3.4.08

Rua MOUZINHO DA SILVEIRA


Foto de Zwigmar

José Xavier Mouzinho da Silveira - ( 1780 - 1849 ),o notável e operoso reformador liberal, principalmente nos campos da Economia e das Finanças.

Como nos diz a página dedicada à toponímia de cidade

Se desejar saber mais:
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José Xavier Mouzinho da Silveira(1780-1849)

Autor das principais leis orgânicas do cartismo português, emitidas formalmente nos Açores, mas aplicadas no continente a partir de 1834. Maçon. Formado em leis (1802). Magistrado em Marvão, Setúbal e Portalegre. Nomeado administrador-geral das alfândegas em 1821, por influência do seu amigo e companheiro maçónico, Manuel Fernandes Tomás. Ministro da fazenda, de 1 a 19 de Junho de 1823, depois da vilafrancada. Preso durante a abrilada. Deputado em 1826. Em 1828 vai para o exílio em Paris. Ministro da Fazenda e da Justiça da regência de D. Pedro, desde 3 de Março a 13 de Dezembro de 1832.

Portal do Ministério das Finanças

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Publicado por José Adelino Maltez



"A Rua de Mouzinho da Silveira começou a ser planeada em 1872 mas os trabalhos apenas se iniciaram em 1877, apoiando-se sobre o espaço do Rio da Vila, regularizando o seu itinerário. Para se criar esta artéria, larga e recta, foram destruídos diversos espaços urbanos: o Largo de S. Roque, praça urbanizada um
século antes por João de Almada e que ficava entre as ruas das Flores e do Souto, onde se ergueu uma capela oitavada dessa invocação em 1776: a Ponte Nova (que ainda se regista na actual toponímia, na rua que une a Rua das Flores á Rua da Bainharia, e que garantia a passagem do Rio da Vila): e as
radicais transformações da zona do Largo de S. Domingos/Mouzinho da Silveira/Rua de S. João, onde se destruíram as ruas da Biquinha, dos Canos e das Congostas.Este é um momento de profunda transformação nesta zona da cidade, sem dúvida a mais radical intervenção no burgo velho até ás
intervenções da década de 1940 (na zona do Terreiro da Sé) e de 1950 (com a abertura da Avenida da Ponte). Como escreveram Helder Marques, José A. Rio Fernandes e Luís Paulo Martins". "O incremento comercial e industrial que se opera na segunda metade do século XIX é não só responsável pela reorganização das principais vias de trânsito de mercadorias no velho burgo, (...) como leva à abertura da Rua Nova da Alfândega (iniciado em 1871), que se vai articular posteriormente com a Rua de Mouzinho da Silveira, ampla artéria entre a área ribeirinha e a cidade alta, fazendo desaparecer o que restava do curso sub-aéreo do Rio da Vila e o Largo de S. Roque." É conhecido o "Projecto de abertura da Rua de Mouzinho da Silveira - R. da Biquinha paralela à R das Flores", datado de 1875 e da autoria de Luís António Nogueira (Plantas Antigas da Cidade, p. 104), e que constitui um precioso documento para reconstituição do espaço urbano afectado pelas obras de 1877. A sua versão mais acessível encontra-se publicada n'O Tripeiro, pela mão de Monteiro de Andrade. A empresa não foi fácil, e teve de lutar com dificuldades de diversa natureza. Criar uma artéria com 19 metros de largura, em pleno espaço urbano do velho Porto obrigava a expropriações, e o encanamento do rio da Vila era obra de engenharia de certo vulto. As dificuldades encontradas na construção desta artéria encontram-se espelhadas no Relatório da Câmara, apresentado em 1880 e que se revela um curioso e importante testemunho histórico: "(...) Tem continuado muito morosamente a abertura desta rua, e isto devido à grande dificuldade que se tem encontrado nas aquisições dos prédios que tiveram e têm de ser expropriados; sendo necessário recorrer-se, pela maior parte, a duas vistorias, em algumas das quais têm os proprietários lançado mão de provas testemunhais, embaraçando-se assim o conclusão duma obra que vai proporcionar ao público uma ampla e fácil comunicação do cidade baixa e margem do rio Douro com o interior da cidade. O aqueduto desta rua, que tem 2m,50 de largura e 3m,25 de altura, está construído na extensão de 301 metros, recebendo já as águas do Rio da Vila, e vão continuando as obras através de grandes obstáculos, já pela qualidade do terreno, que tem de ser perfurado, e já por se não poder atacar a rua em vários pontos como convém. (...) No último empréstimo foi incluída também o soma necessária para as
expropriações que têm de ser feitas com a comunicação da Rua de Mouzinho da Silveira e a Rua de D. Maria II. (...)". Pelo mapa anexo ao relatório (n.º 13) pode-se verificar que até então tinham sido expropriados 38 prédios mas que ainda faltava expropriar; entre outros, o prédio n.º 74 e 76 da rua do
