19.2.08

Rua das CARMELITAS



Fotografia publicada no Flickr (clique para ver a localização)


No ano de 1704, o bispo D. Fr. José de Santa Maria de Saldanha fundou no campo da Via Sacra, ou do Calvário Velho, o Convento de S. José e de Santa Teresa de Carmelitas Descalças. Da sua igreja e casa conventual não resta hoje qualquer vestígio, a não ser na designação oficial das Rua das Carmelitas e de Santa Teresa. A planta redonda de Balck (1813) mostra a rua já com a denominação actual. Em 1839, Costa Lima chama-lhe Rua do Anjo. E regista também uma Travessa das Carmelitas, que parece corresponder, mais ou menos, à actual Rua do Conde de Vizela. ("Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas).

Segundo o Arquivo Municipal da Toponímia já se chamou: Calvário Velho (Roteiro de 1933)




CARMELITAS, RUA - Era uma rua estreita entalada entre os altos muros do convento e os do Recolhimento do Anjo, falta de alinhamento e do necessário espaço para a tornar mais apta ao trânsito e a comunicação entre duas praças. Para a alargar demoliram-se, em 1838 (?), o pátio do convento o muro e a cerca. Assim ficou a descoberto o terreno da cerca. Era de tal modo amplo que em 1845 foi marcado para ali “um jogo da bola que as autoridades proibiram.” Foi neste espaço que se instalou o mercado popular de “Os Ferros Velhos”. Teve vários nomes Rua do Anjo, Nova do Anjo e de Jesus do Anjo. Actualmente segue-se à Rua do Clérigos após a esquina com a Rua do Conde de Vizela. No final do século XIX era ladeada de árvores seculares, formando um lindo túnel com os seus ramos. Também havia destas árvores na praça dos Leões e nos Ferros Velhos. Sofreu grande modificações com a construção, em 1903, do chamado bairro das Carmelitas que integra todo o quarteirão compreendido entre a Praça Guilherme Gomes Fernandes. As ruas de Santa Teresa, Conde de Vizela e Carmelitas. Os poucos prédios que haviam resistido ao redor das instalações monásticas e mesmo o pouco que ainda restava do convento, incluindo os barracos dos Ferros Velhos, começaram a ser demolidos em meados de 1903. Logo nesse ano se começou a abrir a Rua da Galeria de Paris assim chamada porque era para ser coberta de vidro. No interior deste bairro ficam portanto esta última rua e a de Cândido Reis, primeiro chamada Rainha D. Amélia.


Notas cedidas por Jorge Rodrigues


Sobre a Livraria Lello e Irmão:

No dia 13 de Janeiro de 1906 inaugurava, no Porto, a Livraria Lello, causando grande impacto no meio cultural da época. Tratava-se, no entanto, de um espaço de tradição livreira, uma vez que já aí tinha sido fundada a Livraria Chardron em 1869. No período que decorre entre esta data e a inauguração da Livraria Lello, o edifício conheceu outros proprietários, tendo sido vendido em 1894 a José Pinto de Sousa Lello, que se dedicava ao comércio e importação de livros, possuindo já uma outra livraria na cidade, em sociedade com o seu cunhado David Lourenço Pereira. Por morte deste último, José Pinto de Sousa Lello constituiu sociedade com o seu irmão António Lello, passando a livraria a designar-se Lello & Irmão, Lda.
O edifício, de carácter ecléctico, com fachada neogótica, foi concebido segundo projecto do engenheiro Xavier Esteves, destacando-se fortemente na paisagem urbana envolvente.
A fachada apresenta um arco abatido de grandes dimensões, com entrada central e duas montras laterais. No segundo registo, três janelas rectangulares ladeadas por duas figuras pintadas por José Bielman, representando a Arte e a Ciência, respectivamente. Uma platibanda rendilhada remata as janelas, e a fachada termina em três pilastras encimadas por coruchéus, com vãos de arcaria de gosto neogótico. A decoração é complementada por motivos vegetais, formas geométricas e a designação "Lello e Irmão", sobre as janelas.
No interior, os arcos em ogiva apoiam-se nos pilares em que o escultor Romão Júnior esculpiu os bustos de escritores como Antero de Quental, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Teófilo Braga, Tomás Ribeiro e Guerra Junqueiro, sob baldaquinos rendilhados, de linguagem neogótica. O grande vitral, onde se pode ler a divisa "Decus in Labore", é uma das marcas mais significativas da livraria, pelas dimensões e riqueza de tons; tal como a escadaria de grandes dimensões, de acesso ao 1º piso, e os tectos trabalhados (QUARESMA 1995).
Um conjunto em que a arquitectura e os elementos decorativos deixam transparecer o estilo dominante naquele início de século. De facto, a Livraria Lello é um dos mais emblemáticos edifícios do neogótico portuense, ainda que ligeiramente tardio, mas em perfeita actualidade com algumas das tipologias estéticas da época, a que a literatura não foi alheia.
Actualmente, a Livraria modernizou-se, com o objectivo de se adaptar aos tempos presentes. Foi criada uma nova sociedade - Prólogo Livreiros, S.A. -, onde se inclui ainda um dos herdeiros da família Lello; todo o espaço foi restaurado em 1995 e a Livraria está, hoje, apta a responder aos novos desafios com um serviço actualizado e informatizado, disponibilizando ainda um espaço de galeria de arte e de tertúlia entre intelectuais, que deverá constituir um importante pólo cultural da cidade do Porto.
Rosário Carvalho
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No número 100 desta rua encontra-se o chamado "Edifício das Quatro Estações" (1905) desenhado pelo arquitecto Marques da Silva.


Do mesmo arquitecto é o prédio (1917 - 1923) que faz esquina com esta rua e as ruas do Conde de Vizela e de Cândido dos Reis. O projecto inicial é de Émile Boutin.

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