defesa da posição portuguesa em África, face ao movimento expansionista europeu, a Sociedade de Geografia de Lisboa surgiu tardiamente, no que se refere à criação de sociedades homólogas nos restantes países da Europa. Estas expedições integram-se num contexto político marcado por um forte surto expansionista europeu, nos domínios do continente africano, que antecipam a histórica Conferência de Berlim, realizada em 1885. Exploradores de todas as grandes potências europeias, lançavam-se numa verdadeira rivalidade pela prospecção de territórios, obrigando Portugal a rever urgentemente a sua política colonial e a efectivar a sua presença nestes locais, mas as pretensões portuguesas de ocupação do espaço entre Angola e Moçambique chocaram com as pretensões inglesas, que se materializaram na consequente reivindicação dessa zona para o império inglês através do Ultimato Britânico a Portugal.

A 1ª Viagem - De Benguela às Terras de Iaca

O Objectivo

Brito Capello, quando da sua permanência em Angola fez o reconhecimento científico daquela zona, facto que o fez ser escolhido, por Decreto de 11 de Maio de 1877, para dirigir uma expedição científica à África Central da qual também faziam parte o oficial da marinha Roberto Ivens e o major do exército Serpa Pinto . Sob os auspícios da Sociedade de Geografia, esta expedição tinha por fim «...o estudo do rio Cuango nas suas relações com o Zaire e com os territóros portugueses da costa ocidental, assim como toda a região que compreende ao Sul e a sueste as origens dos rios Zambeze e Cunene e se prolonga ao Norte, até entrar pelas bacias hidrográficas do Cuanza e do Cuango...».

A Viagem

A 7 de Julho de 1877 Brito Capello, Roberto Ivens e Serpa Pinto iniciam a expedição. Feito o trajecto Benguela-Bié, divergências entre Serpa Pinto e Brito Capello levam a expedição a dividir-se, com Serpa Pinto, por sua iniciativa a tentar a travessia até Moçambique. Não o conseguiu como pretendia, mas chegou a Pretória, e posteriormente a Durban. Brito Capello e Roberto Ivens mantiveram-se fiéis ao projecto inicial concentrando as atenção na missão para que haviam sido nomeados, ou seja nas relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze. Percorreram as regiões de Benguela até às terras de Iaca, tendo delimitado os cursos dos rios Cubango, Luando e Tohicapa. A 1 de Março de 1880 Lisboa recebe triunfalmente Brito Capello e Roberto Ivens, tendo o êxito da expedição ficado perpetuado no livro De Benguela às Terras de Iaca.

A 2ª Viagem - De Angola à Contra-Costa

Depois de concretizado o importante percurso entre o Bié e o Zambeze, e atingidas as cataratas Vitória, Capello e Ivens são estimulados a prosseguir com as suas expedições.

O Objectivo

Dada a necessidade de ser criado um atlas geral das colónias portuguesas, Manuel Joaquim Pinheiro Chagas, ao tempo Ministro da Marinha e do Ultramar, criou por decreto de 19 de Abril de 1883 a Comissão de Cartografia, para a qual nomeou como vogais os dois exploradores. Por outro lado, pretendendo a criação de um caminho comercial que ligasse Angola e Moçambique nomeou-os a 5 de Novembro do mesmo ano para procederem aos necessários reconhecimentos e explorações. A escolha de dois oficiais de Marinha para a concretização desta importante missão, prende-se com o facto de se tratarem de territórios desconhecidos, não cartografados, nos quais era necessário avançar, recorrendo aos princípios da navegação marítima, tão familiares a estes exploradores.

A Viagem

Entre 1884 e 1885, Capello e Ivens realizaram nova exploração em África, primeiro entre a costa e o planalto de Huila e depois através do interior até Quelimane, em Moçambique. Continuaram, então, os seus estudos hidrográficos, efectuando registos geográfico-naturais mas, também, de carácter etnográfico e linguístico. Estabelecem assim a tão desejada ligação por terra entre as costas de Angola e de Moçambique, explorando as vastas regiões do interior situadas entre estes dois territórios e descrevem-na no livro em dois volumes: de Angola à Contra-Costa. Tendo partido para essa missão a 6 de Janeiro de 1884 haveriam de regressar a 20 de Setembro de 1885 sendo recebidos triunfalmente pelo rei D. Luís.

Outras Missões

Posteriormente, Brito Capello, foi nomeado para outras missões, tais como a de vice-presidente do Instituto Ultramarino, do qual foi primeiro Presidente a Rainha Dona Amélia. Faziam igualmente parte da sua primeira Direcção eminentes vultos da História de Portugal, como Roberto Ivens, Andrade Corvo, Luciano Cordeiro, Pinheiro Chagas, António Enes e Oliveira Martins, o que revela bem da importância que as autoridades governamentais da época quiseram atribuir àquela obra social.

Outros Cargos

Hermenegildo Capello foi ajudante-de-campo dos reis D. Luís, D. Carlos e chefe da casa militar do rei D. Manuel II, ministro plenipotenciário de Portugal junto do Sultão de Zanzibar, organizador de uma carta geográfica da província de Angola, delegado do governo num congresso de Bruxelas e presidente da comissão de cartografia. Hermenegildo Capello foi promovido a contra–almirante em 17 de Maio de 1902 e a vice–almirante em 18 de Janeiro de 1906. Muito dedicado ao rei D. Manuel II, acompanhou-o até à partida para o exílio, em 5 de Outubro de 1910. A 24 do referido mês, tendo pedido a demissão deu por terminada a sua carreira militar.

Reconhecimentos

Ao longo da sua carreira, Hermenegildo Capello recebeu, entre outras, as seguintes condecorações:

  • Grande Colar e Gran Cruz da Ordem de Santiago e Espada.
  • Gran Cruz da Ordem de Avis.
  • Grande Colar da Ordem de Torre e Espada.
  • Gran Cruz da Légion d'Honneur de França.
  • Gran Cruz da Royal Victorian Order de Inglaterra.
  • Gran Cruz do Mérito Naval de Espanha.
  • Gran Cruz da Ordem de S. Estanislau.
  • Gran Cruz da Ordem da Estrela Negra da Alemanha.

Bibliografia

  • De Benguela às Terras de Iaca (2 volumes), 1881;
  • De Angola à Contracosta (2 volumes), 1886.

Ligações externas



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