28.6.08

Avenida do BRASIL

44|06|08

"O Salva-Vidas" escultura de Henrique Moreira


Outrora a avenida chamou-se rua de Carreiros.

"Por volta de 1860, a Foz do Douro era pouco mais do que uma aldeia de pescadores. O caminho que daqui levava a Matosinhos chamava-se Estrada de Carreiros. De carreiros certamente por nela transitarem carros de bois, com seus condutores. Em 1930 são aprovados os projectos camarários de embelezamento da Avenida do Brasil; no ano seguinte, concluía-se a obra da «pérgola»..."

"Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas



45|06|08

Casa onde faleceu o poeta António Nobre


«Mário Cláudio reiterou ontem as críticas quanto ao desinteresse da Câmara do Porto em classificar a casa onde morreu António Nobre, na Foz. O escritor mostrou-se surpreendido com o parecer da autarquia que afirma não ser uma prioridade a aquisição do imóvel.


Foi com surpresa que o escritor Mário Cláudio ficou a saber que a casa onde o poeta António Nobre morreu, em 1900, e que se situa no número 531 da Avenida Brasil, não é para a Câmara Municipal do Porto uma prioridade em termos de aquisição ou recuperação do imóvel. A noticia publicada pelo JANEIRO, na passada sexta-feira, dava conta que segundo um parecer técnico pedido pelo vereador da Cultura, Gonçalo Gonçalves, ao Departamento Municipal de Bibliotecas e ao Departamento de Museu e Património Arquitectónico, "o edifício, por si só, não reúne condições que justifiquem a abertura de um processo de classificação". Uma surpresa para o autor de «UrsaMaior» que fez saber que, aquando do descerramento da placa evocativa colocada na casa onde viveu e morreu Guilhermina Suggia, a 27 de Julho deste ano, na Rua da Alegria, falou pessoalmente com Gonçalo Gonçalves sobre a atenção que a edilidade também deveria dar à casa de António Nobre. Segundo Mário Cláudio, "o Sr. Vereador mostrou-se interessado e prometeu contactar-me na semana seguinte para falarmos sobre o assunto, facto que não veio a acontecer. Por isso, é com espanto que agora vejo publicado que afinal o edifício não é uma prioridade da câmara".
Mário Cláudio, que proferiu estas declarações durante uma conferência realizada ontem para assinalar os 140 anos sobre o nascimento de António Nobre [16 de Agosto], organizada pelo Grupo Cultural O Progresso da Foz, acrescentou ainda "aliás, a Câmara não tem prioridades culturais e esta administração conseguiu o milagre de não ter uma única personalidade da Cultura ao seu lado". O escritor portuense aproveitou o encontro para lançar um repto aos cidadãos da cidade para que se manifestem contra este desinteresse, lembrando o protesto dos vizinhos espanhóis contra o abate das árvores no Passeio do Prado, em Madrid, no seguimento do projecto de requalificação da autoria do arquitecto Siza Vieira. "Gostava que existisse um movimento cívico que protestasse junto da Câmara para, no futuro, não vermos esta casa no chão", disse Mário Cláudio que se mostrou também disponível para promover uma conferência de imprensa sobre o assunto e voltou a sugerir a ideia de criar um espaço à semelhança do que aconteceu com a casa Fernando Pessoa, em Lisboa. No final do encontro e, em declarações ao JANEIRO, o autor afirmou que não sabe se o repto sortirá efeito, "pois tudo depende da sensibilidade das pessoas". "Gostava de não ser tão céptico sobre este assunto – continua – e acreditar que há uma maior vontade da autarquia em honrar os compromissos, em projectar o seu nome com alguma dignidade, mas não é isso que está a acontecer.
É uma vergonha ver quem detém um legado tão precioso como é o espólio do poeta não cuidar da modesta casa onde ele morreu".
Ainda para o escritor, são atitudes como estas que levam ao desânimo das pessoas e, por isso, adverte: "A Câmara que não se engane quanto a isto, pois o desânimo das pessoas da Cultura propagasse muito rapidamente ao geral da população que lê as informações que são publicadas e a partir das quais tira as lições que lhes convém ou não. Neste momento, a lição mais fácil a tirar é a de que o Porto é uma cidade desalmada na verdadeira acepção da palavra. Quer dizer uma cidade sem alma".
Perante as declarações de Mário Cláudio, o JANEIRO tentou contactar o vereador do Pelouro da Cultura, Turismo e Lazer, através da assessora de imprensa da autarquia. Contudo, até ao fecho desta edição não foi possível obter qualquer comentário de Gonçalo Gonçalves.

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Intenção
Despertar atenções
Um pouco antes do início do segundo encontro das Conferências do Passeio Alegre, o JANEIRO conversou com Joaquim Pinto da Silva. De acordo com o director do grupo cultural O Progresso da Foz, a intenção destas conversas passa "por falar às pessoas em locais menos institucionais, como é o caso do Nobre Caffé que dista cerca de 30 metros da casa do poeta, e por consequência atrair-lhe a atenção". "Além disso – acrescentou – queremos também obrigar as elites a sair da toca para conviverem com o cidadão comum em torno das colectividades ou em lugares públicos".

Goreti Teixeira


Sobre a casa onde faleceu António Nobre pode também ler o blog Guilhermina Suggia



1 comentário:

Anónimo disse...

Olá:


Desde já desculpamos pela demora na resposta, pois tivemos em fase de exames nacionais, pelo que nos sobrou pouco tempo para cuidar do "bombarte"

Não sabemos quem é, mas percebemos que vive intensamente a sua rua e de certeza o Porto. Gostamos muito do seu texto que é quase um poema dedicado a Miguel Bombarda.

Se consultar as páginas iniciais do blog saberá quem somos – 16 alunos de Área de Projecto do 12º ano da Escola Secundária Filipa de Vilhena – e até pode ver as nossas caras!

Não vivemos em Miguel Bombarda mas passámos centenas e centenas de horas a observar e conversar com galeristas, comerciantes, visitantes e moradores de MB. Podemos dizer que a rua nos é familiar e muitos de nós conhecem-na melhor do que conhecem a sua própria rua. Gostamos de Miguel Bombarda e das ruas em volta. Aprendemos muito com todos e alguns de nós vão continuar a explorar a sua realidade porque temos muito que aprender ainda.

Se ler algumas das nossas propostas verá que as suas preocupações são também as nossas. O pior que pode acontecer a MB é transformá-la num espaço artificial sem as pessoas e as lojas de bairro que ainda sobrevivem. Por isso, incluímos no nosso blog este texto:

“Pode parecer uma contradição, mas manter o comércio tradicional, vai contra a corrente! Neste caso, achamos que é criativo manter as mercearias (já poucas!) o talho, as oficinas de automóveis, o sapateiro, as lojas tradicionais de roupa, as casas de hóspedes, as creches, etc.
Se daqui a 15 anos estes estabelecimentos se mantiverem, prova-se que houve a criatividade de não transformar a zona num “parque temático” só frequentado por determinado tipo de pessoas. Que esta área mantenha fixada a sua população de origem, e que para além das galerias e “lojas de conceito”sobreviva algum comércio tradicional, é nos dias que correm, uma ideia criativa.”

Como o (a) senhor (a) receamos também que MB se possa transformar num “parque temático” o que seria o fim da rua, para quem lá mora mas também para a cidade.

Gostávamos de o(a) conhecer para podermos conversar! Pode ser? Achamos que podemos aprender muito consigo! E obrigado por nos ter lido e reagido ao nosso projecto!