Souto e o prédio n.º 8 do Largo de S. Roque. Segundo Horácio Marçal, Monteiro de Andrade e Eugénio Andrea da Cunha e Freitas, o traçado deste arruamento foi realizado em duas fases: a primeira fase, obedecendo a um projecto apresentado por Luís António Nogueira, em 1872 e aprovado pela Câmara em 17 de Junho de 1875, que ia do Convento de S. Bento de Avé-Maria até ao alto da rua de S. João (ou seja, abrangendo a zona que importa a este estudo): a segunda fase, aprovada segundo o mesmo projecto, seguia daí à Rua Nova dos Ingleses (primeiro designada por Rua Nova ou Rua Formosa, e hoje conhecida como Rua Infante D. Henrique).Com as demolições para dar lugar à Rua de Mouzinho da
Silveira seriam destruídos o Hospital de S. Crispim (ou dos Palmeiros) e a Capela de S. Crispim, que se erguiam lado a lado, logo à entrada da Rua da Biquinha, voltados ao Largo de S. Domingos. Na Planta de 1875, que o Senado aprovou, e pela qual se construiu a Rua de Mouzinho da Silveira, indicam-se os novos
locais onde deveriam ser reconstruídas estas duas estruturas. O Hospital dos Palmeiros ou de S. Crispim pertencente à Confraria dos Sapateiros, Surradores e Tamanqueiros, está já documentado em 1398.A construção da Rua de Mouzinho da Silveira não se fez sem sacrifício de preciosos testemunhos do passado, que pereceram sem ser devidamente estudados. De um deles deu eco Pedro Vitorino: "Quando em 1880 se procedeu ao encanamento do Rio do Vila, assentando em porte do seu trajecto ampla rua, surgiu um documento arqueológico sem dúvida notável. Eis como se lhe refere, num livro de desenhos e
notas sobre o "Porto Antigo", em meu poder, organizado em 1884, o professor de desenho Joaquim Manuel Teixeira Marinho: "Em uma casa demolida (para se abrir a rua nova de Mouzinho da Silveira, no Porto), foi visto no interior do dito casa, por cimo de um arco, um Phallo feito de pedra, sendo testemunho Manuel António de Mouro, retratista e pintor restaurador, d'esta cidade, dizendo que não só elle viu este vestígio do antigo culto entre nós, como também António Soares dos Reis, estatuário, e o professor de archictetura civil da Academia portuense de Bellas-Artes, o Sr. Sardinha, os quais alli encontrou, ignorando qual o destino que a camara mandou dar a esta pedra". O curiosíssimo achado sugeria o caminho remoto que do rio-portus-, pelas Congostas, conduzia ao povoado, através do vale, direito ao sítio da Cividade, onde séculos depois se abria a Porta de carros na muralha fernandina. O Porto foi desde época distante ponto forçado do caminho para o norte, passando por ele - Portucale - a principal estrada romana que da Lusitânia ocidental conduzia à Galécia, constituindo assim o limiar da entrado desta importante província do império romano. Ainda na Idade Média essa passagem se mantinha: aos dois principais caminhos medievais que do sul da península levam a Santiago de Compostela, e do oriente passava por Astorga e do ocidente pelo Porto."Ainda se podem ver; na confluência da Rua do Souto com a Rua Mouzinho da Silveira; vestígios do velho Largo do Souto ou de S. Roque, onde se erguia a Capela de S. Roque, de planta hexagonal. Sobrevive o muro curvilíneo, que hoje serve de pano de fundo a um chafariz ali colocado em 1920 em substituição de um outro mais antigo.Sobre este desaparecido Largo possuímos diversas plantas de pormenor; algumas já publicadas, bem como a descrição de Sousa Reis: "Até ao anno de 1775 houve no Largo da Sé, defronte da porta travessa da Cathedral huma Capelinha aonde se venerava a imagem de S. Roque, porem o terramoto de 1 de Novembro desse anno arruinou a de tal forma, que ficou inteiramente inutil era com tudo tal a
devoção dos habitantes da Cidade com este Santo, que não tardou muito que os principaes cidadãos della requererão ao Senado a reedificação da Capella visto S. Roque os ter preservado por diversos vezes da Peste, attendendo pois a Câmara a estas rogativas, e vendo o estado rumo (sic) della resolveo funda-la de novo, e escolhendo o lugar do Souto, por ter capacidade para formar huma praça, ahi mandou levantar sobre as boas escadarias de pedra a linda Capella de S. Roque de forma oitavada, e deo aos edificios lateraes della a aparencia de sumptuoza architectura regular, que o não ser tão estreito o local, não deixaria de ser vistozo ...".Um documento de 2 de Julho de 1753 revela-nos que se planeava então fazer umas escadas na Sé que "além de tomar terreno público prejudicava o Capela de S. Roque que estava situada no Largo da Sé e defronte da Porta travesso do mesma Sé". A obra não se realizaria de imediato, talvez devido aos entraves acima apontados, mas a Capela de S. Roque, que tanta devoção