15.2.08

Praça GOMES TEIXEIRA

Por causa da fonte, no meio da praça, com os "leões" a jorrarem água, ainda é conhecida por: "Praça dos Leões". A fonte, oferecida pela "Lyonnaise des Eaux", nada tem de uma obra de arte, sobretudo porque foi totalmente reformulada, assim como a praça, pelas obras da "Capital da Cultura 2001".



Foi Largo do Carmo até 1835 ano em que por Deliberação Camarária de 28 de Outubro se passou a designar por Praça dos Voluntários da Raínha, posteriormente Praça da Uníversidade até 17/12/1936. Vulgarmente conhecida por Praça dos Leões. (Arquivo da Toponímia)

O arquivo da toponímia também nos dá esta visão de:
Francisco Gomes Teixeira (São Cosmado, Armamar n. 28/01/1851 - Porto f. 8/02/1933). Matemático e prof. Universitário.

Mas eu, preferi ir procurar esta ao Instituto Camões:

"Francisco Gomes Teixeira, matemático, nasceu a 28 de Janeiro de 1851 na aldeia de S. Cosmado, freguesia de Armamar, no distrito de Viseu.

Fez os estudos elementares na sua terra natal, e depois foi para o Colégio do Padre Roseira, em Lamego. Matriculou-se na Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra em Outubro de 1869. Ainda durante o curso Gomes Teixeira escreveu o seu primeiro trabalho, que foi publicado na imprensa da Universidade, em 1871. Concluiu o curso em 1874, com a classificação máxima, de Muito Bom por Unanimidade, com 20 valores. Em 1875 fez exame de licenciado com apresentação de dissertação e logo de seguida o doutoramento que obteve também com a classificação máxima.

Em 1876 tornou-se sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa e lente substituto da Faculdade de Matemática. Em 1878 foi nomeado terceiro astrónomo do Observatório Astronómico de Lisboa, mas apenas ocupou esse cargo durante cerca de quatro meses, voltando à Universidade de Coimbra.

Em 1879 foi eleito deputado pelo Partido Regenerador, tendo participado em sessões do Parlamento nesse ano e ainda em 1883 e 1884. Em Novembro de 1879 foi encarregado da cadeira de análise matemática, passando a catedrático em Fevereiro de 1880. Em 1884 Gomes Teixeira pediu transferência para a Academia Politécnica do Porto, onde dirigiu a cadeira de Cálculo diferencial e integral. Veio a ser pouco tempo depois director desta Academia, cargo que desempenhou até 1911, quando foi nomeado reitor da recém formada Universidade de Porto.

Relacionou-se com alguns dos mais destacados matemáticos de renome mundial da sua época, e publicou trabalhos em periódicos científicos de vários países. Deslocou-se várias vezes a outros países onde contactava com outros matemáticos e participava em congressos. Foi membro de várias sociedades científicas e academias de ciências, nacionais e estrangeiras.

Faleceu no Porto a 8 de Fevereiro de 1933.

Actividade Científica

Ainda estudante elaborou um trabalho intitulado Desenvolvimento das funções em fracção contínua, onde apresenta fórmulas para desenvolver as funções em fracções contínuas, que depois transforma em fracções ordinárias, e aplica as fracções contínuas ao cálculo integral e à determinação das raízes de equações, obtendo desta forma resultados mais convergentes do que pelos métodos de Newton (1643-1727) e Lagrange (1736-1813). Este trabalho chamou a atenção sobre as suas capacidades, não só na Universidade de Coimbra, como também fora dela, como é o caso de Daniel da Silva, que a partir desta publicação apoiou e incentivou os trabalhos de investigação de Gomes Teixeira.

Em 1872 Daniel da Silva apresentou na Academia das Ciências o trabalho de Gomes Teixeira Aplicação das fracções contínuas à determinação das raízes das equações, onde fazia a aplicação de fracções à determinação das raízes das equações. A dissertação com que fez exame de licenciatura intitulava-se Integração das equações às derivadas parciais de segunda ordem. Nesta dissertação antecipou resultados que Andrew Forsyth (1858-1942) só mais tarde veio a conseguir obter, tendo também sido destacada por Edouard Gousat (1858-1936), o grande tratadista matemático da época. Para ocupar o lugar de lente substituto na Faculdade de Matemática elaborou a dissertação Sobre o emprego dos eixos coordenados oblíquos na mecânica analítica.

