"Se quisermos falar em revoluções urbanísticas no Porto outra zona mais significativa não há como a do Carmo. Trata-se de um espaço que engloba várias e importantes artérias do velho burgo como é o caso das praças de Gomes Teixeira, de Parada Leitão e de Carlos Alberto, as ruas das Carmelitas, dos Clérigos e de Cedofeita e ainda os jardins da Cordoaria e do Carregal. De facto, em apenas 176 anos, aproximadamente entre 1700 e 1876, construíram-se vários (e grandiosos) imóveis que depressa foram apeados para dar lugar a outras edificações não menos significativas - e talvez mais funcionais que os seus antecessores.
Temos, assim, que considerar o Convento de S. José e Santa Teresa das Religiosas Carmelitas Descalças, o Hospício dos Padres do Vale da Piedade (1702-1830) ; as igrejas do Carmo e das Carmelitas (1771) - e, por último, a Igreja-Torre dos Clérigos, de arquitecto italiano Nicolau Nasoni, um monumento que é o verdadeiro "ex-libris" da cidade. No tempo dos Almadas iniciou-se, por seu turno, a construção do Palácio da Relação e Cadeia do Porto, bem como do Hospital de Santo António, cuja fachada é a mais extensa da cidade e de cuja grandeza não nos apercebemos totalmente porquanto não é possível, dado o tecido urbano envolvente, termos uma visão de conjunto. Ambos edifícios começaram a ser construídos, respectivamente, em 1766 e 1770, altura em que se iniciou a abertura da Rua de Cedofeita. Também por essa altura, a então chamada Calçada dos Clérigos começou a ganhar os contornos dos nossos dias.
Ainda no princípio do século XVII, iniciou-se a construção da Academia da Marinha e do Comércio, mais tarde conhecida por Academia Politécnica e, mais tarde ainda, por Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Há ainda outros factos curiosos que os mais novos desconhecem. Por exemplo, onde se encontra hoje o (lamentavelmente) abandonado Clérigos Shopping, já lá funcionou, até meados do século passado, o Mercado do Anjo e, por seu turno, onde se encontra hoje o Palácio da Justiça, existiu o Mercado Peixe. O primeiro daqueles espaços, com a concorrência do Mercado do Bolhão, depressa se degradou e acerca dele contavam-se histórias pouco abonatórias, muitas das quais tinham a ver com o facto de lá "dormir" muito boa gente.
Demolido o Mercado do Anjo em meados do século passado foi ali inaugurado anos depois, com pompa e circunstancia, a Praça de Lisboa que outra coisa não era do que um parque de estacionamento muito mal-amanhado...
Já depois do 25 de Abril, todos os portuense devem estar recordados daquele autêntico "casbah" em que o recinto se transformou depois de ter recolhido, por iniciativa camarária, os vendedores ambulantes que, por geração espontânea, infestaram a Baixa Portuense, fazendo, de borla, concorrência aos estabelecimentos comerciais que pagavam (e não bufavam) impostos e taxas municipais para poderem ter a porta aberta! O Clérigos Shopping que se lhe sucedeu, não correspondeu à excelente projecto lançado pela vereação presidida pelo dr. Fernando Cabral a ideia era boa mas o dinamismo comercial do espaço foi escasso e feneceu em pouco tempo. Veremos o que vai dar o concurso de ideias lançado recentemente pelo executivo de Rui Rio.
Certo é que apesar de tantas construções e desconstruções o Carmo ainda é, para todos os efeitos, o espaço mais monumental da cidade, tendo sido alvo de inúmeros projectos de melhoria ao longo do século XX. Veja-se o trabalho desenvolvido por Mestre Marques da Silva quando propôs que a Câmara do Por em vez de construir os Paços do Concelho no topo de então futura Avenida dos Aliados, a erguesse no quarteirão que hoje é definido pelas praças de Carlos Alberto, Guilherme Gomes Fernandes e Gomes Teixeira..."
Temos, assim, que considerar o Convento de S. José e Santa Teresa das Religiosas Carmelitas Descalças, o Hospício dos Padres do Vale da Piedade (1702-1830) ; as igrejas do Carmo e das Carmelitas (1771) - e, por último, a Igreja-Torre dos Clérigos, de arquitecto italiano Nicolau Nasoni, um monumento que é o verdadeiro "ex-libris" da cidade. No tempo dos Almadas iniciou-se, por seu turno, a construção do Palácio da Relação e Cadeia do Porto, bem como do Hospital de Santo António, cuja fachada é a mais extensa da cidade e de cuja grandeza não nos apercebemos totalmente porquanto não é possível, dado o tecido urbano envolvente, termos uma visão de conjunto. Ambos edifícios começaram a ser construídos, respectivamente, em 1766 e 1770, altura em que se iniciou a abertura da Rua de Cedofeita. Também por essa altura, a então chamada Calçada dos Clérigos começou a ganhar os contornos dos nossos dias.
Ainda no princípio do século XVII, iniciou-se a construção da Academia da Marinha e do Comércio, mais tarde conhecida por Academia Politécnica e, mais tarde ainda, por Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Há ainda outros factos curiosos que os mais novos desconhecem. Por exemplo, onde se encontra hoje o (lamentavelmente) abandonado Clérigos Shopping, já lá funcionou, até meados do século passado, o Mercado do Anjo e, por seu turno, onde se encontra hoje o Palácio da Justiça, existiu o Mercado Peixe. O primeiro daqueles espaços, com a concorrência do Mercado do Bolhão, depressa se degradou e acerca dele contavam-se histórias pouco abonatórias, muitas das quais tinham a ver com o facto de lá "dormir" muito boa gente.
Demolido o Mercado do Anjo em meados do século passado foi ali inaugurado anos depois, com pompa e circunstancia, a Praça de Lisboa que outra coisa não era do que um parque de estacionamento muito mal-amanhado...
Já depois do 25 de Abril, todos os portuense devem estar recordados daquele autêntico "casbah" em que o recinto se transformou depois de ter recolhido, por iniciativa camarária, os vendedores ambulantes que, por geração espontânea, infestaram a Baixa Portuense, fazendo, de borla, concorrência aos estabelecimentos comerciais que pagavam (e não bufavam) impostos e taxas municipais para poderem ter a porta aberta! O Clérigos Shopping que se lhe sucedeu, não correspondeu à excelente projecto lançado pela vereação presidida pelo dr. Fernando Cabral a ideia era boa mas o dinamismo comercial do espaço foi escasso e feneceu em pouco tempo. Veremos o que vai dar o concurso de ideias lançado recentemente pelo executivo de Rui Rio.
Certo é que apesar de tantas construções e desconstruções o Carmo ainda é, para todos os efeitos, o espaço mais monumental da cidade, tendo sido alvo de inúmeros projectos de melhoria ao longo do século XX. Veja-se o trabalho desenvolvido por Mestre Marques da Silva quando propôs que a Câmara do Por em vez de construir os Paços do Concelho no topo de então futura Avenida dos Aliados, a erguesse no quarteirão que hoje é definido pelas praças de Carlos Alberto, Guilherme Gomes Fernandes e Gomes Teixeira..."
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