1.2.08

Rua JOSÉ FALCÃO


Antiga rua D. Carlos.

Vários edifícios dignos de interesse arquitectónico.
Ali já existiu um prédio da A.C.M. (Associação Cristã da Mocidade) . - A 27 de Julho de 1909 JOSÉ AUGUSTO PROENÇA abre um curso de esperanto na sede à rua de D. Carlos da União Cristã da Mocidade Portuguesa ("Tripeiro").



Antigo Armazém-Mostruário da Fábrica de Cerãmica das Devezas

Fotografia publicada e localizada no Flickr

Quem foi "José Falcão":
José Joaquim Pereira Falcão
(Miranda do Corvo 1/06/1841 - Coimbra 14/01/1893)

Professor de mecânica celeste e astronomia. Propagandista republicano, autor da Cartilha do Povo, de 1884. Chega a proclamar, num artigo publicado em 5 de Maio de 1891: se a Monarquia nos pode salvar, que nos salve: o nosso alvo é o país, e não o sistema.
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Sobre a Fábrica de Cerãmica das Devezas:
"José Joaquim Teixeira Lopes. Nascido em 1837 em S. Mamede de Ribatua. Desde miúdo, sem mestres, nem exemplos, nem incentivos, ocupava-se a esculpir a canivete bonecos de madeira, principalmente santos. Imagens muito apreciadas pela vizinhança, e por isso adquiridas para as igrejas das redondezas. Em 1850, com 13 anos chega ao Porto, enviado pelo pai para expressamente para aprender desenho e escultura com o professor da Academia de Belas-Artes, Manuel Fonseca Pinto. Este era também mestre de escultura nos estaleiros de Gaia. Assim aprendeu a modelagem de carrancas de navios. Em 1856, com 19 anos, regressa a S. Mamede mais seguro na sua arte de santeiro. Um ano depois, com 20 anos, casa-se com uma prima, Raquel. Vendem tudo o que possuíam e vêm instalar-se no Porto; para aprender mais e procurar que a sua arte renda mais. Desta vez estuda com outro professor, mais afamado, João António Correia, professor de Belas-Artes. Passa a dedicar-se à arte cerâmica e vai ele próprio vender os seus bonecos nas feiras regionais. Também vende aos adeleiros, aos capelistas, vende a quem lhos compre, a quem lhos difunda. Ganha fama junto do operariado tripeiro que o convida a ser autor do monumento a D. Pedro V da Praça da Batalha. A seguir os portugueses do Brasil cotizam-se para lhe oferecer uma bolsa de estudo em Paris. O “senhor Teixeira” como já era conhecido no Porto só fica um ano em Paris porque tinha saudades da mulher e dos filhos. Volta-se de novo para a arte barrista. E em 1866 associando-se ao pedreiro que fizera o pedestal da estátua de D. Pedro V começa a fabricar cerâmica em larga escala, cerâmica utilitária, cerâmica decorativa, cerâmica para todos os usos. Daí nasceu a Fábrica de Cerâmica das Devesas na Rua Veloso da Cruz, Gaia, que em breve atinge uma grande expansão, no vulto e diversidade dos artigos fabricados. A empresa abre um armazém-mostruário na esquina das ruas de José Falcão, antiga D. Carlos e da Conceição. Duas fachadas inteiramente revestidas, de cima a baixo e de um lado a outro, com produtos ceramistas da Fábrica das Devesas. Revestimento que lhe conferia um notável sabor mourisco. Ainda existia em 1972, era então a Companhia das Anilinas. No salão nobre deste edifício a empresa levava a efeito exposições festivas, em certo modo festas elegantes da sociedade tripeira, a pretexto de qualquer novidade cerâmica saída das mãos de Teixeira Lopes pai. Teve dois filhos artistas, António e José. Além da arte industrial em que se fixou, há a destacar a estátua de D. Pedro V; o painel de bronze com o Baptismo de Cristo para o baptistério da Sé; a Caridade e um Calvário em jazigos do cemitério do Repouso; e finalmente o retábulo comemorativo da tragédia da Ponte-das-Barcas, as Alminhas da Ribeira."

Notas recolhidas por Jorge Rodrigues



Painel da antiga Fábrica das Devezas

Actualização em Setembro 2013:

Acabo de encontrar no blog RUINARTE um documento muito completo sobre a antiga fábrica de cerâmica das Devezas, aconselho que dêem uma volta por lá. 

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