Fundou, em 1877, o Jornal de sciencias matemáticas e astronómicas, que foi publicado durante 28 anos, até ser integrado nos Anais Scientificos da Academia Politécnica do Porto. Este periódico científico desempenhou um papel muito importante na divulgação dos progressos das ciências matemáticas e astronómicas, e contribuiu igualmente para divulgar o trabalhos dos investigadores portugueses.

Em 1887, já na Academia Politécnica do Porto, publicou o Curso de análise infinitesimal, Cálculo Diferencial (um volume) onde actualizou o ensino da matemática em Portugal. Em 1889 publicou o primeiro volume do Curso de Análise infinitesimal, Cálculo integral, e o segundo volume em 1892. Nesta obra faz uma síntese dos progressos realizados pela análise e introduz um novo nível de rigor na apresentação da matemática.

Em 1895 levou o trabalho Sobre o desenvolvimento das funções em série ao concurso aberto, em 1893, pela Academia Real das Ciências de Madrid. A Academia concedeu-lhe prémio, embora fora do concurso, por ter apresentado o texto em português. Em 1897 concorreu de novo ao prémio da Academia das Ciências de Madrid com o Tratado de las curvas especiales notables, tanto planas como alabeadas (Tratado das curvas especiais notáveis, tanto planas como torsas, tendo ganho o prémio ex-aequo com Gino Loria (1862-1954). É considerada uma obra clássica de grande qualidade científica e histórica com impacto internacional, tendo sido reeditada em 1971, em Nova York, e em 1995 em Paris.

Continuou a produzir e a publicar regularmente textos científicos, em revistas científicas nacionais e estrangeiras. Após uma primeira fase dedicada à Análise, passou a prestar cada vez maior atenção à Geometria. Nos últimos anos dos seus estudos dedicou-se à História da Matemática em Portugal, tendo elaborado uma obra que constitui uma referência para os estudiosos das ciências em Portugal, a História das Matemáticas em Portugal.

Publicações

Em virtude da vasta lista de textos publicados, que quase atinge as três centenas , apresentam-se apenas as referências para alguns dos trabalhos que marcaram o início da carreira científica de Gomes Teixeira e as Obras de Matemática, que reúnem em vários volumes muitos dos textos publicados anteriormente. Para uma listagem extensa dos textos publicados devem os interessados consultar a obra de Henrique Vilhena, O Professor Doutor Francisco Gomes Teixeira.

Desenvolvimento das funções em fracções contínuas. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1871.

“Aplicação das fracções contínuas à determinação das raízes das equações”, Jornal de Ciências matemáticas, físicas e naturais., Lisboa, IV, 1872-73.

Integração das equações à derivadas parciais de 2ª ordem, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1875.

Jornal de Ciências matemáticas e astronómicas, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1877. Jornal fundado por Gomes Teixeira, publicado até 1905, dedicado inicialmente às Matemáticas superiores e às Matemáticas elementares, mas que a partir de certa a altura se dedicou exclusivamente às Matemáticas superiores.

Anais Científicos da Academia Politécnica do Porto, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1905-1906. Substitui, na parte referente às matemáticas, o Jornal de Ciências matemáticas e astronómicas.

Obras sobre Matemática, Coimbra, Imprensa da Universidade, vol. I, 1904; vol. II, 1906; vol. III, 1906; vol. IV, 1908; vol. V, 1909; vol. VI, 1912; vol. VII, 1915.

Panegíricos e conferências, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1925.

História das matemáticas em Portugal, Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1934."

Fernando Reis

Bibliografia

GUIMARÃES, Rodolfo, Biografia de Francisco Gomes Teixeira, Lisboa, Imprensa Nacional, 1914.

VILHENA, Henrique de, O Professor Doutor Francisco Gomes Teixeira (Elogio, Notas, Notas de Biografia, Bibliografia, Documentos), Lisboa, 1935.

Apontadores

História das Matemáticas em Portugal


Talvez, mais tarde, encontre maneira de falar da Academia Politécnica do Porto e do edifício que se encontra a sul desta praça.



Sem comentários: