Tudo me leva a pensar que é neste jazigo que foi sepultada, em 1902, a mãe de Alberto dos Santos-Dumont, pois a senhora vivia no Porto com as suas filhas.
Sobre os cemitérios do Porto aconselho a visita à página de Francisco Queiroz: http://franciscoeanamargarida.planetaclix.pt/tese.htm
O Cemitério de Agramonte foi inaugurado em 1855.
Sobre a Quinta de Agramonte:
"AGRAMONTE, QUINTA DE - A 2 de Agosto de 1832, por motivos de ordem estratégica D. Pedro deu ordem de queimar e arrasar a importante casa de campo, muros e árvores da bela quinta de Agramonte. Uma das mais formosas e produtivas dos subúrbios do Porto. Rendia 400$000 reis anuais livre de todas as despesas. Pertencia à tripeira família Pinho e Sousa. O seu proprietário, capitão Joaquim de Pinho e Sousa, herói da Guerra Peninsular, liberal convicto e sincero, tinha falecido em 1831, quando emigrado em Paris. A viúva morrerá em Agosto de 1833, um ano depois da destruição da quinta. Era filha de um italiano de Génova, notável ceramista e fundador da Fábrica de Loiça da Santo António da Piedade. D. Pedro foi pessoalmente levar-lhe a notícia e apresentar-lhe as suas desculpas, e assegurar-lhe que seria a primeira a ser indemnizada pelo seu justo valor «logo que as circunstâncias o permitissem». Afinal parece que tal nunca sucedeu, apesar de repetidos requerimentos do tutor dos menores. Quatro anos depois do Cerco ainda o governo local dava ordens para lá ir buscar pedra “sem conta, nem avaliação e menos pagamento”. Continuou um monte inculto até ser expropriado, em 1855, por uma quantia “miserável” para ser aproveitado para cemitério. Esta família Pinho e Sousa é um caso da guerra civil. A família desapareceu em meados do século XIX por falta de representação varonil. O irmão José Leandro, também militar, foi morto por uma bala legitimista; as mais importantes propriedades da família foram sequestradas em 1828 pelos miguelistas: o grande prédio no Descampado de Miragaia, junto à Fonte da Colher, sua residência citadina e onde Joaquim nascera, foi arruinado pelos rebeldes por estar exposto ao mais terrível fogo do inimigo; a sua casa solarenga em Carcavelos, S. Tiago de Riba d’Ul, foi mandada arrasar completamente em 1828 por ordem de D. Miguel. Também tinha propriedades em Lavra e Perafita. Joaquim assentou praça aos 14 anos. Fez a guerra peninsular e em 5 de Março de 1820 pediu a reforma porque não lhe concederam a mudança para o Porto quando o seu pai morreu. A 24 de Agosto do mesmo ano apresentou-se a Fernandes Tomás para defender a revolta liberal. Em 1826 foi nomeado comandante da guarnição de Vila da Feira. Em 1828 “foi ao Porto e foi do pequeno número de oficiais que acompanhou o exército fiel por terra até à Corunha onde embarcou para França onde morreu”.AGRAMONTE, QUINTA DE - A 2 de Agosto de 1832, por motivos de ordem estratégica D. Pedro deu ordem de queimar e arrasar a importante casa de campo, muros e árvores da bela quinta de Agramonte. Uma das mais formosas e produtivas dos subúrbios do Porto. Rendia 400$000 reis anuais livre de todas as despesas. Pertencia à tripeira família Pinho e Sousa. O seu proprietário, capitão Joaquim de Pinho e Sousa, herói da Guerra Peninsular, liberal convicto e sincero, tinha falecido em 1831, quando emigrado em Paris. A viúva morrerá em Agosto de 1833, um ano depois da destruição da quinta. Era filha de um italiano de Génova, notável ceramista e fundador da Fábrica de Loiça da Santo António da Piedade. D. Pedro foi pessoalmente levar-lhe a notícia e apresentar-lhe as suas desculpas, e assegurar-lhe que seria a primeira a ser indemnizada pelo seu justo valor «logo que as circunstâncias o permitissem». Afinal parece que tal nunca sucedeu, apesar de repetidos requerimentos do tutor dos menores. Quatro anos depois do Cerco ainda o governo local dava ordens para lá ir buscar pedra “sem conta, nem avaliação e menos pagamento”. Continuou um monte inculto até ser expropriado, em 1855, por uma quantia “miserável” para ser aproveitado para cemitério. Esta família Pinho e Sousa é um caso da guerra civil. A família desapareceu em meados do século XIX por falta de representação varonil. O irmão José Leandro, também militar, foi morto por uma bala legitimista; as mais importantes propriedades da família foram sequestradas em 1828 pelos miguelistas: o grande prédio no Descampado de Miragaia, junto à Fonte da Colher, sua residência citadina e onde Joaquim nascera, foi arruinado pelos rebeldes por estar exposto ao mais terrível fogo do inimigo; a sua casa solarenga em Carcavelos, S. Tiago de Riba d’Ul, foi mandada arrasar completamente em 1828 por ordem de D. Miguel. Também tinha propriedades em Lavra e Perafita. Joaquim assentou praça aos 14 anos. Fez a guerra peninsular e em 5 de Março de 1820 pediu a reforma porque não lhe concederam a mudança para o Porto quando o seu pai morreu. A 24 de Agosto do mesmo ano apresentou-se a Fernandes Tomás para defender a revolta liberal. Em 1826 foi nomeado comandante da guarnição de Vila da Feira. Em 1828 “foi ao Porto e foi do pequeno número de oficiais que acompanhou o exército fiel por terra até à Corunha onde embarcou para França onde morreu”."
Texto coligido por Jorge Rodrigues
Sobre a Capela do Cemitério de Agramonte:
"Capela do Cemitério de Agramonte e órgão de tubos
A Capela Geral do Cemitério de Agramonte, cuja construção foi aprovada pela Câmara Municipal do Porto em 24 de Maio de 1866, substituiu a capela original que era de madeira e existia desde a inauguração do Cemitério no ano de 1855.
A planta é da autoria do Eng. Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa, Director e professor do Instituto Industrial do Porto.
As obras de construção iniciaram-se em 1870/71, sendo a planta posteriormente alterada relativamente á capela-mor, que ficou com configuração redonda, saliente em relação ao edifício, o que não estava inicialmente previsto.
Deve assinalar-se que o projecto da capela-mor, para ampliação da Capela, é da autoria do Arquitecto Municipal José Marques da Silva e datado de 22 de Fevereiro de 1906.
Nas paredes laterais da Capela há composições em estuque de motivos vegetalistas de grande efeito cénico e o tecto é revestido com estuques de representações centrais ricamente trabalhadas, inundadas por um manto de estrelas pintadas a ouro. Os estuques, bem como os mármores, foram arrematados por António de Almeida Costa, tendo colaborado na sua execução o pintor e decorador António Moreira Vale.
O tecto tem pinturas de sabor-bizantino da autoria de Silvestro Silvestri, datadas de 1910, como se pode ler na parede da capela-mor, ao lado da Epístola. O motivo central é Deus-Pai sentado no trono, ladeado por anjos. Ladeando o altar em mármore rosa, existem duas imagens: uma de S. João Baptista e outra da Virgem Maria, setecentistas e de assinalável qualidade.
No coro existe um Órgão de Tubos, de teclado dividido de quatro registos, com pedal de expressão.
O restauro da Capela do Cemitério de Agramonte, iniciou-se em Março de 1995, com projecto do Arquitecto Francisco José Perry de Azeredo Pinto.
Foi adjudicada a parte de construção civil á firma Cobelta – Soc. De Construção Civil, Ld.ª e o Restauro dos Frescos e Estuques à empresa A Ludgero Castro, Ld.ª.
Os trabalhos de recuperação dos frescos decorreram sob a coordenação da Drª Maria Nazaré C. M: Tojal e a direcção técnica de Miguel Mateus.
O restauro do Órgão de Tubos, foi adjudicado á Oficina e Escola de Organaria, Ldª, sendo o técnico responsável, o Engenheiro Pedro D. Guimarães Von Rohden.
O restauro da Capela e Órgão de Tubos, ficou concluído em Outubro de 1996."
A planta é da autoria do Eng. Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa, Director e professor do Instituto Industrial do Porto.
As obras de construção iniciaram-se em 1870/71, sendo a planta posteriormente alterada relativamente á capela-mor, que ficou com configuração redonda, saliente em relação ao edifício, o que não estava inicialmente previsto.
Deve assinalar-se que o projecto da capela-mor, para ampliação da Capela, é da autoria do Arquitecto Municipal José Marques da Silva e datado de 22 de Fevereiro de 1906.
Nas paredes laterais da Capela há composições em estuque de motivos vegetalistas de grande efeito cénico e o tecto é revestido com estuques de representações centrais ricamente trabalhadas, inundadas por um manto de estrelas pintadas a ouro. Os estuques, bem como os mármores, foram arrematados por António de Almeida Costa, tendo colaborado na sua execução o pintor e decorador António Moreira Vale.
O tecto tem pinturas de sabor-bizantino da autoria de Silvestro Silvestri, datadas de 1910, como se pode ler na parede da capela-mor, ao lado da Epístola. O motivo central é Deus-Pai sentado no trono, ladeado por anjos. Ladeando o altar em mármore rosa, existem duas imagens: uma de S. João Baptista e outra da Virgem Maria, setecentistas e de assinalável qualidade.
No coro existe um Órgão de Tubos, de teclado dividido de quatro registos, com pedal de expressão.
O restauro da Capela do Cemitério de Agramonte, iniciou-se em Março de 1995, com projecto do Arquitecto Francisco José Perry de Azeredo Pinto.
Foi adjudicada a parte de construção civil á firma Cobelta – Soc. De Construção Civil, Ld.ª e o Restauro dos Frescos e Estuques à empresa A Ludgero Castro, Ld.ª.
Os trabalhos de recuperação dos frescos decorreram sob a coordenação da Drª Maria Nazaré C. M: Tojal e a direcção técnica de Miguel Mateus.
O restauro do Órgão de Tubos, foi adjudicado á Oficina e Escola de Organaria, Ldª, sendo o técnico responsável, o Engenheiro Pedro D. Guimarães Von Rohden.
O restauro da Capela e Órgão de Tubos, ficou concluído em Outubro de 1996."
Publicado aqui:
http://www.cm-porto.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=cmp.stories/2374
Uma nova página deste blogue mostra mais imagens deste Cemitério:
http://ruasdoporto.blogspot.pt/2012/07/cemiterio-de-agramonte-2012.html
7 comentários:
Bela foto! As informações sobre o cemitério e o seu antigo dono me interessam bastante. Como posso saber mais sobre Joaquim de Pinho e Sousa? Quais foram suas fontes?
Melhores cumprimentos,
Raphael
Caro Raphael:
Eu penso que o Jorge Rodrigues foi buscar uma parte da informação ao "Tripeiro" - Série V ou Série VI. As outras fontes estão indicadas. Francisco Queiroz tem muita coisa publicada sobre os cemitérios portuenses. Cumprimentos
Francisca Santos (01.10.1835 + Porto 21.07.1902), era a mãe de Alberto Santos-Dumont, seu quinto filho.
Uma sua filha Francisca Santos Dumont casou com Ricardo Severo, português, engenheiro civil, arquitecto e arqueologom e vivia no Porto.
Outras 3 irmãs viviam também na cidade do Porto: Maria Rosalina, Virginia e Gabriela.
Alberto Santos Dumont veio ao Porto em 1923 buscar os restos mortais de sua mãe e levou-os para o Brasil.
Gabriel Silva:
Obrigado pela sua intervenção. É um dado que eu desconhecia. Ricardo Severo deu nome a uma rua da cidade onde ainda hoje se morre uma moradia por ele próprio projectada. Neste blogue encontrará algumas referências a esta figura importante na vida intelectual da cidade.
As outras irmãs do aviador casaram-se com filhos de António Joaquim d'Andrade Villares (de quem, ainda hoje, procuro os progenitores. Creio que todos eles também foram para o Brasil, como Ricardo Severo. Encontram-se referências aos mesmos em São Paulo - Brasil.
Este jazigo tem sepultados vários descendentes e parentes dos Andrade Villares.
Embora não exista lá prova concreta, sei que o meu bisavô António Gaspar d'Andrade Villares foi lá sepultado quando faleceu no Porto.
Se por acaso tiver mais dados sobre os descendentes, agradecia que entrasse em contacto comigo para teodosiodias(arroba)gmail.com
Cumprimentos
Salvo melhor informação, as propriedades encontravam-se localizadas em Pampelido (lugar partilhado pelas freguesias de Perafita e Lavra). Pode informar sobre qual a publicação onde foi publicado o texto do Jorge Rodrigues?
José Gonçalves,
Eu, na altura, escrevi que a resenha tinha sido coligida por Jorge Rodrigues.
Que eu saiba está publicada aqui. Não sei se o Jorge Rodrigues a publicou posteriormente. Na altura tinha cedido o direito de publicar as suas notas.
Um blogue será sempre um simples blogue, nunca será uma referência de algo cientifico.
Caro Teo Dias,
O Blog Ruas da Minha Terra permitiu-me conhecer melhor a história do local onde vivo.
O texto original da autoria do Dr. Vasco Veludo encontra-se publicado no Tripeiro - Série V - Ano I - Página 129 e 130 na coluna dedicada a Achegas Arqueológicas e Iconográficas - IV - Vitimas do Cêrco do Porto (Casa e Quinta de Agramonte).
Bem haja!
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