suscitava aos portuenses, seria duramente afectada pelo Terramoto de 1 Novembro de 1755, a ponto de ter sido decidida a sua demolição. Foi um pedreiro de nome António Francisco quem arrematou a demolição da "Capela de S. Roque., ao pé da Sé desta cidade [do Porto], em preço e coantia de 16 Mil e 500 Reis", quantia que lhe foi paga em 20 de Novembro de 1756.A nova Capela de S. Roque foi fundada em 9 de Novembro de 1776 e demolida em 1877.Das obras ordenadas por Almada deve ter sido pedreiro Joaquim da Silva Mata, que "Pela despesa da Capela de S. Roque" recebeu da Junta das Obras Públicas do Porto a quantia de 59$575, em 4 de Julho de 1786.Os trabalhos de regularização e alargamento do que viria a ser o Largo de S. Roque, ordenados a partir de 1776, aproveitaram a zona dos aloques e dos pelames que se desenvolvia, nas penedias, no triângulo formado pelo Rio da Vila, Rua do Souto e Rua dos Pelames. Tratava-se de uma zona degradada, nunca devidamente urbanizada, onde se localizaram as estruturas de curtimento de peles, e que João de Almada e Meio aproveitou para regularizar. Houve, no entanto, e mesmo assim, necessidade de demolir alguns prédios. Sabemos que em 4 de Abril de 1767 foi ordenada a demolição de um prédio para se poder vir a construir a "Praça do Souto", mais tarde designada Largo de S. Roque. Em 6 de Fevereiro de 1768 foi adquirida mais uma casa para possibilitar a abertura da referida Praça do Souto. E, finalmente, em 9 de Dezembro de 1769 seria adquirida uma casa para "alinhamento e formusura" do largo e para nela se fazer uma Capela (sem dúvida a futura Capela de S. Roque). Sobre o mesmo assunto encontram-se novas referências em 20 de Dezembro de 1769 e em 24 de Fevereiro de 1772. Ainda nas palavras de Sousa Reis, "He pois a Praça do Souto pelo lado do nascente semicircular e encostada perfeitamente ao rochedo que formo o alto chamado dos Pelames (...) de forma tão agradável esta praça, que peno é estar abafada por casas particulares de habitação mais citas que o regularíssima fachada principal do lado do nascente" .Acrescenta Sousa Reis que "A Fonte de S. Roque do Souto tem duas bicas, sendo huma d'ellas alimentada pela agoa proveniente da arca de Paranhos e Salgueiros, a outra de huma mina antiga pertencente ao Senado da Camara e Religiozos Franciscanos, que por isso fornece o chafariz interno da Bolsa do Commercio. Chama-se de S. Roque porque lhe fica nas costas a pequena Capella erecta á imagem d'esse Santo, a pedido do Portuenses como advogado contra a Peste; foi por essa ocasião que o dito João d'Almada e Mello uniformizou o limitado Praça, que ainda está muito regular no risco e pedraria. A fonte tem hum grande tanque para deposito das agoas.", concluindo que "no meio da curvo está um amplo tanque cujas águas nele se alimentão pelo boca de um golfinho em que se vê montado hum Génio nú do tamanho de huma criança". Como referimos, também este chafariz seria destruído. O que hoje se pode ver em seu lugar na Rua de Mouzinho da Silveira, enquadrado dentro de grande arco, remonta a 1920. Nas obras realizadas pela Câmara Municipal do Porto ao longo do 2º semestre de 1857 a 1858, restaurou-se a escadaria da praça de S. Roque, que ameaçava ruína. Poucos anos mais tarde, em 1877, o Largo desapareceria para dar lugar à Rua de Mouzinho da Silveira. De entre as casas erguidas desde o último quartel do Séc. XIX salientemos o lote N.º 182, na esquina da Rua de Mouzinho da Silveira com a Rua da Ponte Nova, um edifício Arte Nova, que apresenta molduras de janelas cuidadas e ferros dessa época. O processo de licenciamento da sua construção foi submetido pelo seu proprietário, Anastácio Dias da Cunha, morador no Muro de Ribeira, à Câmara Municipal do Porto em 4 de Fevereiro de 1905. Os alçados revelam-nos a traça Arte Nova do edifício. Poucos anos mais tarde, a firma Rocha e Francesi, que detinha o prédio, submete um pedido de autorização para alterar a entrada principal do edifício e transformar a janela, na esquina chanfrada da Rua de Mouzinho da Silveira com a Rua da Ponte Nova.Um pouco acima deste edifício, ocupando o N.º 228 da Rua de Mouzinho da Silveira, e tendo comunicação com a Viela do Anjo, seria edificado o prédio do Banco Alliança, uma construção com influências neoclássicas cujo pedido de autorização seria submetido à Câmara em 24 de Março de 1884.Em frente a este prédio, do outro lado da rua, encontramos um edifício com traço influenciado por Marques da Silva, provavelmente dos inícios do séc. XX."
(Bairro da Sé do Porto - Monografias)



Esta artéria, anterormente já teve o nome de Rua da Vila e de Rua das Congostas.



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